Memórias do Cárcere (livro)
Memórias do Cárcere é um livro de memórias de Graciliano Ramos, publicado postumamente, em setembro de 1953, em quatro volumes. O autor não chegou a concluir a obra, faltando o capítulo final. Graciliano havia sido preso em 1936 por conta de seu envolvimento político com a chamada Intentona Comunista, de 1935. A acusação formal nunca chegou a ser feita e Graciliano foi preso sem provas e sem processo.[1]
Memórias do Cárcere | |||||||
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Capa da 1a edição, Volume I Viagens, por Tomás Santa Rosa. | |||||||
Autor(es) | Graciliano Ramos | ||||||
Idioma | Português | ||||||
País | Brasil | ||||||
Gênero | Autobiografia | ||||||
Editora | José Olympio | ||||||
Lançamento | José Olympio (1a. edição) | ||||||
Cronologia | |||||||
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Enredo
editarNo livro, Graciliano descreve a companhia dos mais variados tipos encontrados entre os presos políticos: descreve, entre outros acontecimentos, a entrega de Olga Benário para a Gestapo, insinua as sessões de tortura aplicadas a Rodolfo Ghioldi e relata um encontro com Epifrânio Guilhermino, único sujeito a assassinar um legalista no levante comunista do Rio Grande do Norte.
Durante a prisão, diversas vezes Graciliano destrói ou afirma destruir as anotações que poderiam lhe ajudar a compor uma obra mais ampla. Também dá importância ao sentimento de náusea causado pela imundície das cadeias, chegando a ficar sem alimentação por vários dias, em virtude do asco.
Da cadeia, Graciliano faz comentários sobre a feitura e a publicação de Angústia, uma de suas melhores obras.
Censura
editarDiz o crítico conservador Wilson Martins, a respeito da censura que o livro sofrera e que teria adulterado o original do autor para sempre:
Houve também na história dessas relações, a grande crise provocada por Memórias do Cárcere. Sabia-se que o PCB exerceu forte pressão sobre a família de Graciliano Ramos para impedir-lhe a publicação, acabando por aceitá-la à custa de cortes textuais e correções cuja verdadeira extensão jamais saberemos. Nas idas e vindas entre a família e os censores do Partido, resultaram, pelo menos, três “originais”, datilografados e redatilografados ao sabor das exigências impostas. Supõe-se que o último deles recebeu o imprimatur canônico, acontecendo, apenas, que, na confusão inevitável de tantos “originais”, as páginas escolhidas para ilustrar os volumes diferiam sensivelmente das impressas, suscitando dúvidas quanto à respectiva autenticidade.— Wilson Martins, in: Gazeta do Povo
Ainda segundo o crítico de direita (célebre por sua crítica a toda literatura engajada de esquerda), fez publicar a denúncia no jornal O Estado de S. Paulo, recebendo então acerbas críticas do PCB, o que para ele era a comprovação da veracidade das alterações feitas na obra que, após reveladas, haviam incomodado o editor, José Olympio. No entanto, a viúva do escritor, Heloísa Ramos, e os filhos de Graciliano, Ricardo e Clara, mais tarde confirmaram a autenticidade do livro publicado com o texto original. [3]
Filme
editarMemórias do Cárcere também foi filmado por Nelson Pereira dos Santos em 1984. Graciliano é interpretado por Carlos Vereza, e sua mulher Heloísa (que lhe faz algumas visitas na prisão) é interpretada por Glória Pires.
Referências
- ↑ «A Intentona Comunista». Consultado em 23 de maio de 2017
- ↑ Wilson Martins (20 de outubro de 2008). «Minhas Relações com José Olympio». Consultado em 6 de janeiro de 2010
- ↑ "O velho Graça - uma biografia de Graciliano Ramos", de Dênis de Moraes,