Alquimia chinesa
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A alquimia chinesa está relacionada ao taoísmo, consequentemente, seus praticantes utilizam conceitos tais como: os Cinco Elementos; o Tao, a relação entre Yin e Yang; o Qi; o I-Ching; a astrologia chinesa; os princípios do feng shui, e da medicina tradicional chinesa.
O principal objetivo dos alquimistas chineses era fabricar o elixir da longa vida (também chamado por eles de Pílula da Imortalidade, Elixir da Imortalidade, Elixir do Retorno - Huan Dan ou ainda Elixir de Ouro - Jin Dan). A busca pela pedra filosofal e o homunculus, conceitos importantes para a alquimia ocidental, não se encontram entre seus objetivos. A alquimia chinesa usa a mesma linguagem simbólica que mais tarde a alquimia ocidental adotaria. A alquimia chinesa não está diretamente ligada à metalurgia, talvez por carecer de minérios ou pelo devagar desenvolvimento dessas técnicas na China.
História
editarA alquimia chinesa já era usada em 4.500 a.C., tendo dado origem ao taoísmo. Entretanto os textos alquímicos começaram a surgir somente na dinastia Tang, em torno do século VI.
O principal objetivo dos alquimistas chineses era fabricar o elixir da longa vida, capaz de conceder a imortalidade. Os alquimistas chineses criaram elixires de enxofre, arsênico, cinábrio e mercúrio, obviamente não tendo sucesso nesta procura. Joseph Needham fez uma lista de imperadores que morreram provavelmente por ingerirem esses elixires. As escritas dos antigos chineses citam a "Ilha dos Bem-Aventurados", a morada dos imortais, supostamente ervas dessas três ilhas depois de certo preparo produziriam o elixir da longa vida. Também havia uma corrente de pensamento que dizia que o elixir era capaz, além de ceder a vida eterna, fazer o alquimista ir ao paraíso e viver com os imortais.[1]
Segundo a alquimia chinesa, o ouro era inalterável e, portanto, imortal. Acreditava-se que aquele fabricasse o "ouro potável" a partir do cinábrio e do mercúrio adquiriria a imortalidade, também segundo Ge Hong, a imortalidade seria alcançada se ingerissem alimentos em pratos feitos com esse ouro.
Note-se que na China o ouro não possuía o mesmo valor que no Ocidente, não se trata de buscar o ouro alquímico com o objetivo de enriquecer, mas sim de se aperfeiçoar. É deste modo que o ouro fabricado possui muito mais importância por concentrar nele a sabedoria de sua produção, enquanto o ouro natural é considerado apenas matéria bruta, embora a mais perfeita da natureza. A ideia de que havia uma relação entre o ouro e a imortalidade foi passado para filosofia védica da Índia.
O tratado alquímico chinês mais antigo conhecido é o Chou-i ts'an t'ung ch'i ("Comentário do I Ching”) que relaciona a alquimia com o I-Ching e a matématica. O primeiro alquimista chinês que é razoavelmente conhecido foi Ge Hong (viveu em torno de 283-343 d.C.), que escreceu mais de cem livros sobre alquimia, cuja maioria se perdeu atualmente, uma de suas obras mais famosas, o Baopuzi, que possuí dois capítulos sobre os elixires da longa vida, baseados em arsênico e mercúrio e também fala da transmutação dos metais. O livro alquímico chinês mais famoso é o Tan chin yao chüeh (“Grandes Segredos da Alquimia"), provavelmente escrito por Sun Ssu-miao (viveu em torno de 581-673 d.C.). É um tratado prático em criar elixires usando o mercúrio, o enxofre, dos sais de mercúrio e de arsênico) para a conseguir a imortalidade, mas o tratado também contém algumas receitas específicas para curar doenças e as outras finalidades como a fabricação de pedras preciosas.
A alquimia chinesa diz que a metalurgia devia ser realizada por homens que conhecessem o funcionamento do universo segundo o taoísmo, Lao Zi diz que as propriedades do cinábrio ou do ouro são interpretadas através dos opostos Yin e Yang conduzidos à união, por meio da conduta do alquimista no Tao, que sofreria uma transformação espiritual denominada de Novo Nascimento. A partir daí, o alquimista não é mais apenas um mágico ou um artesão, ele é, também, um sábio.
A pólvora foi primeiramente descoberta por acidente por alquimistas chineses no século IX que procuravam pelo elixir da longa vida. O livro O Parentesco dos Três de Wei Boyang (魏伯陽 ou 魏伯陽), datado do século II d.C.,[2][3] explicava como fabricar a pólvora. Existem outros textos alquímicos que também fazem referências à pólvora, avisando para não se misturarem certos materiais uns com os outros, existem relatos de alquimistas que explodiram suas casas ao elaborar tal mistura.[1]
Waidanshu e Neidanshu
editarA procura pelo elixir da longa vida através de táticas envolvendo metalurgia e manipulação de certos elementos é denominada Waidanshu - 外丹術 - (ou jindanshu - 金丹術 -, Waidan - 外丹 - ou ainda Vaidan) também conhecida como "Alquimia Externa".
A waidan sempre acompanhou a medicina, a preparação de elixires, a herbologia e a aplicação externa de métodos de equilibrar, reduzir ou aumentar o ki (como Compressas de unguentos, Magnetização, Massagem, Moxabustão, Nutrição, Acupuntura, Ventosas e etc.
A waidan faz oposição a Neidanshu - 內丹術 - (ou simplesmente Neidan - 內丹 -), também conhecida como "Alquimia Interna" ou espiritual, a neidan procura um modelo de circulação energética interna que gere esse elixir no próprio alquimista.
Verifica-se semelhanças entre a Alquimia interna e a externa, por exemplo, tanto na Waidan como na Neidan afirma-se a obtenção do magnífico Elixir do Retorno (Huan dan). Na China também acredita-se ter-se fabricado artificialmente o cinábrio (Yang), um elemento importantíssimo para a waidan, que estaria relacionado à imortalidade e aos processos de transmutação dos elementos. Do cinábrio extrai-se o mercúrio (Yin do Yang), que é preparado com o enxofre em nove operações (número mágico no oriente e ocidente), na neidan, haveria no próprio corpo humano um "campo de cinábrio", o Dantian. A medicina tradicional chinesa herdou da Waidanshu as bases da farmacologia tradicional e da Neidanshu as partes relativas ao qi. Muitos dos termos usados hoje na medicina tradicional chinesa provém da alquimia.
Declínio
editarA partir do século X a alquimia chinesa abdicou da preparação de ouro e centrou-se mais na espiritualidade. Em vez de fazerem experiências alquímicas com metais, a maioria dos alquimistas as faziam diretamente com seu corpo e espírito. Essa volta a uma ciência espiritual teve seu ápice no século XIII com as práticas da escola Zen e o taoísmo budista. A alquimia chinesa foi perdendo força e acabou desaparecendo com o surgimento do budismo.
Notas e referências
- ↑ a b Série de documentários da TV Escola sobre as descobertas da China Antiga, 2008.
- ↑ Peng, Yoke Ho. 2000. Li, Qi e Shu: Introdução da Ciência e Civilização da China (o título original em inglês: An Introduction to Science and Civilization in China.) ISBN 0486414450
- ↑ Joseph Needham. (1976). Ciência e Civilização da China (o título original em inglês: Science and Civilisation in China). Universidade de Cambridge. ISBN 0521210283
Ver também
editar- Alquimia, as práticas mundiais da alquimia;
- Acupuntura e psicologia, C. G. Jung descobre os Segredos da Flor de Ouro
- Elixir da Longa Vida, o principal objetivo dos alquimistas chineses;
- Taoísmo, cujos conceitos são utilizados na alquimia chinesa;
- Joseph Needham, estudioso das ciências tradicionais da China;