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Viés de cascata: diferenças entre revisões

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'''Viés de cascata''' é um conceito que surgiu no campo da [[ciência forense]] em um artigo liderado por [[Itiel Dror]]<ref name="Morgan">{{Citar web |ultimo=Morgan |primeiro=Ruth |url=https://www.ruth-morgan.com/post/cascade-bias |titulo=Cascade bias |data=2018-08-24 |acessodata=2023-11-19 |website=Ruth Morgan |lingua=en}}</ref> para indicar a tendência de informações e conclusões tiradas em uma etapa da investigação influenciar as impressões e conclusões tiradas em etapas posteriores da investigação.
'''Viés de cascata''' é um conceito que surgiu no campo da [[ciência forense]] em um artigo liderado por [[Itiel Dror]]<ref name="Morgan">{{Citar web |ultimo=Morgan |primeiro=Ruth |url=https://www.ruth-morgan.com/post/cascade-bias |titulo=Cascade bias |data=2018-08-24 |acessodata=2023-11-19 |website=Ruth Morgan |lingua=en}}</ref> para indicar a tendência de informações e conclusões tiradas em uma etapa da investigação influenciar as impressões e conclusões tiradas em etapas posteriores da investigação.


Isto pode ocorrer quando por exemplo o perito responsável por coletar as evidências em uma cena de crime é o mesmo que realizará o trabalho forense de análise no laboratório. Neste caso, a interpretação e conclusões da análise ou a própria análise laboratorial pode ser influenciada por informações contextuais irrelevantes que o perito tenha sido exposto na cena do crime. Outro exemplo é quando o responsável pelo trabalho pericial em uma etapa posterior tenha tido acesso a informações de etapas anteriores da investigação desnecessárias para a realização de seu trabalho mas com potencial influenciar suas conclusões.<ref name="Dror">{{Citar periódico |url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1556-4029.13496 |título=Letter to the Editor — The Bias Snowball and the Bias Cascade Effects: Two Distinct Biases that May Impact Forensic Decision Making |data=2017-05 |acessodata=2023-11-19 |periódico=Journal of Forensic Sciences |número=3 |ultimo=Dror |primeiro=Itiel E. |ultimo2=Morgan |primeiro2=Ruth M. |paginas=832–833 |lingua=en |doi=10.1111/1556-4029.13496 |issn=0022-1198 |ultimo3=Rando |primeiro3=Carolyn |ultimo4=Nakhaeizadeh |primeiro4=Sherry}}</ref>
Isto pode ocorrer quando por exemplo o perito responsável por coletar as evidências em uma cena de crime é o mesmo que realizará o trabalho forense de análise no laboratório. Neste caso, a interpretação e conclusão da análise ou a própria análise laboratorial pode ser influenciada por informações contextuais irrelevantes que o perito tenha sido exposto na cena do crime. Outro exemplo é quando o responsável pelo trabalho pericial em uma etapa posterior tenha tido acesso a informações de etapas anteriores da investigação que são desnecessárias para a realização de seu trabalho mas com potencial de influenciar suas conclusões.<ref name="Dror">{{Citar periódico |url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1556-4029.13496 |título=Letter to the Editor — The Bias Snowball and the Bias Cascade Effects: Two Distinct Biases that May Impact Forensic Decision Making |data=2017-05 |acessodata=2023-11-19 |periódico=Journal of Forensic Sciences |número=3 |ultimo=Dror |primeiro=Itiel E. |ultimo2=Morgan |primeiro2=Ruth M. |paginas=832–833 |lingua=en |doi=10.1111/1556-4029.13496 |issn=0022-1198 |ultimo3=Rando |primeiro3=Carolyn |ultimo4=Nakhaeizadeh |primeiro4=Sherry}}</ref>


Em um estudo 38 participantes foram expostos a informações contextuais irrelevantes para avaliar o efeito desta informação em suas conclusões posteriores. Estes participantes simularam uma situação de crime onde moldes de esqueletos masculinos, sendo que eles desconheciam a sexualidade dos esqueletos, foram obtidos aós uma escavação. Nessas sepulturas haviam esqueletos vestidos com roupas neutras e outros com roupas femininas. Um grupo teve acesso a informação de quais roupas os esqueletos vestiam no momento da escavação, enquanto um grupo de controle realizou a análise antropológica forense dos restos do esqueleto sem qualquer informação do vestuário. O resultado indicou que as conclusões foram fortemente influenciadas pela informação contextual da vestimenta dos esqueletos, mesmo essas devendo ser irrelevantes para suas conclusões. A título de exemplo, apenas um estudante foi capaz de identificar corretamente que o molde de esqueleto masculino identificado como vestindo roupas femininas no momento da escavação eram um esqueleto masculino e não feminino.<ref name="Morgan"/><ref>{{Citar periódico |url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1556-4029.13569 |título=Cascading Bias of Initial Exposure to Information at the Crime Scene to the Subsequent Evaluation of Skeletal Remains, |data=2018-03 |acessodata=2023-11-19 |periódico=Journal of Forensic Sciences |número=2 |ultimo=Nakhaeizadeh |primeiro=Sherry |ultimo2=Morgan |primeiro2=Ruth M. |paginas=403–411 |lingua=en |doi=10.1111/1556-4029.13569 |issn=0022-1198 |ultimo3=Rando |primeiro3=Carolyn |ultimo4=Dror |primeiro4=Itiel E.}}</ref>
Em um estudo, 38 participantes foram expostos a informações contextuais irrelevantes para avaliar o efeito desta informação em suas conclusões posteriores. Estes participantes simularam uma situação de crime onde moldes de esqueletos masculinos (sendo que os participantes desconheciam a sexualidade dos esqueletos) foram obtidos após uma escavação. Na simulação os esqueletos encontrados estavam vestidos com roupas neutras e outros com roupas femininas. Um grupo teve acesso a informação de quais roupas os esqueletos vestiam no momento da escavação, enquanto um grupo de controle realizou a análise antropológica forense dos restos do esqueleto sem qualquer informação do vestuário. O resultado indicou que as conclusões foram fortemente influenciadas pela informação contextual da vestimenta dos esqueletos, mesmo essas devendo ser irrelevantes para as conclusões. A título de exemplo, apenas um estudante foi capaz de identificar corretamente que o molde de esqueleto masculino identificado como vestindo roupas femininas no momento da escavação eram um esqueleto masculino e não feminino.<ref name="Morgan"/><ref>{{Citar periódico |url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1556-4029.13569 |título=Cascading Bias of Initial Exposure to Information at the Crime Scene to the Subsequent Evaluation of Skeletal Remains, |data=2018-03 |acessodata=2023-11-19 |periódico=Journal of Forensic Sciences |número=2 |ultimo=Nakhaeizadeh |primeiro=Sherry |ultimo2=Morgan |primeiro2=Ruth M. |paginas=403–411 |lingua=en |doi=10.1111/1556-4029.13569 |issn=0022-1198 |ultimo3=Rando |primeiro3=Carolyn |ultimo4=Dror |primeiro4=Itiel E.}}</ref>


Para mitigar este tipo de viés o ideal é que cada etapa da investigação seja realizada por pessoas diferentes e a definição prévia de quais informações produzidas nas etapas anteriores são realmente necessárias de serem informadas ao perito que realizará a etapa posterior da investigação, de modo a permitir que seu trabalho seja feito sem que informações irrelevantes para seu trabalho possam induzi-lo ao engano.<ref name="Dror"/>
Para mitigar este tipo de viés o ideal é que cada etapa da investigação seja realizada por pessoas diferentes e a definição prévia de quais informações produzidas nas etapas anteriores são realmente necessárias de serem informadas ao perito que realizará a etapa posterior da investigação, de modo a permitir que seu trabalho seja feito sem que informações irrelevantes possam induzi-lo ao engano.<ref name="Dror"/>


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Edição atual tal como às 22h52min de 19 de novembro de 2023

Viés de cascata é um conceito que surgiu no campo da ciência forense em um artigo liderado por Itiel Dror[1] para indicar a tendência de informações e conclusões tiradas em uma etapa da investigação influenciar as impressões e conclusões tiradas em etapas posteriores da investigação.

Isto pode ocorrer quando por exemplo o perito responsável por coletar as evidências em uma cena de crime é o mesmo que realizará o trabalho forense de análise no laboratório. Neste caso, a interpretação e conclusão da análise ou a própria análise laboratorial pode ser influenciada por informações contextuais irrelevantes que o perito tenha sido exposto na cena do crime. Outro exemplo é quando o responsável pelo trabalho pericial em uma etapa posterior tenha tido acesso a informações de etapas anteriores da investigação que são desnecessárias para a realização de seu trabalho mas com potencial de influenciar suas conclusões.[2]

Em um estudo, 38 participantes foram expostos a informações contextuais irrelevantes para avaliar o efeito desta informação em suas conclusões posteriores. Estes participantes simularam uma situação de crime onde moldes de esqueletos masculinos (sendo que os participantes desconheciam a sexualidade dos esqueletos) foram obtidos após uma escavação. Na simulação os esqueletos encontrados estavam vestidos com roupas neutras e outros com roupas femininas. Um grupo teve acesso a informação de quais roupas os esqueletos vestiam no momento da escavação, enquanto um grupo de controle realizou a análise antropológica forense dos restos do esqueleto sem qualquer informação do vestuário. O resultado indicou que as conclusões foram fortemente influenciadas pela informação contextual da vestimenta dos esqueletos, mesmo essas devendo ser irrelevantes para as conclusões. A título de exemplo, apenas um estudante foi capaz de identificar corretamente que o molde de esqueleto masculino identificado como vestindo roupas femininas no momento da escavação eram um esqueleto masculino e não feminino.[1][3]

Para mitigar este tipo de viés o ideal é que cada etapa da investigação seja realizada por pessoas diferentes e a definição prévia de quais informações produzidas nas etapas anteriores são realmente necessárias de serem informadas ao perito que realizará a etapa posterior da investigação, de modo a permitir que seu trabalho seja feito sem que informações irrelevantes possam induzi-lo ao engano.[2]

Referências

  1. a b Morgan, Ruth (24 de agosto de 2018). «Cascade bias». Ruth Morgan (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2023 
  2. a b Dror, Itiel E.; Morgan, Ruth M.; Rando, Carolyn; Nakhaeizadeh, Sherry (maio de 2017). «Letter to the Editor — The Bias Snowball and the Bias Cascade Effects: Two Distinct Biases that May Impact Forensic Decision Making». Journal of Forensic Sciences (em inglês) (3): 832–833. ISSN 0022-1198. doi:10.1111/1556-4029.13496. Consultado em 19 de novembro de 2023 
  3. Nakhaeizadeh, Sherry; Morgan, Ruth M.; Rando, Carolyn; Dror, Itiel E. (março de 2018). «Cascading Bias of Initial Exposure to Information at the Crime Scene to the Subsequent Evaluation of Skeletal Remains,». Journal of Forensic Sciences (em inglês) (2): 403–411. ISSN 0022-1198. doi:10.1111/1556-4029.13569. Consultado em 19 de novembro de 2023