Invasões bárbaras da Península Ibérica
Este artigo não cita fontes confiáveis. (Setembro de 2013) |
Mapa das invasões bárbaras no Império Romano mostrando as principais incursões entre os anos 100 e 500 | ||
Série História da península Ibérica | ||
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Dá-se o nome de invasões bárbaras à série de migrações de vários povos germânicos para a península Ibérica, que viriam a alterar radicalmente a organização da região até então denominada Hispânia sob o Império Romano. Integradas no período das migrações que ocorreu entre os anos 300 a 800[1] em toda a Europa, estas migrações marcaram a transição da Antiguidade para a Idade Média e terão sido desencadeadas pelas incursões dos Hunos e pressões populacionais a partir da Europa central.
Migrações bárbaras na península Ibérica
A partir de 409 chegaram à Lusitânia, província romana que correspondia sensivelmente ao Centro e Sul de Portugal e a Cáceres, Badajoz, Salamanca e parte de Segóvia e Madrid na Espanha — os grandes bandos de alanos, vândalos e suevos, povos que tinham sido violentamente arrancados das suas terras pela invasão dos hunos e que, depois dessa expulsão, se deslocaram pela Europa, para Ocidente, em busca de novas terras onde se instalar. Em linhas gerais, os alanos eram oriundos da região do Cáucaso; os Vândalos constituíam-se em povos germânicos de origem escandinava; e os suevos, também germânicos, eram aparentados com os grupos anglo-saxões que, por esta altura, foram instalar-se na Inglaterra.
Entre estes, apenas os suevos apresentavam uma organização política. A esta invasão assistiu Paulo Orósio, presbítero de Braga, que deixou registrado que "depressa trocaram a espada pelo arado e se fizeram amigos". Organizaram um reino que abrangia a Galiza e tinha capital em Braga; o reino alargou-se depois para o Sul do rio Douro. Neste reino nasceria a língua e nacionalidade galaico-portuguesa.
Este grupos de bárbaros não parecem ter sido numerosos; ainda assim, subjugaram as províncias romanas com grande rapidez e, depois de instalados, não encontraram grandes resistências por parte das populações nativas, facto que se relaciona com as condições sociais da conjuntura de crise que antecedeu a Queda do Império Romano do Ocidente: uma depressão econômica atingira as cidades, enfraquecendo as classes médias e agravando as condições dos camponeses. O fim das conquistas tornara difícil a obtenção de mão-de-obra escrava, base sobre a qual assentava a economia romana. Desse modo, a população livre caía numa situação de semiescravatura.
Com as invasões desapareceram todos os quadros do Estado, mas manteve-se de pé a organização eclesiástica. A maior parte da população hispano-romana era cristã e o território estava dividido em paróquias. Ainda no século V, os Suevos aceitaram a nova religião, que mais tarde seria também adoptada pelos Visigodos.
Alanos, Suevos e Vândalos
Em 406, os Alanos, Suevos e Vândalos chegaram à Hispânia. Empurrados pelos Alanos para noroeste, os Suevos mais os Búrios fundaram um reino na antiga província romana da Galécia (actual norte de Portugal e Galiza), o Reino Suevo que duraria entre os anos 409 a 585.
Os vândalos, pouco mais de 80.000, ocuparam o sul, na actual Andaluzia. Estilicão foi obrigado a chamar as legiões estacionadas na Britânia e na Gália do norte, acabando assim com o domínio romano sobre a Britânia.
Os alanos acabariam por ser etnicamente absorvidos pelos Vândalos em direcção a África. Potenciados pelas divergências religiosas da sua vertente ariana contra o catolicismo romano, os Vândalos confrontar-se-iam daí para a frente várias vezes com o Império romano.
A dominação Sueva seria terminada pelos Visigodos aquando da sua incursão na Península, enquanto o reino vândalo seria conquistado por Belisário.
Visigodos
Para conquistar o domínio da península Ibérica, os Visigodos tiveram que enfrentar Suevos, Alanos e Vândalos que já se haviam aí fixado. Em compensação, obtêm de Roma o direito de se estabelecer como federados.
Com grande parte da península já fora do seu controlo, o Imperador Romano do Ocidente, Honório (r. 395-423), encarregou a sua irmã, Gala Placídia, e o seu marido, Ataúlfo, rei visigodo, de restaurar a ordem, concedendo-lhes o direito de se instalarem na península desde que cooperassem na defesa e manutenção da região.
Os visigodos conseguiram subjugar os suevos e expulsar os vândalos, que migraram para o Norte de África. Em 484, estabeleceram Toledo como capital.
Mais tarde os Visigodos seriam gradualmente empurrados da Gália pelos Francos, perdendo o seu reino de Tolosa, embora seu reino de Toledo tenha subsistido na Península Ibérica até 711, data em que se deu início a uma invasão muçulmana que os confinou a um pequena região nas Astúrias.
Impacto das migrações bárbaras na península Ibérica
Os visigodos caracterizaram-se pela imensa influência que receberam da cultura romana, realizando um importante trabalho de compilação cultural e jurídica. Destaca-se o Direito visigótico, que forneceu as bases da estrutura jurídica medieval na península Ibérica. Note-se que a ocupação visigótica não constituiu uma invasão propriamente dita, já que os visigodos foram, inclusive, assistidos no governo por hispano-romanos: o latim permaneceu a língua oficial e o cristianismo favoreceu a coesão dos povos na península Ibérica.
Notas
- ↑ As datas exactas podem variar; geralmente assinala-se o ano 410, data do saque de Roma por Alarico I e 751, início da Dinastia carolíngia.
- Enciclopédia Abril, págs. 445-446, Abril Cultural, 1973
- VARGUES, Guilherme, Bárbaros e Romanos: elementos da formação de um cenário dualista
- Revista Carcasse, (www.carcasse.com/revista/pesadelar/), coluna Pesadelar
- LAROUSSE, História do Mundo, edição portuguesa pela Selecções do Reader's Digest, No tempo das grandes invasões, Bernard Brossolet (dir.), 1997
- Ferreiro, Alberto. "Braga and Tours: Some Observations on Gregory's De virtutibus sancti Martini." Journal of Early Christian Studies. 3 (1995), p. 195–210.
- Thompson, E. A.. "The Conversion of the Spanish Suevi to Catholicism." Visigothic Spain: New Approaches. ed. Edward James. Oxford: Oxford University Press, 1980. ISBN 0-19-922543-1.