Desde o início da década, consideramos três cenários possíveis: um "Roaring 2020s", similar aos anos 1920; uma alta acentuada do mercado de ações, como na década de 1990; e um cenário semelhante aos anos 1970, com choques geopolíticos elevando os preços do petróleo e a inflação.
Até agora, mantínhamos as probabilidades subjetivas em 60/20/20 para esses três cenários.
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No entanto, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nos forçou a rever essas probabilidades para 50/30/20. Em seu discurso de 23 de agosto, em Jackson Hole, ele sinalizou uma mudança de postura, passando de uma visão mais focada no controle da inflação para uma abordagem que prioriza o emprego.
Na última quarta-feira, essa mudança ficou evidente quando Powell parece ter convencido seus colegas do Fomc a **reduzir** a taxa básica de juros (Federal Funds Rate - FFR) em 50 pontos-base, em vez dos 25 pb previstos.
Como comentamos naquele dia:
"O Fomc teve sua primeira dissidência desde 2022 nesta reunião. A governadora do Fed, Michelle Bowman, votou por um corte menor, de 25 pb.
No entanto, o gráfico de pontos do Fed, atualizado no novo SEP [Sumário de Projeções Econômicas], indica uma dissidência mais ampla. Dois membros preferem não reduzir as taxas novamente este ano, e outros sete preveem apenas mais um corte de 25 pb até o final de 2024."
Em Jackson Hole, Powell foi claro ao afirmar: "Faremos tudo o que for necessário para manter um mercado de trabalho forte, enquanto seguimos rumo à estabilidade de preços."
Ontem, os preços das ações atingiram novas máximas históricas após Powell e sua equipe anunciarem o corte de 50 pb e sinalizarem no SEP que mais cortes estão por vir, até que a FFR alcance 2,9%, atualmente considerada a taxa neutra de longo prazo (segundo o gráfico).
Na coletiva de imprensa de quarta-feira, Powell impulsionou ainda mais o otimismo no mercado, ao dizer que "a força do mercado de trabalho pode ser mantida em um contexto de crescimento moderado e inflação convergindo de forma sustentável para 2%."
Os investidores reagiram com euforia, celebrando a decisão com um "Aleluia" ontem.