Mandacaru
Cereus jamacaru | |||||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||||
Cereus jamacaru DC. |
O mandacaru (Cereus jamacaru), também conhecido como cardeiro e jamacaru,[1] Planta da família das Cactaceae, gênero cactus. Arbustiva, xerófita, nativa do Brasil, disseminada no Semiárido do Nordeste. Mandacaru vem do tupi mãdaka'ru ou iamanaka'ru, que significa «espinhos em grupo que fazem mal, danificam».[2][3]
Características morfológicas
Nasce e cresce no campo sem qualquer trato cultural. A semente espalhada pelas aves ou pelo vento, não escolhe lugar para nascer. Até sobre telhados de casas rurais pode-se ver pé de mandacaru. O crescimento fica na dependência dos nutrientes do solo em que germina. A espécie típica do bioma caatinga pode atingir cinco até seis metros de altura. Adaptada a viver em ambiente de clima seco, com quantidades de água reduzidas, suas folhas se transformaram em espinhos, que acabam sendo elementos de defesa frente aos animais herbívoros.[4]
Suas raízes são responsáveis pela captação de água no lençol freático. O caule ou tronco colunar serve de eixo de sustentação e sua parte central, o miolo, contém vasos condutores da água e outras substâncias vitais à planta. Lateralmente ao caule, saem peças articuladas facetadas cuja morfologia lembra um grande castiçal com várias ramificações. A parte externa seja do tronco ou das brotações laterais, é protegida por uma grossa cutícula que impede a excessiva perda de água por transpiração. As flores desta espécie de cacto são brancas, muito bonitas e medem aproximadamente doze cm de comprimento. Desabrocham à noite e murcham ao nascer do sol. Alimentam as abelhas, especialmente a arapuã. Seus frutos têm uma cor violeta forte, um formato elipsoide, alcança quinze centímetros de comprimento e doze centímetros de diâmetro, em média. A polpa é branca com sementes pretas minúsculas, que servem de alimento para diversas aves típicas da caatinga.
Potencial forrageiro do mandacaru
Características gerais
Depois de queimados os espinhos dos ramos novos, essa cactácea pode ser usada para a alimentação animal, caracterizando-se como uma ótima fonte de alimento alternativo para bovinos, ovinos e caprinos no período da estiagem.[5]
Para ter sucesso é necessário que o plantio aconteça pelo menos um mês antes do início das chuvas. No segundo ano do plantio já se pode fazer o primeiro corte. De uma única planta, e sem risco de morte, é possível retirar material para o cultivo de outras cem.
Os tratos culturais requeridos são os mesmos da palma, ou seja, simplesmente a capina. Se o agricultor tiver esterco de curral, pode usar como adubo, já que o mandacaru responde bem à adubação orgânica. As técnicas simples para o plantio e manejo favorecem a implantação dos cultivos. Todos estes procedimentos são de baixo custo.
Estas características favorecem o uso do mandacaru de forma mais intensa. Com teores de proteína em torno de 11,41% e produção média de 78 toneladas por hectare, é uma planta com potencial forrageiro semelhante ao da palma. Cultivada em uma área da propriedade, a espécie é uma alternativa barata para melhor estruturar os sistemas de produção da agricultura familiar.
Plantio
Para a instalação de um campo de mandacaru, basta o produtor cortar pedaços dos galhos da planta, deixar secar de um dia para o outro, e enterrar apenas uma parte no solo. É um processo bem simples e de custo baixíssimo.
Testes realizados em campos experimentais da caatinga, e em propriedades de agricultores revelam o bom desempenho produtivo da espécie nativa. Em um hectare de caatinga, no espaçamento de um metro por um metro, é possível cultivar cerca de dez mil plantas e colher 78 toneladas de matéria verde ou 13,26 toneladas (17%) de matéria seca.
Variação
Uma novidade no trabalho do pesquisador são os testes em áreas de agricultores com variedades sem espinho de mandacaru em áreas do sertão. Estes materiais são originários de zonas próximas ao litoral do Ceará e Rio Grande do Norte, onde apresentam altura que varia de 3,5 a 5,5 metros, com copa bastante desenvolvida aos três anos de idade. Nos plantios instalados nos sertões da Paraíba e Pernambuco, o crescimento verificado foi menor, em função da quantidade inferior de chuvas. Todavia, apresenta a vantagem de não ter espinhos, o que facilita o seu manejo e utilização na alimentação dos animais na seca.
Referências
- ↑ FERREIRA, A.B.H. (1986). Novo dicionário da língua portuguesa, 2ª edição. [S.l.]: Nova Fronteira. 1.076 páginas
- ↑ Editores do Aulete (2007). «Verbete: mandacaru». Dic. Caldas Aulete. Consultado em 3 de agosto de 2014
- ↑ Apolinário Porto Alegre; Lothar Hessel (2004). Popularium Sul-Rio-Grandense: estudo de filologia e folclore. [S.l.]: UFRGS. 685 páginas. ISBN 9788570257420
- ↑ «Mandacaru [Coletivo Vagalumis]». vagalumis.eco.br. Consultado em 10 de novembro de 2015
- ↑ Potencial Forrageiro da Caatinga na Comunidade de Testa Branca, Uauá-Bahia. Cartilha. Gherman Araújo et al. Petrolina-PE, 2008.
Bibliografia
- Rito, Kátia F.; Rocha, Emerson A.; Leal, Inara R.; Meiado, Marcos V. (16 de abril de 2009). «As sementes de mandacaru têm memória hídrica?». Bol. Soc. Latin. Carib. Cact. Suc. 6 (1). Consultado em 13 de janeiro de 2017
- Meiado, Marcos Vinicius; De Albuquerque, Larissa Simões Corrêa; Rocha, Emerson Antônio; Rojas-Aréchiga, Mariana; Leal, Inara Roberta (1 de maio de 2010). «Seed germination responses of Cereus jamacaru DC. ssp. jamacaru (Cactaceae) to environmental factors». Plant Species Biology (em inglês). 25 (2): 120–128. ISSN 1442-1984. doi:10.1111/j.1442-1984.2010.00274.x