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Usuário:AlexSP/Testes

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A Parábola dos Vales e dos Montes é uma Parábola de Jesus que aparece em apenas um dos evangelhos canônicos do Novo Testamento. O foco desta parábola que é encontrada em Lucas 03:04–06 é a Salvação.


Narrativa

"

4. como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas;

5. Todo o vale será aterrado, E todo o monte e outeiro será arrasado, Os caminhos tortos far-se-ão direitos, E os escabrosos planos.

6. Todo o homem verá a salvação de Deus.

"

S:Tradução Brasileira da Bíblia/Lucas/III


Interpretação

João se pôs impetuosamente contra a visão exclusivista dos judeus; ainda que fossem um povo privilegiado, a salvação não era somente para eles. "E toda a humanidade", disse João, "verá a salvação de Deus" (Lc 3:6). [1]

Para os gentios, assim como para os judeus, devia ser concedido o arrependimento para a vida (At 11:18). Desse modo, nessa pitoresca proclamação, João visualizou um mundo sob o controle do Rei, não uma nação favorecida. O Cordeiro de Deus, que estava para morrer, levaria, pela sua morte, o pecado do mundo. Sabendo tudo sobre o terrível perigo da nação que ele representava, e a necessidade do mundo como um todo, o chamado de João ao arrependimento era impetuoso e. insistente. Todos os obstáculos deveriam ser retirados. Nada deveria impedir a jornada do Rei, nem bloquear a marcha de Deus.[1]

Todo vale se encherá

É muito significativo que o primeiro grande obstáculo a que João se refere é o vale vazio, não o monte. Esses vales vazios dificultam a chegada do rei até nós. Qual é a mensagem por trás do uso da linguagem metafórica de João? Qual deve ser o significado lógico de vales, montes, outeiros, coisas tortuosas e caminhos escabrosos? Tratando-se de passagens simbólicas e parabólicas, não devemos esquecer que as parábolas nem sempre podem ser consideradas na sua totalidade. Em algumas parábolas, existem disparidades. Por exemplo: quando a vinda de Cristo é comparada a um ladrão, não quer dizer que virá como um ladrão ímpio e desonesto para furtar e roubar. Deve-se ter o cuidado de não forçar os detalhes menos importantes da parábola para além da analogia da fé. [1]

O enchimento dos vales pode mostrar que Deus está desejoso de abençoar o pecador pobre e frustrado que, como os vales, encontra-se com o espírito abatido. O chamado de João ao arrependimento quer dizer que, pela livre graça de Deus, os pecadores poderão ser tirados do monturo para ficar entre os príncipes. A humanidade acha-se debaixo de uma maldição, numa vil condição. Mortos no pecado, os pecadores estão caídos e não podem levantar-se. Mas Deus é capaz de erguer o caído. Em certo sentido, o desespero pode ser um vale profundo; mas o desespero em relação a qualquer suficiência de nós mesmos, a qualquer valor, poder e força própria é um santo desespero. Esse vale de humildade e de auto-humilhação nunca deve ser cheio. A auto-exaltação é abominável a Deus. [1]

"... para que ninguém se glorie perante ele" (ICo 1:29). Os vales são cheios, ou exaltados, quando, como diz o experiente Benjamin Keach, os pecadores são levantados:


De um estado de ira para um estado de graça;

de um estado de morte para um estado de vida;

de um estado de condenação para um estado de justificação;

da temível maldição de Deus, ou maldição da lei, para toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo Jesus;

de filhos de Satanás, ou filhos da ira, para se tornarem filhos de Deus;

do poder de Satanás para o reino do Filho do seu amor;

de detestáveis à ira de Deus no inferno para a herança da vida e da glória eterna nos céus.


As perguntas práticas são: "Existe algum vale na sua vida e na minha que não tenha sido enchido? Quantas almas Deus têm perdido por causa destes vales vazios?".[1]


Se abaixará todo monte e outei-ro

Nessa outra figura, João vai ainda mais fundo. Que obstáculos eram esses interditando deliberadamente o caminho de Deus? Esses montes e outeiros tinham aplicação inequívoca aos fariseus dos dias de João. Em seu orgulho e arrogância, eles e os intérpretes da lei "rejeitaram o conselho de Deus quanto a si mesmos" (Lc 7:30). O orgulho sempre foi o grande obstáculo no caminho de Deus para o coração dos homens. Parece inacreditável que o homem possa obstruir os esforços divinos. "Estrita e severa vigilância deve ser empregada contra toda forma de orgulho, de arrogância, de bairrismo, de soberba, de altivez e de superioridade." [1]

A soberba dos fariseus se expressa na confissão de um deles: "O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens...". Jactavam- se da própria justiça, apesar de rejeitarem a justiça divina (Rm 10:3). Pensando-se justos, desprezavam os outros (Lc 18:9). Assim, sentiam-se como montes no que diz respeito aos seus privilégios legais como povo da aliança de Deus (Jo 8:33). Também se gabavam de só eles deterem o segredo do conhecimento e, portanto, serem os únicos professores e senhores de Israel. Mas tinham uma confiança carnal (Rm 2:17-21), e o altivo pensamento que nutriam precisava ser abatido (Is 2:11-14). O dinâmico ministério de João tirou os poderosos de seus assentos. A humilhação é o único caminho para a exaltação (ICo 1:26,27; Mt 11:35; Fp 2:9). [1]

Existem outras aplicações, porém, que podemos fazer dos montes e outeiros. Os judeus precisavam aprender que deveriam ser postos no mesmo nível dos gentios, sendo co-herdeiros da mesma graça. Cristo, por sua morte, não desfez a aliança da lei e os privilégios dela decorrentes, possibilitando a todos os que cressem que fossem feitos um nele? Desse modo os nossos pecados e as nossas iniquidades devem parecer montes que alcançam os céus e merecem a ira e a vingança divina. Mas, graças a Deus, esse monte pode ser aplanado e atirado para dentro do mar (Mq 7:19). Que monte de culpa o nosso! Já foi, no entanto, aplanado na hora do nosso arrependimento, fé e justificação (lPe 2:24). [1]

Os monarcas orgulhosos podem parecer montes: "Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma campina" (Zc 4:7). Deus sabe como privar o mais soberbo monarca de todo o seu poder e reino, visto que é por causa dele que os reis governam e, portanto, devem viver e agir com humildade. Que fim vergonhoso e humilhante tiveram ditadores tirânicos e orgulhosos como Adolph Hitler e Benito Mussolini![1]


Montes

Também pode ser aplicado a Satanás e às suas hostes da maldade, os quais, antes exaltados nas alturas, tentaram ser como Deus. Eles foram, porém, depostos e exercem o seu diabólico reinado sobre a humanidade. Essas potestades satânicas ainda regem os filhos da desobediência. Cristo, porém, por sua morte e ressurreição, aplanou esses montes e outeiros amaldiçoados, o que significa que os privou de todos os seus poderes, governo e autoridade. Para esse fim foi Cristo manifesto. Foi ele quem espoliou esses principados e potestades, e triunfou sobre eles (Cl 2:15). Satanás está debaixo de seus pés: "... para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte..." (Hb 2:14,15). [1]

Outros montes e outeiros que devem ser nivelados são as imaginações arrogantes e os pensamentos altivos que se inflam contra o conhe- cimento de Deus (2Co 10). A riqueza e a sabedoria deixam os homens carnais orgulhosos e soberbos, e, uma vez elevados a um altivo pináculo, desprezam os menos afortunados. A humildade e a humilhação de espírito encontram a aprovação de Deus. [1]

"O rico, porém, glorie-se na sua in-significância" (Tg 1:9,10). Se o mais humilde tiver mais graça, for mais parecido com Cristo, será mais elevado do que aquele que é rico no mundo, mas não galgou os degraus da humildade. "Quando se abaterem, dirás: Haja exaltação! E Deus salvará o humilde (Jó 22:29). [1]

O que é tortuoso se endireitará

A hierarquia religiosa que João Batista encontrou era tortuosa em vários. aspectos. Suas estradas não estavam bem endireitadas; portanto, Deus não podia chegar até eles. Eram tortuosos na interpretação da lei, cuja regra estrita era: "O homem que fizer estas coisas viverá por elas" (Rm 10:5). Mas os escribas e fariseus não tinham uma justiça que se equipa-rasse à lei de Deus. Como diz Benja-min Keach: "Eram tortuosos, algumas vezes curtos numa mão e largos na outra. Pois em muitos casos não faziam o que a lei exigia; e em outros faziam o que a lei proibia ou não exigia; no entanto, pensavam que as suas opiniões e a vida que levavam eram mais retas que a dos outros, quando na verdade eram eles os mais tortuosos". Cristo veio para que seus princípios, práticas e opiniões tortuosos fossem endireitados; e aqueles que criam eram consertados por ele, na fé e na prática. [1]

O que é tortuoso também se aplica àquelas formas de adoração que Cristo nunca instituiu nem determinou. Todas as falsas ordenanças em desacordo com a regra do NT para a adoração bem como a ministração dessas ordenanças são tortuosidades e devem submeter-se às normas divinas. [1]

Assim, existe tortuosidade na vida e no viver. A vontade e a Palavra de Deus formam a única regra de vida. Pecar significa errar o alvo, desviando-se do prumo divino, transgredindo a lei de Deus; e assim os caminhos pecaminosos são caminhos tortuosos. Quando Paulo declarou que a mente carnal não está "sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser" (Rm 8:7), queria dizer que, como pecadores, nascemos tortuosos e tornamo-nos mais tortuosos pela prática. Somente Cristo, pelo poder do seu Espírito, pode fazer cada parte da nossa vida harmonizar-se com a vontade divina. [1]


E os caminhos escabrosos se aplanarão

Pode parecer um remoto lamento dos montes aos caminhos escabrosos, mas todos eles aparecem na visão de João e são claramente concebidos por ele como obstáculos que retardam a marcha do Rei (em sua pressa por alcançar a alma dos homens). Rochas, pedras brutas, tudo compartilha de um caráter de impedimento e deve ser retirado, para que o Rei prossiga o seu caminho. Deus já havia mandado as pedras de tropeço serem retiradas do caminho (Is 57:14). Queria que o caminho ficasse sem impedimentos, plano e fácil, mas os fariseus tinham posto muitos obstáculos no caminho do homem em direção a Deus e vice-versa. Porventura não existe uma mensagem pertinente para o nosso coração, quando somos chamados a aplainar os lugares escabrosos? Talvez não haja nada de errado na vida —nenhum vale para ser cheio, nenhum monte para ser aplainado, nenhuma tortuosidade para ser tratada. Estamos salvos e bem estabelecidos na vida cristã, mas pode ser que tenhamos uma disposição escabrosa, um acidentamento que impede e dificulta a aproximação. Sem nos darmos conta, as nossas palavras ferem e ofendem. Existe uma austeridade de modos, algo proibido e não atraente em nós, que impede o Rei de alcançar os outros. Falta suavidade na vida. Existem lombadas nas estradas. Que o Senhor, como restaurador de caminhos, possa tirar de nós todos esses rudes traços de obstrução, tão danosos ao testemunho eficaz! [1]

O principal propósito no nivelamento dos montes, na terraplenagem dos vales, no conserto das tortuosidades e na suavização das estradas escabrosas é que toda a humanidade possa ver a salvação de Deus e testemunhara revelação de sua glória —a glória do seu amor, justiça, santidade, verdade, graça e poder. Cristo veio ao mundo para manifestar os gloriosos atributos da bendita Trindade. [1]

Comentários bíblicos

  • 3:4: como está escrito ao livro das palavras do profeta Isaías:

Voz do que clama no deserto:

Prepara o caminho do endireitei as suas veredas.

O evangelho de Marcos começa neste ponto, com o ministério de João

Batista mas os evangelhos de Mateus e Lucas dão informes sobre períodos anteriores a esse, fornecendo-nos os registros sobre a infância de Jesus. Genealogias e diversas profecias feitas por Isabel, Maria, Zacarias, Simeão e Ana, além do incidente ocorrido quando da juventude de Jesus, descrito na última porção do segundo capítulo do evangelho de Lucas. Tal como o profeta Amós (3:8), João sentiu a compulsão divina de profetizar porque Deus falara, e assim sendo, João Batista é descrito quase nos mesmos termos em que o V.T. descreve os seus profetas. Essencialmente, profeta é aquele que profere uma mensagem em lugar de Deus, sem importar se suas declarações sejam ou não acompanhadas pelo elemento da predição.


...no deserto... Referido pelos três evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas), mui provavelmente indica a planície ou vale do Jordão, El Ghor. João Batista ministrava na margem oriental do rio Jordão (conforme lemos em João 10:40), embora usualmente o fizesse na margem ocidental. Lucas indica que João efetuou um ministério peripatético, por toda a região em volta do Jordão. No evangelho de Marcos a profecia se deriva de Mal. 3:1 e é seguido o texto da LXX . Lucas omite essa referência, mas dá o trecho de Is. 40:3, que tanto em Lucas como em Marcos também se baseia na LXX. A voz do profeta é vinculada ao ministério no deserto, e o «Senhor», neste caso, significa «o Messias», pelo que a doutrina de João Batista, como precursor, é vista como algo consubstanciado pelas profecias do V.T. As

«veredas de Deus» passam a ser então as veredas do Messias, ou conforme o texto diz «...as suas veredas».


ESTE texto é paralelo do trecho de Mat. 3:1-12 e de Marc. 1:1-8, onde existem versículos paralelos da exposição que pode ser encontrada em Mateus, que é o evangelho mais perfeitamente anotado. Onde há versículos em Lucas, que Mateus não contém, as anotações aparecem no evangelho de Lucas.


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Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q Herbert Lockyer, ISBN 8573675217