Prefeitura pretoriana da África: diferenças entre revisões
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{{Mais notas|data=março de 2020}}
{{Info/Subdivisão extinta
|native_name = {{Smallcaps|Praefectura praetorio Africae}}
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[[Imagem:The Byzantine State under Justinian I-pt.svg|thumb|upright=1.3|[[Império Bizantino]] sob o [[imperador bizantino|imperador]] [[Justiniano]], {{ca.}} 565]]
Quando os romanos desembarcaram na África, os mouros permaneceram neutros, mas, após as rápidas vitórias romanas, a maior parte das tribos se bandeou para o lado romano. As mais importantes delas eram a dos leuatas, em Tripolitânia, e dos freixos em Bizacena. Estes e seus aliados eram liderados por [[Antalas]], enquanto que as outras tribos da região seguiam [[
==== A primeira revolta moura ====
Depois que Belisário voltou para Constantinopla, ele foi sucedido na posição de mestre dos soldados da África por seu [[doméstico (Império Romano)|doméstico]] (principal assessor), o [[eunuco]] [[Salomão (general)|Salomão]] de [[Dara (Mesopotâmia)|Dara]]. As tribos dos mauros que viviam em [[Bizacena]] e na [[Numídia]] quase que imediatamente se rebelaram e Salomão marchou com suas forças, que incluíam tribos mouras aliadas, contra eles. A situação era tão crítica que Salomão também foi encarregado da autoridade civil, substituindo o primeiro prefeito, [[Arquelau (prefeito pretoriano)|Arquelau]], no outono de 534. Salomão conseguiu derrotar os mauros de Bizacena em Mama e, novamente, desta vez decisivamente, na [[Batalha de
==== Motim militar ====
Na [[Páscoa]] de 536, porém, uma revolta militar em larga escala irrompeu, provocada pela insatisfação dos soldados com Salomão. Ele, juntamente com [[Procópio de Cesareia|Procópio]], que era seu secretário, conseguiram escapar para a Sicília, que [[Guerra Gótica (535–554)|havia sido recém-conquistada]] por Belisário. Os tenentes de Salomão, Martinho e Teodoro, ficaram para trás, o primeiro tentando alcançar as tropas na Numídia enquanto os segundo lutava para manter Cartago.<ref>Procópio, BV II.XIV</ref> Ao saber do motim, Belisário, com Salomão e 100 homens de confiança, zarparam para a África. Cartago estava sob o cerco de 9 000 rebeldes, incluindo muitos vândalos liderados por um tal [[
Germano conseguiu convencer muitos dos rebeldes a se juntarem a ele por sua postura conciliatória e pagando os débitos vencidos. Eventualmente, na primavera de 537, os dois exércitos se [[Batalha das Escadas Ancestrais|enfrentaram em
==== Segunda revolta moura e a revolta de Guntárico ====
[[Imagem:Mosaic of Justinian I - San Vitale - Ravenna 2016.jpg|thumb|upright=1.3|[[Justiniano I]] e seus oficiais. [[Belisário]] pode ser o homem barbado à sua direita.<br><small>{{ca.}} 547. [[Mosaico]] [[bizantinos|bizantino]] na [[Basílica de São Vital]] em [[Ravena]]. </small>]]
A África desfrutou de paz e prosperidade por alguns anos até a chegada da [[Praga de Justiniano|grande praga]] de 542, que provocou um grande sofrimento na população da província. Ao mesmo tempo, o comportamento arrogante de alguns governadores romanos alienou alguns líderes dos mouros, como Antalas em Bizacena, e levou-os a se revoltar e a atacar o território romano. [[batalha de Cílio|Numa batalha em Cílio]] contra os mouros, por volta de 544, os romanos foram derrotados e o próprio Salomão foi morto.<ref>Procópio, BV II.XXI</ref><ref>Bury (1923), Vol. II, p. 145</ref> Ele foi sucedido por seu sobrinho, [[Sérgio (general)|Sérgio]], que, como duque da Tripolitânia, havia sido um dos principais responsáveis pela revolta. Sérgio era impopular e dispunha de limitadas habilidades, ao passo que os mouros, agora reunidos ao renegado
Justiniano então enviou [[Areobindo (senador)|Areobindo]], um [[senador romano|senador]] e marido de sua sobrinha [[Prejecta]], mas que, para além disso, não tinha distinção nenhuma, com uns poucos homens para a África, não para substituir Sérgio, mas para dividir com ele o comando. Sérgio foi encarregado da guerra na Numídia, enquanto que Areobindo tentou subjugar Bizacena. Areobindo enviou um força sob o comando do habilidoso general João contra Antalas e
O homem que Justiniano enviou para substituí-lo foi o talentoso general [[João Troglita]], cujos feitos foram celebrados no poema épico ''João'', escrito por [[Flávio Crescônio Coripo]]. Troglita já havia servido na região sob Belisário e Salomão e já tinha uma carreira de sucesso no oriente, onde fora nomeado [[duque da Mesopotâmia]] (''dux Mesopotamiae''). Apesar de suas forças serem numericamente inferiores, ele conseguiu vencer diversas tribos mouras e, no início de 547, derrotou decisivamente Antalas e seus aliados, expulsando-os de Bizacena. Como relembra Procópio:
{{citação2|E este João, imediatamente após ter chegado na Líbia, combateu com Antalas e os mouros em Bizácio e, conquistando-os no campo de batalha, assassinou vários; ele arrancou destes bárbaros todos os [[:wikt:estandarte|estandarte]]s de Salomão e os enviou ao imperador - estandartes que eles haviam conseguido saquear quando Salomão foi levado deste mundo.|[[Procópio de Cesareia|Procópio]]|''[[De Bello Vandalico]] II.XXVIII''}}
Uns meses depois, porém, a tribo dos [[leuatas]], na Tripolitânia, se revoltou e infligiu uma dura derrota às forças imperiais na planície de Gálica. Os leuatas receberam o apoio de Antalas e os mouros novamente vagavam livremente, chegando até Cartago.<ref>Bury (1923), Vol. II, p. 147</ref> No início do ano seguinte, João juntou suas forças e, juntamente com diversas tribos mouras aliadas, incluindo o antigo rebelde
=== Paz restaurada ===
Nas décadas seguintes, a África permaneceu em tranquilidade, o que permitiu que a região se recuperasse. A paz não teria durado tanto se Troglita não tivesse percebido que a expulsão dos mauros do interior das províncias e a completa restauração das antigas fronteiras eram tarefas impossíveis. Ao invés disso, ele optou pela acomodação com os mouros, prometendo-lhes autonomia em troca de lealdade, tornando-os [[federados (Roma Antiga)|federados]] imperiais.<ref>Moderan (2003), p.816</ref> A lealdade destes príncipes dependentes das várias tribos mouras foi assegurada através do pagamento de pensões anuais e de presentes. A paz também foi mantida através de uma poderosa rede de fortificações, muitas das quais ainda existem hoje em dia.
A única interrupção na tranquilidade da província foi uma breve revolta moura em 563. Ela foi provocada pelo assassinato injustificado do idoso líder tribal
Durante o reinado de [[Justino II]] {{nwrap|r.|565|578}}, a região foi tratada com todo cuidado. Sob o prefeito Tomás {{nwrap||565|570}}, a rede de fortalezas foi novamente reforçada e expandida, a administração foi reformada e descentralizada enquanto que um vitorioso esforço [[proselitismo|proselitista]] converteu os [[garamantes]] de [[Fezã]] e os [[
{{Âncora|Guerra contra Garmul}}
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[[Imagem:Roman-Empire 477ad-pt.svg|thumb|upright=1.5|Reino romano-mouro de Garmul no [[norte da África]], à esquerda.]]
Em Mauritânia, entre o entreposto romano de Septo e a província de ''Cesariense'', vários pequenos reinos mouros, que também governavam sobre populações urbanas romanizadas, foram fundados desde a chegada dos vândalos. Pouca informação existe sobre eles, mas eles jamais foram subjugados pelos vândalos e reivindicava continuidade desde o [[Império Romano]], seus líderes auto-proclamando títulos como ''[[imperator]]'', como o chefe Masties em [[Arris (Batna)|Arris]] (nos [[
Quando Belisário derrotou os vândalos, os reis mouro-romanos aparentemente reconheceram a [[suserania]] romana (ao menos nominalmente), mas logo, aproveitando-se das revoltas mouras, renegaram-na. No final da década de 560, o rei mouro [[Garmul]] (provavelmente o sucessor do já mencionado Masuna de Altava) lançou uma série de [[raide]]s em território romano e, embora tenha falhado em capturar qualquer cidade importante, três generais foram mortos em sucessão pelas forças de Garmul segundo [[João de Biclaro]]: o [[prefeito pretoriano]] Teodoro e o mestre dos soldados Teoctisto em 570 e o sucessor deste, Amabilis, no ano seguinte.<ref>PLRE IIIa, p. 504</ref> Suas atividades, especialmente quando consideradas em conjunto com os ataques [[visigodos]] na [[Província da Espânia|Espânia]], se mostraram uma ameaça real às autoridades provinciais. Garmul não era o líder de meras tribos semi-nômades, mas de um completamente formado reino bárbaro, com um exército profissional. Assim, o novo imperador, {{lknb|Tibério|II}} {{nwrap|r.|574|582}}, renomeou Tomás como prefeito pretoriano e o hábil general [[Genádio (
=== Fundação do Exarcado ===
{{AP|Exarcado da África}}
Genádio permaneceu na África como [[mestre dos soldados]] por um longo tempo (até o início da década de 590) e foi ele quem se tornou o primeiro exarca da África<ref>PLRE IIIa, pp. 509–511</ref><ref>O exarcado africano foi mencionado pela primeira vez em 591. (El Africa Bizantina, p. 47)</ref> quando o imperador
== Lista dos prefeitos pretorianos da África conhecidos ==
{{AP|Lista dos governadores romanos da África#Prefeitos pretorianos da África{{!}}Prefeitos pretorianos da África}}
{{Referências|col=2}}
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*{{citar livro|primeiro =Averil |último =Cameron |título=Late Antiquity: Empire and Successors A.D. 425-600, The Cambridge Ancient History Vol. XIV |capítulo=Vandal and Byzantine North Africa |páginas= 552–569 |publicado=Cambridge University Press |ano=2000 | isbn=0-521-32591-9 }}
*{{citar livro|primeiro =Averil |último =Cameron |título=University of Michigan Excavations at Carthage, Vol. VII |capítulo=Byzantine Africa: The Literary Evidence |páginas= 29–62 |publicado=University of Michigan Press |ano=1982 }}
*{{citar livro|último =Diehl |primeiro =Charles |autorlink =Charles Diehl |título=L'Afrique byzantine. Histoire de la domination byzantine en Afrique (533– 709) |local=Paris |publicado=Ernest Leroux |ano=1896 |língua=
* Julien, C.A. (1931) ''Histoire de l'Afrique du Nord, vol. 1 - Des origines a la conquête arabe'', 1961 edition, Paris: Payot
* {{citar livro|último =Martindale |primeiro =John R. |coautor=Jones, A.H.M.; Morris, J. |título=The Prosopography of the Later Roman Empire | volume=IIIa |ano=1992 |publicado=Cambridge University Press | isbn=0-521-20160-8}}
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