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{{Antártica}}
'''Antártida''' ou '''Antártica''' <sup>(ver [[#Toponímia|questão do nome]])</sup> é o mais meridional e o segundo menor dos [[continente]]s (maior apenas que a [[Austrália (continente)|Austrália]]), com uma [[superfície]] de 14 milhões de [[quilômetros quadrados]]. Rodeia o [[polo Sul]], e por esse motivo está quase completamente coberta por enormes [[geleira]]s (glaciares), exceção feita a algumas zonas de elevado aclive nas cadeias montanhosas e à extremidade norte da [[península Antártica]]. Sua formação se deu pela separação do antigo supercontinente [[Gondwana]] há aproximadamente 100 milhões de anos e seu resfriamento aconteceu nos últimos 35 milhões de anos.<ref name="continentaldrift">{{citar web|url=http://www.antarctica.ac.uk/about_antarctica/teacher_resources/information/research/continental_drift.php|título=Continental drift|publicado=[[British Antarctic Survey]]|língua=en|acessodata=16 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20091117032712/http://www.antarctica.ac.uk/about_antarctica/teacher_resources/information/research/continental_drift.php|arquivodata=17 de Novembro de 2009|urlmorta=yes}}</ref>

É o continente mais frio, mais seco, com a maior média de altitude e de maior índice de ventos fortes do planeta.<ref name="cia">{{citar livro|autor=Central Intelligence Agency|autorlink=Central Intelligence Agency|título=[[The CIA World Factbook]]|subtítulo=Book 2008|editora=Skyhorse Publishing|ano=2007|isbn= 978-1-60239-080-5}}</ref> A temperatura mais baixa da Terra (-93,2&nbsp;°C) foi registrada na Antártida, sendo a temperatura média na costa, durante o verão, de -10&nbsp;°C; no interior do continente, é de -40&nbsp;°C.<ref name="aad">{{citar web|url=http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=1548|título=Weather|publicado=Australian Antarctic Division|língua=en|acessodata=17 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090914193107/http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=1548|arquivodata=14 de Setembro de 2009|urlmorta=yes}}</ref> Muitos autores o consideram um grande [[deserto polar]], pela baixa taxa de [[precipitação (meteorologia)|precipitação]] no interior do continente.<ref name="mcgonigal">{{citar livro|título=Antarctica|subtítulo=Secrets of the Southern Continent|autor=David McGonigal|editora=Frances Lincoln|ano=2009|isbn= 978-0-7112-2980-8}}</ref><ref name="sayre">{{citar livro|título=Antarctica|subtítulo=7 continents|autor=April Pulley Sayre|editora=Twenty-First Century Books|ano=1998|isbn= 978-0-7613-3227-5}}</ref><ref name="rubin">{{citar livro|título=Antarctica|subtítulo=Lonely Planet Country and Regional Guides|autor=Jeff Rubin|editora=Lonely Planet|ano=2005|isbn= 978-1-74059-094-5}}</ref> A [[altitude]] média da Antártida é de aproximadamente 2&nbsp;000 metros.<ref name="factsheet">{{citar web|url=http://www.antarctica.ac.uk/about_antarctica/teacher_resources/resources/factsheets/factsheet_geostats_screen.pdf|título=Antarctic Factsheet Geographical Statistics|publicado=British Antarctic Survey|língua=en|data=maio de 2005|acessodata=19 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20091118010145/http://www.antarctica.ac.uk/about_antarctica/teacher_resources/resources/factsheets/factsheet_geostats_screen.pdf|arquivodata=2009-11-18|urlmorta=no}}</ref> Ventanias com velocidades de aproximadamente 100&nbsp;km/h são comuns e podem durar vários dias.<ref name="aad" /> Ventos de até 320&nbsp;km/h já foram registrados na área costeira.<ref name="rubin" />

Juridicamente, a Antártida está sujeita ao [[Tratado da Antártida]], pelo qual as várias nações que reivindicavam [[território]]s no continente ([[Argentina]], [[Austrália]], [[Chile]], [[França]], [[Noruega]], [[Nova Zelândia]] e [[Reino Unido]]) concordam em suspender as suas reivindicações, abrindo o continente à exploração científica.<ref name="originaltreaty">{{citar web|url=http://www.ats.aq/documents/ats/treaty_original.pdf|título=The Antarctic Treaty|publicado=Antarctic Treaty Secretariat|língua=fr, ru, en, es|data=1 de dezembro de 1959|acessodata=16 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081120113145/http://www.ats.aq/documents/ats/treaty_original.pdf|arquivodata=2008-11-20|urlmorta=no}}</ref>

Por esse motivo, e pela dureza das [[condições climáticas]], não tem [[população]] permanente, embora tenha uma população provisória de cientistas e pessoal de apoio nas bases polares, que oscila entre mil (no [[inverno]]) e quatro mil pessoas (no [[verão]]).<ref name="cia2">{{citar web|url=https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ay.html|título=Antarctica|publicado=[[Central Intelligence Agency]]|obra=The World Factbook|acessodata=16 de agosto de 2009|arquivourl=https://www.webcitation.org/5ly46ftol?url=https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ay.html|arquivodata=2009-12-12|urlmorta=no}}</ref> Dois destes assentamentos com uma população regular (incluindo [[criança]]s) são [[Villa Las Estrellas]] (do [[Chile]]) e [[Base Esperanza]] (da [[Argentina]]).<ref name="times">{{citar web |url=http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/article2859563.ece |obra= |título=The power games that threaten world’s last pristine wilderness |publicado=Times |língua=en |data=13 de novembro de 2007 |acessodata=17 de agosto de 2009}}</ref>

== Toponímia ==
O [[toponímia|topônimo]] '''Antártica''' tem sua origem no [[latim]] tardio ''antarctĭcus'' que, por sua vez, deriva do [[língua grega antiga|grego antigo]] ανταρκτικός, que significa, literalmente, "oposto ao [[Ártico]]" (antiártico). Todavia, convencionalmente adotou-se a forma '''Antártida''', tanto em [[Portugal]] como no [[Brasil]], mesmo que contraditória quanto à [[etimologia|origem etimológica]] do [[topônimo]]. Uma explicação possível seria a analogia com a mítica [[Atlântida]],<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/uma-duvida-quente-antartida-ou-antartica/|título=Uma dúvida quente: Antártida ou Antártica?|autor=Sérgio Rodrigues - Sobre Palavras|data=27 de junho de 2013|publicado=|acessodata=16 de dezembro de 2013|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131219101522/http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/uma-duvida-quente-antartida-ou-antartica/|arquivodata=2013-12-19|urlmorta=no}}</ref> algo que ocorre da mesma forma em [[língua castelhana|castelhano]], em que também convivem as duas formas, ''Antártida'' e ''Antártica'', sendo a primeira de uso mais difundido.<ref>{{citar web|url=http://lema.rae.es/dpd/?key=Ant%C3%A1rtida|título=Diccionario panhispánico de dudas - Antártida|autor=Real Academia Espanhola|autorlink=Real Academia Espanhola|data=|publicado=2005|acessodata=|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131102170851/http://lema.rae.es/dpd/?key=Ant%C3%A1rtida|arquivodata=2013-11-02|urlmorta=no}}</ref> Em francês também se alternam as formas ''Antarctique'' e ''Antarctide'', enquanto na [[língua italiana]] usa-se ''Antartide'', também cunhada sobre o modelo de ''Atlantide'' (Atlântida).<ref>{{citar web|url=http://www.treccani.it/enciclopedia/antartide/|título="Antartide" in: Enciclopedia Treccani|autor=Istituto della Enciclopedia Italiana - Giovanni Treccani S.p.A.|data=|publicado=|acessodata=16 de dezembro de 2013|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131216183456/http://www.treccani.it/enciclopedia/antartide/|arquivodata=2013-12-16|urlmorta=no}}</ref>

Em Portugal, ''Antárctida'' era a forma mais usual antes do [[Acordo Ortográfico de 1990]] (atualmente ''Antártida''),<ref>{{citar web |url=http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx |título=Antárctida'' e ''antárctico'' no Dicionário Priberam. |obra= |data= |acessodata=25 de setembro de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070925151820/http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx |arquivodata=2007-09-25 |urlmorta=no }}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.infopedia.pt/diciope.jsp?VerbID=105453&dicio=0&op=Definicao&Entrada=ant%E1rctico|título=antárctico'' no Dicionário Porto Editora.|obra=|data=|acessodata=25 de setembro de 2007}}{{Ligação inativa|data=janeiro de 2019}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.infopedia.pt/$oceano-antarctico |título=Oceano Antárctico'' na Infopédia. |obra= |data= |acessodata=25 de setembro de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20071027211424/http://www.infopedia.pt/$oceano-antarctico |arquivodata=2007-10-27 |urlmorta=no }}</ref> embora a forma ''Antártica'' também tenha uso.<ref>{{Citar web |ultimo=Infopédia |url=https://www.infopedia.pt/dicionarios/portugues-ingles/Ant%C3%A1rtica |titulo=Antártica {{!}} Tradução de Antártica no Dicionário Infopédia de Português - Inglês |acessodata=2021-09-01 |website=Infopédia - Dicionários Porto Editora}}</ref>

No Brasil, era preferida a forma ''Antártida'' até meados da [[década de 1970]],<ref>A versão oficial em português brasileiro do Tratado da Antártida, publicada pelo [[Ministério das Relações Exteriores do Brasil]], emprega a forma "Antártida". {{citar web|url=http://www2.mre.gov.br/dai/m_75963_1959.htm|título=Divisão de Atos Internacionais, Ministério das Relações Exteriores do Brasil.|obra=|data=|acessodata=14 de julho de 2007|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070927015018/http://www2.mre.gov.br/dai/m_75963_1959.htm|arquivodata=27 de Setembro de 2007|urlmorta=yes}}</ref> quando a forma ''Antártica'' passou a ganhar força após ser usada em obras acadêmicas sobre o continente, como o livro ''Rumo à Antártica'' da geógrafa [[Therezinha de Castro|Teresinha de Castro]], publicado em 1976.<ref>{{citar web|url=http://www.usp.br/prolam/downloads/2010_1_8.pdf|título=Fragilidades estruturais do Tratado Antático|autor=Friederick Brum Vieira|data=|publicado=2010|acessodata=16 de dezembro de 2013|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131216190223/http://www.usp.br/prolam/downloads/2010_1_8.pdf|arquivodata=2013-12-16|urlmorta=no}}</ref>

== História ==
{{artigo principal|História da Antártida}}

[[Imagem:OrteliusWorldMap.jpeg|miniatura|250px|''[[Terra Australis Incognita]]''.]]

Como não há povos nativos da Antártida, a sua história é a da sua exploração. É muito provável que os povos de regiões próximas ao continente tenham sido os primeiros a explorá-lo: os povos [[Aush]] da [[Terra do Fogo]], por exemplo, falam sobre o "país do gelo" e um chefe [[māori]] de nome Ui-Te-Rangiora teria atingido a região em 650 d.C..<ref name="izaguirre">{{citar livro|autor=Irina Izaguirre|coautores=Gabriela Mataloni|título=Antártida|subtítulo=descubriendo el continente blanco|páginas=24|editora=Ediciones Caleuche|local=S. C. de Bariloche|ano=2000|isbn= 950-9681-95-4}}</ref><ref name="Huntford">{{citar livro|autor=Roland Huntford|título=O último lugar da Terra|subtítulo=a competição entre Scott e Amundsen pela conquista do Pólo Sul|páginas=25-31|local=São Paulo|editora=Companhia das Letras|ano=2002|isbn= 85-359-0209-0}}</ref> No entanto, esses povos não deixaram vestígios de sua presença.

As primeiras expedições documentadas começam no [[século XVI]]. [[Américo Vespúcio]] relatou o registro visual de terras a 52°S.<ref name="americo">{{citar livro|autor=Eduardo Bueno|título=Novo Mundo|subtítulo=as cartas que batizaram a América|editora=Planeta do Brasil|ano=2003|isbn= 978-85-7479-576-8}}</ref> Várias expedições aproximaram-se gradativamente do continente sem, no entanto, ter-se a certeza de que se tratava realmente de um continente ou de um conjunto de ilhas, até às expedições de [[James Cook]], o primeiro a [[circum-navegação|circum-navegá-lo]] entre 1772 e 1775 sem o avistar, devido à [[névoa]] e aos [[iceberg]]s.<ref name="Huntford" />

A primeira pessoa que avistou o continente Antártico foi o explorador russo [[Fabian Gottlieb Thaddeus von Bellingshausen]] em 28 de janeiro de 1820.<ref>Série de autores e consultores, [[Dorling Kindersley]], ''History'' (título original), 2007, ISBN 978-989-550-607-1, pág 591</ref>

A ocupação humana propriamente dita começa na primeira metade do [[século XIX]], quando navios [[baleeiro]]s chegavam à região das [[Ilhas Sandwich do Sul]]. Nesse período, [[James Weddell]] e [[James Clark Ross]] descobriram os mares que hoje levam seus nomes. Este último fez uma viagem de [[exploração]] na qual descobriu ainda a [[Ilha de Ross]], os montes [[Monte Érebo|Érebo]] e [[Monte Terror|Terror]] e a [[Terra de Vitória]], retornando em 1843.<ref name="Huntford" /> Realizados em 1895 e 1889, o sexto e o sétimo Congresso Internacional de Geografia, respectivamente, obtêm relativo sucesso em seu chamado pela exploração do continente meridional, firmando-se uma colaboração mútua de Grã-Bretanha e Alemanha para a exploração científica da Antártida, resultando em diversas expedições ao continente com o apoio e a participação de diferentes nações.<ref>{{citar livro|autor=Dieter Fütterer|título=Antarctica|subtítulo=contributions to global earth sciences : proceedings of the IX International Symposium of Antarctic Earth Sciences Potsdam, 2003|editora=Birkhäuser|ano=2006|isbn= 978-3-540-30673-3}}</ref>

[[Imagem:Aan de Zuidpool - p1913-160.jpg|miniatura|esquerda|A expedição liderada pelo norueguês [[Roald Amundsen]] foi a primeira a atingir o [[polo Sul]] em 1911-1912.]]

No início do [[século XX]], os exploradores se voltam para a conquista do [[polo Sul]]. [[Ernest Henry Shackleton]] organizou uma expedição em 20 de outubro de 1908, sendo obrigado a retornar sem atingir o polo. Seguem-se a ele [[Roald Amundsen]] e [[Robert Falcon Scott]] em uma verdadeira corrida, pois partem com apenas duas semanas de diferença em outubro de 1911 a partir da [[plataforma de Ross]]. Amundsen atinge o polo em 14 de dezembro de 1911, retornando em janeiro. O grupo de Scott chega ao ponto em 17 de janeiro e encontra a [[bandeira norueguesa]]. No caminho de volta, os cinco expedicionários morrem de [[fome]] e [[exaustão]].<ref name="Huntford" />

Após a conquista do polo, restava ainda a façanha de atravessar o continente de costa a costa. Shackleton assumiu a tarefa na Expedição Imperial Transantártica, em 1914, que não obteve sucesso por uma série de dificuldades, as primeiras foram os navios terem ficado presos no [[gelo]] e afundado.<ref name="capozoli">{{citar livro|autor=Ulisses Capozoli|título=Antártida|subtítulo=a última terra|editora=EdUSP|ano=1991|isbn= 978-85-314-0031-5}}</ref>

[[Richard Evelyn Byrd]], explorador dos Estados Unidos, foi o primeiro a sobrevoar o polo Sul, em 29 de novembro de 1929, após o que conduziu diversas viagens de avião à Antártida nas décadas [[década de 1930|de 1930]] e [[Década de 1940|de 1940]].<ref name="capozoli" /> Byrd também realizou extensas pesquisas [[geologia|geológicas]] e [[biologia|biológicas]]. Atualmente, após o [[Tratado da Antártida]], muitos países mantêm bases de pesquisa permanente e a ocupação humana é constante.<ref name="cia" />

== Geografia ==
[[Imagem:Antarctica.svg|miniatura|280px|Mapa do continente antártico.]]
[[Imagem:Antarctica 6400px from Blue Marble.jpg|miniatura|280px|Imagem de satélite da Antártida.]]
[[Imagem:Antarctica surface.jpg|miniatura|280px|Imagem colorida da elevação e do relevo do continente.]]
{{artigo principal|[[Geografia da Antártida]]}}

A maior parte do continente austral está localizada ao sul do [[Círculo Polar Antártico]] e circundada pelo [[oceano Antártico]]. É a massa de terra mais [[meridional]] e compreende mais de 14 milhões de quilômetros quadrados, tornando-se o quinto maior continente. Sua costa mede 17&nbsp;968 quilômetros e é caracterizada por formações de gelo,<ref name="cia" /> como mostra a tabela:

{| class="wikitable"
|+ '''Tipos de costa ao longo da Antártida (Drewry, 1983)'''
|-
! Tipo !! Ocorrência
|-
| [[Plataforma de gelo]] (gelo flutuante)
|align=right| 44%
|-
| Paredes de gelo (sobre o solo)
|align=right| 38%
|-
| Correntes de gelo (limite do gelo ou parede de gelo)
|align=right| 13%
|-
| Rocha
|align=right| 5%
|-
! Total
|align=right| 100%
|}

Fisicamente, ela é dividida em duas partes pelos [[montes Transantárticos]] perto do estreitamento entre o [[mar de Ross]] e o [[mar de Weddell]]: a [[Antártida Oriental]], ou Maior, e a [[Antártida Ocidental]], ou Menor, porque correspondem aproximadamente aos [[Hemisfério (geografia)|hemisférios]] ocidental e oriental em relação ao [[meridiano de Greenwich]].<ref name="riffenburgh">{{citar livro|autor=Beau Riffenburgh|título=Encyclopedia of the Antarctic|editora=CRC Press|volume=2|ano=2007|isbn= 978-0-415-97024-2}}</ref>

Aproximadamente 98% da Antártida está coberta por um [[manto de gelo]],<ref name="cia" /> que possui em média dois [[quilômetro]]s de espessura, sendo {{Fmtn|4776}} metros sua espessura máxima.<ref name="british" /> Essa cobertura de gelo tem um volume estimado em 25,4 milhões de [[quilômetros cúbicos]],<ref name="factsheet" /> contendo 70% de toda a água doce do planeta<ref name="izaguirre" /> sendo assim o continente de maior [[altitude]] média. O gelo advindo do manto forma barreiras que se estendem para além da costa, conhecidas como [[plataformas de gelo]], a maior das quais é a de [[plataforma de Ross|Ross]] (com 800&nbsp;km de largura e estendendo-se por 1&nbsp;000&nbsp;km em direção ao polo Sul).<ref name="mcgonigal" /> Os [[iceberg]]s são blocos de gelo flutuante formados pela neve, desprendidos das geleiras ou das plataformas de gelo.<ref name="glossario">{{citar web|url=ftp://ftp.cnpq.br/pub/doc/proantar/pab-12.pdf|título=Glossário da língua portuguesa da neve, do gelo e termos correlatos|autor=Jefferson C. Simões|publicado=Pesquisa Antártica Brasileira|data=2004|acessodata=19 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100806225909/http://ftp.cnpq.br/pub/doc/proantar/pab-12.pdf|arquivodata=2010-08-06|urlmorta=no}}</ref> Embora a maior parte da massa continental da Antártida se encontre acima do nível do mar, uma grande parte da pequena [[Antárctica Ocidental]] encontra-se abaixo do nível do mar.<ref name="mcgonigal" />

Em grande parte do interior do continente a [[precipitação (meteorologia)|precipitação]] média anual fica entre 30 e 70&nbsp;mm;<ref name="izaguirre" /> em algumas áreas de "[[gelo azul]]" a precipitação é mais baixa do que a perda de massa pela [[sublimação]] e, assim, o balanço local é negativo. Nos vales secos o mesmo efeito ocorre sobre uma base de [[rocha]]s, conduzindo a uma paisagem esturricada.<ref name="riffenburgh" />

Abriga o [[Pólo geográfico Sul|Polo geográfico Sul]] do planeta, a 90º de latitude S, e o [[polo magnético]], cuja localização não é fixa. Apenas a península Antártida, com 1&nbsp;000&nbsp;km de extensão, não está sempre coberta por gelo. O relevo é marcado pelos [[montes Transantárticos]], prolongamento geológico dos Andes. Ela divide o continente em [[Antártida Oriental]], com [[planície]]s, [[colina]]s baixas e a [[geleira Lambert]] (a maior do mundo), e [[Antártida Ocidental]], com arquipélagos ligados pela cobertura de gelo permanente. As banquisas formadas por água do mar congelado se confundem com o contorno do continente.<ref name="riffenburgh" />

A Antártida Ocidental é coberta pelo [[manto de gelo da Antártida Ocidental]]. Este chamou a atenção recentemente por causa da possibilidade real de seu colapso: se derretesse, o nível do mar elevar-se-ia em vários metros em um curto espaço de [[escala de tempo geológico|tempo geológico]], talvez em questão de [[século]]s.<ref name="newscientist">{{citar web|url=http://www.newscientist.com/article/dn6962|título=Antarctic ice sheet is an 'awakened giant'|autor=Jenny Hogan|publicado=[[NewScientist]]|língua=en|data=2 de fevereiro de 2005|acessodata=20 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090804000949/http://www.newscientist.com/article/dn6962|arquivodata=2009-08-04|urlmorta=no}}</ref> Diversos fluxos de gelo antártico, que correspondem a aproximadamente 10% da cobertura de gelo, correm para uma das muitas plataformas.

A Antártida tem mais de 145 [[lago]]s que se encontram sob a superfície de gelo continental.<ref>{{citar web |url=http://news.nationalgeographic.com/news/2004/11/1101_041101_antarctic_lakes.html |título=Antarctic Lakes: 145 and Counting, Scientists Say |data=1 de novembro de 2004 |acessodata=18 de agosto de 2009 |publicado=[[National Geographic (revista)|National Geographic]] |autor=John Roach |língua=en |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090823000927/http://news.nationalgeographic.com/news/2004/11/1101_041101_antarctic_lakes.html |arquivodata=2009-08-23 |urlmorta=no}}</ref> O [[lago Vostok]], descoberto abaixo da [[estação Vostok]] em 1996, é o maior deles. Acredita-se que o lago está selado pelo manto de gelo há 30 milhões de anos.<ref>{{citar web |url=http://news.nationalgeographic.com/news/2004/11/1101_041101_antarctic_lakes_2.html |título=Antarctic Lakes: 145 and Counting, Scientists Say |data=1 de novembro de 2004 |acessodata=18 de agosto de 2009 |publicado=[[National Geographic (revista)|National Geographic]] |autor=John Roach |língua=en 
|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090923224810/http://news.nationalgeographic.com/news/2004/11/1101_041101_antarctic_lakes_2.html 
|arquivodata=2009-09-23 |urlmorta=no}}</ref> Há também alguns rios no continente, o maior dos quais é o [[rio Onyx]], com trinta quilômetros de extensão, que desagua no [[lago Vanda]] a 75 metros de profundidade.<ref>{{citar web|url=http://antarcticsun.usap.gov/pastIssues/2002-2003/2003_01_26.pdf|título=Antarctica’s longest river|publicado=National Science Foundation|obra=The Antarctic Sun|língua=en|data=26 de janeiro de 2003|acessodata=18 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100401071653/http://antarcticsun.usap.gov/pastIssues/2002-2003/2003_01_26.pdf|arquivodata=2010-04-01|urlmorta=no}}</ref>

Na Antártida Oriental encontram-se os [[montes Transantárticos]] (ou Cadeia Transantártica) que se estende por 4&nbsp;800 quilômetros, desde a [[Terra de Vitória]] à [[Terra de Coats]]. Na Ocidental está a [[Península Antártica]], ao sul da qual se encontram os [[montes Ellsworth]] e o [[maciço Vinson]], ponto mais elevado do continente com {{Fmtn|5140}} metros. Localizadas entre suas cordilheiras, há sete [[geleira]]s na Antártida, das quais a maior é a [[Geleira Byrd]]. Embora seja lar de muitos [[vulcões]], apenas uma cratera na [[ilha Decepção]] e o [[monte Érebo]] expelem [[lava]] atualmente, a primeira desde 1967. O [[monte Érebo]], de 4&nbsp;023 metros de altitude e localizado na [[Ilha de Ross]], é o vulcão ativo mais meridional do mundo. Pequenas [[erupções]] são comuns e fluxos de lava foram observados em anos recentes.<ref name="riffenburgh" />

=== Clima ===
{{artigo principal|[[Clima da Antártida]]}}
[[Imagem:Fryxellsee Opt.jpg|miniatura|esquerda|O [[gelo azul]] cobrindo o [[Lago Fryxell]], nos [[Montes Transantárticos]], origina-se do derretimento de geleiras.]]

A Antártida é o continente mais frio e seco da Terra, um grande [[deserto]]. A precipitação média anual fica entre 30 e 70 [[Milímetro|mm]].<ref name="izaguirre" /> Devido à influência das correntes marítimas, as zonas costeiras apresentam temperaturas mais amenas, com uma média anual de -10 [[°C]] (atingindo valores entre 10&nbsp;°C no verão e -40&nbsp;°C no inverno). Por outro lado, no interior do continente, a média anual é -30&nbsp;°C, com temperaturas variando entre -30&nbsp;°C no verão até abaixo de -80&nbsp;°C no inverno. A menor temperatura do mundo, -93,2&nbsp;°C, foi registrada entre Dome Argurs e Dome Fuji no dia 10 de agosto de 2010.<ref>{{citar web|url=https://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2013/09dec_coldspot|titulo=The Coldest Place in the World {{!}} Science Mission Directorate|acessodata=2018-11-24|obra=science.nasa.gov|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190102054527/https://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2013/09dec_coldspot/|arquivodata=2019-01-02|urlmorta=no}}</ref>

No entanto, estima-se que seja a [[Cordilheira A]] (ou ''Ridge A'') seja o local mais frio da superfície terrestre, que fica localizada nas seguintes coordenadas: {{coord|81|30|S|73|30|E}}.<ref>{{citar web | url=http://educacao.uol.com.br/geografia/ridge-a-o-lugar-mais-frio-do-mundo.jhtm | título=Título ainda não informado (favor adicionar) | publicado=educacao.uol.com.br | acessodata=2012-06-11 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20120606034536/http://educacao.uol.com.br/geografia/ridge-a-o-lugar-mais-frio-do-mundo.jhtm | arquivodata=2012-06-06 | urlmorta=no }}</ref><ref>{{citar web | url=http://www.goitaca.com/viagem/ridge-a-o-melhor-lugar-no-mundo-para-observar-o-ceu/#.T9U28FIorYU | título=Título ainda não informado (favor adicionar) | publicado=www.goitaca.com | acessodata=2012-06-11 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20130729223059/http://www.goitaca.com/viagem/ridge-a-o-melhor-lugar-no-mundo-para-observar-o-ceu/#.T9U28FIorYU | arquivodata=2013-07-29 | urlmorta=no }}</ref>

Estima-se que, apesar dos seis meses de escuridão do [[inverno]], a incidência da [[energia solar]] no Polo Sul seja semelhante à recebida anualmente no [[equador]], mas 75% dessa energia é [[reflexão (física)|refletida]] pela superfície de gelo.<ref name="izaguirre" />

A Antártida Oriental é mais fria que a Ocidental por ser mais elevada. As [[massa de ar|massas de ar]] raramente penetram muito no continente, deixando seu interior frio e seco. O [[gelo]] no interior do continente dura muito tempo, apesar da falta de precipitação para renová-lo. A queda de [[neve]] não é rara no [[litoral]], onde já se registrou a queda de 1,22 metro em 48 horas. Também é um continente com [[vento]]s fortes, registrando-se ventos com [[velocidade]]s superiores a 200&nbsp;km/h na região costeira, sendo a média nestes locais de 100&nbsp;km/h.<ref name="aad" /> No interior, entretanto, as velocidades são tipicamente moderadas.<ref>{{citar web|url=http://www.antarcticconnection.com/antarctic/weather/wind.shtml|título=Antarctic Winds & the Wind Chill Factor|publicado=Antarctic Connection|língua=en|acessodata=1 de setembro de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090628112438/http://www.antarcticconnection.com/antarctic/weather/wind.shtml|arquivodata=28 de Junho de 2009|urlmorta=yes}}</ref>

A Antártida é mais fria do que o [[Ártico]] por dois motivos: em primeiro lugar, grande parte do continente está a mais de três quilômetros acima do nível do mar. Em segundo lugar, a área do [[polo Norte]] é coberta pelo [[oceano Ártico]] e o relativo calor do oceano é transferido através do gelo, impedindo que as temperaturas nas regiões árticas alcancem os extremos típicos da superfície da terra no sul.<ref>{{citar web|url=http://polardiscovery.whoi.edu/poles/weather.html|título=Compare the Poles: Weather|publicado=Woods Hole Oceanographic Institution|língua=en|acessodata=19 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090910010943/http://polardiscovery.whoi.edu/poles/weather.html|arquivodata=2009-09-10|urlmorta=no}}</ref>

Alguns eventos climáticos são comuns na região. A [[aurora polar|aurora austral]], conhecida como "luzes do sul", é um brilho observado durante a noite perto do Polo Sul. Outro acontecimento é o [[pó de diamante]], [[neblina]] composta de pequenos cristais de gelo. Forma-se geralmente sob céu limpo, por isso é referido como precipitação de céu limpo. Falsos sóis, brilhos formados pela reflexão da luz solar em cristais de gelo, conhecidos como [[parélio]], são uma manifestação óptica atmosférica comum.<ref name="british">{{citar web|url=http://www.antarctica.ac.uk/met/jds/weather/weather.htm|título=Weather in the Antarctic|língua=en|publicado=[[British Antarctic Survey]]|acessodata=9 de Fevereiro de 2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130811184916/http://www.antarctica.ac.uk/met/jds/weather/weather.htm|arquivodata=2013-08-11|urlmorta=no}}</ref>

Em 9 de fevereiro de 2020, o continente registrou uma temperatura de 20,7&nbsp;°C, a mais alta de toda a história da Antártida.<ref>{{Citar web |url=https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2020/02/antartida-registra-temperatura-recorde-acima-dos-200c-diz-cientista.shtml |titulo=Antártida registra temperatura recorde acima dos 20°C, diz cientista |data=2020-02-13 |acessodata=2021-07-10 |website=Folha de S.Paulo}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/02/13/temperatura-na-antartica-chega-a-2075oc-e-bate-novo-recorde.ghtml |titulo=Temperatura na Antártica chega a 20,75ºC e bate novo recorde |acessodata=2021-07-10 |website=G1}}</ref>

=== Flora ===
[[Imagem:Lichen squamulose.jpg|miniatura|Aproximadamente 400 espécies de [[líquenes]] são conhecidas na Antártida.]]

As principais dificuldades para o crescimento dos vegetais na Antártida são os fortes [[vento]]s, a curta espessura do solo e a limitada quantidade de luz solar durante o inverno austral.

Por isso, a variedade de espécies de plantas na superfície é limitada a plantas "inferiores", como [[musgos]] e [[hepáticas]]. Além disso há uma comunidade [[autotrofismo|autotrófica]], formada por [[protista]]s. A flora continental consiste em [[líquen]]s, [[Bryophyta sensu lato|briófitas]], [[alga]]s e [[fungi|fungos]]. O crescimento e a reprodução ocorrem geralmente no verão.<ref name="plants">{{citar web|url=http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=2432|título=Antarctic Flora|publicado=Australian Antarctic Division|língua=en|acessodata=21 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090930064538/http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=2432|arquivodata=30 de Setembro de 2009|urlmorta=yes}}</ref>

Há mais de 200 espécies de líquens e aproximadamente 50 espécies de briófitas, tais como musgos. No continente existem 700 espécies de algas, a maioria das quais forma o [[fitoplâncton]].<ref name="plants" /> [[Diatomácea]]s e algas da neve, algas microscópicas que crescem na neve e no gelo dando-lhes coloração, são abundantes nas regiões costeiras durante o verão.<ref name="snowalgae">{{citar web|url=http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=2437|título=Snow Algae|publicado=Australian Antarctic Division|língua=en|acessodata=21 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090930100943/http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=2437|arquivodata=30 de Setembro de 2009|urlmorta=yes}}</ref> Há ainda duas espécies de plantas que florescem e são encontradas na [[Península Antártica]].<ref name="plants" />

=== Fauna ===
[[Imagem:Aptenodytes forsteri -Snow Hill Island, Antarctica -adults and juvenile-8.jpg|miniatura|upright|esquerda|[[Pinguim-imperador|Pinguins-imperador]] na ilha do Monte Nevado.]]

O ''[[krill]]'' é muito importante para a maior parte das [[teia alimentar|teias alimentares]], servindo de alimento para [[lula (molusco)|lulas]], [[baleia]]s, [[foca]]s, como a [[foca-leopardo]], [[pinguim|pinguins]] e outras aves.<ref>{{citar web|url=http://oceanexplorer.noaa.gov/explorations/02quest/background/krill/krill.html|título=Krill in Cordell Bank National Marine Sanctuary|autor=Dan Howard|publicado=NOAA|língua=en|acessodata=16 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090515171901/http://oceanexplorer.noaa.gov/explorations/02quest/background/krill/krill.html|arquivodata=2009-05-15|urlmorta=no}}</ref> As aves mais comuns são os pinguins, os [[Diomedeidae|albatrozes]] e os [[petrel|petréis]]. No entanto, somente 13 espécies fazem seus ninhos em terra firme, geralmente no litoral, e partem para regiões mais quentes no inverno. Enquanto todas as demais migram, duas espécies de pinguim permanecem e migram para o interior: o [[pinguim-imperador]], a maior espécie, e o [[pinguim-de-adélia]].<ref>{{citar web|url=http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=1654|título=Adélie penguins|publicado=Australian antarctic Division|língua=en|acessodata=30 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090914183837/http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=1654|arquivodata=2009-09-14|urlmorta=yes}}</ref> Por volta de abril, machos e fêmeas dos pinguins-imperador migram cem quilômetros para o sul, as fêmeas voltam para o litoral para se alimentar, só voltando em julho e os machos se agrupam para se aquecerem.<ref>{{citar livro|autor=Tony D. Williams|título=The penguins: Spheniscidae|editora=Oxford University Press|ano=1995|volume=2|isbn= 978-0-19-854667-2}}</ref>

A fauna dos mares em torno da Antártida é bastante rica. É composta por uma miríade de invertebrados como [[Porifera|esponjas]],<ref>{{citar web|url=http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=5942|título=Sponges|publicado=Australian antarctic Division|língua=en|acessodata=30 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090914221721/http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=5942|arquivodata=14 de Setembro de 2009|urlmorta=yes}}</ref> [[Anêmona-do-mar|anêmona]]s, [[estrela-do-mar|estrelas-do-mar]] e [[echinoidea|ouriços-do-mar]],<ref>{{citar web|url=http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=1656|título=Seabed (benthic) communities|publicado=Australian antarctic Division|língua=en|acessodata=30 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090914221658/http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=1656|arquivodata=14 de Setembro de 2009|urlmorta=yes}}</ref> [[anelídeo]]s, [[crustáceo]]s e [[moluscos]] e entre os mais abundantes estão o [[isopodos|isópode]] ''[[Glyptonotus antarticus]]'' e o molusco ''[[Nacella concinna]]'', comum nas zonas costeiras. As condições ambientais afetam o crescimento e a reprodução desses animais: eles se tornam maiores e crescem mais lentamente, se reproduzindo de forma mais lenta em comparação com seus congéneres de regiões quentes.<ref name="mcgonigal" />

Em regiões com profundidade de cerca de 200 metros abaixo da camada de gelo e em plena escuridão, acreditava-se que existiam apenas [[micróbio]]s, mas, conforme anúncio feito pela [[NASA]] em 16 de março de 2010, também podem ser encontrados o crustáceo ''Lyssianasid amphipod'' e uma espécie de [[Medusa (animal)|água-viva]].<ref>{{citar web | url=http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,nasa-encontra-vida-a-200-metros-sob-camada-de-gelo-da-antartida,525500,0.htm | título=Nasa encontra vida a 200 metros sob camada de gelo da Antártida | publicado=www.estadao.com.br | acessodata=2010-03-17 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20100323013051/http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,nasa-encontra-vida-a-200-metros-sob-camada-de-gelo-da-antartida,525500,0.htm | arquivodata=2010-03-23 | urlmorta=no }} - ''[[O Estado de S.Paulo]]'', 17 de março de 2010 (visitado em 17-3-2010)</ref>

A aprovação do [[Ato de Conservação da Antártica|Ato de Conservação da Antártida]] trouxe severas restrições ao continente. A introdução de plantas ou dos animais estrangeiros pode ser punida criminalmente, bem como a retirada de qualquer espécie nativa.<ref>{{citar web|url=http://www.nsf.gov/od/opp/antarct/aca/aca.jsp|título=Antarctic Conservation Act|publicado=National Science Foundation|língua=en|acessodata=30 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20091016151646/http://www.nsf.gov/od/opp/antarct/aca/aca.jsp|arquivodata=2009-10-16|urlmorta=no}}</ref> O excesso de pesca do ''krill'', de grande importância para o [[ecossistema]] local, fez com que a pesca fosse regulamentada e controlada. A [[Convenção para Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos]] (CCAMLR, em inglês), um tratado que entrou em vigor em 1980, requer que regulamentos sobre o Oceano Antártico levem em conta os potenciais efeitos sobre todo o ecossistema antártico. Apesar destes novos regulamentos, a pesca ilegal, particularmente da [[merluza-negra]], continua sendo um sério problema. A pesca ilegal da merluza aumentou para cerca de trinta e duas mil toneladas em 2000.<ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/1492380.stm|título=Toothfish at risk from illegal catches|autor=Alex Kirby|publicado=BBC News|língua=en|acessodata=11 de Fevereiro de 2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160417002439/http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/1492380.stm|arquivodata=2016-04-17|urlmorta=no}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=970|título=Toothfish|publicado=Australian Antarctic Division|língua=en|acessodata=16 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090920005705/http://www.aad.gov.au/default.asp?casid=970|arquivodata=2009-09-20|urlmorta=yes}}</ref>

== Geologia ==
Há mais de 100 milhões de anos a Antártida fazia parte da [[Gondwana]].<ref name="continentaldrift" /> Ao longo do tempo, a Gondwana dividiu-se e a Antártida como é conhecida hoje formou-se por volta de há 25 a 23 milhões de anos, ao se separar da [[América do Sul]] e tornar-se totalmente circundada pelo [[oceano Antártico]].<ref name="mcgonigal" />

=== Paleozoico ===
{{artigo principal|[[Paleozoico]]}}

[[Imagem:Mt Herschel, Antarctica, Jan 2006.jpg|miniatura|direita|O monte Herschel.]]
[[Imagem:Bransfield-Strait.jpg|miniatura|[[Estreito de Bransfield]].]]

No período [[Cambriano]], há entre 540 e 250 milhões de anos, o clima na [[Gondwana]] era ameno. A Antártida Ocidental estava parcialmente no [[Hemisfério Norte]], e durante este período grandes quantidades de [[arenito]], [[calcário]] e [[xisto]] foram depositados. A Antártida Oriental estava no Equador, onde [[invertebrado]]s e [[trilobita]]s floresciam no fundo dos mares [[Clima tropical|tropicais]]. Por volta do início do período [[Devoniano]] (416 milhões de anos) a Gondwana estava em latitudes mais ao sul e o clima era mais frio, embora sejam conhecidos [[fóssil|fósseis]] de plantas deste período. [[Areia]] e [[silte]]s assentaram-se no que são agora os [[montes Ellsworth]], [[Montes Horlick|Horlick]] e [[Montes Pensacola|Pensacola]]. A glaciação começou no fim do período Devoniano (360 milhões de anos) movendo-se em direção ao [[polo Sul]] e o clima esfriou, embora ainda houvesse [[flora]]. Durante o período [[Permiano]], [[pteridophyta|pteridófitas]] que cresciam em [[pântano]]s dominavam a [[paisagem]]. Com o tempo estes pântanos transformaram-se em depósitos de [[carvão mineral|carvão]] nos [[montes Transantárticos]]. Um aquecimento contínuo ao fim do Permiano tornou o clima quente e seco na maior parte da Gondwana.<ref name="stonehouse">{{citar livro|autor=Bernard Stonehouse|título=Encyclopedia of Antarctica and the Southern Oceans|editora=John Wiley & Sons|ano=2002|isbn= 978-0-471-98665-2}}</ref>

=== Mesozoico ===
{{artigo principal|[[Mesozoico]]}}

Como resultado do aquecimento contínuo, há entre 250 e 65 milhões de anos, a cobertura de gelo polar derreteu e grande parte da Gondwana transformou-se em um [[deserto]]. Na Antártida Oriental ''[[pteridospermatophyta]]s'', espécie de pteridófita atualmente extinta, tornaram-se comuns, e grandes quantidades de arenito e de xisto assentaram-se. A [[península Antártica]] começou a se formar durante o período [[Jurássico]] (há entre 206 e 146 milhões de anos), e as ilhas subantárticas emergiram gradualmente do oceano. [[Ginkgo|Nogueiras-do-japão]] e [[cicadácea]]s eram abundantes durante este período, bem como [[répteis]]. No período [[Cretáceo]] (há entre 146 e 65 milhões de anos), a Antártida Ocidental foi dominada por [[floresta]]s de [[conífera]]s, embora [[Nothofagaceae|notofagáceas]] tenham começado a dominar no fim deste período. [[Ammonoidea|Amonites]] eram comuns nos mares em torno da Antártida, e também havia [[dinossauros]], embora somente quatro espécies antárticas tenham sido encontradas até agora (''[[Cryolophosaurus]]'' e ''[[Glacialisaurus]]'' do Jurássico,<ref name="hammer1998">{{citar periódico|ultimo1=Hammer|primeiro1=W.R.|ultimo2=Hickerson|primeiro2=W.J.|ano=1999|titulo=Gondwana Dinosaurs from the Jurassic of Antarctica|periódico=Proceedings of the Second Gondwana Dinosaur Symposium National Science Museum Monographs|series=15|paginas=211–217|editor=Tomida, Y. |editor2=Rich, T.H. |editor3=Vickers-Rich, Y.}}</ref><ref name=SP07>{{citar periódico |ultimo=Smith |primeiro=Nathan D. |autor2=Pol, Diego |ano=2007 |titulo=Anatomy of a basal sauropodomorph dinosaur from the Early Jurassic Hanson Formation of Antarctica |periódico=Acta Palaeontologica Polonica |volume=52 |número=4 |paginas=657–674 |url=http://app.pan.pl/article/item/app52-657.html }}</ref> ''[[Antarctopelta]]'' e ''[[Trinisaura]]'' do Cretáceo).<ref name="salgadogasparini2006">{{citar periódico |url=https://dinonews.net/rubriq/docs/2006_salgado_antarctopelta.pdf |título=Reappraisal of an ankylosaurian dinosaur from the Upper Cretaceous of James Ross Island (Antarctica). |periódico=Geodiversitas |número=1 |ano=2006 |páginas=119–135 |volume=28 |autor1=Salgado, L. |autor2=Gasparini, Z.}}</ref><ref>{{citar periódico |autor1=CORIA, R.A.|autor2=MOLY, J.J.|autor3=REGUERO, M.|autor4=SANTILLANA, S.|autor5=MARENSSI, S.  |ano=2013 |título=A new ornithopod (Dinosauria; Ornithischia) from Antarctica |jornal=Cretaceous Research |volume=41 |número= |páginas=186–193 |doi=10.1016/j.cretres.2012.12.004 | issn=0195-6671}}</ref> Foi durante esse período que a Gondwana começou a separar-se.<ref name="stonehouse" /> A Antártica abrigava florestas tropicais, há quase 90 milhões de anos.<ref>{{citar web|titulo=Antarctica had rainforests 90 millions years ago|url=https://www.techexplorist.com/antarctica-had-rainforests-90-millions-years-ago/31273/|data=2020-04-02|lingua=en-US}}</ref> O solo da floresta descoberto no período Cretáceo, a 900&nbsp;km do Polo Sul, os pesquisadores descobriram que os níveis de dióxido de carbono (CO<sub>2</sub>) na atmosfera eram mais altos do que o esperado durante o período intermediário do Cretáceo, há 115-80 milhões de anos, desafiando modelos climáticos do período.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Klages|primeiro=Johann P.|ultimo2=Salzmann|primeiro2=Ulrich|ultimo3=Bickert|primeiro3=Torsten|ultimo4=Hillenbrand|primeiro4=Claus-Dieter|ultimo5=Gohl|primeiro5=Karsten|ultimo6=Kuhn|primeiro6=Gerhard|ultimo7=Bohaty|primeiro7=Steven M.|ultimo8=Titschack|primeiro8=Jürgen|ultimo9=Müller|primeiro9=Juliane|data= abril de 2020|titulo=Temperate rainforests near the South Pole during peak Cretaceous warmth|url=https://www.nature.com/articles/s41586-020-2148-5|jornal=Nature|lingua=en|volume=580|numero=7801|paginas=81–86|doi=10.1038/s41586-020-2148-5|issn=1476-4687}}</ref>

=== Divisão da Gondwana ===
A [[África]] separou-se da Antártida por volta de há 160 milhões de anos, seguida pelo [[subcontinente indiano]] no início do Cretáceo (aproximadamente há 125 milhões de anos). Há 65 milhões de anos, a Antártica (ainda conectada à [[Austrália (continente)|Austrália]]) tinha um clima entre tropical e [[subtropical]], somado a uma fauna de [[marsupiais]]. Há 40 milhões de anos, o [[Austrália (continente)|continente australiano]], então unido à atual ilha da [[Nova Guiné]] separou-se da Antártida e o gelo começou a aparecer. Por volta de há 23 milhões de anos, o surgimento da [[passagem de Drake]] entre a Antártida e a [[América do Sul]] resultou no aparecimento da [[Corrente Circumpolar Antártica]].<ref name="mcgonigal" /> O gelo propagou-se, substituindo as florestas que cobriam o continente. O continente está coberto de gelo desde há 15 milhões de anos.<ref name="Trewby">{{citar livro|autor=Mary Trewby|título=Antarctica|subtítulo=An Encyclopedia from Abbott Ice Shelf to Zooplankton|editora=Firefly Books|ano=2002|isbn= 978-1-55297-590-9}}</ref>

=== Geologia atual ===
[[Imagem:AntarcticBedrock.jpg|miniatura|esquerda|A Antártida sem a sua cobertura de gelo. (Esse mapa não considera que o nível do mar e do continente se elevariam pelo derretimento do gelo).]]

Os estudos geológicos da Antártida foram dificultados por quase todo o continente ser coberto permanentemente por uma grossa camada de [[gelo]]. Entretanto, novas técnicas como o [[sensoriamento remoto]] (deteção remota) começaram a revelar as estruturas por debaixo do gelo.<ref name="lima">{{citar web|url=http://quest.nasa.gov/challenges/lima/LIMA_Ed_Guide_v2.pdf|título=NASA Quest Challenge Educator Guide|publicado=Landsat Image Mosaic of Antarctica|língua=en|acessodata=1 de setembro de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090826032830/http://quest.nasa.gov/challenges/lima/LIMA_Ed_Guide_v2.pdf|arquivodata=26 de Agosto de 2009|urlmorta=yes}}</ref>

Geologicamente, a Antártida Ocidental assemelha-se aos [[Cordilheira dos Andes|Andes]].<ref name="stonehouse" /> A península Antártica foi formada pela elevação e [[metamorfismo]] de sedimentos do leito do mar durante o final da [[Mesozoico|era Mesozoica]]. Esta elevação de sedimentos foi acompanhada de intrusões [[rocha ígnea|ígneas]] e [[vulcão|vulcanismo]]. As rochas mais comuns na Antártida Ocidental são o [[andesito]] e o [[riólito|riolito]] formadas durante o período [[Jurássico]]. Há evidências de [[vulcanismo]], mesmo depois da formação do manto de gelo, na [[Terra de Marie Byrd]] e na [[Ilha Alexandre I]]. A única área atípica da Antártida Ocidental é a dos montes Ellsworth, a região onde a [[estratigrafia]] é mais parecida com a da parte oriental do continente.<ref name="campbell">{{citar livro|autor=I. B. Campbell; G. G. C. Claridge|título=Antarctica|subtítulo=soils, weathering processes, and environmen|editora=Elsevier|ano=1987|isbn= 978-0-444-42784-7}}</ref>

A Antártida Oriental é geologicamente muito antiga, datando do [[pré-Cambriano|pré-cambriano]], com algumas rochas formadas há mais de 3 000 milhões de anos. É formada por uma plataforma [[rocha metamórfica|metamórfica]] e [[rocha ígnea|ígnea]] que é a base do [[escudo (geologia)|escudo continental]]. Acima desta base estão várias rochas mais modernas, como arenito, calcário, carvão e xisto depositadas durante os períodos Devoniano e Jurássico para dar forma aos Montes Transantárcticos. Em áreas costeiras como a [[cordilheira Shackleton]] e a [[Terra de Vitória]] foram encontradas algumas [[falha geológica|falhas geológicas]].<ref name="campbell" />

O principal recurso [[mineral]] conhecido no continente é o [[carvão mineral|carvão]].<ref name="Trewby" /> Inicialmente, foi encontrado por [[Frank Wild]] perto da [[geleira Beardmore]] na expedição do Nimrod, e conhece-se a existência de carvão de baixa qualidade em muitas partes dos montes Transantárticos. As [[montanhas Príncipe Charles]] contêm depósitos significativos de [[ferro|minério de ferro]]. Os recursos mais valiosos da Antártida, localizados ao largo do continente, são campos [[petróleo|petrolíferos]] e de [[gás natural]], encontrados no mar de Ross em 1973. A exploração de todos os recursos minerais está proibida pelo [[Protocolo de Proteção Ambiental do Tratado da Antártida]].<ref name="protocol">{{citar web|url=http://www.ats.aq/documents/recatt/Att006_e.pdf|título=Protocol on Environmental Protection to the Antarctic Treaty|publicado=Antarctic Treaty Secretariat|língua=en|data=4 de outubro de 1991|acessodata=16 de agosto de 2009|citação=Art. 7. Any activity relating to mineral resources, other than scientific research, shall be prohibited|arquivourl=https://web.archive.org/web/20101105161303/http://www.ats.aq/documents/recatt/Att006_e.pdf|arquivodata=2010-11-05|urlmorta=no}}</ref> Até 2048, tal proibição só poderá ser revogada ou alterada sob aprovação unânime dos países consultores do Tratado da Antártida e após estabelecimento de um regime legal para a atividade exploratória.<ref name="protocol1">{{citar web|url=http://www.ats.aq/e/ats_protocol.htm|título=Protocol on Environmental Protection to the Antarctic Treaty|publicado=Antarctic Treaty Secretariat|língua=en|acessodata=16 de agosto de 2009|citação=Until 2048 the Protocol can only be modified by unanimous agreement of all Consultative Parties to the Antarctic Treaty. In addition, the prohibition on mineral resource activities cannot be removed unless a binding legal regime on Antarctic mineral resource activities is in force (Art. 25.5)|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090501064704/http://www.ats.aq/e/ats_protocol.htm|arquivodata=1 de Maio de 2009|urlmorta=yes}}</ref>

== Demografia ==
{{artigo principal|[[Demografia da Antártida]]}}

Embora a Antártida não tenha residentes permanentes, alguns governos mantêm estações de pesquisa permanentes por todo o continente. A população de [[cientista]]s no continente e nas ilhas subantárticas varia de aproximadamente quatro mil no verão a mil no inverno. Muitas das estações de pesquisa mantêm pessoal durante todo o ano.<ref name="cia" />

[[Imagem:AmundsenScottSuedpolStation.jpg|miniatura|direita|O [[Polo Sul]] "cerimonial" localizado na [[Estação Polo Sul Amundsen-Scott|Estação Amundsen-Scott]].]]

Os primeiros habitantes semipermanentes das áreas subantárticas eram [[marinheiro]]s da [[Inglaterra]] e [[Estados Unidos]] que costumavam passar um ano ou mais na [[Geórgia do Sul]], desde 1786. Durante a era da [[caça à baleia]], que durou até 1966, a população da ilha variava de mil no verão (ou dois mil em alguns anos) a duzentas no inverno. A maioria dos baleeiros era [[Noruega|norueguesa]], com crescente proporção de britânicos. Os povoados incluíam [[Grytviken]], [[Leith Harbour]], [[Ponto Rei Eduardo]], [[Stromness Harbour]], [[Husvik Harbour]], [[Prince Olav Harbour]], [[Ocean Harbour]] e [[Godthul]].<ref name="headland">{{citar livro|autor=Robert K. Headland|título=The Island of South Georgia|editora=Cambridge University Press|edição=1|ano=1984|isbn= 0-521-25274-1}}</ref>

Os administradores e outros oficiais encarregues das estações baleeiras muitas vezes viviam junto com suas famílias. Entre eles estava o fundador de Grytviken, o capitão [[Carl Anton Larsen]], um importante baleeiro norueguês e explorador que adotou a cidadania britânica em 1910 junto com a família. No entanto, após o fim da caça às baleias na [[década de 1960]], a população reduziu-se drasticamente para menos de cem pessoas.<ref name="headland" />

A primeira criança nascida na região polar austral foi uma menina norueguesa, [[Solveig Gunbjørg Jacobsen]], na cidade de Grytviken em 8 de outubro de 1913, e seu nascimento foi registrado pelo magistrado britânico residente na ilha [[Geórgia do Sul]]. Era filha de Fridthjof Jacobsen, administrador assistente da estação baleeira, e de Klara Olette Jacobsen. Jacobsen chegou à ilha em 1904 para tornar-se o administrador de Grytviken, servindo de 1914 a 1921; dois de seus filhos nasceram na ilha.<ref name="headland" />

Emilio Marcos de Palma foi o primeiro a nascer no continente, na [[Base Esperanza]] em 1978. Seus pais haviam sido enviados para lá pelo governo argentino juntamente com sete outras famílias, para determinar se a vida em família era possível no continente. Em 1984, Juan Pablo Camacho nasceu na base de Presidente Eduardo Frei Montalva, sendo o primeiro chileno nascido na Antártida. Diversas bases são agora lar de famílias com crianças que vão a [[escola]]s em estações.<ref name="times2">{{citar web|url=http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/article2859563.ece|título=The power games that threaten world’s last pristine wilderness|publicado=Times|língua=en|data=13 de novembro de 2007|acessodata=17 de agosto de 2009}}</ref> Em 2009, mais onze crianças nasceram na Antártida (ao sul do [[paralelo 60 S]]): oito na [[Base Esperanza]]<ref>{{citar web|título=Registro Civil Base Esperanza|url=http://www.ejercito.mil.ar/antartico/RegistroCivil.html|língua=es|publicado=Argentine Army|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100117124815/http://www.ejercito.mil.ar/antartico/RegistroCivil.html|arquivodata=17 de janeiro de 2010|acessodata=18 de abril de 2013|urlmorta=no}}</ref> e mais três em [[Base Presidente Eduardo Frei Montalva]].<ref>{{citar web|autor=Corporación de Defensa de la Soberanía|título=Derechos soberanos antárticos de Chile|url=http://www.soberaniachile.cl/derechos_soberanos_antarticos_de_chile.html|língua=es|acessodata=16 de novembro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110718095123/http://www.soberaniachile.cl/derechos_soberanos_antarticos_de_chile.html|arquivodata=2011-07-18|urlmorta=no}}</ref>

== Política ==
{{Artigo principal|[[Tratado da Antártida]]}}

[[Imagem:Emblem of the Antarctic Treaty.svg|miniatura|esquerda|Emblema do [[Tratado da Antártida]] desde 2002.]]

Como único continente desabitado, a Antártida não tem nenhum governo e não pertence a nenhum país. Vários países reivindicam áreas, mas estas reivindicações não são reconhecidas por outros. A área entre os meridianos [[Meridiano 90 W|90°&nbsp;O]] e [[Meridiano 150 W|150°&nbsp;O]] é a única parte da Antártida e da Terra não reivindicada por nenhum país.<ref name="politics">{{citar livro|autor=Peter J. Beck|título=The international politics of Antarctica|editora=Routledge|ano=1986|isbn= 978-0-7099-3239-0}}</ref>

O [[Tratado da Antártida]] é o documento assinado em 1 de dezembro de 1959 pelos países que reclamavam a posse de partes do continente da Antártida, em que se comprometem a suspender suas pretensões por período indefinido, permitindo a liberdade de exploração científica do continente, em regime de cooperação internacional.<ref name="originaltreaty" />

Desde 1959, as reivindicações na Antártida estão suspensas e o continente é considerado politicamente neutro. Sua situação é regulada pelo [[Tratado da Antártida]] e por outros acordos relacionados, chamados em seu conjunto de [[Sistema do Tratado da Antártica|Sistema do Tratado da Antártida]].<ref>{{citar web|url=http://www.ats.aq/e/ats.htm|título=Antarctic Treaty system|publicado=Antarctic Treaty Secreteriat|língua=en|acessodata=18 de agosto de 2009|arquivourl=http://webarchive.loc.gov/all/20110603201012/http%3A//www.ats.aq/e/ats.htm|arquivodata=3 de junho de 2011|urlmorta=sim}}</ref> Para as finalidades do Sistema de Tratados, a Antártida é definida como toda a terra e plataformas de gelo em torno do paralelo [[Paralelo 60 S|60°&nbsp;S]]. O tratado foi assinado por 12 países, incluindo a [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas|União Soviética]] e os [[Estados Unidos]], e transformou o continente numa área de preservação científica, estabeleceu a liberdade de investigação científica, a proteção ambiental e baniu exercícios militares no continente. Este foi o primeiro acordo para o controlo de armas estabelecido durante a [[Guerra Fria]].<ref name="originaltreaty" />

O Tratado da Antártida proíbe quaisquer operações militares no continente e ilhas próximas, tais como o estabelecimento de bases e de fortificações militares, a realização de manobras militares, ou o teste de qualquer tipo de arma. Pessoal e equipamento militar são permitidos apenas para pesquisa científica ou para outros propósitos pacíficos.<ref>{{citar web|url=http://www.scar.org/treaty/|título=Antarctic Treaty|publicado=Scientific Committee on Antarctic Research|língua=en|acessodata=9 de Fevereiro de 2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20060206193457/http://www.scar.org/treaty/|arquivodata=6 de Fevereiro de 2006|urlmorta=yes}}</ref> A única operação militar em larga escala documentada foi a [[Operación 90]], empreendida pelas forças armadas da Argentina<ref>{{citar web|url=http://www.dna.gov.ar/INGLES/DIVULGAC/ARGANT.HTM|título=Argentina in Antarctica|publicado=Antarctica Institute of Argentina|língua=en|acessodata=9 de Fevereiro de 2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20060306211514/http://www.dna.gov.ar/INGLES/DIVULGAC/ARGANT.HTM|arquivodata=6 de Março de 2006|urlmorta=yes}}</ref> dez anos antes de estabelecido o Tratado.

=== Reivindicações territoriais ===
{{Artigo principal|Revindicações territoriais da Antártida}}
Os seguintes países possuem reivindicações territoriais na Antártida.<ref name="riffenburgh" />
[[Ficheiro:Antarctica, territorial claims.svg|thumb|200px|Mapa de reivindicações territoriais na Antártica, incluindo a [[terra nullius|não reclamada]] [[Terra de Marie Byrd]]{{Nota de rodapé|
* As reivindicações da Argentina, do Chile e do Reino Unido sobrepõem-se parcialmente (como pode ser visto nas cores misturadas acima).
* A Noruega reivindica dois territórios: [[Ilha Pedro I]] (pequeno círculo roxo perto da reivindicação chilena) e [[Terra da Rainha Maud]].}}
{{legend|#FAAC3B|Argentina}}
{{legend|#FAC17F|Austrália}}
{{legend|#A2DBE3|Chile}}
{{legend|#8697CC|França}}
{{legend|#81CAA3|Nova Zelândia}}
{{legend|#DB9ACE|Noruega}}
{{legend|#F4837A|Reino Unido}}]]

{| class="wikitable sortable"
|-
! Data
! País
! Território
! Limites da reivindicação
! Mapa
|-
| 1908
| {{GBR}}
| [[Imagem:Flag of the British Antarctic Territory.svg|20px]] [[Território Antártico Britânico]]
| 20°W até 80°W
| [[Imagem:Antarctica, United Kingdom territorial claim.svg|90px]]
|-
| 1923
| {{NZL}}
| {{NZLb}} [[Dependência de Ross]]
| 150°W até 160°E
| [[Imagem:Antarctica, New Zealand territorial claim.svg|90px]]
|-
| 1924
| {{FRA}}
| {{flagicon|Terras Austrais e Antárticas Francesas}} [[Terra Adélia]]
| 142°2'E até 136°11'E
| [[Imagem:Antarctica, France territorial claim.svg|90px]]
|-
| 1929
| {{NOR}}
| {{NORb}} [[Ilha de Pedro I]]
| {{Coord|68|50|S|90|35|W|type:isle|name=Peter I Island}}
| [[Imagem:Antarctica Peter I Island.png|90px]]
|-
| 1933
| {{AUS}}
| {{AUSb}} [[Território Antártico Australiano]]
| 160°E até 142°2'E e<br />136°11'E até 44°38'E
| [[Imagem:Antarctica, Australia territorial claim.svg|90px]]
|-
| 1939
| {{NOR}}
| {{NORb}} [[Terra da Rainha Maud]]
| 44°38'E até 20°W
| [[Imagem:Antarctica, Norway territorial claim.svg|90px]]
|-
| 1940
| {{CHL}}
| {{CHLb}} [[Território Antártico Chileno]]
| 53°W até 90°W
| [[Imagem:Antarctica, Chile territorial claim.svg|90px]]
|-
| 1943
| {{ARG}}
| [[Imagem:Bandera de la Provincia de Tierra del Fuego.svg|20px]] [[Antártida Argentina]]
| 25°W até 74°W
| [[Imagem:Antarctica, Argentina territorial claim.svg|90px]]
|-
| –
| Nenhum
| Território não reivindicado<br />([[Terra de Marie Byrd]])
| 90°W to 150°W<br />(exceto [[Ilha Pedro I]])
| [[Imagem:Antarctica, unclaimed.svg|90px]]
|}

As reivindicações argentina, britânica e chilena sobrepõem-se. A [[Austrália]] tem a maior reivindicação de território na Antártida (42% do continente).<ref name="mcgonigal" /> Os Estados Unidos e a Rússia não reconhecem nenhuma reivindicação territorial na Antártida, reservando-se o direito de fazer suas próprias reivindicações.<ref name="mcgonigal" />

Nenhuma das reivindicações antárticas é reconhecida pela comunidade internacional. Nos termos do Artigo IV do Tratado da Antártida, que regula as atividades humanas ao sul do paralelo 60°S, nenhuma atividade durante a vigência do Tratado pode ser considerada reconhecimento, reforço ou negação das reivindicações territoriais.<ref name="originaltreaty" />

A [[Alemanha nazista]] também manteve uma reivindicação chamada [[Nova Suábia]], entre 1939 e 1945. Ela estava situada entre 20°E e 10°W, sobrepondo-se à reivindicação da Noruega.<ref name="mcgonigal" />

=== Outros territórios considerados antárticos ===
[[Imagem:Estação_Antártica_Mar_2019_(49352520916).png|miniatura|Base antártica [[brasil]]eira [[Estação Antártica Comandante Ferraz|Comandante Ferraz]].]]
* Dependências
** {{NORb}} [[Ilha Bouvet]] (Noruega)
** {{AUSb}} [[Ilha Heard e Ilhas McDonald]] (Austrália)
** {{FRAb}} [[Terras Austrais e Antárticas Francesas]]{{nota de rodapé|Excluindo-se as [[Bassas da Índia]], [[Ilhas Gloriosas]], [[Ilha Tromelin]], [[Ilha Europa]] e a [[Ilha de João da Nova]], que ficam em [[África]].}}
* Outros territórios (parte integrante dos seus respectivos países)
** {{NZLb}} [[Ilhas Antípodas]] (Nova Zelândia)
** {{NZLb}} [[Ilhas Auckland]] (Nova Zelândia)
** {{NZLb}} [[Ilhas Bounty]] (Nova Zelândia)
** {{NZLb}} [[Ilhas Campbell]] (Nova Zelândia)
** {{AUSb}} [[Ilha Macquarie]] (Austrália)
** {{ZAFb}} [[Ilhas do Príncipe Eduardo]] (África do Sul)
** {{NZLb}} [[Ilhas Snares]] (Nova Zelândia)

=== Países com bases na Antártida ===
Hoje, 29 países possuem bases científicas na Antártida: [[África do Sul]], [[Alemanha]], [[Argentina]], [[Austrália]], [[Brasil]], [[Bélgica]], [[Bulgária]], [[Chile]], [[República Popular da China]], [[Coreia do Sul]], [[Equador]], [[Espanha]], [[Estados Unidos]], [[Federação Russa]], [[Finlândia]], [[França]], [[Índia]], [[Itália]], [[Japão]], [[Nova Zelândia]], [[Noruega]], [[Peru]], [[Polônia]], [[Reino Unido]], [[República Checa]], [[Romênia]], [[Suécia]], [[Ucrânia]] e [[Uruguai]].<ref name="cia" />

== Economia ==
[[Imagem:National Geographic Explorer in fast ice, Antarctica - edit 1.jpg|esquerda|miniatura|Navio expedicionário ''National Geographic Explorer.'']]
Ainda que o [[carvão mineral|carvão]], os [[hidrocarboneto]]s, o [[minério de ferro]], a [[platina]], o [[cobre]], o [[crômio]], o [[níquel]], [[ouro]] e outros minerais tenham sido encontrados, eles existem em quantidades pequenas demais para a exploração.<ref name="cia" /> O [[Protocolo de Proteção Ambiental do Tratado da Antártica|Protocolo de Proteção Ambiental para o Tratado da Antártida]] (ou Protocolo de Madri) de 1991 também restringe disputas por recursos. Em 1998 estabeleceu-se um compromisso pela proibição da mineração por 50 anos até o ano 2048, e decidiram-se desenvolvimento econômico e exploração mais limitados.<ref name="protocol" /> A atividade primária básica é a captura e comércio de peixe. A pesca entre 2000 e 2001 chegou a 112 934 toneladas.<ref name="cia" />

O [[turismo]] em pequena escala existe desde 1957 e é atualmente autorregulado pela [[Associação Internacional das Operadoras de Turismo Antártico]] (IAATO, em inglês). Entretanto, nem todas as embarcações uniram-se à IAATO.<ref name="bauer">{{citar livro|título=Tourism in the Antarctic|subtítulo=opportunities, constraints, and future prospects|autor=Thomas G. Bauer|editora=Routledge|ano=2001|id=9780789011046}}</ref> Muitos navios transportam pessoas para locais turísticos específicos. Um total de 27 950 turistas visitou a Antártida no verão de 2004 a 2005,<ref>{{citar web|url=http://image.zenn.net/REPLACE/CLIENT/1000037/1000116/application/vnd.ms-excel/TourismSummarybyExpedition.xls|título=2004-2005 Tourism Summary|publicado=International Association of Antarctica Tour Operators|língua=en|acessodata=16 de agosto de 2009}}</ref> quase todos vindos de navios comerciais. Esse número deverá aumentar para 80 mil em 2010.

Houve algumas preocupações recentes sobre os efeitos ambientais causados pelo influxo de visitantes. Ambientalistas e cientistas fizeram apelos por maiores restrições aos navios e ao turismo.<ref name="telegraph">{{citar web|url=http://www.telegraph.co.uk/travel/734551/Tourism-threatens-Antarctic.html|título=Tourism 'threatens Antarctic'|autor=Mark Rowe|publicado=[[The Daily Telegraph]]|língua=en|data=11 de fevereiro de 2006|acessodata=16 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120920165120/http://www.telegraph.co.uk/travel/734551/Tourism-threatens-Antarctic.html|arquivodata=2012-09-20|urlmorta=no}}</ref> Sobrevoos da Antártida (que não aterrissam) vindos da Austrália e Nova Zelândia eram realizados até o acidente do [[Voo Air New Zealand 901|voo 901]] da [[Air New Zealand]] em 1979 no [[monte Érebo]], tendo sido recomeçados da Austrália na metade da década de 1990.<ref name="bauer" />

== Infraestrutura ==
=== Comunicação ===
As comunicações na Antártida já foram dificultadas pelo isolamento do continente, mas no presente as comunicações por satélite possibilitam a conversação de cientistas com suas famílias pela ''[[internet]]''. Embora não haja cabos telefónicos para o continente, os telefones via satélite também são utilizados e os telefones convencionais são utilizados para comunicações internas nas bases, aviões e navios da região. Há pelo menos uma estação de televisão transmitindo no continente, para a [[Estação McMurdo]] dos Estados Unidos, além de estações de [[rádio (comunicação)|rádio]], AM e FM, e de comunicação através de [[onda curta|ondas curtas]] como o [[radioamadorismo]].<ref name="cia" /> O [[correio]] chega à Antártida através de [[helicóptero]]s e navios.

=== Transportes ===
Os transportes na Antártida evoluíram desde os [[trenó]]s puxados por [[cães]] na época de Shackleton (o uso de cães foi banido pelo Protocolo de Madri, retirados definitivamente do continente em 1994)<ref name="rubin" /> aos veículos motorizados atuais. Os [[transporte|meios de transporte]] em áreas remotas como a Antártida têm que lidar com as baixas temperaturas e os fortes ventos para garantir a segurança dos passageiros. Devido à fragilidade do ecossistema antártico, poucos deslocamentos podem ser feitos e a utilização de transportes sustentáveis é necessária para minimizar os efeitos no [[pegada ecológica|espaço ecológico]].<ref name="rubin" /> A infraestrutura em água, solo e ar precisa ser segura. Presentemente, milhares de turistas e cientistas utilizam o sistema de transportes da Antártida.<ref name="telegraph" />
[[Imagem:139th Airlift Squadron - Operation Deep Freeze LC-130s.jpg|miniatura|esquerda|Campo Williams, um [[aeródromo]] do [[Programa Antártico dos Estados Unidos]].]]
[[Imagem:Foremost_Delta_II_in_Antarctica.JPG|miniatura|esquerda|Trecho da [[Estrada do Polo Sul]] na [[ilha de Ross]].]]
O transporte por terra é feito a pé (por meio de [[esqui]]s e sapatos de neve) ou veículos (veículos motorizados como as [[moto de neve|motos de neve]],<ref>{{citar web|url=http://www.antarctica.ac.uk/living_and_working/aircraft_and_vehicles/snowmobiles.php|título=Snow Mobiles in Antarctica|publicado=British Antarctic Survey|língua=en|acessodata=30 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090914155939/http://www.antarctica.ac.uk/living_and_working/aircraft_and_vehicles/snowmobiles.php|arquivodata=14 de Setembro de 2009|urlmorta=yes}}</ref> [[escavadeira]]s,<ref>{{citar web|url=http://www.antarctica.ac.uk/living_and_working/aircraft_and_vehicles/cranes_and_tractors.php|título=Cranes and Tractors in Antarctica|publicado=British Antarctic Survey|língua=en|acessodata=30 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20091008020133/http://www.antarctica.ac.uk/living_and_working/aircraft_and_vehicles/cranes_and_tractors.php|arquivodata=8 de Outubro de 2009|urlmorta=yes}}</ref> e trenós puxados por cães, no passado). A escassez e baixa qualidade das estradas limitam as viagens por terra. Em geral, os veículos precisam estar adaptados com [[pneu]]máticos mais grossos, correias como as dos [[carro de combate|carros de combate]] ou correntes. O combustível deve ser diferenciado, para não congelar com o frio extremo.<ref>{{citar web|url=http://www.antarctica.ac.uk/living_and_working/aircraft_and_vehicles/vehicles/index.php|título=Vehicles in Antarctica|publicado=British Antarctic Survey|língua=en|acessodata=30 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090913064316/http://www.antarctica.ac.uk/living_and_working/aircraft_and_vehicles/vehicles/index.php|arquivodata=13 de Setembro de 2009|urlmorta=yes}}</ref>

Não há [[porto (transporte)|portos]] de grande porte na Antártida. A maioria das estações costeiras possui apenas [[ancoradouro]]s e os suprimentos são transportados dos navios para a praia em pequenos [[barco]]s e [[helicóptero]]s. Poucas estações têm [[porto (transporte)|cais]]. Todos os navios ancorados são submetidos à inspeção de acordo com o artigo sete do Tratado da Antártida. As ancoragens costeiras são raras e intermitentes.<ref name="cia" /> Normalmente é necessário que um navio [[quebra-gelo]] abra caminho antes que outros navios possam navegar. O transporte aéreo é feito por meio de [[avião|aviões]] e [[helicópteros]] (''ver: [[aviação polar]]''). Os aviões precisam de esquis ou rodas para pousar. As [[pista de pouso e decolagem|pistas de pouso e decolagem]] dos aviões e os [[heliporto]]s têm que ser mantidas livres de [[neve]] para assegurar pousos e decolagens seguras. O continente tem 32 aeroportos, mas não há aeroportos abertos ao acesso público ou instalações de pouso.<ref name="cia" />

Um total de 37 estações operadas por 16 governos signatários do Tratado da Antártida têm instalações de pouso para helicópteros. Empresas comerciais operam ainda duas instalações aeroportuárias. Heliportos estão disponíveis em 27 estações. As pistas de pouso e decolagem em 15 locais são feitas de [[cascalho]], [[banquisa]]s, gelo azul ou neve compactada apropriados para pousos de aviões com pneus. As pistas de pouso são em geral pequenas.<ref name="cia" />

Os aeroportos da Antártida estão sujeitos a severas limitações por causa das condições climáticas e geográficas. Eles não atendem aos padrões da [[Organização da Aviação Civil Internacional]] e a aprovação das organizações governamentais ou não-governamentais responsáveis é necessária antes do pouso.<ref name="cia" />

== Pesquisas ==
[[Imagem:Antarctica_Station_Map.png|miniatura|Localização das estações científicas de 29 países espalhadas pelo continente.]]
[[Imagem:Amundsen-Scott marsstation ray h edit.jpg|miniatura|[[Estação Pólo Sul Amundsen-Scott|Estação Polo Sul Amundsen-Scott]] com uma [[aurora austral]] ao fundo.]]
{{Anexo|Lista de estações de pesquisas na Antártida}}

Anualmente, cientistas de 29 nações conduzem [[Experiência científica|experimentos]] de reprodução impossível em outros lugares do mundo. No verão mais de quatro mil cientistas operam estações de pesquisa e este número diminui para quase mil no inverno.<ref name="cia" /> A estação McMurdo é capaz de abrigar mais de mil cientistas, visitantes e turistas. Entre os cientistas, incluem-se [[biólogos]], [[geólogos]], [[oceanografia|oceanógrafos]], [[físicos]], [[astrônomos]], [[glaciologia|glaciólogos]] e [[meteorologistas]].<ref>{{citar web|url=http://www.nsf.gov/od/opp/support/mcmurdo.jsp|título=McMurdo Station|publicado=[[National Science Foundation]]|língua=en|acessodata=26 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20091025084054/http://nsf.gov/od/opp/support/mcmurdo.jsp|arquivodata=2009-10-25|urlmorta=no}}</ref> Geólogos estudam em geral o [[tectonismo]] das [[placa da Antártida|placas]] na região antártica, [[meteorito]]s do espaço e vestígios do período da divisão da Gondwana; mais de nove mil fragmentos de meteoritos já foram recolhidos na Antártida, dentre eles um meteorito de 4 mil milhões de anos que, aparentemente, se desprendeu de [[Marte (planeta)|Marte]].<ref>{{citar web|url=http://nssdc.gsfc.nasa.gov/planetary/marslife.html|título=Evidence of Ancient Martian Life in Meteorite ALH84001?|publicado=[[National Aeronautics and Space Administration]]|língua=en|acessodata=26 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090825141353/http://nssdc.gsfc.nasa.gov/planetary/marslife.html|arquivodata=25 de Agosto de 2009|urlmorta=yes}}</ref>

Glaciólogos ocupam-se com o estudo da história e da dinâmica do gelo flutuante, da neve, das geleiras, e dos mantos de gelo.<ref>{{citar web|url=http://www.nsf.gov/funding/pgm_summ.jsp?pims_id=12798&org=ANT&from=home|título=Antarctic Glaciology Program|publicado=The National Science Foundation|língua=en|acessodata=19 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20091025043131/http://nsf.gov/funding/pgm_summ.jsp?pims_id=12798&org=ANT&from=home|arquivodata=2009-10-25|urlmorta=no}}</ref> Já os biólogos, além de estudar os animais selvagens, estão interessados em como as baixas temperaturas e a presença dos seres humanos afetam a sobrevivência de uma grande variedade de espécies. Médicos fizeram descobertas a respeito da propagação de viroses e da resposta do corpo às temperaturas extremas. Astrofísicos da [[Estação Pólo Sul Amundsen-Scott]] podem estudar o céu e a [[radiação cósmica de fundo em micro-ondas]] por causa do buraco na [[Ozonosfera|camada de ozônio]] e do ambiente seco. O gelo antártico serve como meio de proteção para o maior [[telescópio]] de detecção de [[neutrino]]s do mundo, construído dois quilômetros abaixo da estação Amundsen-Scott.<ref>{{citar web|url=http://www.antarcticconnection.com/antarctic/science/index.shtml|título=Science in Antarctic|publicado=Antarctic Connection|língua=en|acessodata=4 de Fevereiro de 2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20060207003148/http://www.antarcticconnection.com/antarctic/science/index.shtml|arquivodata=7 de Fevereiro de 2006|urlmorta=yes}}</ref>

Desde a [[década de 1970]] que um foco importante de estudos tem sido a [[camada de ozônio]] acima da Antártida. Em 1985, três cientistas britânicos que trabalhavam com dados que haviam recolhido na [[Estação Halley]] descobriram a existência de um buraco nessa camada. Em 1998, informações de satélites da [[NASA]] mostraram que o buraco na camada de ozônio era o maior desde que foi notado, cobrindo 27 milhões de quilômetros quadrados.<ref name="ozone" />

=== Meteoritos ===
Os [[meteorito]]s que caem na Antártida são uma importante área de estudo do material formado no início do [[sistema solar]], acredita-se que a maioria são originários de [[asteroide]]s, mas alguns podem ter se originado de [[planeta]]s maiores. Os primeiros meteoritos foram encontrados em 1912. Em 1969, uma expedição [[Japão|japonesa]] descobriu nove meteoritos. A maioria desses meteoritos caíram sobre o [[manto de gelo]] nos últimos milhões de anos.<ref name="meteorite" />
[[Imagem:ALH84001.jpg|miniatura|esquerda|Meteorito antártico, chamado [[ALH84001]], vindo de [[Marte (planeta)|Marte]].]]

O movimento do manto de gelo concentra os meteoritos em locais inacessíveis, tais como cadeias de montanhas, com a [[Erosão eólica|erosão do vento]] trazendo-os para a superfície depois de séculos sob a neve acumulada. Em comparação com meteoritos recolhidos em regiões mais temperadas da Terra, os meteoritos antárticos são mais bem preservados.<ref name="meteorite">{{citar web|url=http://www-curator.jsc.nasa.gov/antmet/index.cfm|título=Meteorites from Antarctica|publicado=NASA|acessodata=09-02-2006|arquivourl=https://web.archive.org/web/20060306122117/http://www-curator.jsc.nasa.gov/antmet/index.cfm|arquivodata=2006-03-06|urlmorta=no}}</ref>

Esta grande coleção de meteoritos permite uma melhor compreensão da abundância de tipos de meteoritos no sistema solar e como os meteoritos se relacionam com asteroides e [[cometa]]s. Novos tipos de meteoritos e [[meteoro]]s raros foram encontrados. Entre eles estão peças originárias da [[Lua]], e provavelmente de [[Marte (planeta)|Marte]], através de impactos. Esses espécimes, nomeadamente o [[ALH84001]] descoberto por [[ANSMET]], estão no centro da polêmica sobre possíveis evidências de [[Micróbio|vida microbiana]] em Marte. Como os meteoritos no espaço absorvem e registram a [[Raio cósmico|radiação cósmica]], o tempo decorrido desde que o meteorito atingiu a [[Terra]] pode ser determinado a partir de estudos de laboratório. O tempo decorrido desde a queda, idade ou residência terrestre de um meteorito representa mais informação que pode ser útil em estudos ambientais das camadas de gelo da Antártida.<ref name="meteorite" />

Em 2006, uma equipe de pesquisadores da [[Universidade do Estado de Ohio]] usou medições de [[gravidade]] por satélites [[GRACE]] da [[NASA]] para descobrir os 480 [[km]] de largura da [[Cratera da Terra de Wilkes]], que provavelmente se formou há cerca de 250 milhões de anos.<ref name="crater">{{citar web| url=http://researchnews.osu.edu/archive/erthboom.htm| título=Big Bang in Antarctica—Killer Crater Found Under Ice| publicado=Research News| primeiro=Pam Frost| último=Gorder| data=1 de junho de 2006| acessodata=20 de Agosto de 2010| arquivourl=https://web.archive.org/web/20160306140004/http://researchnews.osu.edu/archive/erthboom.htm| arquivodata=6 de Março de 2016| urlmorta=yes}}</ref>

=== Erupção vulcânica ===
Em janeiro de 2008, cientistas da ''[[British Antarctic Survey]]'' (BAS), liderados por Hugh Corr e David Vaughan, relataram (na revista ''[[Nature Geoscience]]'') que há {{Fmtn|2200}} anos um [[vulcão]] entrou em [[Erupção vulcânica|erupção]] sob o manto de gelo da Antártida (com base no levantamento aéreo com imagens de [[radar]]). A maior erupção na Antártida nos últimos 10 000 anos, as cinzas vulcânicas foram encontradas depositadas na superfície de gelo sob as [[montanhas Hudson]], perto do [[Glaciar de Pine Island]].<ref>{{citar jornal|ultimo=Black |primeiro=Richard |url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/7194579.stm |titulo=BBC NEWS, Ancient Antarctic eruption noted |publicado=BBC News |data=20-01-2008 |acessodata=07-02-2009}}</ref>

== Problemas ambientais ==
=== Depleção do ozônio ===
{{Artigo principal|[[Depleção do ozônio]]}}

[[Imagem:NASA and NOAA Announce Ozone Hole is a Double Record Breaker.png|miniatura|O [[Ozonosfera#O buraco na camada de ozônio|buraco na camada de ozônio]] (setembro de 2006).]]

A cada ano uma grande área de baixa concentração de [[ozônio]] ou "[[buraco de ozônio]]" cresce sobre a Antártida. Este buraco abrange todo o continente. Em 2008 houve o mais duradouro registro do buraco, que se manteve até o final de dezembro.<ref name=BASozone>{{citar web | título = Antarctic Ozone | publicado = British Antarctic Survey | url = http://www.antarctica.ac.uk/met/jds/ozone/index.html | acessodata = 05-05-2009 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20130811184405/http://www.antarctica.ac.uk/met/jds/ozone/index.html | arquivodata = 2013-08-11 | urlmorta = no }}</ref> O buraco foi detectado por cientistas em 1985<ref name=schiermeier2009>{{citar jornal|titulo=Atmospheric science: Fixing the sky|autor=Q. Schiermeier|url=http://www.nature.com/news/2009/090812/full/460792a.html|publicado=''Nature''|doi=10.1038/460792a|data=12-08-2009|páginas=792–795|acessodata=07-10-2009}}</ref> e tendeu a aumentar ao longo dos seguintes anos de observação. O buraco de ozônio é atribuído à [[Poluição atmosférica|emissão]] de [[clorofluorcarboneto]]s, ou CFCs, para a [[atmosfera]], que decompõem a [[camada de ozônio]] em outros gases.<ref>{{citar web |url=http://www.nas.nasa.gov/About/Education/Ozone/antarctic.html |título=''The Antarctic Ozone hole'', NASA Advanced Supercomputing Division (NAS) |publicado=Nas.nasa.gov |data=26-06-2001 |acessodata=07-02-2009 |arquivourl=http://webarchive.loc.gov/all/20090403024238/http://www.nas.nasa.gov/About/Education/Ozone/antarctic.html |arquivodata=2009-04-03 |urlmorta=no }}</ref>

Alguns estudos científicos sugerem que a [[depleção do ozônio]] pode ter um papel preponderante nas [[mudanças climáticas]] recentes na Antártida (e uma área maior do [[Hemisfério Sul]]).<ref name=schiermeier2009/> O ozônio absorve grandes quantidades de [[radiação ultravioleta]] na [[estratosfera]]. A depleção do ozônio sobre a Antártida pode causar um resfriamento de cerca de 6 [[°C]] na estratosfera local. Esse resfriamento tem o efeito de intensificar o fluxo de ventos de oeste de todo o continente (o [[vórtice polar]]) e, portanto, impede saída do ar frio próximo ao polo sul. Como resultado, a massa continental da camada de gelo do leste da Antártida recebe temperaturas mais baixas, e as áreas periféricas da Antártida, em especial na [[península Antártica]], está sujeita a temperaturas mais elevadas, que promovem acelerado derretimento.<ref name=schiermeier2009/> Os modelos recentes também sugerem que o esgotamento de ozônio/efeito vórtice polar reforçado também explica o aumento recente no gelo do mar perto da praia do continente.<ref name=turner2009>{{citar periódico|autor=Turner J., Comiso J.C., Marshall G.J., Lachlan-Cope T.A., Bracegirdle T., Maksym T.,Meredith M.P., Wang Z., Orr A. |titulo=Non-annular atmospheric circulation change induced by stratospheric ozone depletion and its role in the recent increase of Antarctic sea ice extent |jornal=[[Geophysical Research Letters]] |volume=36 |páginas=L08502 |ano=2009 |doi=10.1029/2009GL037524}}</ref> No entanto, o problema tem se reduzido ao passar dos anos, devido a proibição de produtos com [[Clorofluorcarboneto|CFC]].<ref name="ozone">{{citar web|url=http://www.antarctica.ac.uk/bas_research/science_briefings/ozone_layer.php|título=The Ozone Layer|publicado=British Antarctic Survey|língua=en|acessodata=19 de agosto de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090808200139/http://www.antarctica.ac.uk/bas_research/science_briefings/ozone_layer.php|arquivodata=8 de Agosto de 2009|urlmorta=yes}}</ref>

=== Efeitos do aquecimento global ===
{{artigos principais|[[Aquecimento global]] e [[Subida do nível do mar]]}}

{{multiple image
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| image1 = AntarcticaTemps 1957-2006.jpg
| alt1 = Temperaturas na Antártida
| caption1 = <center>Tendência de aquecimento entre 1957 e 2006.
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}}

Algumas partes da Antártida estão se aquecendo, um aquecimento particularmente forte foi notado na [[península Antártica]]. Um estudo realizado por Eric Steig publicado em 2009 observou pela primeira vez que a tendência da temperatura média da superfície da Antártida é ligeiramente positiva em > 0,05 [[°C]] por década entre 1957 e 2006. Este estudo também observou que a [[Antártida Ocidental]] foi aquecida em mais de 0,1&nbsp;°C por década nos últimos 50 anos e esse aquecimento é mais acentuado no [[inverno]] e na [[primavera]]. Isto é em parte compensado pela queda do resfriamento na [[Antártida Oriental]].<ref name=steig2009>{{citar periódico |autor=Steig E.J., Schneider D.P., Rutherford S.D., Mann M.E., Comiso J.C., Schindell D.T. |titulo=Warming of the Antarctic ice-sheet surface since the 1957 International Geophysical Year |jornal=[[Nature (journal)|Nature]] |volume=457 |páginas=459–462 |ano=2009 |doi=10.1038/nature07669 |pmid=19158794 |número=7228}}</ref> Há evidências de um estudo que a Antártida está se [[Aquecimento global|aquecendo]] como resultado das emissões humanas de [[dióxido de carbono]].<ref name=gillett2008>{{citar periódico |autor = Gillett, N.P. and others|titulo = Attribution of polar warming to human influence |jornal = Nature Geoscience | volume = 1 |página = 750|ano = 2008| doi = 10.1038/ngeo338}}</ref> No entanto, a pequena quantidade de aquecimento da superfície na Antártida Ocidental não afeta diretamente a contribuição do [[manto de gelo da Antárctida Ocidental]] para o [[nível do mar]]. Em vez disso, acredita-se que os recentes aumentos no degelo glacial ocorreram devido a um influxo de água quente do oceano, ao largo da [[plataforma continental]].<ref name=payne2004>{{citar periódico |autor=Payne A.J., Vieli A., Shepherd A.P., Wingham D.J., Rignot E. |titulo=Recent dramatic thinning of largest West Antarctic ice stream triggered by oceans |jornal=[[Geophys. Res. Lett.]] |volume=31 |página=L23401 |ano=2004 |doi=10.1029/2004GL021284}}</ref><ref name=thoma2008>{{citar periódico |autor=Thoma M., Jenkins A., Holland D., Jacobs S. |titulo=Modelling Circumpolar Deep Water intrusions on the Amundsen Sea continental shelf, Antarctica |jornal=[[Geophys. Res. Lett.]] |volume=35 |página=L18602 |ano=2008 |doi=10.1029/2008GL034939}}</ref> A contribuição ao nível do mar a partir da península Antártica é mais provável que seja um resultado direto de um aquecimento maior da atmosfera nessa região.<ref name=BASpritchard>{{citar web | título = Widespread acceleration of tidewater glaciers on the Antarctic Peninsula | publicado = The British Antarctic Survey | url = http://www.bas.ac.uk/about_bas/publications/month/paper.php?id=362 | acessodata = 26-04-2009 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20110717141349/http://www.bas.ac.uk/about_bas/publications/month/paper.php?id=362 | arquivodata = 2011-07-17 | urlmorta = no }}</ref>

Em 2003, a [[Plataforma de gelo Larsen#Plataforma de gelo Larsen B|Plataforma de gelo Larsen-B]] na península Antártica entrou em colapso.<ref name="LarsenB">{{citar web | autor = Neil Glasser of Aberystwyth University | título = Antarctic Ice Shelf Collapse Blamed On More Than Climate Change | url = http://www.sciencedaily.com/releases/2008/02/080210100441.htm | acessodata = 2010-08-20 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20151225021554/http://www.sciencedaily.com/releases/2008/02/080210100441.htm | arquivodata = 2015-12-25 | urlmorta = no }}</ref> Entre 28 de Fevereiro e 8 de março de 2008, cerca de 570&nbsp;km² da plataforma de gelo Wilkins, na parte sudoeste da península, entrou em colapso, colocando os restantes 15 mil km² da [[plataforma de gelo]] em risco. O gelo estava sendo retido por um "fio de gelo de cerca de 6&nbsp;km de largura,<ref name="cnn25mar08">{{citar web | autor = CNN | título = Huge Antarctic ice chunk collapses | publicado = CNN | data = 2008-03-25 | url = http://edition.cnn.com/2008/TECH/science/03/25/antartica.collapse.ap/index.html | acessodata = 2008-03-25 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20080329225802/http://edition.cnn.com/2008/TECH/science/03/25/antartica.collapse.ap/index.html | arquivodata = 2008-03-29 | urlmorta = no }}</ref><ref name="cnn25.1mar08">{{citar web | autor = CNN | título = Massive ice shelf on verge of breakup | publicado = CNN | data = 2008-03-25 | url = http://edition.cnn.com/2008/TECH/03/25/antarctic.ice/index.html | acessodata = 26-03-2008 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20080329225715/http://edition.cnn.com/2008/TECH/03/25/antarctic.ice/index.html | arquivodata = 2008-03-29 | urlmorta = no }}</ref> antes de seu colapso, em 5 de abril de 2009.<ref>{{citar jornal|titulo=Ice Bridge Holding Antarctic Shelf in Place Shatters |url=http://www.nytimes.com/2009/04/05/science/earth/05antarctica.html |data=05-04-2009 |acessodata=05-04-2009 |trabalho=The New York Times}}</ref><ref>{{citar jornal|titulo=Ice bridge ruptures in Antarctic |publicado=BBC News |data=05-04-2009 |url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/7984054.stm |acessodata=05-04-2009}}</ref> Segundo a [[NASA]], o mais difundido derretimento antártico de superfície nos últimos 30 anos ocorreu em 2005, quando uma área de gelo de tamanho comparável ao estado da [[Califórnia]] derreteu e recongelou brevemente, o que pode ter resultado do aumento das temperaturas em 5&nbsp;°C.<ref name="cnn_2005_melt">{{citar jornal|autor = Reuters |titulo = Big area of Antarctica melted in 2005 |publicado = CNN |data= 2007-05-16 | url = http://www.cnn.com/2007/TECH/science/05/16/antarctica.melting.reut/index.html |acessodata = 11-06-2007}}</ref>

=== Gás metano ===
Pela primeira vez, os cientistas detectaram um vazamento ativo de [[Metano|gás metano]], um gás de [[efeito estufa]] com 25 vezes mais potencial de aquecimento do que o dióxido de carbono.<ref>{{Citar web |ultimo=January 2019 |primeiro=Marc Lallanilla-Live Science Contributor 03 |url=https://www.livescience.com/37821-greenhouse-gases.html |titulo=Greenhouse Gasses: Causes, Sources and Environmental Effects |acessodata=2020-07-24 |website=livescience.com |lingua=en}}</ref> Enquanto vazamentos submarinos de metano foram detectados anteriormente em todo o mundo, os micróbios ajudam a manter esse vazamento sob controle devorando o gás antes que muito possa escapar para a atmosfera.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Thurber|primeiro=Andrew R.|ultimo2=Seabrook|primeiro2=Sarah|ultimo3=Welsh|primeiro3=Rory M.|data=2020-07-29|titulo=Riddles in the cold: Antarctic endemism and microbial succession impact methane cycling in the Southern Ocean|url=https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rspb.2020.1134|jornal=Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences|volume=287|numero=1931|paginas=20201134|doi=10.1098/rspb.2020.1134}}</ref> O vazamento - localizado a cerca de 10 metros abaixo da superfície do [[Mar de Ross]], perto da [[Plataforma de gelo Ross|Plataforma de Gelo Ross]] do sul da Antártida - foi descoberto por acaso quando mergulhadores civis nadaram em 2011. O estudo mostrou que os micróbios que consomem metano levaram aproximadamente cinco anos para responder ao vazamento na Antártica e, mesmo assim, não consumiram o gás completamente. O vazamento subaquático quase certamente fez com que o gás metano penetrasse na atmosfera nesses cinco anos - um fenômeno que os modelos climáticos até 2020 não levam em conta ao prever a extensão do futuro aquecimento atmosférico.<ref>{{Citar web |ultimo=Brandon Specktor - Senior Writer 23 July 2020 |url=https://www.livescience.com/antarctica-methane-leak.html |titulo=First underwater methane leak discovered near Antarctica |acessodata=2020-07-24 |website=livescience.com |lingua=en}}</ref>

== Ver também ==
* [[Antártica (região)]]
* [[Bandeira da Antártida]]
* [[Estação Antártica Comandante Ferraz]]
* [[Lista de estações de pesquisas na Antártida]]
* [[Lista de extremos da Terra]]
* [[Manto de gelo da Antártida Oriental]]
* [[Polo Sul]]
* [[Polo Norte]]
* [[Recuo dos glaciares desde 1850]]

{{Notas}}

{{Referências}}

== Ligações externas ==
{{categoria|Antártida}}
{{correlatos
|commons=Antarctica
|wikcionário=Antártida
}}
* [http://antartica.cptec.inpe.br/ Projeto de Meteorologia Antártica], [[Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais]]
* {{Link|es|2=http://www.elmundo.es/especiales/2008/03/ciencia/antartida/album/index.html |3=Álbum de fotos da Antárctida (jornal El Mundo)}}
* {{Link|en|http://www.scarmarbin.be|SCAR's Marine Biodiversity Infromation Network, SCAR-MarBIN - acesso livre e aberto aos dados da biodiversidade marinha}}
* [http://WikiMapia.org/#lat=-79.9241523&lon=-94.3955612&z=12&l=9&m=s&v=2 Acampamento de brasileiros em dezembro de 2008, no WikiMapia]

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