Largo do Campo Grande
O Largo do Campo Grande, também conhecido como Praça 2 de Julho, é uma praça em Salvador. Surgido no início do século XIX, sofreu uma série de transformações urbanas no decorrer da sua história. Constitui-se em um dinâmico centro cultural, nomeadamente devido à presença de instituições como o Teatro Castro Alves (TCA) e o Teatro Vila Velha, de importantes colégios e de associações como a "Casa d'Itália" nas suas proximidades.[1] Em termos de empreendimentos hoteleiros, está situado na praça o Sheraton da Bahia Hotel, unidade baiana da rede estadunidense Sheraton Hotels & Resorts.[2]
Praça 2 de Julho | |
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Salvador, Bahia, Brasil | |
Entrada com vistas ao Monumento ao Caboclo. | |
Nome popular | Largo do Campo Grande, Praça do Campo Grande |
Tipo | praça |
Cruzamentos | Avenida Sete de Setembro, Avenida Reitor Miguel Calmon, Avenida Lafaiete Coutinho |
Lugares que atravessa | Teatro Castro Alves, Sheraton da Bahia Hotel |
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Com árvores centenárias, situa-se após o "Corredor da Vitória" (parte da Avenida Sete de Setembro, que atravessa o bairro da Vitória), o Vale do Canela e o Canela, centralizando boa parte dos acessos que conduzem às ruas comerciais do centro da cidade.
História
editarA sua origem está relacionada, no contexto da transferência da corte portuguesa para o Brasil, com a passagem da Família Real Portuguesa a Salvador (1808). Diferentemente de bairros mais antigos, neste, as casas foram construídas distantes dos lotes vizinhos e das vias públicas.
A praça do Campo Grande, primitivamente denominada como Campo de São Pedro, viria a ser palco de aguerridos combates durante os eventos que precederam as lutas pela Independência da Bahia, já em 1821, dada a vizinhança com o forte de São Pedro, praça disputada pelas vertentes em conflito no seio das tropas: brasileiros e portugueses.
Cortada ao meio por um profundo vale, foi somente ao final do século XIX, no governo republicano de Rodrigues Lima, que a praça foi ricamente ornamentada e recebeu a configuração que hoje ostenta, com monumentos grandiosos encomendados na França, evocando os heróis das lutas pela Independência da Bahia.
No início da década de 1980 o Campo Grande viu-se novamente transformado em palco de batalhas campais, desta feita entre os estudantes, contestando o aumento das passagens de ônibus, ocasião em que foram reprimidos pelas tropas da Polícia Militar, enviadas pelo então governador Antônio Carlos Magalhães (1981). Desde então, tem sido palco das grandes manifestações populares e reivindicatórias — como a gigantesca passeata do "Fora Collor", dez anos depois.
Monumento ao Caboclo
editarO Monumento ao Dois de Julho (também referido como Monumento ao Caboclo e Monumento aos Heróis da Independência)[3] é um monumento localizado no Largo do Campo Grande, em Salvador, município capital do estado brasileiro da Bahia. Representa e comemora a participação dos nativos brasileiros na Independência da Bahia.[4][5] Está entre os monumentos de interesse público soteropolitanos inventariados pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), organização da Prefeitura Municipal de Salvador para política cultural municipal.[6][7]
A praça onde está situado, o Campo Grande, é uma área histórica e cultural da cidade (e consequente atração turística), o topo do Outeiro Grande e onde está o Teatro Castro Alves.[3][8] Pelo conjunto, ao qual se somam gradis, jardins, escadaria e o monumento, fazem do largo uma praça monumental.[3][8] Além disso, o Caboclo no alto é a referência do monumento e também da expressão "chorar no pé do caboclo" (e suas variações) que remetem ao costume de fazer preces, rogar àquela entidade por um pedido.[9]
Foi criado na Itália pelo artista Carlo Nicoliy Manfredini (também vice-cônsul do Brasil em Carrara) em colaboração com outros artistas italianos, montado em Salvador pelo engenheiro Antonio Augusto Machado e inaugurado em 2 de julho de 1895.[10][11][12] Trata-se de um monumento em estilo neoclássico de 25,86 metros de altura composto por um pedestal de mármore de Carrara, com objetos em ferro fundido e, sobre o pedestal, uma coluna de bronze em estilo coríntio.[11][10] À época da inauguração era o monumento sul-americano mais alto[10] e, em 2019, foi descrito como o mais alto das regiões Norte e Nordeste do Brasil.[9] As últimas restaurações foram empreendidas pela Prefeitura de Salvador em 2003 e 2019.[11][9]Ver também
editarReferências
- ↑ «Campo Grande». Salvador Cultura Todo Dia (www.culturatododia.salvador.ba.gov.br). Consultado em 25 de janeiro de 2017
- ↑ Hotéis, Revista. «Sheraton da Bahia Hotel Salvador entra em operação». Revista Hoteis. Consultado em 25 de janeiro de 2017
- ↑ a b c Santana, Douglas (2 de junho de 2023). «DESAL REALIZA INTERVENÇÕES NO LARGO DO CAMPO GRANDE». Bahia Economica. Consultado em 13 de outubro de 2024
- ↑ Hendrik Kraay (2002), " Frio como a pedra de que se há de compor": caboclos e monumentos na comemoração da Independência da Bahia, 1870-1900 (14), pp. 51–81, Wikidata Q107477724
- ↑ Fábio Peixoto Bastos Baldaia (10 de maio de 2018), A festa, o drama e a trama: Cultura e poder nas comemorações da Independência da Bahia (1959-2017), Wikidata Q107477727
- ↑ G1 BA (17 de agosto de 2017). «Monumentos públicos de Salvador terão código lido por celulares para contar história da obra». G1. Consultado em 1 de setembro de 2021
- ↑ Fundação Gregório de Mattos. «MONUMENTOS: DOIS DE JULHO» (PDF). fgm.salvador.ba.gov.br. Consultado em 13 de outubro de 2024
- ↑ a b Franco, Tasso (27 de março de 2022). «SALVADOR 473 ANOS: CAMPO GRANDE É A PRAÇA MONUMENTAL DA CIDADE». Bahia Já. Consultado em 13 de outubro de 2024
- ↑ a b c Lyrio, Alexandre (9 de junho de 2019). «Aos olhos do Caboclo: chegamos ao topo do Monumento ao 2 de Julho». Correio. Consultado em 13 de outubro de 2024
- ↑ a b c Guia Geográfico - Salvador Turismo. «Monumento ao Dois de Julho». www.salvador-turismo.com. Consultado em 13 de outubro de 2024
- ↑ a b c «Monumento ao Dois de Julho é entregue à população de Salvador após ser restaurado». G1. 6 de setembro de 2019. Consultado em 13 de outubro de 2024
- ↑ «Monumento ao Dois de Julho no Campo Grande passa por restauração». A TARDE. 5 de setembro de 2019. Consultado em 13 de outubro de 2024