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Vontade de poder
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'''Vontade de poder''' ou de '''potência''' (alemão: "Der Wille zur Macht") é um conceito da [[filosofia]] de [[Friedrich Nietzsche]].
'''Vontade de poder''' ou de '''potência''' (alemão: "Der Wille zur Macht") é um conceito da [[filosofia]] de [[Friedrich Nietzsche]]. A vontade de poder descrita por Nietzsche é a principal força motriz em seres humanos — realização, ambição e esforço para alcançar a posição mais alta possível na vida. Estas são manifestações da vontade de poder; no entanto, o conceito nunca foi sistematicamente definido no trabalho de Nietzsche, deixando a sua interpretação aberta ao debate.<ref>http://plato.stanford.edu/entries/nietzsche-moral-political/</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://plato.stanford.edu/archives/sum2021/entries/nietzsche-moral-political/ |título=Nietzsche’s Moral and Political Philosophy |data=27 de fevereiro de 2020 |acessodata=2023-11-28 |publicado=Metaphysics Research Lab, Stanford University |ultimo=Leiter |primeiro=Brian |editor-sobrenome= |editor-nome=}}</ref>
 
== Conceituação ==
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'''Segunda proposição:''' o tempo é infinito, e antes deste momento houve uma infinidade de tempo.
 
Estas preposiçõesproposições e suas conclusões partem de um raciocínio simples até seu mais alto grau de complexidade, só atingido em Nietzsche. Ao não admitir a existência de [[Deus]], do criador, admite-se que a [[matéria]], a [[energia]] da qual é constituída o [[universo]] não pode ter sido criada. Logo ela tem de existir originalmente e sempre, ou então há que se retornar à teoria da criação do nada. Se ela existe não-criada ela tem de ter estado aqui desde sempre. Já que ela existe desde sempre, se houvesse tendência ou estado a ser atingido, a eternidade é certamente tempo o bastante para que a tivesse atingido.
 
A força que hoje existe tem de ter estado eternamente ativa e igual, ou então teria extinguido. Todos os desenvolvimentos possíveis têm de já ter acontecido, e todos os instantes são eternas repetições.
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Da noção então de algo originário, nunca em repouso, mas em constante devir, da consideração de que o mundo das forças não é passível de cessação, ou equilíbrio, ou repouso, de sua grandeza de força e movimento em cada tempo e de sua extensão ao todo começamos a divisar a vontade de poder.
 
Nietzsche afirma nosem textosum defragmento 1881do ano 1885:
''“E sabeis... o que é pra mim o mundo”mundo?... Este mundo: uma monstruosidade de força, sem princípio, sem fim, uma firme, brônzea grandeza de força... uma economia sem despesas e perdas, mas também sem acréscimos, ou rendimento,... mas antes como força ao mesmo tempo um e múltiplo,... eternamente mudando, eternamente recorrentes... partindo do mais simples ao mais múltiplo, do quieto, mais rígido, mais frio, ao mais ardente, mais selvagem, mais contraditório consigo mesmo, e depois outra vez... esse meu mundo dionisíaco do eternamente-criar-a-si-próprio, do eternamente-destruir-a-si-próprio, sem alvo, sem vontade... Esse mundo é a vontade de potência — e nada além disso! E também vós próprios sois essa vontade de potência — e nada além disso!”''
 
Usando a própria terminologia de Nietzsche a Vontade de Poder é uma lei originária, sem exceção nem transgressão. Ao falar assim o filósofo quer dizer que a Vontade de potência não é algo criado, ou que dependa de condições especiais, como na [[religião]] ou em teorias precedentes, mas ela advém da própria realidade das coisas.
 
Sendo as preposiçõesproposições (matéria finita, constante e sem tendência e tempo infinito) um fato e do mesmo modo o devir, a certeza de que há este fluxo, a força que alavanca e mantém esta economia tem uma natureza particular, que é a vontade de poder. Por isso é dito "Esse mundo é a vontade de potência".
 
Da não aceitação da criação a possibilidade para a existência é esta. E da necessidade de que tudo seja como é. Esta força que hoje existe só pode ser afirmada através de sua natureza. Vontade de Potência, não é nada de teológico, de fim, ou fundamento verdadeiro. É o modo como se comporta aquilo que não pode ter finalidade ou sentido e que vive a expensas de si mesmo. Nietzsche mesmo adverte que “ a vontade de poder não é nem um ser, nem um devir, é um pathos”.
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A vontade de poder, portanto, é esta lei originária, sem exceção nem transgressão que em si anima e é a própria essência de toda a realidade. É a essência e a própria “luta das forças” que formam a economia universal, impulso que reage e resiste no interior das forças, uma multiplicidade de forças que em suas gradações se manifesta na sua forma última em fenômenos políticos, culturais, astronômicos, permeando a natureza e o próprio homem.
 
 
==<big>Outras Origens</big>==
Em 1838, antes de Nietzsche, o escritor [[Edgar Allan Poe]] já havia chegado a um conceito parecido não sistematizado e definido ao de Vontade de Potência quando, no seu conto [[Ligeia]], atribuiu uma epígrafe com este conceito ao filósofo inglês [[Joseph Glanvill]]. Na verdade, a epígrafe era totalmente uma autoria de Poe<ref>Edgar Allan Poe</ref>, pois o filósofo inglês nunca publicou tal texto em suas obras. A ideia de Poe era, provavelmente, aludir a [[epígrafe]] à crença na [[feitiçaria]] de Joseph Glanvill. Portanto, ainda que o pensamento de Poe tenha o mesmo fundamento do conceito de Vontade de Potência de [[Friedrich Nietzsche]], ambos os pensamentos foram individuais e originais, tendo [[Nietzsche]] desenvolvido o seu conceito anos mais tarde, depois da morte de [[Poe]]: o pensamento de [[Nietzsche]], sofisticado e diretamente filosófico; o de [[Poe]], uma simples citação de poucos versos, uma epígrafe de um conto, mas ainda assim, uma ideia filosófica expressada na arte (é claro que não se pode afirmar com certeza o verdadeiro surgimento do conceito de [[Vontade de potência]], pois encontramos ideias parecidas desde o milênio seja na literatura ou na filosofia, mas, de uma forma original, [[Nietzsche]] que o desenvolveu, caracterizou e definiu, e é o principal criador do conceito). Assim escreve [[Edgar Allan Poe]] na [[epígrafe]] do seu conto, intitulado [[Ligeia]]:
 
''E ali dentro está a vontade, que não morre. Quem conhece os mistérios da vontade e do seu vigor? Pois Deus não é mais que uma grande vontade, penetrando todas as coisas pela qualidade de sua aplicação. O homem não se entrega aos anjos, nem se rende inteiramente à morte, senão pela fraqueza de sua débil vontade.''
 
O conceito de vontade de poder pode também ser entendido como o desejo insaciável de se ser mais do que aquilo que se é presentemente.
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* [[Deus está morto]]
 
{{Referências}}
{{Nietzsche}}
{{Portal3|Filosofia}}