Mostrar código-fonte de Puma concolor

{{ver desambig||Puma (desambiguação)|redir=Puma}}
{{Info/Taxonomia
| nome = Onça-parda<ref name=Wozencraft />
| período_fóssil = [[Pleistoceno|Pleistoceno Médio]] a Recente {{Período fóssil|0.3|0}}
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| imagem = Mountain Lion in Glacier National Park.jpg
| imagem_legenda = Uma [[Puma concolor couguar|onça-parda]] no [[Parque Nacional Glacier (Estados Unidos)|Parque Nacional Glacier]], nos Estados Unidos.
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| mapa_legenda = Distribuição geográfica da onça-parda.<br>
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| sinónimos = * ''cougar'' {{pequeno|Kerr, 1792}}
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A {{PBPE|onça-parda|puma}} ([[nomenclatura binomial|nome científico]]: ''Puma concolor''), também conhecida no Brasil por '''suçuarana''' e '''leão-baio''' (ou ainda: '''cougar''', '''leão-da-montanha'''), é um [[mamífero]] [[Carnivora|carnívoro]], da [[familia (biologia)|família]] dos [[felídeos]] (''Felidae'') e gênero ''[[Puma (género)|Puma]]'', nativo da [[América]]. Foi originalmente classificada no gênero ''[[Felis]]'', mas estudos genéticos demonstram que a espécie evoluiu em uma linhagem próxima à [[Acinonyx jubatus|chita]] (''Acinonyx jubatus'') e ao [[gato-mourisco]] (Herpailurus ''yagouaroundi''). É o mamífero terrestre com a maior distribuição geográfica no [[ocidente]], ocorrendo desde a [[Columbia Britânica]], no [[Canadá]], até o extremo sul do [[Chile]], habitando desde florestas densas, até áreas desérticas, com [[clima tropical]] ou [[clima subártico|subártico]], exceto a [[tundra]]. É capaz de sobreviver em áreas extremamente alteradas pelo homem, como pastagens e cultivos agrícolas.

É o maior membro da subfamília dos [[felíneos]] (''Felinae''), medindo até 155 centímetros de comprimento, sem a cauda, e pesando até 72 quilos, com porte semelhante ao do [[leopardo]] (''Panthera pardus''), sendo o segundo maior felídeo das [[Américas]]. Possui coloração variando do cinzento ao marrom-avermelhado, com a ponta da cauda de cor preta, áreas laterais do [[focinho]] e ventre de cor brancas. Os filhotes nascem com manchas escuras na pelagem, que geralmente persistem até 14 semanas de idade. Possui as mais longas patas traseiras dentre os felinos. Vivem em média, entre 7,5 e 9 anos de idade.

É um animal solitário e mais ativo à noite. Alimenta-se predominantemente de [[cervídeos]], mas pode variar a dieta, sendo considerado um predador oportunista. A presença de outros carnívoros influencia diretamente a escolha das presas e ambientes de caça. As áreas de vida variam de 50 a 1000 quilômetros quadrados, com machos sendo territoriais e possuindo grandes áreas se sobrepondo ao de várias fêmeas. As fêmeas possuem vários [[estro]]s no ano, possuem uma gestação que dura entre 90 e 96 dias e geralmente nascem entre 3 e 4 filhotes, a cada 2 anos, aproximadamente.

A onça-parda não é considerada em risco de extinção pela [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]], mas já foi extinta em algumas localidades da [[América do Norte]] e [[América Central|Central]] e do [[América do Sul|Sul]]. As principais causas disso são a [[caça]], seja por esporte ou retaliação por ataques ao [[gado]], fragmentação e destruição do habitat, e em áreas muito populosas, atropelamentos. A dizimação dessas populações no leste dos [[Estados Unidos]], na [[Flórida]], é um bom exemplo dos efeitos deletérios do isolamento populacional. Apesar disso, existe uma tendência de recolonização do centro-leste norte-americano. Dado sua força e elegância, esse felino foi representado em inúmeras culturas americanas, mas nas sociedades ocidentais atuais, as relações muitas vezes são conflituosas, seja por ataques aos animais domésticos, seja por ataques aos seres humanos.

== Nomes populares e etimologia ==
Com a sua vasta área de distribuição, a onça-parda tem vários nomes e referências na [[mitologia]] dos [[Povos ameríndios|indígenas americanos]] e na cultura contemporânea. ''Suçuarana'' é um termo com origem no [[Língua tupi|tupi]] ''syuasuarána'',<ref name=dicionario/> através da junção de ''susua'' ("veado") e ''rana'' ("semelhante"), numa referência à semelhança da cor de seu pelo com a do pelo dos [[veado]]s.<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.1"/> ''Onça-parda'' também é uma referência à cor da pelagem, se contrapondo à outra onça, a ''[[onça-pintada]]''. Os nomes ''onça-parda'' e ''suçuarana'' são mais difundidos nos estados do [[Região Sudeste do Brasil|sudeste]], [[Região Sul (Brasil)|sul]] e [[Região Centro-Oeste do Brasil|centro-oeste]] do [[Brasil]], mas, na região [[Nordeste Brasileiro|nordeste]], tais nomes também são citados. Nessa última região, ''onça-bodeira'' ou ''mossoroca'' são os nomes mais frequentemente usados. No [[Rio Grande do Sul]], [[Paraná]] e [[Santa Catarina]], pode ser chamada de ''leão-baio'', outra referência à cor da pelagem.<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.1"/> No [[Mato Grosso do Sul]], também é conhecida por ''onça-vermelha''.<ref name=ibama2008/> ''Jaguaruna'' é um termo oriundo da língua tupi, significando ''onça escura''.<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.1"/> Em Portugal, é mais conhecida como ''puma'', termo oriundo do [[Língua quíchua|quíchua]].<ref name=dicionario2/>

''Onça'' veio do termo [[Língua grega|grego]] ''lygx'', através do [[latim]] ''luncea'' e do [[Língua italiana|italiano]] ''lonza''.<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.1"/> O [[nome científico]], ''Puma concolor'', é nome composto pelas palavras ''puma'' e ''concolor'': esta última também é uma referência à cor do felino, significando "de cor uniforme", já que a palavra se refere a algo com a mesma cor em sua totalidade.<ref name=oxford/>

Nos [[Estados Unidos]] a onça-parda é chamada de "cougar" ou "leão da montanha". Desta forma, as denominações cougar, jaguaruna, leão-baio, leão-da-montanha, onça-parda, puma e suçuarana consistem apenas em distintos nomes adotados localmente para indicar os [[Felíneos|felinos]] desta mesma espécie.<ref>{{Citar web|url=https://chc.org.br/coluna/essa-onca-vai-se-chamar/|titulo=Essa onça vai se chamar...|acessodata=2024-07-01|website=CHC|lingua=pt-BR}}</ref>

== Taxonomia e evolução ==
[[Imagem:Puma face.jpg|miniaturadaimagem|250px|esquerda|Junto com o [[gato-mourisco]] (''P. yagouaroundi''), a onça-parda é classificada no gênero ''[[Puma (género)|Puma]]'', que é evolutivamente próximo à [[Acinonyx jubatus|chita]] (''Acinonyx jubatus'')]]
{{cladograma |style=font-size:85%;line-height:75%;width:300px;
|título = [[Filogenia|Relações filogenéticas]] da onça-parda.<ref name="Johnson2006"/>
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|1= {{clado
|1=''[[Leopardus]]''[[Imagem:Felis pardalis - 1834 - Print - Iconographia Zoologica - Special Collections University of Amsterdam -(White Background).jpg|70 px]]
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               |1=''[[Acinonyx jubatus]]'' - chita[[Imagem:Cynailurus guttata - 1818-1842 - Print - Iconographia Zoologica - Special Collections University of Amsterdam - (white background).jpg|70 px]]
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                  |1='''''Puma concolor''''' - onça-parda[[Imagem:Felis concolor - 1818-1842 - Print - Iconographia Zoologica - Special Collections University of Amsterdam -(white background).jpg|70 px]]
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}}
|legenda=Filogenia inferida a partir de estudos [[citogenética|citogenéticos]] e [[DNA|moleculares]]}}
A onça-parda foi descrita por [[Carlos Lineu|Lineu]], em 1771, como ''Felis concolor''.<ref name=Wozencraft /> Foi reconhecido como pertencente ao táxon ''[[Puma (género)|Puma]]'' por [[William Jardine]] em 1834, até então, um subgênero de ''[[Felis]]''. Somente em 1973, ''Puma'' foi proposto como um gênero separado. Estudos moleculares corroboram a hipótese de que a onça-parda pertence tal classificação, demonstrando que ela evoluiu em uma linhagem diferente daquela do gênero ''Felis'' e isso é seguido pelas mais recentes classificações.<ref name="Johnson2006"/><ref name=culver2010/> Está classificada na subfamília dos [[felíneos]] (''Felinae''), apesar de possuir porte semelhante às espécies da subfamília dos panteríneos (''[[Pantherinae]]'').<ref name=Wozencraft />

A onça-parda é uma das 12 espécies de [[felídeos]] do [[Novo Mundo]], que evoluíram em quatro linhagens distintas: a linhagem do gênero ''[[Leopardus]]'' (restrita à [[América Central]] e do [[América do Sul|Sul]]), a do gênero ''[[lince|Lynx]]'' (restrita à [[América do Norte]]), a do gênero ''[[Panthera]]'' (com apenas uma espécie atualmente, a [[onça-pintada]]) e a do gênero ''[[Puma (género)|Puma]]'' (da qual fazem parte a [[onça-parda]] e o [[gato-mourisco]]). A chita ou guepardo (''[[Acinonyx jubatus]]'') é o felídeo mais próximo do gênero ''Puma'' e provavelmente divergiu entre 5 e 8 milhões de anos atrás e se dispersou para [[África]] e [[Ásia]].<ref name="Johnson2006"/><ref name=culver2010/> Outros autores sugerem que o ancestral comum (que era semelhante à chita) entre essas espécies evoluiu no [[Velho Mundo]], migrando para as Américas e evoluindo para a onça-parda.<ref name=ross2005/> No registro fóssil, o gênero ''[[Miracinonyx]]'', que viveu entre 600 mil e 3,2 milhões de anos atrás, é muito semelhante à chita e sugerido como um importante elo entre o gênero ''Acinonyx'' e o gênero ''Puma''.<ref name=culver2010/> A onça-parda divergiu do [[gato-mourisco]] ou jaguarundi (''Puma yagouaroundi'') entre 4 e 5 milhões de anos atrás.<ref name="Johnson2006"/> Barnett et al (2005) considera o extinto ''M. trumani'' como mais próximo da onça-parda e essas espécies divergiram cerca 3,2 milhões de anos atrás.<ref name=ross2005/>

Fósseis de onça-parda foram encontrados no [[México]] e [[Estados Unidos]] datando de até 20 mil anos, e na [[América do Sul]], com até 30 mil anos. Porém, a onça-parda deve ter surgido na [[América do Norte]], dado que o seu parente mais próximo, ''Miracinonyx'', é encontrado apenas na América do Norte. É possível que populações ancestrais desses felinos chegaram na [[América do Sul]] entre 2 e 4 milhões de anos atrás, através do [[Grande Intercâmbio Americano]].<ref name=culver2010/> Apesar disso, as populações atuais de onça-parda na América do Norte descendem de poucos indivíduos fundadores descendentes de populações estabelecidas há 300 000 anos na América do Sul e Central. Provavelmente, esse felino foi extinto da América do Norte em um evento que eliminou quase 80% dos grandes [[vertebrado]]s no fim do [[Pleistoceno]] e recolonizou a região cerca de 10 000 anos atrás.<ref name="Culver"/>

=== Variação geográfica e subespécies ===
Por conta de sua ampla distribuição geográfica, foram descritas muitas [[subespécie]]s da onça-parda. Estudos de [[morfologia (biologia)|morfologia]] definiram cerca de 32 subespécies, mas estudos genéticos não corroboram essa ampla variação.<ref name="Culver"/><ref name=mammals2009/> Culver et al (2000), por meio de análise do [[DNA mitocondrial]] e de [[haplótipo]]s de [[Microssatélite (genética)|microssatélite]]s, concluíram que geneticamente existem apenas seis subespécies.<ref name="Culver"/> As 32 subespécies, distribuídas filogeograficamente, são:<ref name="Culver"/><ref name=mammals2009/>

* Grupo América do Norte (Culver et al considera apenas ''P. c. cougar'' {{pequeno|Kerr, 1792}}):
**''P. c. azteca'' {{pequeno|Merriam, 1901}} - [[Arizona]], [[Novo México]]; noroeste do [[México]].
** ''P. c. browni'' {{pequeno|Merriam, 1903}} - norte da [[Baja California]];
** ''P. c. californica'' {{pequeno|May, 1896}} - [[Califórnia]];
**[[Puma concolor coryi|''P. c. Coryi'']] {{pequeno|Bangs, 1899}} - [[Flórida]];
**[[Puma concolor couguar|''P. c.cougar'']] {{pequeno|Kerr, 1792}} - nordeste dos Estados Unidos;
** ''P. c. hippotestes'' {{pequeno|Merriam, 1897}} - centro dos Estados Unidos;
** ''P. c. improcera'' {{pequeno|Philips, 1912}} - sul da Baja California;
** ''P. c. kaibabensis'' {{pequeno|Nelson & Goldman, 1931}} - [[Nevada]] e [[Utah]];
** ''P. c. mayensis'' {{pequeno|Nelson & Goldman, 1929}} - sul do México até [[El Salvador]];
** ''P. c. missoulensis'' {{pequeno|Goldman, 1943}} - noroeste do [[Canadá]] até noroeste dos Estados Unidos ([[Idaho]] e [[Montana]]);
** ''P. c. olympus'' {{pequeno|Merriam, 1897}} - sudoeste do Canadá;
** ''P. c. oregonensis'' {{pequeno|Rafinesque, 1832}} - [[Oregon]] e [[Washington]];
** ''P. c. schorgeri'' {{pequeno|Jackson, 1955}} - centro-oeste dos Estados Unidos;
** ''P. c. stanleyana'' {{pequeno|Goldman, 1936}} - [[Texas]] e área adjacente no México;
** ''P. c. vancouverensis'' {{pequeno|Nelson & Goldman, 1932}} - sudoeste do Canadá.
* Grupo América Central:
**[[Puma concolor|''P. c. costaricensis'']] {{pequeno|Merriam, 1901}} - da [[Nicarágua]] ao [[Panamá]]. Reconhecida por Culver et al (2000).
* Grupo Norte da América do Sul (Culver et al considera apenas ''P. c. concolor'' {{pequeno|Lineu, 1771}}):
** ''P. c. bangsi'' {{pequeno|Merriam, 1901}} - [[Andes]] [[Colômbia|colombianos]];
** ''P. c. concolor'' {{pequeno|Lineu, 1771}} - do leste da [[Venezuela]], através das [[Guianas]] até o sul da [[Amazônia]], no [[Brasil]];{{#tag:ref|Recentes estudos taxonômicos consideram válido ''P. c. discolor'', ocorrendo onde antes era considerado a ocorrência de ''P. c. concolor''.<ref name=nascimento2013/>|group="nota"}}
** ''P. c. incarum'' {{pequeno|Nelson & Goldman, 1929}} - Andes [[peru]]anos;
** ''P. c. osgoodi'' {{pequeno|Nelson & Goldman, 1929}} - centro da [[Bolívia]];
** ''P. c. soderstromi'' {{pequeno|Lönnberg, 1913}} - Andes [[Equador|equatorianos]].
* Grupo Centro da América do Sul (Culver et al considera apenas ''P. c. cabrerae'' {{pequeno|Pocock, 1940}}):
** ''P. c. cabrerae'' {{pequeno|Pocock, 1940}} - noroeste da [[Argentina]];
** ''P. c. hudsoni'' {{pequeno|Cabrera, 1957}} - noroeste da [[Argentina]].
* Grupo Leste da América do Sul (Culver et al considera apenas ''P. c. capricornensis'' {{pequeno|Goldman, 1946}}):
** ''P. c. acrocodia'' {{pequeno|Goldman, 1943}} - [[Mato Grosso]], sudeste da Bolívia e o [[Chaco]], no [[Paraguai]] e Argentina;
** ''P. c. anthony'' {{pequeno|Nelson & Goldman, 1931}} - do sul da Venezuela ao norte do Brasil;
** ''P. c. borbensis'' {{pequeno|Nelson & Goldman, 1933}} - [[Amazônia]], no Brasil, Colômbia, Equador, e Peru;
** ''P. c. capricornensis'' {{pequeno| Goldman, 1946}} - sudeste do Brasil e nordeste da Argentina;
** ''[[Puma concolor greeni|P. c. greeni]]'' {{pequeno|Nelson & Goldman, 1931}} - leste do Brasil.{{#tag:ref|A validade de ''P. concolor greeni'' é controversa e recentes estudos taxonômicos o consideram sinônimo de ''P. c. concolor'', cuja localidade tipo é [[Pernambuco]].<ref name=nascimento2013/>|group="nota"}}
* Grupo Sul da América do Sul (Culver et al considera apenas ''P. c. puma'' {{pequeno|Molina, 1782}}):
** ''P. c. araucanus'' {{pequeno|Osgood, 1943}} - sul do [[Chile]] e da Argentina;
** ''P. c. patagonica'' {{pequeno|Merriam, 1901}} - sul da Argentina;
** ''P. c. pearsoni'' {{pequeno|Thomas, 1901}} - [[Patagônia]];
** ''P. c. puma'' {{pequeno|Molina, 1782}} - centro do Chile e áreas adjacentes na Argentina.

Wozencraft, na terceira edição do ''[[Mammal Species of the World]]'', lista os táxons como proposto por Culver et al (2000), apesar de considerar ''P. c. capricornensis'' como sinônimo de ''P. c. anthonyi''.<ref name=Wozencraft /> Dado os estudos genéticos que definiram apenas 6 subespécies da onça-parda, a distribuição geográfica de cada uma delas é diferente das 32 subespécies previamente consideradas: ''P. c. cougar'' ocorre ao norte da [[Nicarágua]]; ''P. c. costaricensis'' ocorre entre a Nicarágua e o [[Panamá]]; ''P. c. cabrerae'' ocorre nos [[Pampas]] argentinos; ''P. c. capricornensis'' ocorre no [[Brasil]], a leste dos rios [[rio Paraná|Paraná]] e [[rio Paraguai|Paraguai]]; ''P. c. concolor'' ocorre na [[Amazônia]] e oeste dos rios Paraná e Paraguai; e ''P. c. puma'' ocorre na [[Patagônia]] e extremo sul da Argentina e [[Chile]].<ref name=shaw2007/>

Deve-se salientar, além disso, que algumas subespécies podem ter sido erroneamente nomeadas, como seria o caso de ''P. c. concolor'' e ''P. c. greeni'': erros na identificação da [[localidade tipo]] e de quem nomeou primeiro são a razão para isso. Para alguns autores, ''P. c. concolor'' ocorre no leste do Brasil, onde era considerada a distribuição de ''P. c. greeni''; e onde antes era considerada a ocorrência de ''P. c. concolor'', deve-se considerar a existência de ''P. c. discolor''.<ref name=nascimento2013/>

==Distribuição geográfica e ''habitat''==
[[Imagem:Mountain lion Winter.jpg|miniaturadaimagem|250px|A onça-parda ocorre tanto em regiões tropicais como de clima mais frio]]

A onça-parda possui a maior distribuição geográfica entre os [[mamífero]]s terrestres do [[Ocidente]]. Historicamente, a espécie era encontrada desde a [[Columbia Britânica]] até o extremo sul do [[Chile]], ocorrendo por quase todo o continente ao longo dessa distribuição, com exceção do [[Caribe]] e de algumas regiões desérticas do [[Chile]].<ref name=currier1983/><ref name=sunquist2002/> Recentemente, foi confirmada sua presença no território do [[Yukon]], no [[Canadá]]. Apesar da presença da espécie na região ter sido suspeita desde 1944, somente em 2000 um espécime foi avistado e capturado no sudoeste de Yukon, e não é sabido se trata de uma população com baixíssima densidade ou de indivíduos de passagem.<ref name=jung2005/>

A espécie foi extinta do leste dos [[Estados Unidos]] no fim dos anos de 1890, com exceção de uma pequena população isolada na [[Flórida]], na região das [[Everglades]] Atualmente existem cerca de 20 mil a 40 mil onças pardas vivendo no oeste dos [[Estados Unidos]].<ref name=sunquist2002/> Não existem registros recentes da espécie na [[Nicarágua]], [[El Salvador]] e [[Honduras]], na [[América Central]]; e em várias regiões da [[Venezuela]], [[Peru]], [[Argentina]] e no [[Uruguai]], na [[América do Sul]]. No [[Brasil]], provavelmente está extinta da faixa litorânea que se estende desde o [[Maranhão]] até [[Sergipe]], assim como em parte do leste da [[Bahia]].<ref name=azevedo2013/>

Dado sua ampla distribuição, a onça-parda possui grande adaptabilidade e ocorre em inúmeros habitats, desde áreas desérticas até densas florestas, áreas de clima [[tropical]] e [[subártico]], do nível do mar até {{fmtn|5800}} metros de altitude, só não ocorrendo na [[tundra]].<ref name=sunquist2002/> Esse felino procura ocupar áreas com grande quantidade de locais em que seja possível criar emboscadas e com abundância de pelo menos uma espécie de animal de médio porte.<ref name=mammals2009/> Entretanto, não raro, a onça-parda pode ser encontrada em ambientes absolutamente sem vegetação, como desertos. Aparentemente, em algumas regiões dos Estados Unidos, a espécie está ocorrendo em habitats onde antes não ocorria, dado a introdução de espécies de [[cervídeo]]s.<ref name=actionplan1996/> Ela pode evitar áreas em que ocorre a [[onça-pintada]] (''Panthera onca''), ocupando, muitas vezes, áreas mais secas e abertas quando comparadas com o habitat da onça-pintada.<ref name=sunquist2002/>

É tolerante a alterações do ambiente provocadas pelo homem e se não caçada, pode existir em áreas altamente fragmentadas.<ref name=mammals2009/> Áreas de habitat conectados com baixa cobertura vegetal e reflorestamentos com níveis intermediários de distúrbios também são viáveis para a espécie.<ref name=mazzoli2002/> No nordeste do estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] foi constatado que ela utiliza fragmentos tão pequenos quanto 30 ou 14 [[hectare]]s, apesar de em outras regiões da [[Mata Atlântica]] não utilizar fragmentos menores que 300 hectares.<ref name=azevedo2013/> Mesmo assim, pode ser encontrada em pastagens, plantações de [[cana-de-açúcar]] e de ''[[Eucalyptus]]''.<ref name=dotta2011/>

== Descrição ==
[[Imagem:Florida panther (5164633394).jpg|miniaturadaimagem|250px|A onça-parda tende a ter um porte esguio]]

É um [[felídeo]] de grande porte, sendo o maior membro da subfamília dos [[felíneos]] (''Felinae''), medindo entre 86 e 155 centímetros de comprimento sem a cauda.<ref name=mammals2009/> Tem entre 60 e 70 centímetros na altura da [[cernelha]].<ref name=nowak/> Os machos pesam entre 53 e 72 quilos e as fêmeas são menores, pesando entre 34 e 48 quilos. Já houve o registro de um macho excepcionalmente pesado, com 120 quilos.<ref name=mammals2009/> As populações que ocorrem nos extremos [[latitude|latitudinais]] tendem a ser maiores que aquelas que ocorrem nas regiões equatoriais: no [[Peru]], foi registrada uma média de 28 a 30 quilos para machos, ao passo que indivíduos no [[Chile]] ou [[Canadá]], pesam entre 65 e 85 quilos.<ref name=sunquist2002/> Provavelmente, isso tem relação causal com o tamanho das presas ingeridas nessas diferentes latitudes e com a presença da [[onça-pintada]] (''Panthera onca''), de maior porte.<ref name=samantha1996/> Seu porte é semelhante ao do [[leopardo]] (''Panthera pardus''), sendo o segundo maior felídeo das [[Américas]].<ref name=nowak/>

[[Imagem:Cougar 25.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|250px|É o maior membro da subfamília dos [[felíneos]]]]

A onça-parda tende a ter um porte esguio e as pernas traseiras são relativamente longas, sendo as mais longas em comparação aos outros felídeos.<ref name=mammals2009/> Provavelmente, tal conformação é uma adaptação a grandes saltos.<ref name=sunquist2002/> A onça-parda é capaz de pular até 5,5 metros de altura.<ref name=nowak/> A cauda é longa, cilíndrica, com um formato de "J", tendo cerca de um terço do comprimento do corpo, medindo entre 60 e 97 centímetros de comprimento.<ref name=mammals2009/> Possuem [[garra]]s retráteis, que não ficam totalmente embainhadas quando em repouso, o que é mais semelhante aos pequenos felinos do que aos grandes felinos da subfamília [[Pantherinae]].<ref name=currier1983/> A [[pegada]] é parecida com do [[cão|cachorro-doméstico]], mas geralmente não apresentam as marcas das garras.<ref name=pitman2002/> Além disso, possui um formato mais arredondado e presença de três "lobos" na região do [[calcanhar]]. As marcas dos dedos também são mais espaçadas, assimétricas e comparativamente menores com relação à almofada plantar quando comparadas com as pegadas de cães.<ref name=smallwood1989/> A pegada da onça-parda também é semelhante a da [[onça-pintada]] (''Panthera onca''), mas as marcas dos dedos são mais finas e pontudas, e o comprimento é maior que a largura.<ref name=pitman2002/>

A pelagem varia do acinzentado claro até o marrom-avermelhado no dorso, com as regiões ventrais de cor mais clara, quase branco. A lateral do [[focinho]], atrás das orelhas e a ponta da cauda é de cor preta ou marrom-escuro. A região medial do focinho e o queixo são brancos.<ref name=currier1983/> O [[melanismo]] foi pouco registrado na espécie e raros casos foram reportados somente em animais na [[América do Sul]].<ref name=mammals2009/> O [[albinismo]] é considerado mais raro ainda.<ref name=robinson1990/> Os filhotes possuem rosetas irregulares ao longo do corpo, que possui coloração mais fosca.<ref name=mammals2009/> Esse padrão de coloração persiste durante as primeiras 12 ou 14 semanas, mas as manchas podem persistir de forma mais discreta até cerca de 1 ano de idade. Já foram observados indivíduos com três anos de idade em que ainda apresentava listras escuras na parte superior dos membros anteriores. A cor das [[pupila]]s também é diferente nos filhotes, sendo azuis nos recém-nascidos e se tornando acinzentadas ou douradas no adulto.<ref name=currier1983/> As [[orelha]]s são arredondadas e sem tufos, o que permite distinguir de outros felinos, como os [[lince]]s.<ref name=shaw2007/> Possui 8 [[mamilo]]s na região [[ventre|ventral]], porém apenas 6 são funcionais. A [[língua]] é coberta por [[papila gustativa|papilas]] ásperas.<ref name=currier1983/> O sexo é difícil de ser determinado, dado que a onça-parda não possui um [[pênis]] distinto externamente e os [[testículo]]s não estão evidentemente fora do corpo no [[escroto]]. Em animais juvenis e filhotes a determinação é mais difícil ainda.<ref name=shaw2007/>

{{Imagem múltipla
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 | image1 = Puma concolor paw.jpg
 | image2 = Cougar track.jpg
 | caption2 = Pata traseira (acima). Pegada (abaixo).
 }}

O [[crânio]] é relativamente pequeno (medindo entre 15,8 e 23,7 centímetros de comprimento) e o [[osso nasal]] possui formato [[convexo]], o que permite diferenciar do crânio da [[onça-pintada]] (''Panthera onca''), que além de maior, possui um formato [[côncavo]] do osso nasal.<ref name=sims2005/> Ele também continua crescendo em comprimento mesmo na idade adulta, com o crescimento persistindo até os 7 e 9 anos de idade nos machos, e 5 e 6 anos nas fêmeas.<ref name=gay1996/> Apesar do crânio ser de tamanho semelhante às espécies da subfamília [[Pantherinae]], a onça-parda retém as proporções dos membros da subfamília dos felíneos, sendo semelhante ao gênero ''[[lince|Lynx]]''.<ref name=werdelin1983/> Apesar de geneticamente a onça-parda ser mais próxima do [[gato-mourisco]] (''Puma yagouaroundi''), o crânio é mais semelhante ao da chita (''Acinonyx jubatus''), compartilhando com esta espécie o crânio menos alongado e expandido, com [[arco zigomático]] expandido.<ref name=segura2013/>

[[Imagem:Cougarskull.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|[[Crânio]] e [[mandíbula]]]]

A [[mandíbula]] é maciça e estruturada de tal forma, que apenas é possível o movimento de abre e fecha. A [[dentição|fórmula dentária]] é {{Fórmuladentária|superior=3.1.3.1|inferior=3.1.2.1|total=30}},<ref name=currier1983/> e os [[caninos]] são relativamente pequenos e de formato [[cone|cônico]], sem sulcos.<ref name=sims2005/> O diâmetro dos caninos nos machos é maior que nas fêmeas, tendo mais de 12,5 milímetros. O comprimento também é maior, sendo maior que 30 milímetros em machos adultos.<ref name=shaw2007/> O terceiro [[pré-molar]] é relativamente desenvolvido, ao contrário do quarto pré-molar e do único [[molar (dente)|molar]].<ref name=werdelin1983/> Como outros [[felídeos]], possui as [[clavícula]]s bem desenvolvidas, contrastando com a maior parte dos [[Carnivora|carnívoros]].<ref name=currier1983/> Os dentes possuem seu maior tamanho quando possuem cerca de 2 anos de idade e ao longo do envelhecimento, o desgaste dos dentes diminui seu tamanho.<ref name=gay1996/> A onça-parda possui [[carniceiro]]s bem desenvolvidos e os utiliza para cortar e [[mastigação|mastigar]] partes duras.<ref name=biknevicious1996/> A [[dentição decídua]] pode persistir até 16 meses de idade.<ref name=shaw2007/>

Possui um [[estômago]] simples, como os outros felídeos, sendo capaz de armazenar até 10 quilos de comida e o [[ceco]] é pequeno.<ref name=currier1983/> Apesar do grande porte, não é capaz de [[rugido|rugir]], por falta da [[laringe]] e [[osso hioide]] especializados neste tipo de [[vocalização]], como em ''[[Panthera]]''.<ref name=weissengruber2002/> O aparato hioide é inserido próximo à base do crânio e não está ligado por [[músculo]]s no pescoço.<ref name=currier1983/>

A onça-parda possui 38 cromossomos, sendo apenas um par, [[acrocêntrico]], com o restante dos pares sendo [[metacêntrico]]s.<ref name=currier1983/> A espécie pode [[híbrido (biologia)|hibridizar]] com outras espécies de felídeos, como a [[jaguatirica]] (''Leopardus pardalis''), o [[leopardo]] (''Panthera pardus'') e a [[onça-pintada]] (''Panthera onca''), mas isso foi relatado apenas em cativeiro.<ref name=dubost1993/> {{limpar}}

==Ecologia e comportamento==

Assim como a maior parte dos [[felídeos]], a onça-parda é bem solitária, com o pico de sua atividade no [[crepúsculo]] ou à noite, descansando no resto do dia.<ref name=sunquist2002/> Na [[Flórida]], as onças são mais ativas entre 1 e 7 da manhã, e entre as 18h e 22h.<ref name=mammals2009/> Apesar disso, é possível encontrá-la caçando durante o dia, dependendo de qual é o comportamento de suas presas em determinada região. Muitas vezes, fêmeas com filhotes caçam durante o dia. Entretanto, em ambientes com alta densidade e atividades humanas, a onça-parda é praticamente noturna.<ref name=sunquist2002/>

[[Imagem:Puma concolor camera trap Arizona 1.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|250px|A onça-parda se torna exclusivamente noturna em ambientes perturbados pelo homem]]

Existem poucos estudos sobre as distâncias percorridas pela onça-parda em suas atividades diárias, mas os machos geralmente andam distâncias maiores que as fêmeas, principalmente se estas têm filhotes. No [[Novo México]], dois machos percorreram distâncias entre 5,2 e 7,9 quilômetros em um dia, enquanto que as fêmeas percorreram distâncias entre 1 e 3,2 quilômetros. Já foi reportado o caso de um macho que percorreu até 32 quilômetros em uma única noite. Embora grande parte desse deslocamento seja feito no solo, a onça-parda é uma excelente escaladora e é capaz de nadar grandes distâncias.<ref name=sunquist2002/>

[[Image:Feeling_Unwelcome.jpg|miniaturadaimagem|250px|Onças-pardas jovens estão vulneráveis a predação de grandes carnívoros. Na imagem acima, um par de [[Coiote|coiotes]] acuam uma jovem onça.]]

Dado seu grande porte, é considerada um [[superpredador]], e por isso, tem um importante papel no controle populacional de [[mesopredadores]], de porte menor. Há controvérsia sobre o efeito da predação de onça-parda nas populações de grandes mamíferos herbívoros: embora ela cace espécies de grande porte como o [[alce]] (''Alces alces'') e o [[uapiti]] (''Cervus canadensis''), ela não parece influenciar no tamanho populacional dessas espécies.<ref name=ruth2010/>

Frequentemente, coexiste com outros predadores e a competição com essas espécies pode ser maior ou menor, dependendo do ambiente e abundância de presas. Na [[América do Norte]], durante o [[inverno]], existe maior competição com o [[lobo]] (''Canis lupus''), [[coiote]] (''Canis latrans'') e o [[lince-pardo]] (''Lynx rufus''); na [[América do Sul]], a competição com a [[onça-pintada]] (''Panthera onca'') é frequente, apesar de que muitas vezes, a onça-parda optar por ambientes mais secos e presas menores, havendo pouca sobreposição na dieta desses felinos.<ref name=novack2005/> Interessantemente, a presença de outros predadores pode facilitar o acesso a algumas presas: a presença de lobos, em [[Montana]], faz com que o [[cariacu]] (''Odocoileus virginianus'') prefira áreas mais densas e florestadas, o que facilita a caçada desses cervídeos pela onça-parda. Em contrapartida, as onças podem evitar caçar em locais mais abertos e descampados, onde predominam lobos e que podem ser potenciais predadores quando em bandos, principalmente de filhotes.<ref name=ruth20102/>

A competição com outras espécies de carnívoros se dá muitas vezes de forma indireta, quando coiotes ou [[lince]]s se alimentam de carcaças mortas pela onça-parda.<ref name=sunquist2002/> É possível que carnívoros maiores, como o [[urso-pardo]] (''Ursus arctos''), possam matar uma onça em confrontos diretos.<ref name=currier1983/>

=== Dieta e estratégias de caça ===

A onça-parda é um animal essencialmente [[carnívoro]] e ao longo de sua distribuição geográfica, é um importante [[predação|predador]] de [[cervídeos]]: na [[América do Norte]], se alimenta principalmente das espécies do gênero ''[[Odocoileus]]''; e na [[América do Sul]], das espécies do gênero ''[[Blastocerus]]'', ''[[Hippocamelus]]'' e ''[[Mazama]]''.<ref name=nowak/> Entretanto, a onça-parda é um predador oportunista pois muda sua dieta alimentar de acordo com a disponibilidade de presas no ambiente, podendo se alimentar até mesmo de [[répteis]], [[ave]]s, [[peixe]]s e [[inseto]]s.<ref name=currier1983/><ref name=murphy&ruth2010/>

[[Imagem:P-35 and the Bears (25657563476).jpg|miniaturadaimagem|250px|Em muito dos locais que habita, a onça-parda se alimenta principalmente de [[cervídeos]]]]

As presas abatidas pela onça-parda na América do Norte tendem a ser maiores que aquelas abatidas nas Américas Central e do Sul: no norte, a espécie se alimenta principalmente de cervídeos pesando entre 39 e 48 quilos, enquanto que mais ao sul, sua dieta compõe-se de indivíduos entre 1 e 15 quilos.<ref name=sunquist2002/> A dieta na América do Norte também tende a ser menos diversificada predominando os cervídeos, enquanto que nas Américas Central e do Sul, ela é mais diversa e oportunista.<ref name="diet"/> Dado esse oportunismo, nas Américas Central e do Sul, a onça-parda pode atacar animais de grande porte como o [[guanaco]] (''Lama guanicoe''), a [[capivara]] (''Hydrochoerus hydrochaeris''), a [[ema]] (''Rhea americana''), [[cavalo]]s e o [[gado bovino]].<ref name=sunquist2002/>

A presença da [[onça-pintada]] parece influenciar no porte das presas da onça-parda, que tendem a ser menores em locais em que existe o [[grande felino]] malhado.<ref name="diet"/><ref name=scognamillo2003/> Isso se reflete mesmo nos ataques realizados aos animais domésticos: enquanto a onça-pintada ataca cavalos, jumentos e o gado bovino adulto, a onça-parda ataca principalmente [[caprino]]s, [[ovino]]s, [[suíno]]s e bezerros com até 1 ano de idade.<ref name=pitman2002/> Por caçar em ambientes mais secos do que os da onça-pintada, a onça-parda acaba preferencialmente atacando [[cervídeos]] (como ocorre na América do Norte), enquanto que mamíferos que vivem próximos a cursos d'água como a [[Tapirus terrestris|anta]] (''Tapirus terrestris'') e a [[queixada]] (''Tayassu pecari'') são preferencialmente atacados pela onça-pintada.<ref name=scognamillo2003/> [[Roedor]]es como a [[paca]] (''Cuniculus paca'') e a [[cutia]] (''Dasyprocta'' sp) também são importantes na dieta da onça-parda.<ref name=novack2005/>

Apesar de se alimentar muitas vezes de [[ungulado]]s terrestres, a onça-parda pode se alimentar de animais [[arborícola]]s, principalmente de [[primata]]s de porte médio, como [[bugio]]s (''Alouatta'' sp) e [[ateles|macacos-aranhas]] (''Ateles'' sp).<ref name=ferrari2009/> Primatas tendem a ser predados mais pela onça-parda do que pela onça-pintada. Como todo [[superpredador]], a onça-parda se alimenta de [[mesopredadores]] como o [[quati]] (''Nasua nasua''), [[mão-pelada]] (''Procyon cancrivoros'') e [[Lobo-guará]](''Canis jubatus''), apesar de a onça-pintada ser o principal predador desses animais.<ref name=novack2005/><ref name=scognamillo2003/>

Também caça outros predadores como por exemplo : [[Lynx rufus|Linces]] (''Lynx rufus''), [[Coiote]]s (''Canis latrans''), [[Raposa-vermelha|Raposas]] (''Vulpes vulpes'') e até grandes predadores como [[Lobo]]s (''Canis lupus'') e jovens [[Urso-cinzento|Ursos-pardos]] (''Ursus arctos'').

Como outros felídeos, utiliza a [[visão]] e [[audição]] para caçar. Quando está caçando, seus deslocamentos são mais longos e persistentes, mas param e sentam-se frequentemente, sempre atentas à presença de alguma presa. Quando esta é avistada, o felino a persegue por distâncias curtas ou arma uma [[emboscada]]: a onça-parda corre somente em alta velocidade curtas distâncias e o sucesso de sua caçada é maior se ela consegue se aproximar a menos de 2 metros da presa antes de persegui-la. Ao caçar [[cervídeos]] a perseguição é rápida e ocorre entre 10 e 15 metros a partir do local de contato. O ataque é feito geralmente na região da face e pescoço: a região da [[garganta]] é o sítio preferencial quando a onça-parda ataca grandes presas, como o [[alce]] (''Alces alces'') e o [[carneiro-selvagem]] (''Ovis canadensis''). Presas menores, incluindo outras onças, são atacadas preferencialmente na parte de trás da cabeça ou nas [[vértebra]]s cervicais.<ref name=murphy&ruth2010/>

Após matar a presa, a onça-parda começa a se alimentar logo após as [[costela]]s, retirando o [[estômago]] e os [[intestino]]s, que raramente são consumidos. Após a retirada dessas [[víscera]]s, esse felídeo se alimenta dos [[pulmão|pulmões]], do [[coração]], e do [[fígado]] e da musculatura das patas posteriores, a partir da região ventral. Como muitas vezes mata animais grandes demais para serem consumidos de uma vez, a onça esconde a carcaça sob folhas e terra, de forma a poder se alimentar em outras ocasiões. Tal comportamento na alimentação é característico da onça-parda, diferenciando da onça-pintada, que nunca cobre as carcaças sob folhas e geralmente começa a se alimentar das porções mais anteriores do animal abatido, deixando, muitas vezes, a parte posterior intacta. Deve-se salientar que bezerros com até 2 meses de idade podem ser ingeridos totalmente na primeira alimentação.<ref name=pitman2002/>

[[Imagem:Florida panther family (5164634982).jpg|miniaturadaimagem|250px|Fêmea com filhotes é a unidade social mais estável na onça-parda]]
[[Imagem:A Florida panther using a tree as a scratching post (7656791736).jpg|miniaturadaimagem|250px|Os machos marcam território arranhando troncos e o solo]]

Seja por qual parte começa a ingerir a presa, a onça-parda se alimenta sentada, apoiada sobre as patas traseiras. Embora seu estômago possa comportar até 10 quilogramas, ela geralmente consome entre 2,2 e 2,7 quilogramas de carne por dia, para as fêmeas, e entre 3,4 e 4,3 quilogramas para os machos. Em muitos zoológicos, a quantidade de carne dada está entre 1,6 e 5,5 quilogramas de carne, e em liberdade, já foi reportado um macho que comia até 7,2 quilogramas de carne por dia.<ref name=sunquist2002/>

===Território e comportamento social===

Como a maior parte dos felídeos, a onça-parda é geralmente uma caçadora solitária.<ref name=logan2010/> Fêmeas com filhotes dependentes é a unidade social mais estável na onça-parda, durando até o momento que os filhotes se tornam subadultos.<ref name=mammals2009/> Machos podem se associar com fêmeas que possui filhotes, mas eles não cooperam no cuidado com os filhotes. Por muito tempo, não foram observadas adultos se associando com outros do mesmo sexo e assumia-se que encontros sociais na onça-parda eram extremamente transitórios e casuais.<ref name=logan2010/> Após estudos com [[armadilha fotográfica|armadilhas fotográficas]] e coleiras com [[GPS]] no [[Parque Nacional de Yellowstone]] e arredores, constatou-se que a vida social da onça-parda é complexa, com adultos podendo se tolerar e compartilhar alimentos, formando uma [[hierarquia]], geralmente encabeçada por um macho e fêmeas adultas. A presença do macho parece ser preponderante para a estabilidade dessas unidades sociais que habitam um vasto território.<ref name=elbroch2017/>

A [[área de vida]] varia de 50 quilômetros quadrados a mil quilômetros quadrados, variando de acordo com a produtividade do ambiente, abundância de presas e estações do ano. Os territórios dos machos são maiores que das fêmeas e acabam se sobrepondo sobre o maior número possível de áreas de fêmeas.<ref name=mammals2009/> Esses territórios tendem a ser de 1,5 a 3 vezes maiores: na [[América do Norte]], a área de vida dos machos varia de 170 a 700 quilômetros quadrados, ao passo que a das fêmeas varia de 55 a 300 quilômetros quadrados.<ref name=logan2010/> Na [[América do Sul]], os valores tendem a ser menores no [[Pantanal]] (entre 32 e 155 quilômetros quadrados)<ref name=azevedo2013/> e no [[Parque Nacional das Emas]] (entre 41 a 428 quilômetros quadrados).<ref name=silveira2004/>

Os machos são extremamente territoriais e o encontro entre dois machos pode resultar em uma combate capaz de levar a morte de um deles. Apesar disso, existe substancial sobreposição entre os territórios dos machos, que acabam evitando as áreas que são compartilhadas. A fim de demarcar o território e sinalizar a presença para outros machos e até mesmo para fêmeas, a onça-parda arranha troncos de árvores e o solo. Apesar de não investir diretamente no cuidado com a prole, a territorialidade impede que machos intrusos possam atacar e eventualmente matar filhotes de fêmeas dentro do território. Dado a vantagem adaptativa que os machos possuem em demarcar grandes territórios englobando várias fêmeas, eles tendem a dispersar mais longe de suas áreas natais: eles podem dispersar até cerca de 280 quilômetros de onde nasceram, ao passo que as fêmeas raramente dispersam para tão longe, dispersando, em média, cerca de 32 quilômetros. Visto esse padrão de dispersão, pode-se considerar que as fêmeas formam [[Matrilinearidade|matrilínea]]s em uma dada região, visto haver uma leve [[filopatria]] das fêmeas. O período do ciclo [[estro|estral]] e a presença de filhotes influenciam nos movimentos das fêmeas e tamanho de áreas de vida, limitando-os. Outro fato diferente do observado entre os machos, é que as áreas de vida das fêmeas se sobrepõem muito mais e com de mais indivíduos.<ref name=logan2010/>

Apesar de solitária, a onça-parda possui uma ampla variedade de [[vocalização|vocalizações]], utilizadas em contextos [[comportamento agonístico|agonísticos]], [[comportamento sexual|sexual]] e [[cuidados parentais|parental]]. Rosnados, sopros e assobios são emitidos principalmente quando existe algum encontro agressivo; mãe e filhotes podem ronronar juntos, sinalizando satisfação; filhotes também podem miar, assobiar e emitir sons parecido com piados, a fim de solicitar alimento; em um contexto sexual, as fêmeas podem gritar de forma semelhante aos [[gato]]s. Para sinalizar territorialidade (nos casos dos machos) e identidade sexual, a onça-parda pode uivar, emitindo um som que pode ser pronunciado como ''iaul''. Apesar do grande porte, não é capaz de [[rugido|rugir]].<ref name=logan2010/>

Além das vocalizações, a comunicação entre as onças-pardas se dá por meio de sinais visuais, como os arranhões feitos pelos machos, e sinais olfatórios, como [[urina]], [[fezes]] e o próprio cheiro do pelo, quando o animal se esfrega em determinado local. Entretanto, o significado de cada um desses sinais ainda foi pouco investigado: muitas vezes, os arranhões podem ser apenas uma forma de afiar as [[garra]]s, mas o cheiro deixado no local e a marca feita acaba sendo um sinal. Interessantemente, as fêmeas urinam ao detectarem marcas de arranhões feitas por machos, além de vocalizar nos arredores.<ref name=logan2010/>

=== Reprodução e ciclo de vida ===
A maior parte do que se sabe sobre o [[estro]] e ciclo reprodutivo da onça-parda provém de animais em cativeiro. A [[ovulação]] parece ocorrer durante 7 e 8 dias, mas pode variar entre 4 e 12 dias, em um ciclo que varia entre 12 e 16 dias em animais em cativeiro e entre 3 e 4 meses em liberdade.<ref name=sunquist2002/> Caso os filhotes nasçam mortos ou sejam removidos, em poucas semanas a fêmea inicia um novo [[estro]].<ref name=currier1983/>

[[Imagem:Mountain lion kittens.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Os filhotes nascem pesando entre 226 e 453 gramas]]
[[Imagem:Puma cub Malibu Springs area National Park Service December 2013.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|As manchas na pelagem persistem até os 3 ou 4 meses de idade]]

A onça-parda possui um [[sistema de acasalamento]] [[promiscuidade|promíscuo]], visto que as fêmeas podem copular com vários machos, e vice-versa.<ref name=logan2010/> O comportamento no acasalamento é semelhante ao dos outros [[felídeos]], com as fêmeas apresentando, inicialmente, uma mistura de agressividade e proceptividade. A cópula dura menos de um minuto, como em outros grandes felinos: entretanto, ela é feita repetidas vezes em um curto período de tempo e a [[ovulação]] é induzida à medida que aumenta a frequência de cópulas. A [[fecundação]], assim como outros felinos, ocorrem em taxas baixas, como foi observado no [[Novo México]], das cerca de 147 cópulas observadas, apenas 33 resultaram em filhotes.<ref name=sunquist2002/>

A [[gestação]] dura entre 90 e 96 dias, e o número de filhotes que nascem varia de 1 a 6, mas é mais comum nascerem 3 ou 4 filhotes por parto.<ref name=nowak/> Nascimentos podem ser observados durante o ano todo, mas na [[América do Norte]], em regiões que o inverno é mais rigoroso, eles podem ocorrer preferencialmente entre abril e setembro.<ref name=sunquist2002/> No sul do [[Chile]], os nascimentos podem se concentrar entre fevereiro e julho.<ref name=nowak/> As fêmeas dão à luz cada 12 ou 34 meses, porém, em média, os intervalos de nascimento variam entre 17 e 20 meses. Deve-se salientar que nem todas as fêmeas se reproduzem numa dada população e foi registrado que no [[Novo México]], apenas cerca de 75% das fêmeas deixam filhotes.<ref name=sunquist2002/>

Os filhotes nascem pesando entre 226 e 453 gramas, possuindo manchas que persistem até os 3 ou 4 meses de idade.<ref name=nowak/> Os olhos abrem com cerca de 2 semanas, quando são capazes de brincar e interagir com seus irmãos.<ref name=sunquist2002/> São amamentados até os 3 meses de idade, mas já se alimentam de carne com cerca de 6 semanas.<ref name=nowak/> Com seis meses de idade os filhotes acompanham a mãe em suas caçadas, mas não fazem isso todas as vezes. A independência dos filhotes não ocorre antes de um ano de idade, mas foi reportado filhotes que se tornaram órfãos com 7,5 e 9,8 meses de idade e sobreviveram.<ref name=sunquist2002/> Entre 1,5 e 2,5 anos de idade, os indivíduos podem ser classificados como "subadultos", dado que são independentes da mãe, mas ainda não se reproduzem efetivamente.<ref name=shaw2007/> A maturidade sexual é alcançada cerca de 2 anos para os machos, mas estes só se reproduzem depois dos 3 anos de idade. As fêmeas se reproduzem antes e a que teve a reprodução mais precoce documentada possuía 18 meses de idade.<ref name=mammals2009/> Entretanto, já foi registrado uma fêmea que se reproduziu apenas com 43 meses de idade.<ref name=sunquist2002/>

A longevidade em liberdade é desconhecida, mas em cativeiro, ela varia de 4 até 19,5 anos. Calcula-se que em média, a onça-parda viva entre 7,5 e 9 anos, mas poucos indivíduos conseguem alcançar tal idade em liberdade.<ref name=gay1996/> Houve um caso, aparentemente excepcional, de uma fêmea que possuía 15 anos de idade, em estado selvagem, no sul do [[Brasil]].<ref name=mazzoli2002/> {{limpar}}

== Conservação ==
[[Imagem:Hunted mountain lion 1.jpg|miniaturadaimagem|250px|A caça é regulamentada em muitos estados [[Estados Unidos|norte-americanos]], como em [[Nevada]]]]

Visto sua ampla distribuição geográfica e adaptabilidade, sendo capaz de habitar áreas altamente perturbadas pelo homem, a [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]] considera o [[estado de conservação]] da onça-parda como "[[pouco preocupante]]".<ref name=iucn/> Está listada no ''apêndice II'' da [[Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção]]. As populações que ocorrem na [[América Central]] e leste da [[América do Norte]] são listadas no ''apêndice I''.<ref name=actionplan1996/>

Existe uma tendência de queda nas populações desse felino, que está estimada entre {{fmtn|3500}} e cinco mil animais no [[Canadá]], nos [[Estados Unidos]] a uma estimativa entre 20 000 a 40 000 pumas, os estados de [[Califórnia]] e [[Oregon]] são os únicos onde a caça desse animal é proibido por lei.<ref name=iucn/> De forma geral, é considerado que a densidade populacional de onças na América do Norte está entre 0,8 e 2,2 animais a cada 100 quilômetros quadrados.<ref name=laundre2010/> A espécie foi extinta em grande parte de sua ocorrência na [[América do Norte]] (que foi reduzida em mais de 50%), e no leste desse continente, ocorre apenas uma população relictual na [[Flórida]].<ref name=iucn/><ref name=mammals2009/>

Na [[América do Sul]], as populações são certamente maiores, mas existem poucos dados disponíveis.<ref name=iucn/> As estimativas de densidade são frequentemente maiores do que aquelas reportadas para a América do Norte: no [[Pantanal]] elas chegam a até 4,4 onças por 100 quilômetros quadrados; na [[Patagônia]], estão entre 2,5 e 3,5 a cada 100 quilômetros quadrados; e até 19,4 onças por 100 quilômetros quadrados na [[Bolívia]]. Em áreas desérticas da [[Argentina]], a densidade é muito menor: estima-se entre 0,5 e 0,8 onças a cada 100 quilômetros quadrados. Poucos dados existem para a [[Amazônia]] e para a maior parte da América Latina. Apesar de muitos trabalhos considerarem que a onça-parda ocorra por todo esse continente, em pelo menos 40% dessa distribuição ela está seriamente ameaçada.<ref name=laundre2010/> Está severamente ameaçada no centro do [[México]], [[El Salvador]], [[Nicarágua]], em alguns locais da [[Venezuela]], [[Peru]], [[Uruguai]] e [[Argentina]].<ref name=azevedo2013/>

No [[Brasil]], a espécie não foi listada como em risco de extinção em 2003, e somente as populações fora da [[Amazônia]] (outrora classificadas como ''P. c. capricornensis'' e ''P. c. greeni'') são listadas como "[[espécie vulnerável|vulneráveis]]" pelo [[Ministério do Meio Ambiente (Brasil)|Ministério do Meio Ambiente (MMA)]].<ref name=ibama2008/>{{#tag:ref|As subespécies consideradas pelo MMA não correspondem exatamente à classificação de Culver et al (2000). Foi usada a classificação de subespécies baseada em [[Morfologia (biologia)|morfologia]] e ''P. c. capricornensis'', neste caso, é considerada restrita Às regiões [[Região Sudeste do Brasil|sudeste]] e [[Região Sul do Brasil|sul]] do Brasil, enquanto que ''P. c. greeni'' (que para Culver et al deve ser incluída em ''P. c. capricornensis'') está restrita ao [[Nordeste Brasileiro]].<ref name=ibama2008/><ref name="Culver"/>|group="nota"}} Entretanto, a partir de 2014, a onça-parda passou a ser considerada [[espécie vulnerável]] na última [[Lista de mamíferos ameaçados do Brasil|lista de animais ameaçados do Brasil]], feita pelo [[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio) (a Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014<ref name=PortariaMMA444 />). Algumas listas estaduais consideram a validade das subespécies usadas pelo MMA. ''P. c. capricornensis'' é classificada como "vulnerável" nas listas dos estados da [[Bahia]],<ref name=ListaBahia /> [[São Paulo (estado)|São Paulo]],<ref name=ListaSãoPaulo /> [[Paraná]],<ref name=ListaParaná /> [[Santa Catarina]]<ref name=ListaSantaCatarina /> e [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]];<ref name=ListaRiodeJaneiro /> como "[[espécie em perigo|em perigo]]" na lista dos estados do [[Rio Grande do Sul]]<ref name=deMarques /><ref name=ListaRioGrandedoSul /> e [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]]<ref name=ListaEspíritoSanto /> e como "[[criticamente em perigo]]" na lista de [[Minas Gerais]].<ref name=ListaMinasGerais /><ref name=ibama2008/><ref name=SiBBr /> ''P. c. greeni'' não consta em nenhuma lista estadual de espécies ameaçadas.<ref name=ibama2008/> Como mostrado, o grau de ameaça da espécie varia ao longo do país, e provavelmente está extinta em grande parte do litoral do [[Nordeste Brasileiro|Nordeste]] e leste da [[Bahia]], assim como em largas porções dos [[pampas]], no [[Rio Grande do Sul]]. A população total estimada para o Brasil está entre {{fmtn|34896}} e {{fmtn|327814}} indivíduos, mas a [[Efectivo populacional|população efetiva]] é de cerca de {{fmtn|3489}} animais. As estimativas populacionais também variam entre os [[bioma]]s brasileiros, e mesmo na [[Amazônia]], onde ocorre a maior população efetiva (apesar de ser menor que 10 mil animais), ela pode ser categorizada como "vulnerável" dado a crescente expansão da [[agropecuária]] na região e fragmentação do habitat. No [[Cerrado]], a população efetiva é menor que {{fmtn|2500}} animais, e apesar de ser amplamente distribuída nesse bioma, é ameaçada pela fragmentação do habitat e caça, principalmente como forma de retaliação pelos ataques ao [[gado]] doméstico. A caça por parte dos fazendeiros também é uma ameaça importante no [[Pantanal]], e a população efetiva é menor do que mil indivíduos. Na [[Mata Atlântica]], a alta fragmentação e degradação do habitat, atropelamentos e a [[urbanização]] são as principais ameaças para uma população menor do que mil animais. Por fim, na [[Caatinga]], apesar de uma população que pode ter até 2 500 animais, a espécie é categorizada como "[[espécie em perigo|em perigo]]", dado o aumento do [[desmatamento]] para produção de [[energia eólica]], [[mineração]], [[agropecuária]] e extração de madeira para [[carvão vegetal|carvoaria]]. Há a estimativa de um decaimento de mais de 10 % da subpopulação no Brasil.<ref name=azevedo2013/>

[[Imagem:Hit mountain lion.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|250px|Atropelamentos são uma causa importante de mortalidade em áreas populosas]]

Uma das maiores ameaças à onça-parda é a caça, seja por esporte, seja por retaliação, dado que ela frequentemente ataca o gado doméstico.<ref name=actionplan1996/> No [[Brasil]], a [[caça furtiva|caça por retaliação]] (e até mesmo "preventiva") é particularmente importante na mortalidade de onças e outros predadores.<ref name=azevedo2013/> Visto que ela se alimenta por vários dias de uma mesma carcaça, é susceptível ao envenenamento promovido por fazendeiros que consideram um estorvo à criação de [[gado]]. A caça é proibida em muitos dos países em que ocorre como no [[Brasil]], [[Argentina]], [[Bolívia]], [[Chile]], [[Colômbia]], [[Costa Rica]], [[Guatemala]], [[Guiana Francesa]], [[Honduras]], [[Nicarágua]], [[Panamá]], [[Paraguai]], [[Suriname]], [[Venezuela]] e [[Uruguai]]. Nos [[Estados Unidos]], [[Canadá]], [[Peru]] e [[México]], a caça é regulamentada. Somente no [[Equador]], [[El Salvador]] e na [[Guiana]] não existe qualquer tipo de proteção contra a caça. Deve-se salientar que embora no Canadá e Estados Unidos a caça regulamentada da onça-parda seja permitida, ela é proibida para as populações que ocorrem mais à leste desses países: no Canadá, a caça regulamentada somente é permitida em [[Alberta]] e [[Columbia Britânica]]; nos Estados Unidos, ela é permitida no [[Arizona]], [[Colorado]], [[Idaho]], [[Montana]], [[Nevada]], [[Novo México]], [[Oklahoma]], [[Oregon]], [[Utah]], [[Washington]] e [[Wyoming]].<ref name=actionplan1996/> Ela é proibida na [[Califórnia]], [[Flórida]] e [[Dacota do Sul]], e somente no [[Texas]] não existe proteção contra a caça.

Certamente, a maior ameaça atual à conservação da onça-parda, assim como de todos os [[grande felino|grandes felinos]], é a fragmentação e destruição do habitat. A [[urbanização|expansão urbana]] e [[agropecuária]] é responsável não só por diminuição das presas disponíveis e conflitos com humanos, como também por uma supressão total do ambiente em que habita e perda de qualidade de fragmentos remanescentes. Enquanto que esse felino consegue utilizar fragmentos de floresta com menos de 50 [[hectare]]s em algumas localidades, em outras, os fragmentos menores que 300 hectares não são utilizados, o que atenta ao fato de ações conservacionistas exigirem planos mais específicos para cada região. A fragmentação do habitat combinada com empreendimentos como [[rodovia]]s e [[ferrovia]]s podem isolar as populações de onças. Além disso, atropelamentos são particularmente importantes na morte de onças, principalmente em locais com alta densidade humana.<ref name=azevedo2013/>

A onça-parda é uma importante "[[espécie bandeira]]" dado que esforços em sua conservação acaba por preservar extensas áreas naturais, e é popular com o público. Entretanto é preponderante a criação de [[corredor ecológico|corredores ecológicos]] e a aplicação do conceito de [[metapopulação]] para sanar os efeitos do isolamento em regiões altamente fragmentadas. O [[Corredor Ecológico Mesoamericano]] foi proposto para conectar os fragmentos de floresta do sul do [[México]] até o [[Panamá]]: inicialmente foi chamado de ''Paseo Pantera'', nos anos de 1990, e tinha como objetivo conservar as espécies de grandes felinos americanos, como a onça-parda.<ref name=mammals2009/>

Devido ao risco de extinção, alguns projetos de pesquisa vêm sendo realizados no Brasil, como o ''Projeto Onça Parda do Triângulo Mineiro'', realizado entra as cidades de [[Araguari]] e [[Uberlândia]], que está levantando informações sobre a ecologia espacial e a saúde da espécie desde 2009. Outro exemplo é o ''Projeto Onças-pardas da Região Metropolitana de São Paulo'', iniciado em 2012, que tem como objetivo obter registros da espécie e estudar sua movimentação entre a Mata Atlântica e o Cerrado.<ref name=azevedo2013 />

{{Mapa de localização|Estados Unidos
|label =
|latG=26 |latM=40 |latS=20 |latP=N
|lonG=81 |lonM=22 |lonS=38 |lonP=W
|legenda     =Localização do [[Refúgio Nacional de Vida Silvestre Florida Panther]].
|img1        =Everglades National Park Florida Panther.jpg
|img1_legenda=''P. c. coryi'', conhecida em [[língua inglesa|inglês]] como ''Florida panther''.
|img2        =FloridaPantherHabitat.pdf
|img2_legenda=Zonas de ocorrência na [[Flórida]].<br />{{Legend inline|darkgreen|Principal|size=70%}} {{Legend inline|limegreen|Secundária|size=70%}} {{Legend inline|greenyellow|Dispersa|size=70%}}
}}

===A onça-parda na Flórida===
A onça-parda foi severamente caçada e extinta na região leste dos [[Estados Unidos]]: atualmente, a única população estabelecida à leste do [[rio Mississippi]] se encontra na [[Flórida]], que outrora foi classificada como ''[[pantera-da-flórida|P. c. coryi]]'' (conhecida em inglês como ''Florida panther'').<ref name=mammals2009/><ref name=sunquist2002/><ref name=actionplan1996/>{{#tag:ref|Tal subespécie atualmente é incluída em ''P. c. cougar'', que segundo Culver et al (2000) ocorre por toda a [[América do Norte]]. ''P. c. coryi'' inicialmente era considerada restrita ao sudeste dos [[Estados Unidos]].<ref name="Culver"/>|group="nota"}} É um dos primeiros mamíferos a ser listado como ameaçado e foi objeto de extensos estudos [[ecologia|ecológicos]], [[genética|genéticos]] e de conservação. É uma importante "espécie bandeira" na conservação dos [[ecossistema]]s pantanosos da [[Flórida]], principalmente nas [[Everglades]]. É um bom exemplo de como a fragmentação do habitat e a caça pode reduzir um animal antes amplamente difundido em determinada região e de como uma população extremamente reduzida e isolada de um [[felino]] vivendo em uma área com alta influência humana é problemática e exige ações conservacionistas complexas.<ref name=actionplan1996/><ref name=beier2010/> Também demonstra os problemas ecológicos decorrentes da depleção das presas desse felídeo e de como isso pode acarretar um aumento nos prejuízos para a criação de gado, visto que existe relação entre a diminuição dos [[cervídeos]] e aumento de ataques ao gado.<ref name=onorato2010/> Certamente, os estudos dessa subpopulação permitiram avanços no conhecimento a cerca da conservação de grandes felinos.<ref name="improving"/>

A subespécie outrora conhecida por ''P. c. coryi'' ocorria desde o sudeste do [[Arcansas]], [[Luisiana]], [[Mississipi]], [[Alabama]], [[Geórgia (Estados Unidos)|Georgia]], partes do [[Tenessi]] e [[Carolina do Sul]], até a [[Flórida]]. A redução de suas populações começou com o estabelecimento dos europeus no início do {{séc|XIX}}, culminando em uma população isolada no centro da [[Flórida]] em 1920. Tais regiões eram consideradas inóspitas por conta das inúmeras áreas pantanosas, o que acabou salvando as populações remanescentes. Apesar disso, na década de 1930, pensava-se que a onça-parda havia sido extinta da Flórida, mas em 1935 foi confirmada a presença do felino na região de ''[[Reserva Nacional Big Cypress|Big Cypress]]''. Visto esse elevado grau de ameaça, a ''Florida Game and Freshwater Fish Commission'' (FMC) passou a regulamentar sua caça em 1950, sendo a primeira população de onça-parda a ser protegida nos Estados Unidos.<ref name=actionplan1996/><ref name=onorato2010/> Em 1958 sua caça foi proibida. Após um longo período de caça e perseguição, as ameaças atuais à onça-parda na Flórida são a crescente fragmentação do habitat, urbanização e o extremo isolamento ao qual essa população se encontra.<ref name=beier2010/> Também atropelamentos constituem uma ameaça, assim como doenças advindas de animais domésticos.<ref name=onorato2010/>

O isolamento dessa população é tamanho, que ela se encontra a mais de {{fmtn|1000}} quilômetros da mais próxima população confirmada de onça-parda, no [[Texas]].<ref name=beier2010/> Além disso, está extremamente reduzida, sendo estimada entre 70 e 80 indivíduos.<ref name=iucn/> Dado essa situação, existem inúmeros problemas derivados da [[consanguinidade]]: a [[criptoquirdia]] ocorre entre 49 e 56% dos machos, assim como diversos problemas [[coração|cardíacos]] (principalmente o [[septo interatrial]] incompleto) são identificados em até 80% dos animais.<ref name=onorato2010/> Problemas relacionados à baixa variabilidade genética são facilmente observados em animais domésticos, mas em animais selvagens é difícil constatar: o que demonstra o grau extremo em que chegou essa subpopulação. Dessa forma, é urgente ações para sanar os efeitos da perda da variabilidade genética, e estudos são feitos para reproduzir onças da Flórida com aquelas provenientes do [[Texas]]: visto novos estudos sobre a genética da onça-parda, provavelmente, as populações norte-americanas são todas de uma mesma subespécie.<ref name="Culver"/><ref name=beier2010/>

Entretanto, o maior problema reside na falta de habitat adequado para o estabelecimento de novas populações. Cerca de 300 mil [[hectare]]s necessários para um plano de conservação nos limites norte de sua ocorrência estão em propriedades particulares. Em 1989, somente {{fmtn|26400}} [[acre (unidade)|acres]] (cerca de 107 quilômetros quadrados) foram cedidos para a criação do [[Refúgio Nacional de Vida Silvestre Florida Panther]]. Além disso, barreiras construídas pelo homem no habitat da espécie no centro da Flórida impede que ela possa recolonizar outras áreas por conta própria, sendo necessário projetos de reintrodução e translocação de indivíduos.<ref name=beier2010/>

Uma importante inciativa na conservação da onça-parda na Flórida é a criação da ''Florida Ecological Greenways Network'', sendo um projeto de [[ecologia de paisagem]] com o objetivo de criar corredores ecológicos conectando remanescentes do habitat deste felino.<ref name=mammals2009/>

===Recolonização do centro-leste dos Estados Unidos===

Apesar de já extinta em grande parte do centro e leste dos Estados Unidos, a onça-parda está recolonizando algumas áreas, principalmente aquelas situadas no centro e sudeste do país, o que vem sido notado desde o início da década de 1990.<ref name=beier2010/> Provavelmente, tais indivíduos são provenientes das regiões a oeste. Existem registros em regiões no extremo nordeste dos Estados Unidos, mas não se conhece certamente de onde tais animais provêm. Os avistamentos feitos em estados do meio da costa Atlântica, como na [[Pennsylvania]], certamente eram identificações erradas de outros carnívoros.<ref name=cougarnetwork/> Muitos dos registros fotográficos são de animais que escaparam do cativeiro, porém, aqueles atropelados ou mortos por caçadores eram indivíduos selvagens.<ref name=beier2010/>

[[Imagem:Little Missouri River TR National Park.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|250px|O [[rio Little Missouri]], em [[Dacota do Norte]], único local confirmado de recolonização da onça-parda]]

Essa onda de deslocamento da onça-parda para o leste dos Estados Unidos resultou em um evento confirmado de recolonização: a onça havia sido extinta de [[Dacota do Norte]] no início do {{séc|XX}}, mas no começo dos anos 2000 uma população foi estabelecida no [[rio Little Missouri]], sendo confirmado o nascimento de filhotes em 2006.<ref name=beier2010/> É possível que existam pequenas populações residentes nos estados de [[Oklahoma]] e [[Nebrasca]].<ref name=prairie/> Esses mesmos estados são importantes corredores para indivíduos encontrados nos estados de [[Iowa]], [[Ilinóis]], [[Missuri]] e [[Indiana]]. Um dos registros em Illinois provém de um animal morto em [[Chicago]].<ref name=centralmidwest/> [[Michigan]] e [[Wisconsin]] têm registros frequentes desde 2008, entretanto, nenhum desses registros são de fêmeas, o que mostra que ainda não existe nenhuma população residente nesses estados. A região desses estados também é importante estrategicamente, dado ainda existirem grandes áreas selvagens com abundância de [[cervídeos]] e a menor largura do [[rio Mississipi]] permite o avanço dos indivíduos em direção leste.<ref name=uppermidwest/> No sudeste dos Estados Unidos, os estados do [[Arcansas]], [[Luisiana]], leste do [[Texas]] e o norte da [[Flórida]] possuem registros recentes. Ademais, tal região possui projetos para reintrodução da espécie.<ref name=southeast/>

É possível futuramente que populações se restabeleçam nas florestas do norte de [[Minnesota]], os [[Montes Ozark]] no [[Arkansas]] e o sul do estado do [[Missouri]].<ref name=beier2010/>

==Aspectos culturais e relações com os humanos==
[[Imagem:Puma Moche ceramic Larco museum.jpg|miniaturadaimagem|200px|Onça-parda representada pelos [[Moche]]]]

===Na mitologia===
A elegância e força da onça-parda foi muito admirada pelas culturas [[povos ameríndios|ameríndias]]. A cidade Inca de [[Cuzco]] foi projetada na forma de uma onça-parda e o animal deu nome a várias regiões e povos incas. A cultura [[Moche]] a retratou em sua [[cerâmica]].<ref name=berrin/> O deus do céu e do trovão dos incas, [[Viracocha]], era associado a esse felino.<ref name=tarmo/> Na América do Norte, descrições mitológicas da onça-parda aparecem em histórias em [[língua Winnebago]] ("Ho-Chunk" ou "Winnebago") no [[Wisconsin]] e [[Illinois]]<ref name=winnebago/> e [[Cheyennes|Cheyenne]], entre outros. Para os [[Apaches]] e [[Walapai]] do [[Arizona]], o lamento de uma onça-parda era um prenúncio da morte.<ref name=apache/> Os Algonquins e Ojibwe acreditavam que a onça-parda vivia no submundo e era perversa, enquanto que era considerada uma animal sagrado entre os [[Cherokees]].<ref name=cherokee/>

===Predação do gado doméstico===

Desde o início da formação das fazendas na América, as onças são consideradas tão destrutivas à criação quanto os [[lobo]]s. De acordo com estudos no Texas em 1990, 86 bezerros (0,0006% de um total de 13,4 milhões de bovinos no Texas), 253 bodes [[Mohair]], 302 cabritos Mohair, 445 ovelhas (0,02% de um total de 2,0 milhões de ovinos no Texas) e 562 cordeiros (0,04% dos 1,2 milhões de cordeiros no Texas) foram mortos por onças naquele ano.<ref name="NASS-cattle"/><ref name="NASS-sheep-goats"/> Em Nevada, em 1992, foram confirmadas as mortes de 9 bezerros, 1 cavalo, 4 potros, 5 bodes, 318 ovelhas e 400 cordeiros por ataques de onças. Em ambos os casos, as ovelhas foram os animais mais visados pelo felino. [[Surplus killing|Ataques excedentes]] resultaram em morte de 20 ovelhas em um caso.<ref name="Livestock"/> A mordida de uma onça-parda é aplicada no dorso do pescoço, cabeça ou garganta e ela deixa perfurações com suas garras nas laterais da presa, às vezes a estraçalhando. [[Coiote]]s também mordem a região da garganta mas não deixa marcas de garras e o rastro deixado pelo arrasto da presa tem formato de ''zig-zag'', ao contrário da linha reta deixa pela onça-parda. O ataque do felino também é mais preciso, ao contrário da mutilação indiscriminada provocada por coiotes e [[cão|cães]] ferais. O tamanho das perfurações também permite distinguir ataques de onça-parda de carnívoros menores.<ref name="Predation"/>

Na [[América do Sul]], a onça-parda e a [[onça-pintada]] são os principais animais a causarem problemas com pecuaristas.<ref name=pitman2002/> Muitas vezes, ataques ao gado doméstico são mais comuns por parte da onça-parda do que da [[onça-pintada]] (''Panthera onca'') na [[Venezuela]].<ref name=polisar2003/> Tal fato não foi observado nos entornos do [[Parque Nacional do Iguaçu]], no sul do [[Brasil]], em que a onça-pintada é o principal predador do gado doméstico.<ref name=fccazevedo2008/>

Os ataques ao gado doméstico são esperados em fazendas próximas a áreas naturais. A diminuição de presas e a degradação e fragmentação do habitat aumentam a predisposição de grandes carnívoros atacarem animais domésticos. Animais jovens ou muito velhos e fêmeas com filhotes também são mais propensos a atacar o gado.<ref name=cascelli2002/> Tal problema leva a caçadas de retaliação, visando diminuir o prejuízo financeiro ao pecuarista. Essa caça de retaliação muitas vezes possui o efeito paradoxal de aumentar a predação de animais domésticos e queixas de conflito entre onças e humanos. Em 2013, foi constatado que um importante previsor de problemas desse tipo foi a presença da caça de retaliação no ano anterior. Cada onça adicional na paisagem resultava em um aumento de 5% das reclamações de fazendeiros, mas a morte de onças pela caça aumentava em até 50%. Quanto maior a caça de retaliação, maior os conflitos entre humanos e onças, podendo aumentar entre 150 e 340%.<ref name=peebles2013/> Este efeito é atribuído ao fato de que animais jovens são mais inclinados a se aproximar de habitações e empreendimentos humanos, enquanto que a caça de retaliação elimina animais mais velhos que aprenderam a evitar os seres humanos. A caça como retaliação permite que esses animais jovens possam estabelecer território.<ref name=beier1991/><ref name=torres1996/>

===Ataques a seres humanos===
[[imagem:MountainLionAttackProtocol.jpg|miniaturadaimagem|Sinalização para risco de ataque de onça-parda nos Estados Unidos]]

Devido ao [[Superpopulação|crescimento populacional humano]], a [[distribuição natural|distribuição geográfica]] da onça-parda tem se sobreposto com áreas habitadas por humanos. De forma geral, ataques ao homem são raros, dado que suas estratégias de caça fazem parte de um repertório aprendido e muitas vezes seres humanos não são reconhecidos como presas.<ref name="Med"/> Ataques a pessoas, gado e [[animal de estimação|animais de estimação]] ocorrem quando as onças estão habituadas aos humanos e em condições de extrema carência alimentar. Na América do Norte, ataques são mais comuns durante a primavera e verão, quando onças jovens deixam suas mães e passam a procurar novos territórios.<ref name="GovBC"/>

Entre 1890 e 1990, na América do Norte foram reportados 53 ataques, resultando em 48 ataques não fatais e 20 mortes.<ref name="Beier"/> Em 2004, os números subiram para 88 ataques e 20 mortes.<ref name=attack/> Nesta região, a distribuição desses casos não é uniforme. O populoso estado da Califórnia tem 12 ataques confirmados desde 1986 (depois de 3 registrados entre 1890 e 1985), incluindo 3 mortes.<ref name="California"/> O menos populoso [[Novo México]] reportou apenas um ataque em 2008, o primeiro desde 1974.<ref name=newmexico/>

Apesar dos inúmeros ataques registrados na América do Norte, dados para a América do Sul são escassos. No entorno do [[Parque Nacional do Iguaçu]] foi constatado que a onça-parda não é um animal temido pelos habitantes e não existe casos de ataques a seres humanos.<ref name=conforti2003/>

Como muitos predadores, a onça pode atacar se encurralada e até mesmo se um humano sair correndo. Entretanto, ficar em pé parado pode significar ser uma presa fácil para uma onça.<ref name=fuga/> Encarar o animal nos olhos, gritar, mas de forma calma, e qualquer ação para parecer maior pode fazer com que a onça desista do ataque. Lutar com paus e pedras e até mesmo com as próprias mãos pode ser efetivo e em persuadir o animal a parar um ataque.<ref name="Med"/><ref name="GovBC"/>

Quando ataca, a onça-parda utiliza sua habitual técnica de mordida no pescoço, tentando posicionar seus dentes entre as vértebras. Pescoço, cabeça e danos na [[medula espinal]] são comuns nos ataques.<ref name="Med"/> Crianças estão mais propensas a serem atacadas e menos propensas a saírem vivas. Pesquisas detalhadas antes de 1991 mostraram que 64% das vítimas (e quase todas as mortes) eram crianças. O mesmo estudo demonstrou que a maior proporção de ataques ocorreu na [[Columbia Britânica]], particularmente na [[Ilha Vancouver]], onde existe uma densidade alta de onças. Antes de atacar humanos, as onças apresentam comportamento aberrante, como serem mais ativos durante o dia, pouco medo e perseguição de humanos.<ref name="Beier"/> Há casos de onças mantidas como animais de estimação que atacaram pessoas.<ref name=pet/><ref name=pet2/>

== Ver também ==

* [[Pumapardo]]

==Notas de rodapé==

{{reflist|group="nota"|2}}

{{referências|refs=

<ref name=PortariaMMA444>{{Citar web|url=http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/biodiversidade/fauna-brasileira/avaliacao-do-risco/PORTARIA_N%C2%BA_444_DE_17_DE_DEZEMBRO_DE_2014.pdf|título=PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014|publicado=[[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio), [[Ministério do Meio Ambiente (Brasil)|Ministério do Meio Ambiente]] (MMA)|acessodata=24 de julho de 2021| arquivourl=http://web.archive.org/web/20220407040405/https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/biodiversidade/fauna-brasileira/avaliacao-do-risco/PORTARIA_N%C2%BA_444_DE_17_DE_DEZEMBRO_DE_2014.pdf|arquivodata=12 de julho de 2022}}</ref>

<ref name=oxford>{{Citar enciclopédia |sobrenome1=Glare|nome1=P. G. W.|enciclopédia=Oxford Latin Dictionary |título=Concolor|edição= 1.ª |ano=1968 |editora=Imprensa da Universidade de Oxônia |local= Oxônia|páginas= 390}}</ref>

<ref name=conforti2003>{{citar periódico|sobrenome1=Conforti|nome1=V. A.|sobrenome2=Azevedo|nome2=Fernanda César Cascelli de|data=2003|título=Local perceptions of jaguars (''Panthera onca'') and pumas (''Puma concolor'') in the Iguaçu National Park area, south Brazil|periódico=Biological Conservation|volume=111|número=2|páginas=215-221|url=http://www.procarnivoros.org.br/pdfs/Conforti_Azevedo2003.pdf|doi=10.1016/S0006-3207(02)00277-X}}</ref>

<ref name="California">{{citar web |url=http://www.dfg.ca.gov/news/issues/lion.html |título=Mountain Lions in California |acessodata=20 de maio de 2007 |ano=2004 |publicado=California Department of Fish and Game |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070430012010/http://www.dfg.ca.gov/news/issues/lion.html |arquivodata=2007-04-30 |urlmorta=no }}</ref>

<ref name=pet>{{citar notícia|url=http://www.msnbc.msn.com/id/27756765/ns/us_news-life/t/neighbor-saves-miami-teen-cougar/|agência=Associated Press|publicado=MSNBC|data=16 de novembro de 2008|título=Neighbor saves Miami teen from cougar|acessodata=11 de fevereiro de 2012}}</ref>

<ref name=pet2>{{citar web|título=2-Year-Old Boy Hurt In Pet Cougar Attack|url=http://www.nytimes.com/1995/06/04/nyregion/2-year-old-boy-hurt-in-pet-cougar-attack.html|data=4 de junho de 1995|arquivourl=http://web.archive.org/web/20210308154446/https://www.nytimes.com/1995/06/04/nyregion/2-year-old-boy-hurt-in-pet-cougar-attack.html|arquivodata=8 de março de 2021}}</ref>

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* {{Citar web|url=http://www.wildlife.state.nm.us/publications/press_releases/documents/2008/070108pinosaltoslion2.html|título=Second mountain lion captured near Pinos Altos|data=1 de julho de 2008|arquivodata=4 de fevereiro de 2013|acessodata=27 de junho de 2022|arquivourl= http://web.archive.org/web/20130204045722/http://www.wildlife.state.nm.us/publications/press_releases/documents/2008/070108pinosaltoslion2.html| publicado=New Mexico Department of Game and Fish}}
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<ref name=attack>{{citar web |url=http://www.azgfd.gov/w_c/mtn_lion_attacks.shtml |título=Confirmed mountain lion attacks in the United States and Canada 1890 – present |acessodata=20 de maio de 2007 |publicado=Arizona Game and Fish Department |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070518181449/http://www.azgfd.gov/w_c/mtn_lion_attacks.shtml |arquivodata=2007-05-18 |urlmorta=yes }}</ref>

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<ref name=segura2013>{{citar periódico|sobrenome1=Segura|nome1=V.|sobrenome2=Prevosti|nome2=F.|sobrenome3=Cassini|nome3=G.|data=2013|título=Cranial ontogeny in the Puma lineage, ''Puma concolor'', ''Herpailurus yagouaroundi'', and ''Acinonyx jubatus'' (Carnivora: Felidae): a three-dimensional geometric morphometric approach|periódico=Zoological Journal of the Linnean Society|volume=169|número=1|páginas=235-250|doi=10.1111/zoj.12047|url= https://www.researchgate.net/publication/256117224_Cranial_ontogeny_in_the_Puma_lineage_Puma_concolor_Herpailurus_yagouaroundi_and_Acinonyx_jubatus_Carnivora_Felidae_a_three-dimensional_geometric_morphometric_approach}}</ref>

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<ref name=gay1996>{{citar periódico|sobrenome1=Gay|nome1=S. W.|sobrenome2=Best|nome2=T. L.|data=1996|título=Age-related variation in skulls of the puma (''Puma concolor'')|periódico=Journal of Mammalogy|volume=77|número=1|páginas=191-198|url=http://www.auburn.edu/academic/cosam/faculty/biology/best/research/PDFs/1996aGayBestAge.pdf}}</ref>

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<ref name=dubost1993>{{citar periódico|sobrenome1=Dubost|nome1=G.|sobrenome2=Royère|nome2=J. Y.|data=1993|título=Hybridization between ocelot (''Felis pardalis'') and puma (''Felis concolor''|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/zoo.1430120305|periódico=Zoo biology|volume=12|número=3|páginas=277-283|doi=10.1002/zoo.1430120305}}</ref>

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<ref name=laundre2010>{{citar livro|editor1=Hornocker, M. G.|editor2=Negri, S.|ano=2010|título=Cougar: ecology and conservation|local=Chicago, Illinois, USA|editora=Imprensa da Universidade de Chicago|isbn=978-0-226-35344-9|páginas=76-91|sobrenome1=Laundré|nome1=J. W.|sobrenome2=Hernandéz|nome2=L.| capítulo=What we know about Pumas in Latin America|url=https://www.google.com.br/books/edition/Cougar/ZSDUxT3fSYEC?hl=pt-BR&gbpv}}</ref>

<ref name=ListaRiodeJaneiro>{{Citar web|título=Texto publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro contendo a listagem das 257 espécies|url=https://institutolife.org/wp-content/uploads/2018/11/Lista-da-Fauna-Ameacada-de-Extincao-RJ.pdf|ano=2018|acessodata=2 de maio de 2022| arquivourl=http://web.archive.org/web/20220502173302/https://institutolife.org/wp-content/uploads/2018/11/Lista-da-Fauna-Ameacada-de-Extincao-RJ.pdf|arquivodata=2 de maio de 2022|publicado=Governo do Estado do Rio de Janeiro|local=Rio de Janeiro}}</ref>

<ref name=ListaMinasGerais>{{Citar web|título=Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais|data=30 de abril de 2010|publicado=Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM| acessodata=2 de abril de 2022|url=http://www.ief.mg.gov.br/images/stories/biodiversidade/deliberao_normativa_copam_n147.pdf|arquivodata= 21 de janeiro de 2022|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220121130245/http://www.ief.mg.gov.br/images/stories/biodiversidade/deliberao_normativa_copam_n147.pdf}}</ref>

<ref name=ListaEspíritoSanto>{{Citar web|url=https://iema.es.gov.br/Media/iema/CQAI/FIGURAS/FAUNA/AMEA%C3%87ADAS/Esp%C3%A9cies_Amea%C3%A7adas_Fauna_2005.xlsx|titulo= Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo|acessodata=7 de julho de 2022|publicado=[[Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos]] (IEMA), Governo do Estado do [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]]|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220624041400/https://iema.es.gov.br/Media/iema/CQAI/FIGURAS/FAUNA/AMEA%C3%87ADAS/Esp%C3%A9cies_Amea%C3%A7adas_Fauna_2005.xlsx|arquivodata=24 de junho de 2022}}</ref>

<ref name=ListaSãoPaulo>{{Citar livro|sobrenome=Bressan|nome= Paulo Magalhães|sobrenome2=Kierulff|nome2=Maria Cecília Martins|sobrenome3=Sugleda|nome3=Angélica Midori|título=Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados|publicado=Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo|local=São Paulo|ano=2009|url=http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/fauna/2016/12/livro_vermelho2010-1.pdf|acessodata=2 de maio de 2022|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220125044126/http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/fauna/2016/12/livro_vermelho2010-1.pdf|arquivodata=25 de janeiro de 2022}}</ref>

<ref name=deMarques>{{Citar livro| sobrenome=de Marques|nome=Ana Alice Biedzicki|sobrenome2=Fontana|nome2=Carla Suertegaray|sobrenome3=Vélez|nome3=Eduardo|sobrenome4=Bencke|nome4=Glayson Ariel|sobrenome5=Schneider|nome5=Maurício|sobrenome6=Reis|nome6=Roberto Esser dos|título=Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul - Decreto Nº 41.672, de 11 de junho de 2002|local=Porto Alegre|ano=2002|editora=Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; PANGEA - Associação Ambientalista Internacional; Fundação Zoo-Botânica do Rio Grande do Sul; Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA); Governo do Rio Grande do Sul|url=http://www.fzb.rs.gov.br/upload/1396360907_fauna_ameacada.pdf|acessodata=2 de abril de 2022|arquivodata=31 de janeiro de 2022|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220131134820/http://www.fzb.rs.gov.br/upload/1396360907_fauna_ameacada.pdf}}</ref>

<ref name=ListaRioGrandedoSul>{{Citar web|título=Decreto N.º 51.797, de 8 de setembro de 2014|ano=2014|url=http://www.al.rs.gov.br/filerepository/replegis/arquivos/dec%2051.797.pdf|acessodata= 2 de maio de 2022|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220316045249/https://www.al.rs.gov.br/filerepository/repLegis/arquivos/DEC%2051.797.pdf|arquivodata=16 de março de 2022|publicado=Estado do Rio Grande do Sul Assembleia Legislativa Gabinete de Consultoria Legislativa|local=Porto Alegre}}</ref>

<ref name=ListaParaná>{{Citar livro|título=Livro Vermelho da Fauna Ameaçada|ano=2010|local=Curitiba|url=https://www.conexaoambiental.pr.gov.br/Pagina/Livro-Vermelho-da-Fauna-Ameacada-no-Estado-do-Parana-0|editora=Governo do Estado do Paraná, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná|acessodata=2 de abril de 2022}}</ref>

<ref name=ListaSantaCatarina>{{Citar livro|título=Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina - Relatório Técnico Final|local=Florianópolis|editora=Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Fundação do Meio Ambiente (FATMA)|url=https://www.ima.sc.gov.br/index.php/downloads/biodiversidade/fauna/2432-relatorio-tecnico-final-lista-de-especies-ameacadas-de-extincao-em-sc|ano=2010}}</ref>

<ref name=ListaBahia>{{citar web|url=https://www.bahianoticias.com.br/fotos/principal_noticias/211071/mg/especies%20extincao%20bahia4.pdf|titulo=Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia.|data=agosto de 2017|acessodata=1 de maio de 2022|publicado=Secretaria do Meio Ambiente|arquivodata=2 de abril de 2022|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220502041100/https://www.bahianoticias.com.br/fotos/principal_noticias/211071/mg/especies%20extincao%20bahia4.pdf}}</ref>

<ref name=SiBBr>{{Citar web|url=https://ala-bie.sibbr.gov.br/ala-bie/species/131593?lang=pt_BR|título=''Puma concolor'' (Linnaeus, 1771)|publicado=Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr)|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220710031547/https://ala-bie.sibbr.gov.br/ala-bie/species/131593?lang=pt_BR|arquivodata=9 de julho de 2022|acessodata=26 de abril de 2022}}</ref>

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== Ligações externas==
{{Correlatos
|commonscat =Puma concolor
|wikispecies=Puma concolor
}}

* Cougar Tracks - {{Link|en|2=http://northernbushcraft.com/animalTracks/cougar/notes.htm|3=guia para identificar rastros de onça-parda}}
* Sons - {{Link|en|2=http://animals.nationalgeographic.com/animals/mammals/mountain-lion/?rptregcta=reg_free_np&rptregcampaign=20130924_rw_membership_r3p_c1#close-modal|3=site com sons emitidos pela onça-parda}}
* {{Link|en|2=http://lynx.uio.no/catfolk/puma-01.htm|3=Cat Specialist Group}}
* {{Link|en|2=http://www.mortay.com/Cougar/LionIntro.html|3=Mountain Lions on the Web}}
* {{Link|en|2=http://www.coryi.org/Florida_panther/Miscellaneous_Panther_Material/Genomic%20ancestry%20of%20the%20American%20puma.pdf|3=Genomic ancestry (em inglês)}}
* Guia de Convivência Gente e Onças - {{Link|pt|2=http://www.amazonarium.com.br/docs/guiadeconvivenciagenteoncas.pdf|3=livro ilustrado, conteúdo adicional sobre a onça-parda}}
* ARKive&nbsp;– {{Link|en|2=http://www.arkive.org/puma/puma-concolor/|3=imagens e vídeos da onça-parda.}}
* Animal Diversity Web &nbsp;– {{Link|en|2=http://animaldiversity.ummz.umich.edu/accounts/Puma_concolor/|3= ''Puma concolor'' Cougar - Perfil da espécie}}
* The Cougar Network - {{Link|en|2=http://www.cougarnet.org/|3= organização que visa estudar a ecologia e expansão da onça-parda em áreas que foi extinta na América do Norte}}
* Projeto Puma - {{Link|pt|2=http://www.projeto-puma.org/page_main_port3.html|3=projeto que desenvolve estudos sobre a onça-parda no Paraná e Santa Catarina}}

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