Prefeitura pretoriana da África: diferenças entre revisões
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{{Ver desambig||África (desambiguação)}}
[[Imagem:Karte aus dem Buch Römische Provinzen von Theodor Mommsen 1921 09.jpg|500px|thumb|Mapa das [[província romana|províncias romanas]] no [[norte da África]]: à esquerda, a região da ''Mauritânia'' (dividida em ''[[Mauritânia Tingitana|Tingitana]]'' e ''[[Mauritânia Cesariense|Cesariense]]'') e à direita (e no detalhe), a [[Numídia]]. Ao norte, a [[Hispânia]].]]▼
{{Mais notas|data=março de 2020}}
{{Info/Subdivisão extinta
A '''Prefeitura pretoriana da África''' ({{lang-la|'''''praefectura praetorio Africae'''''}}) foi uma grande subdivisão do [[Império Romano do Oriente]], fundada após a reconquista da região noroeste da África das mãos dos [[vândalos]] em 533-534 pelo [[imperador bizantino|imperador]] [[Justiniano I]]. Ela continuou a existir até o final da década de 580, quando foi substituída pelo [[Exarcado da África]].▼
|native_name = {{Smallcaps|Praefectura praetorio Africae}}
|conventional_long_name = Prefeitura pretoriana da África
|common_name = Prefeitura da África
|continent = África
|subdivision = [[Prefeitura pretoriana|Pref. pret.]]
|nation = [[Império Romano do Oriente]]
|era = [[Antiguidade Tardia]]
|capital = [[Cartago]]
|title_leader = [[Prefeito pretoriano]]
|
|image_map = Karte aus dem Buch Römische Provinzen von Theodor Mommsen 1921 09.jpg
▲
|
|life_span = {{dtlink|||534}}–{{ca.}} {{dtlink|||590}}
|year_start = 534
|event_start = [[Guerra Vândala|Conquista do Reino Vândalo]]
|year_end = 590
|event_end = Criação do [[Exarcado de Cartago]]
|event1 = Fim das [[guerras mouras]]
|date_event1 = 548
|p1 = Reino Vândalo
|p2 =
|s1 =Exarcado da África
|s2 =
}}
▲A '''Prefeitura pretoriana da África'''
== História ==
=== Fundação ===
{{AP|prefixo=Mais informações|Guerra Vândala}}
Em 533, o [[exército romano]] liderado por [[Belisário]] derrotou o [[Reino Vândalo]] que se estabelecera nos antigos territórios romanos no [[norte da África]]. Imediatamente depois da vitória, em abril de 534, o imperador Justiniano [[:wikt:outorgar|outorgou]] uma lei sobre a organização administrativa dos territórios recém-conquistados. As antigas províncias da [[Diocese da África|diocese romana da África]] foram, em grande parte, preservadas pelos vândalos, mas extensos territórios, incluindo quase toda a
{{citação2|A partir da já mencionada cidade [Cartago], com a ajuda de Deus, sete províncias com seus próprios juízes devem ser controladas, das quais Tingi, Cartago, [[Bizácio]] e Trípoli, anteriormente sob a jurisdição de [[
Deve-se assumir que
A intenção de Justiniano era, nas palavras do historiador [[J.B. Bury]], ''"eliminar todos os resquícios da conquista vândala, como se ela jamais tivesse ocorrido"''
A administração militar era liderada pelo novo posto de
{{Âncora|Guerras mouras}}
=== As guerras mouras ===
[[Imagem:The Byzantine State under Justinian I-pt.svg|thumb|upright=1.3|[[Império Bizantino]] sob o [[imperador bizantino|imperador]] [[Justiniano
Quando os romanos desembarcaram na África, os mouros permaneceram neutros, mas, após as rápidas vitórias romanas, a maior parte das tribos se bandeou para o lado romano. As mais importantes delas eram a dos leuatas, em Tripolitânia, e dos
==== A primeira revolta moura ====
Depois que Belisário voltou para Constantinopla, ele foi sucedido na posição de
==== Motim militar ====
Na [[Páscoa]] de 536, porém, uma revolta militar em larga escala irrompeu, provocada pela insatisfação dos soldados com Salomão. Ele, juntamente com [[Procópio de Cesareia|Procópio]], que era seu secretário, conseguiram escapar para a Sicília, que [[Guerra Gótica (
Germano conseguiu convencer muitos dos rebeldes a se juntarem a ele por sua postura conciliatória e pagando os débitos vencidos. Eventualmente, na primavera de 537, os dois exércitos se [[Batalha das Escadas Ancestrais|enfrentaram em
==== Segunda revolta moura e a revolta de Guntárico ====
[[Imagem:
A África desfrutou de paz e prosperidade por alguns anos até a chegada da [[Praga de Justiniano|grande praga]] de 542, que provocou um grande sofrimento na população da província. Ao mesmo tempo, o comportamento arrogante de alguns governadores romanos alienou alguns líderes dos ''mauri'', como Antalas em Bizacena, e levou-os a se revoltar e a atacar o território romano. Numa batalha contra os ''mauri'' em Cílio, em Bizacena por volta de 544, os romanos foram derrotados e o próprio Salomão foi morto<ref>Procopius, BV II.XXI</ref><ref>Bury (1923), Vol. II, p. 145</ref>. Ele foi sucedido por seu sobrinho, [[Sérgio (general)|Sérgio]], que, como ''dux'' da Tripolitânia, havia sido um dos principais responsáveis pela revolta. Sérgio era impopular e dispunha de limitadas habilidades, ao passo que os ''mauri'', agora reunidos ao renegado [[Stotzas]], se juntaram sob a liderança de [[Antalas]]<ref>Procopius, BV II.XXII</ref>. Os mouros, com a ajuda de Stotzas, conseguiram invadir e saquear a cidade de [[Hadrumeto]] através de uma artimanha. Um sacerdote chamado Paulo conseguiu recuperar a cidade com uma pequena força sem a ajuda de Sérgio, que se recusou a marchar contra os mouros. Apesar deste revés, os rebeldes continuavam a vagar pelas províncias à vontade, obrigando a população rural a fugir para as cidades fortificadas e para a Sicília<ref>Procopius, BV II.XXIII</ref>.▼
▲A África desfrutou de paz e prosperidade por alguns anos até a chegada da [[Praga de Justiniano|grande praga]] de 542, que provocou um grande sofrimento na população da província. Ao mesmo tempo, o comportamento arrogante de alguns governadores romanos alienou alguns líderes dos
Justiniano então enviou [[Areobindo (morto em 546)|Areobindo]], um [[senador romano|senador]] e marido de sua sobrinha [[Prejecta]], mas que, para além disso, não tinha distinção nenhuma, com uns poucos homens para a África, não para substituir Sérgio, mas para dividir com ele o comando. Sérgio foi encarregado da guerra na Numídia, enquanto que Areobindo tentou subjugar Bizacena. Areobindo enviou um força sob o comando do habilidoso general João contra Antalas e Stotzas, mas, como Sérgio não veio ajudá-lo como havia sido ordenado, os romanos foram derrotados em Trácia, mas não antes de João ter ferido mortalmente Stotzas em um combate singular. Os efeitos deste desastre ao menos forçaram Justiniano a convocar Sérgio e restaurar a unidade de comando sob Areobindo<ref>Procopius, BV II.XXIV</ref>. Logo depois, em março de 546, Areobindo foi derrubado e morto por [[Guntárico]], o ''dux Numidiae'', que havia negociado com os mouros e pretendia se posicionar como um rei independente na região. O próprio Guntárico foi derrubado por tropas legalistas sob o armênio [[Artabanes]] no início de maio. Artabanes foi então elevado à posição de ''magister militum Africae'', mas logo foi reconvocado a Constantinopla<ref>Procopius, BV II.XXV-XXVIII</ref>.▼
▲Justiniano então enviou [[Areobindo (
O homem que Justiniano enviou para substituí-lo foi o talentoso general [[João Troglita]], cujos feitos foram celebrados no poema épico ''Iohannis'', escrito por [[Flávio Crescônio Coripo]]. Troglita já havia servido na região sob Belisário e Salomão e já tinha uma carreira de sucesso no oriente, onde fora nomeado ''[[dux Mesopotamiae]]''. Apesar de suas forças serem numericamente inferiores, ele conseguiu vencer diversas tribos mouras e, no início de 547, derrotou decisivamente Antalas e seus aliados, expulsando-os de Bizacena. Como relembra Procópio:▼
▲O homem que Justiniano enviou para substituí-lo foi o talentoso general [[João Troglita]], cujos feitos foram celebrados no poema épico ''
{{citação2|E este João, imediatamente após ter chegado na Líbia, combateu com Antalas e os mouros em Bizácio e, conquistando-os no campo de batalha, assassinou vários; ele arrancou destes bárbaros todos os [[:wikt:estandarte|estandarte]]s de Salomão e os enviou ao imperador - estandartes que eles haviam conseguido saquear quando Salomão foi levado deste mundo.|[[Procópio de Cesareia|Procópio]]|''[[De Bello Vandalico]] II.XXVIII''}}
Uns meses depois, porém, a tribo dos [[leuatas]], na Tripolitânia, se revoltou e infligiu uma dura derrota às forças imperiais na planície de
=== Paz restaurada ===
Nas décadas seguintes, a África permaneceu em tranquilidade, o que permitiu que a região se recuperasse. A paz não teria durado tanto se Troglita não tivesse percebido que a expulsão dos
A única interrupção na tranquilidade da província foi uma breve revolta moura em 563. Ela foi provocada pelo assassinato injustificado do idoso líder tribal
Durante o reinado de [[Justino II]]
{{Âncora|Guerra contra Garmul}}
=== Conflito com o reino mouro de Garmul ===
[[Imagem:Roman-Empire 477ad-pt.svg|thumb|upright=1.5|Reino romano-mouro de Garmul no [[norte da África]], à esquerda.]]
Em Mauritânia, entre o entreposto romano de Septo e a província de ''Cesariense'', vários pequenos reinos mouros, que também governavam sobre populações urbanas romanizadas, foram fundados desde a chegada dos vândalos. Pouca informação existe sobre eles, mas eles jamais foram subjugados pelos vândalos e reivindicava continuidade desde o [[Império Romano]], seus líderes auto-proclamando títulos como ''[[imperator]]'', como o chefe Masties em [[Arris (Batna)|Arris]] (nos [[Aurès]]) no final do século V, ou, no caso do rei [[Masuna]] de [[Altava]] (atual [[Ouled Mimoun]], a noroeste da [[Argélia]]), ''rex gentium Maurorum et Romanorum'' no início do século VI<ref>Julien (1931: v.1, p.253-54). For a survey, see C. Courtois (1955) ''Les Vandales et l' Afrique''. Paris: AMG.</ref>.▼
▲Em Mauritânia, entre o entreposto romano de Septo e a província de ''Cesariense'', vários pequenos reinos mouros, que também governavam sobre populações urbanas romanizadas, foram fundados desde a chegada dos vândalos. Pouca informação existe sobre eles, mas eles jamais foram subjugados pelos vândalos e reivindicava continuidade desde o [[Império Romano]], seus líderes auto-proclamando títulos como ''[[imperator]]'', como o chefe Masties em [[Arris (Batna)|Arris]] (nos [[
Quando Belisário derrotou os vândalos, os reis mouro-romanos aparentemente reconheceram a [[suserania]] romana (ao menos nominalmente), mas logo, aproveitando-se das revoltas mouras, renegaram-na. No final da década de 560, o rei mouro [[Garmul]] (provavelmente o sucessor do já mencionado Masuna de Altava) lançou uma série de [[raide]]s em território romano e, embora tenha falhado em capturar qualquer cidade importante, três generais foram mortos em sucessão pelas forças de Garmul segundo [[João de Biclaro]]: o [[prefeito pretoriano]] Teodoro e o ''magister militum'' Teoctisto em 570 e o sucessor deste, Amabilis, no ano seguinte<ref>PLRE IIIa, p. 504</ref>. Suas atividades, especialmente quando consideradas em conjunto com os ataques [[visigodos]] na [[Província da Espânia|Espânia]], se mostraram uma ameaça real às autoridades provinciais. Garmul não era o líder de meras tribos semi-nômades, mas de um completamente formado reino bárbaro, com um exército profissional. Assim, o novo imperador, [[Tibério II]], renomeou Tomas como prefeito pretoriano e o hábil general [[Genádio (século VI)|Genádio]] como ''magister militum'' com o objetivo de reduzir o poder do reino de Garmul. Os preparativos foram longos e cuidadosos, mas a campanha em si, iniciada em 577-578, foi breve e eficaz, com Genádio se utilizado de táticas intimidatórias contra os súditos de Garmul. O rei bárbaro foi derrotado e morto em 579 e o corredor costeiro entre ''[[Mauritânia Tingitana|Tingitana]]'' e ''[[Mauritânia Cesariense|Cesariense]]'' assegurado<ref>El Africa Bizantina, pp. 45-46</ref>.▼
▲Quando Belisário derrotou os vândalos, os reis mouro-romanos aparentemente reconheceram a [[suserania]] romana (ao menos nominalmente), mas logo, aproveitando-se das revoltas mouras, renegaram-na. No final da década de 560, o rei mouro [[Garmul]] (provavelmente o sucessor do já mencionado Masuna de Altava) lançou uma série de [[raide]]s em território romano e, embora tenha falhado em capturar qualquer cidade importante, três generais foram mortos em sucessão pelas forças de Garmul segundo [[João de Biclaro]]: o [[prefeito pretoriano]] Teodoro e o
=== Fundação do Exarcado ===
{{AP|Exarcado da África}}
Genádio permaneceu na África como
== Lista dos prefeitos pretorianos da África conhecidos ==
{{AP|Lista dos governadores romanos da África#Prefeitos pretorianos da África{{!}}Prefeitos pretorianos da África}}
{{Referências|col=2}}
== Bibliografia ==
{{Refbegin|2}}
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* Julien, C.A. (1931) ''Histoire de l'Afrique du Nord, vol. 1 - Des origines a la conquête arabe'', 1961 edition, Paris: Payot
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*{{fr icon}} {{
*{{
*[[
*{{es icon}} {{PDFlink|[http://www.biblioteca-tercer-milenio.com/sala-de-lectura/HistoriaUniversal/ImperioRomano/AfricaBizantina-conquistayocaso.pdf Francisco Aguado - El Africa Bizantina]|2.03 [[Mebibyte|MiB]]<!-- application/pdf, 2138812 bytes -->}}
*{{es icon}} {{PDFlink|[http://www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_media/pdf/caf.pdf Hilario Gómez - Ciudades del Africa Romano Bizantina]|1.16 [[Mebibyte|MiB]]<!-- application/pdf, 1225481 bytes -->}}
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