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[[Ficheiro:John Locke.jpg|thumb|John Locke|right]]
[[Imagem:Wachstafel.jpg|thumb|Recriação da [[tabuleta de cera]] romana, com ''[[stylus]]'' ao centro]]
'''''Tabula rasa''''' é uma expressão [[latim|latina]] que significa literalmente "tábua raspada", e tem o sentido de "folha de papel em branco". A palavra ''tabula'', neste caso, refere-se às tábuas cobertas com fina camada de cera, usadas na [[antiga Roma]], para escrever, fazendo-se incisões sobre a cera com uma espécie de estilete. As incisões podiam ser apagadas, de modo que se pudesse escrever de novo sobre a ''tabula rasa'', isto é, sobre a tábua raspada ou apagada. Como [[metáfora]], o conceito de ''tabula rasa'' foi utilizado por [[Aristóteles]] (em oposição a [[Platão]]) e difundido principalmente por [[Alexandre de Afrodísias]], para indicar uma condição em que a [[consciência]] é desprovida de qualquer conhecimento inato - tal como uma folha em branco, a ser preenchida.<ref>FERRATER-MORA, José [http://books.google.com/books?id=ZFY3S8iinfMC&pg=PA2809&lpg=PA2809&dq=%22taBUla+rasa%22+Ferrater+mora&source=bl&ots=MpiyPqLh-h&sig=xtxvFxPpUfF3ftZX8wTzPA8Xitk&hl=pt-BR&ei=stWsTe2WIujL0QGQmNCqCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBQQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false ''Dicionário de filosofia: Q-Z''. "Tabula"], p.2808s.</ref>
'''Tábula rasa''' é a [[tradução]] para a expressão em [[latim]] ''tabula rasa'', que significa literalmente "tábua raspada", e tem o sentido de "folha de papel em branco".<ref>{{Citar web|url=http://www.aulete.com.br/tábula|título=Tábula|publicado=Aulete}}</ref>
 
A palavra tábula, neste caso, refere-se às tábuas cobertas com fina camada de [[cera]], usadas na [[antiga Roma]] para escrever, fazendo-se incisões sobre a cera com uma espécie de estilete. As incisões podiam ser eliminadas ao aquecer a cera, de modo que se pudesse escrever de novo sobre a tábula rasa, isto é, sobre a tábua raspada ou apagada &mdash; no caso, sobre a cera resfriada e novamente sólida.<ref name="Smith">{{citar livro|url=https://books.google.com/?id=5PwrAAAAYAAJ |titulo=A Concise Dictionary of Greek and Roman Antiquities |editora=Spottiswoode and Co. |autor=Smith, ''sir'' W. |ano=1898 |local=Londres|paginas=608–9 |editor=Cornish, F. W.}}</ref>
Já na [[Modernidade]], o conceito será aplicado ao intelecto, na tese [[Epistemologia|epistemológica]] que fundamenta o [[empirismo]] - vertente [[filosofia|filosófica]] do [[século XVII]], segundo a qual não existem ideias inatas, sendo que todo [[conhecimento]] se baseia em dados da experiência empírica.<ref>''Piccolo Dizionario Filosofico''.[http://digilander.libero.it/syntmentis/Filosofia/Dizionario_04.htm "Tabula rasa".]</ref>
 
'''''Tabula rasa''''' é uma expressão [[latim|latina]] que significa literalmente "tábua raspada", e tem o sentido de "folha de papel em branco". A palavra ''tabula'', neste caso, refere-se às tábuas cobertas com fina camada de cera, usadas na [[antiga Roma]], para escrever, fazendo-se incisões sobre a cera com uma espécie de estilete. As incisões podiam ser apagadas, de modo que se pudesse escrever de novo sobre a ''tabula rasa'', isto é, sobre a tábua raspada ou apagada. Como [[metáfora]], o conceito de ''tabulatábula rasa'' foi utilizado por [[Aristóteles]] (em oposição a [[Platão]]) e difundido principalmente por [[Alexandre de Afrodísias]], para indicar uma condição em que a [[consciência]] é desprovida de qualquer [[conhecimento]] inato -&mdash; tal como uma folha em branco, a ser preenchida.<ref>FERRATER-MORA, José [http://books.google.com/books?id=ZFY3S8iinfMC&pg=PA2809&lpg=PA2809&dq=%22taBUla+rasa%22+Ferrater+mora&source=bl&ots=MpiyPqLh-h&sig=xtxvFxPpUfF3ftZX8wTzPA8Xitk&hl=pt-BR&ei=stWsTe2WIujL0QGQmNCqCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBQQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false ''Dicionário de filosofia: Q-Z''. "Tabula"], p.2808s.</ref> Esta ideia continuou a ser desenvolvida pela [[filosofia da Grécia Antiga]]; a [[epistemologia]] da escola [[estoicismo|estoica]] enfatiza que a [[mente]] inicia vazia, mas adquire conhecimento à medida que o mundo exterior impressiona.<ref>{{citar livro|ultimo=Bardzell |primeiro=Jeffrey |titulo=Speculative Grammar and Stoic Language Theory in Medieval Allegorical Narrative: From Prudentius to Alan of Lille |data=2014-06-11 |editora=Routledge |paginas=18–9}}</ref>
O argumento da ''tabula rasa'' foi usado pelo filósofo inglês [[John Locke]] ([[1632]]-[[1704]]), considerado como o protagonista do empirismo. Locke detalhou a tese da ''tabula rasa'' em seu livro, ''[[Ensaio acerca do Entendimento Humano]]'' ([[1690]]). Para ele, todas as pessoas nascem sem conhecimento algum (i.e. a mente é, inicialmente, como uma "folha em branco"), e todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido através da [[experiência]]. A partir do século XVII, o argumento da ''tabula rasa'' foi importante não apenas do ponto de vista da [[filosofia do conhecimento]], ao contestar o [[inatismo]] de [[Descartes]], mas também do ponto de vista da [[filosofia política]], ao defender que, não havendo ideias inatas, todos os homens nascem iguais. Forneceu assim a base da crítica ao [[absolutismo]] e da contestação do poder como um [[direito divino dos reis|direito divino]] ou como atributo inato.<ref>LOCKE, John [http://books.google.com/books?id=aZU_N1J5buUC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false ''Political writings'']. David Wootton (org), p. 247. Indianapolis: Hackett Publishing, 1993.</ref>
 
O argumentona [[modernidade]], o conceito foi aplicado ao intelecto, através da tese epistemológica que fundamenta o [[empirismo]].<ref>''tabulaPiccolo rasaDizionario Filosofico''.[http://digilander.libero.it/syntmentis/Filosofia/Dizionario_04.htm "Tabula rasa".]</ref> Este argumento da tábula rasa foi usado pelo filósofo inglês [[John Locke]] ([[1632]]-[[1704]]), considerado como o protagonista do empirismo. Locke detalhou a tese da ''tabulatábula rasa'' em seu livro, ''[[Ensaio acerca do Entendimento Humano]]'', de ([[1690]]). Para ele, todas as pessoas nascem sem conhecimento algum (''i.e.'' a mente é, inicialmente, como uma "folha em branco"), e todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido através da [[experiência]]. A partir do século {{séc|XVII}}, o argumento da ''tabulatábula rasa'' foi importante não apenas do ponto de vista da [[filosofia do conhecimento]], ao contestar o [[inatismo]] de [[Descartes]], mas também do ponto de vista da [[filosofia política]], ao defender que, não havendo ideias inatas, todos os homens nascem iguais. Forneceu assim a base da crítica ao [[absolutismo]] e da contestação do poder como um [[direito divino dos reis|direito divino]] ou como atributo inato.<ref>LOCKE, John [http://books.google.com/books?id=aZU_N1J5buUC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false ''Political writings'']. David Wootton (org), p. 247. Indianapolis: Hackett Publishing, 1993.</ref>
A teoria da ''tabula rasa'' também fundamenta uma outra corrente da [[filosofia]] e da [[psicologia]], o [[behaviorismo]] clássico. O behaviorismo atual, que é o [[behaviorismo radical]], não se baseia na ''tabula rasa''.
 
== {{Ver também}} ==
{{Referências|Notas e referências}}
 
* [[Inato ou adquirido]]
== {{Ver também}} ==
* [[Empirismo]]
* [[Natureza humana]]
* [[Inatismo]]
* [[Racionalismo]]
 
{{Referências|Notas e referências}}
== {{Bibliografia}} ==
 
== {{Bibliografia}} ==
* [[Aristóteles]], ''De Anima''.
* [[Avicena]], ''De Anima'' (''Fi’l-Nafs''). Tradução [[latim|latina]] ([[século {{séc|XII]]}}) das partes relevantes do ''[[Kitab al-Shifa']]'', que trata detalhamente de todos os tópicos de Aristóteles, acrescentando um considerável avanço do ponto de vista científico.
* [[Ibn Tufail|Tufail, Ibn]], ''[[Hayy ibn Yaqdhan|The Improvement of Human Reason: Exhibited in the Life of Hai Ebn Yokdhan]]'' (''Hayy ibn Yaqzan''), Simon Ockley (trad.), pp.&nbsp;1–195, Edm. Powell, London, UK, 1708.
* [[Tomás de Aquino]], ''[[Summa Theologica]]''
* [[John Locke|Locke, John]], ''[[An Essay Concerning Human Understanding]]'', Kenneth P. Winkler (ed.), pp.&nbsp;33–36, Hackett Publishing Company, Indianapolis, IN, 1996.
 
 
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