Pedro Valdo: diferenças entre revisões
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| imagem = [[Imagem:WaldoAtLutherDenkmal.JPG|thumb|300px|Estátua de Pedro Valdo no memorial [[Martinho Lutero]] em Worms, Alemanha. (1868)]] |
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| morte_data = 1205 (64-65 anos) |
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| nacionalidade = Francesa |
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⚫ | '''Pedro Valdo''', em [[Língua francesa|francês]] '''Pierre Vaudès''' ou '''de Vaux''', (c. 1140 – c. 1205) foi um rico comerciante e líder religioso de [[Lyon]]. Em [[1176]], teve contato com uma tradução do [[Novo Testamento]] e decidiu abandonar todos os seus bens, com exceção daquilo que fosse necessário para o sustento de sua família. |
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⚫ | }}'''Pedro Valdo''', em [[Língua francesa|francês]] '''Pierre Vaudès''' ou '''de Vaux''', (c. 1140 – c. 1205) foi um rico comerciante e líder religioso de [[Lyon]]. Em [[1176]], teve contato com uma tradução do [[Novo Testamento]] e decidiu abandonar todos os seus bens, com exceção daquilo que fosse necessário para o sustento de sua família. |
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Um grupo de discípulos logo se formou, tornando-se conhecidos como os ''Pobres de Espírito''. Valdo e seus seguidores passaram, então, a pregar suas ideias pela região. Em virtude de sua recusa em interromper suas pregações, eles foram [[excomunhão|excomungados]] em [[1184]]. |
Um grupo de discípulos logo se formou, tornando-se conhecidos como os ''Pobres de Espírito''. Valdo e seus seguidores passaram, então, a pregar suas ideias pela região. Em virtude de sua recusa em interromper suas pregações, eles foram [[excomunhão|excomungados]] em [[1184]]. |
Revisão das 20h05min de 7 de janeiro de 2019
Pedro Valdo | |
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Outros nomes | Peter Waldo, Valdo, Valdes, Waldes, Pierre Vaudès ou de Vaux |
Nascimento | 1140 Lyon França |
Morte | 1205 (64-65 anos) |
Nacionalidade | Francesa |
Escola/tradição | Pré-Reforma: valdenses |
Pedro Valdo, em francês Pierre Vaudès ou de Vaux, (c. 1140 – c. 1205) foi um rico comerciante e líder religioso de Lyon. Em 1176, teve contato com uma tradução do Novo Testamento e decidiu abandonar todos os seus bens, com exceção daquilo que fosse necessário para o sustento de sua família.
Um grupo de discípulos logo se formou, tornando-se conhecidos como os Pobres de Espírito. Valdo e seus seguidores passaram, então, a pregar suas ideias pela região. Em virtude de sua recusa em interromper suas pregações, eles foram excomungados em 1184.
Mesmo após a morte de Pedro Valdo seus discípulos continuaram o movimento, sendo nomeados, então, os valdenses.
História
Muito de sua vida é desconhecido. Fontes existentes relatam que ele era um rico comerciante de roupas de Lyon e que era instruído.[1] Em 1173, em um certo domingo, quando se juntou à multidão que ouvia um trovador, sentiu-se tocado pelas suas palavras, e convidando-o para sua casa, tomou conta dele e ouviu-o. A passagem que o pregador recitava era sobre Aleixo de Roma, romano do século IV, que se converteu ao cristianismo e abriu mão dos bens materiais. Na manhã seguinte, Valdo se apressou em ir à escolas de teologia para buscar conselhos para a sua alma, e ele foi instruído de que havia muitos caminhos que levam a Deus, e perguntou qual destes seria o mais perfeito de todos. Responderam-lhe a passagem do Novo Testamento "O Mancebo Rico" (Mt 19:21) "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me."
Então Valdo se dirigiu à sua esposa, e a deu duas escolhas: manter a propriedade pessoal ou seus imóveis, pois tinha campos, casas, aluguéis, vinhas, moinhos e direitos de pesca. Descontente, ela decidiu por manter seus diversos imóveis. De sua casa ele fez um asilo a qualquer que tivesse sido tratado injustamente; grande parte disso ele deu às suas filhas que, sem consentimento de sua mulher, as mudou para o convento de Fontevraud-l'Abbaye; mas a maior parte de seu dinheiro ele deu aos pobres. Neste período, uma grande fome estava assolando a França e Alemanha. Valdo, então, deu pão com vegetais e carne a qualquer que viesse a ele, por três dias, em qualquer semana entre Pentecostes e a festa de Libertação de São Pedro.
Na festa de Assunção de Maria, jogando dinheiro aos pobres da vila, ele bramou: "Nenhum homem pode servir a dois senhores, Deus e Mamon." (Mt 6:24) Então seus conhecidos correram, pois o tiveram por louco. Mas indo a um lugar mais alto, disse:"Meus compatriotas e amigos, não estou louco como pensam, mas estou me vingando de meus inimigos, que me fizeram escravo, pois sempre tive mais cuidado com dinheiro do que com Deus, e servi a criatura no lugar do Criador. Sei que muitos me acusarão por agir abertamente, mas eu o faço por minha própria conta e por vós; na minha conta, pois quem me ver doravante possuindo algum dinheiro irá dizer que estou louco, e por vós, de modo que aprendam a colocar esperança em Deus e não nos ricos."
No dia seguinte, vindo da igreja, perguntou a um cidadão, que era conhecido seu, que desse-lhe algo para comer. Seu amigo, tomando-o para sua casa, disse: "Eu irei dar-lhe o que precisar enquanto eu viver." Quando isso chegou aos ouvidos de sua esposa, esta correu ao arcebispo da cidade, implorando-lhe que não deixasse seu marido mendigar pão de ninguém, a não ser dela. Aos que ouviram isto, foram tomados por tristeza.
Valdo foi conduzido à presença do arcebispo. Então sua mulher, agarrando-o pelo pescoço, disse: "Não convém, homem, que eu redima meus pecados dando-te esmolas, do que outros o fazendo?" Desde então não era autorizado a aceitar comida de quem quer que fosse, exceto de sua mulher.[2][3]
Movimento religioso
A medida que ganhava maturidade espiritual, Valdo começou a ensinar e pregar nas ruas partes memorizadas das escrituras e de textos da Igreja, como de Agostinho de Hipona, já traduzindo para a linguagem do povo. Começaram a surgir seguidores. Estes, receberam diversos nomes: Homens Pobres de Lyon, Os Pobres de Deus, Valdensianos ou valdenses.
Valdo encomendou uma tradução do Novo Testamento para o francês provençal, língua local na época. Pregadores leigos (não clérigos) passaram a palavra adiante. Depois, os valdenses começaram também a pregar o evangelho.
Os bispos ficaram descontentes que Valdo e seus seguidores estavam "invadindo" suas tarefas de pregação. Neste mesmo período houve um movimento, no sul da França, conhecido como Catarismo, também conhecidos como albigenses, seita gnóstica maniqueísta, o que aumentou a repressão da Igreja. Embora os valdenses possuíssem uma doutrina totalmente diferente da seita dos cátaros, a Igreja reprimiu qualquer discordância dogmática.[4]
Em 1179, para combater suas objeções, Valdo e seu discípulo foram a Roma procurar a aprovação papal para serem reconhecidos como uma ordem, então considerado "Ecclesiola in Ecclesia" (igreja dentro da igreja). O Papa Alexandre III exigiu que explicassem seus posicionamentos para três clérigos, da ordem dominicanos. Porém, suas reivindicações não foram consideradas e o papa não aprovou seu movimento, embora os tivesse autorizado a pregar em qualquer lugar desde que os bispos locais aprovassem, o que na prática seria em lugar nenhum. Valdo, ao retornar a Lyon, afirmou: "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens." em referência ao que disse o apóstolo Pedro em Atos 5:29. Desde então, Valdo passou a ser chamado de Pedro Valdo. Mesmo com a proibição, Pedro Valdo e seus seguidores continuaram. Pouco depois, no mesmo ano, o Terceiro Concílio de Latrão condenou os valdenses pelas pregações, mas sem os excomungar.[5]
Após saírem de Lyon, os valdenses se instalaram nos vales de Piedmont e em Luberom, região da França. Em 1184, o Papa Lúcio III excomungou Valdo e, em 1215, o Quarto Concílio de Latrão concordou.
Pedro Valdo e Francisco de Assis foram contemporâneos e apresentavam muitas semelhanças. Ambos vieram de famílias ricas de mercadores; morreram com diferença de 20 anos entre um e outro; se converteram após ouvirem a história do mancebo rico e Jesus; abriram mão de suas posses e enfatizaram a importância de pregar o Evangelho sobre os sacramentos, e seus seguidores continuaram o legado; dando ênfase na importância dos sacramentos.O fato de Valdo ser declarado herético e Francisco um santo tem mais a ver com a mudança da percepção na Igreja de que os clérigos e monges haviam negligenciado as pregações do que diferenças teológicas propriamente ditas. Embora os seguidores de Valdo negassem o purgatório e a eficácia das orações pelos mortos, eram os seguidores de São Francisco que adotaram uma posição mais radical sobre a Era do Espírito Santo, e de que a era de obedecer ao mandamento de Cristo "fazei isto em memória de mim" havia terminado.
Por três séculos, a Igreja perseguiu os valdenses. Se retirando de lugar em lugar, eles se apegaram às Escrituras, e os pregadores leigos continuaram a espalhar os pontos de vistas reformados, depois foram encontrados em movimentos posteriores como o movimento dos franciscanos e no protestantismo. Deveras, a maioria dos valdenses se uniu aos protestantes durante a Reforma Protestante. Aqueles que permaneceram nos alpes, entretanto, mantiveram sua identidade preservada. A Itália concedeu liberdade religiosa aos valdenses somente em 1858.[6]
Referências
- ↑ Perrin, Jean Paul (1884). History of the Old Waldenses Anterior to the Reformation. Nova York, NY: Macon & co.
- ↑ «Internet History Sourcebooks Project». sourcebooks.fordham.edu. Consultado em 24 de dezembro de 2018
- ↑ ROBINSON, JAMES HARVEY (1905). Readings in European History. Boston: Ginn & Company. pp. 381–383
- ↑ Macedo, José Rivair (2000). Heresia, Cruzada e Inquisição na França Medieval. Porto Alegre: EdiPUCRS
- ↑ Cameron, Euan (2000). Waldenses: Rejections of Holy Church in Medieval Europe. Oxford: Blackwell Publishers
- ↑ Wylie, J. A. (1858). The History of the Waldenses. Londres: James Nisbet