Ernest Jones: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Rogeriocisi (discussão | contribs)
 
(Há 9 revisões intermédias de 6 utilizadores que não estão a ser apresentadas)
Linha 1:
 
{{Info/Biografia
|nome = Ernest Jones
|imagem = Hall Freud Jung in front of Clark 1909.jpg
|imagem_tamanho = 220px
[[Ficheiro:Hall |imagem_legenda Freud Jung in front of Clark 1909.jpg|thumb|220px|direita|Frente:= [[Sigmund Freud]], Granville Stanley Hall, [[Carl Jung]]; Detrás: Abraham A. Brill, '''Ernest Jones''', [[Sandor Ferenczi]].]]
|imagem_legenda =
|nascimento_data = {{nascimento|1|1|1879}}
|nascimento_local = (Cardif) País de Gales
|morte_data = {{morte|11|2|1958|}} (79 anos)
|morte_local =
|nacionalidade = Galês
|ocupação = [[Psicanalista]], [[psiquiatra]]
}}
'''Alfred Ernest Jones''' ([[1 de janeiro]] de [[1879]] – [[11 de fevereiro]] de [[1958]]) foi um [[neuropsiquiatra]] e [[psicanalista]] [[País de Gales|galês]], além de biógrafo oficial de [[Sigmund Freud]]. Aluno de Emil Kraepelin, Ernest Jones introduziu a psicanálise na [[Grã-Bretanha]] e foi presidente da Associação Psicanalítica Internacional<ref> http://fr.wikipedia.org/wiki/Ernest_Jones </ref>.
[[Ficheiro:Hall Freud Jung in front of Clark 1909.jpg|thumb|220px|direita|Frente: [[Sigmund Freud]], Granville Stanley Hall, [[Carl Jung]]; Detrás: Abraham A. Brill, '''Ernest Jones''', [[Sandor Ferenczi]].]]
'''Alfred Ernest Jones''' ([[1 de janeiro]] de [[1879]] – [[11 de fevereiro]] de [[1958]]) foi um [[neuropsiquiatra]] e [[psicanalista]] [[País de Gales|galês]], além de biógrafo oficial de [[Sigmund Freud]]. Aluno de Emil Kraepelin, Ernest Jones introduziu a psicanálise na [[Grã-Bretanha]] e foi presidente da Associação Psicanalítica Internacional<ref> http://fr.wikipedia.org/wiki/Ernest_Jones </ref>.
 
==Biografia==
Filho de [[engenheiro]], Jones estudou na universidade de Cardiff , tornando-se mais tarde médico especialista em [[neuropsiquiatria]]. Ele residiu em [[Viena ]] ( Áustria) , em [[Zurique]] (Suissa), onde trabalhou na famosa clínica Burghölzli , em Munique (Alemanha) com [[Emil Kraepelin]] e em Bicêtre ([[França]]), no serviço do professor e médico Pierre Marie. Jones tornou-se professor de psiquiatria em [[Toronto]] ([[Canadá]]).
Em [[1916]], Jones casa com a pianista e compositora Morfydd Llwyn Owen, morta seis meses depois de complicações consecutivas a uma apendicite. Em [[1919]], ele encontra e casa com Katherine Jokl, uma vienense amiga da família Freud. O casamento é descrito como feliz, eles tiveram quatro crianças entre as quais a escritora Mervyn Jones, nascida em [[1922]], e Gwenith, nascida em [[1921]].
 
== Psicanálise ==
Jones ouviu falar das obras de [[Sigmund Freud]] e aprendeu o alemão para ler a ''Interpretação dos sonhos’’, uma das obras mais importantes do inventor da psicanálise.
 
Em [[1906]], Jones começou a praticar a psicanálise por conta própria , antes mesmo de seu primeiro contacto com Freud por ocasião do seu aniversário, em maio de [[1908]]. Freud encontrou nesta ocasião ‘’dois novos convidados vindos do mundo anglo-saxão : Abraham A. Brill, que representava a psicanálise nos [[Estados Unidos]], e Ernest Jones, que se tornaria um dos maiores analistas e que escreveria, entre muitas outra obras, uma biografia de Freud em tres volumes<ref> Ilse Grubrich-Simitis, Ernst Freud, Lucie Freud : ‘’Sigmund Freud: Lieux,visages,objets’’, Editions Complexe/Gallimard, Bruxelles,1979, ISBN 2-87027-043-7 </ref>.
 
Em 9 de maio de [[1911]], ‘’E. Jones e J. J. Putnam fundam a Associação Psicanalítica Americana (APA), composta de membros vindos do [[Canadá]] e da América inteira. Seu presidente foi Putnam, o secretário : Ernest Jones’’<ref> Olivier Douville : Chronologie : Situation de la Psychanalyse dans le Monde, du temps de la vie de Freud http://hal.inria.fr/docs/00/11/35/83/PDF/Chrono_Psych._.pdf</ref>.
 
Em julho de [[1912]], marcado pela secessão de Adler, de Stekel e de Jung, ‘’Jones encontra Ferenczi em [[Viena]] para falar sobre a situação.Ele propôs a criação de um pequeno grupo composto de discípulos mais próximos de Freud afim de defender a causa analítica. Ferenczi acatou a idéia, Freud apoiou-os e Jones fundou o Comité secreto formado por S. Ferenczi, O. Rank, K. Abraham, H. Sachs e, naturalmente, E. Jones e Freud’’<ref> Ernest Jones: The life and work of Sigmund Freud,Edited and Abridge by Lionel Trilling and Steven Marcus, 1961, ch. 22, p.327</ref>.
 
Durante a [[Primeira Guerra Mundial]], Jones continuou praticando a psicanálise. Não sendo médico militar, não submetido às obrigações hierárquicas, ele dispõe das condições permitindo-lhe fazer psicanálises com os neuróticos de guerra. Ele foi o primeiro analista a fazer isto, donde sua competência para escrever sobre o assunto <ref>Gilles Tréhel. Ernest Jones (1879-1958) : psychanalyse et choc de guerre. L’Information Psychiatrique, 2006, 82, n°7, p. 611-621</ref>.
 
Ele inventou o conceito de ''[[Racionalização (psicologia)|racionalização'']], adotado por Freud como um dos ''[[Mecanismo de defesa|mecanismos de defeza''defesa]]. Jones também elaborou o conceito de ''afânise'', concernandorelativo aà sexualidade feminina. "Para este autor, a afânise seria, nos dois sexos, o objeto de um receio mais fundamental do que o medo da castração"<ref>Jean Laplanche et J.-B. Pontalis: Vocabulaire de la Psychanalyse( sous la direction de Daniel Lagache), P. 31, Editions Quadrige, P.U.F., Paris, 19732011, ISBN 978-2-13-056050-0</ref>.
 
Durante a guerra, ao lado de [[Marie Bonaparte]] e Abraham Arden Brill, ele contribuiu a ajudar e a fazer com que seus colegas ingleses acolhessem, entre outros, os analistas alemães, húngaros e vienenses que fugiram do regime [[nazista]] por serem analistas, judeus ou os dois. Alguns deles repartiram da [[Grã-Bretanha]] para os [[Estados Unidos]].
 
Afora suas múltiplas atividades em prol da psicanálise, Jones foi também um célebre jogador de [[xadrez]] e mesmo campeão de [[patinagem artística]] <ref>Jean-Pierre Bourgeron: ''[[Marie Bonaparte]] et la psychanalyse. À travers ses lettres à René Laforgue et les images de son temps'', Ed. Champion-Slatkine, 1993, ISBN 2051009090</ref>.
 
=== Melanie Klein ===
 
Duas filhas de Jones, ''Mervin'' e ''Gwenith'', nascidas respectivamente em [[1922]] e [[1921]], foram analisadas por [[Melanie Klein]] em [[1926]]. Melanie Klein “havia deixado Berlim por Londres graças a influência de ''Jones'', que tinha a intenção de enviar-lhe suas filhas e sua esposa para fazerem uma análise. Nos anos seguintes, um grave conflito ocorreu entre Melanie Klein e [[Anna Freud]] sobre questões de [[teoria]] e de [[técnica]] em psicanálise de crianças, início de uma profunda dissençãodissensão na ''Sociedade Britânica de Psicanálise''<ref> F. Robert Rodman : ‘’D.W.Winnicott: Lettres vives’’, Introduction, p. 12, Editions Gallimard, Paris,1987, ISBN 2-07-071571-X </ref>.
==Relações com Freud==
 
===Correspondência===
[[Jones]] viajava muito entre [[Genebra]] e [[Toronto]] quando começou uma prolongada [[correspondência]] com Freud. Sua primeira carta foi escrita em 13 de [[maio]] de [[1908]] e a última em [[1939]],pouco antes da morte do criador da psicanálise. Desde 26 de [[novembro]] de [[1908]], Freud escreveu uma carta a Ferenczi na qual ele revela ‘’estar se correspondendo de maneira regular com [[Brill]], [[Jones]], [[Abraham]] e [[Jung]]"<ref>Sigmund Freud,Sándor Ferenczi: Correspondance(1908-1914), Éd.: Calmann-Lévy, [[1992]], p. 29, ISBN 2-7021-2085-7</ref>. E a amizade entre Freud e Jones é o objeto da carta que Freud lhe escreveu em 1/01/1929: (...) “tenha certeza que sempre o considerei como fazendo parte de meu círculo familial mais próximo e que o considerarei sempre assim’’<ref> Ilse Grubrich-Simitis, Ernst Freud, Lucie Freud : ‘’Sigmund Freud: Lieux,visages,objets’’, Editions Complexe/Gallimard, Bruxelles,1979, p. 177, ISBN 2-87027-043-7</ref>.
 
=== O biógrafo freudiano ===
Jones tornou-se um próximo de Freud e seu [[ biógrafo]] com ''The life and work of Sigmund Freud'' (A vida e a obra de Freud),(La vie et l’œuvre de Freud, em francês). "Os trestrês volumes são uma fonte para compreender notadamente, o contexto social e político da época, as influências intelectuais, médicas, filosóficas e culturais de Freud, a [[epistemologia]] da psicanálise e o crescimento do movimento psicanalítico em [[Viena]] e no mundo"<ref> http://fr.wikipedia.org/wiki/Ernest_Jones </ref>.
 
=== Comentários e críticas===
 
Este primeiro livro sobre Freud e a psicanálise apresenta defeitos realçados por [[historiador]]es e psicanalistas :Paul Roazen<ref>Paul Roazen: ''Sigmund Freud'', Ed.: Da Capo Press Inc, 1987, ISBN 0306802929</ref>, Max Schur<ref>''La mort dans la vie de Freud'', Éd.: Gallimard, Coll. Tel, ISBN 2070257940</ref>,[[Didier Anzieu]] :<ref>: ''L'auto-analyse de Freud et la découverte de la psychanalyse'', Éd.: Presses Universitaires de France, 3e édition 1998, Coll.: Bibliothèque de psychanalyse, ISBN 2130420842</ref>, André Haynal<ref>: ''La psychanalyse 100 ans déjà'', Éd.: Georg, 1997, ISBN 2825705349</ref>, Alain de Mijolla<ref>: ''Freud, fragments d'une histoire : Qui êtes-vous Sigmund Freud ?'', Éd.: Presses Universitaires de France, Le fil rouge, 2003, ISBN 2130533604</ref>, [[Élisabeth Roudinesco|Elisabeth Roudinesco]]<ref> et Michel Plon : ''Dictionnaire de la psychanalyse'', Le Livre de Poche, 2011, ISBN 2253088544</ref>), e depois por Henri Ellenberger, o qual, apoiândo-se muito em seus trabalhos e pesquisas, realçou numerosas imperfeições e até falsidades <ref>Jones foi citado cerca de trinta vezes no livro de Henri Ellenberger: ''Histoire de la découverte de l'inconscient'', Éd.: Fayard; 2001, ISBN 2213610908</ref>.
A biografia de Freud escrita por Jones foi também muito criticada pelo filósofo [[Michel Onfray]]<ref>«Le Crépuscule d'une idole» p.583 & 584</ref> e por Pierre-Henri Castel<ref>http://pierrehenri.castel.free.fr/Articles/Psychanalyse19802002.htm La psychanalyse depuis les années 80 : crises, dévoiements et replis</ref>, que a considera como um exemplo da [[hagiografia]] freudiana.
 
===Obras traduzidas em francês===
* ''Théorie et pratique de la psychanalyse'' (Teoria e prática da psicanálise), 1948, Paris, Payot Rivages, 1997, ISBN 2228891053
* "Le cauchemar" (O pesadelo), Ed: Payot-Rivages, 2002, ISBN 2228896608 -
* ''Essais de psychanalyse'' (Ensaios de psicanálise) , 1950, Paris, Payot 1966
* ''La vie et l'œuvre de Sigmund Freud'' ,trois tomes (A vida e a obra de Sigmund Freud'', três tomos), PUF-Quadridge rééd. 2006 (T 1 : ISBN 2130556922; T2: ISBN 2130556930 ; T3 : ISBN 2130556949 ). ''
* ''Hamlet et Oedipe'', introduction de Jean Starobinski’’ ( "Hamlet e Édipo", introdução de Jean Starobinski) , Tel Gallimard, Poche, ISBN 2070206513
* ''Le cas de [[Paul Morphy]]: Contribution à la psychologie du joueur d'échec'' in "Essais de psychanalyse appliquée" (O caso de Paul Morphy : Contribuição à psicologia do jogador de xadrez, em "Ensaios de psicanálise aplicada"), Ed.: Payot-Rivages, 1973, ISBN 2228216100
 
== {{Referências ==}}
 
{{Controle de autoridade}}
== Referências ==
<references />
 
 
{{DEFAULTSORT:Jones, Ernest}}
[[Categoria:Psicanalistas do Reino Unido]]
[[Categoria:Naturais de Cardiff]]