Cachoeira (Bahia)
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Município do Brasil | |||
Visão aérea da cidade. Ao centro, a Igreja Matriz. | |||
Símbolos | |||
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Hino | |||
Gentílico | cachoeirano(a) | ||
Localização | |||
Localização de Cachoeira na Bahia | |||
Localização de Cachoeira no Brasil | |||
Mapa de Cachoeira | |||
Coordenadas | 12° 37′ 04″ S, 38° 57′ 21″ O | ||
País | Brasil | ||
Unidade federativa | Bahia | ||
Municípios limítrofes | Conceição da Feira, Santo Amaro, Saubara, São Félix, Maragogipe e Muritiba.[1] | ||
Distância até a capital | 110[1] km | ||
História | |||
Fundação | 1531 (493 anos) | ||
Emancipação | 13 de março de 1837 (187 anos) | ||
Administração | |||
Prefeito(a) | Fernando Antônio da Silva (PSDB, 2017–2020) | ||
Características geográficas | |||
Área total [2] | 395,223 km² | ||
População total (IBGE/2019[3]) | 33 470 hab. | ||
Densidade | 84,7 hab./km² | ||
Clima | tropical úmido a seco subúmido | ||
Altitude | 50[1] m | ||
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) | ||
CEP | 44300-000 | ||
Indicadores | |||
IDH (PNUD/2010[4]) | 0,647 — médio | ||
PIB (IBGE/2017[5]) | R$ 494 150 mil | ||
PIB per capita (IBGE/2017[5]) | R$ 14 062,73 | ||
Sítio | www.cachoeira.ba.gov.br (Prefeitura) www.cachoeira.ba.leg.br (Câmara) |
Cachoeira é um município, no estado da Bahia, no Brasil. Situa-se às margens do Rio Paraguaçu. Está distante cerca de 120 km da capital do estado, Salvador. Sua área é de 395 quilômetros quadrados e a população, conforme estimativas do IBGE de 2019, era de 33 470[3] habitantes.
Cachoeira é uma das cidades baianas que mais preservaram a sua identidade cultural e histórica com o passar dos anos, o que a faz um dos principais roteiros turísticos históricos do estado. Além disto, a imponência do seu casario barroco, das suas igrejas e museus, levou a cidade a alcançar o status de "Cidade Monumento Nacional" e "Cidade Heroica" (pela participação decisiva nas lutas pela independência do Brasil[6]) a partir do Decreto nº 68.045, de 13 de janeiro de 1971, assinado pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.
O apogeu da cidade foi durante os séculos XVIII e XIX, quando seu porto era utilizado para escoamento de grande parte da produção agrícola do Recôncavo Baiano, principalmente açúcar e fumo, produtos até hoje produzidos no município, em virtude do clima e solo propícios da região. No início do século XX, porém, a economia da cidade entrou em declínio, somente se recuperando no final do século, quando novas empresas se instalaram na região.
A significativa presença de africanos e afrodescendentes em interação com europeus de variadas nacionalidades em Cachoeira durante o período escravista é um dos fatores que originaram a riqueza e diversidade da cultura popular em Cachoeira. Essa interação encontra-se presente no sincretismo religioso, com forte presença da cultura afro-brasileira e das manifestações do catolicismo. A cidade, hoje, é um baluarte cultural dentro da Bahia, o que se demonstra pelos seus inúmeros museus e movimentos populares.
História
Por volta do ano 1000, os índios tapuias que habitavam a região foram expulsos para o interior do continente devido à chegada de povos tupis procedentes da Amazônia. No século XVI, quando chegaram os primeiros europeus à região, a mesma era habitada pela tribo tupi dos tupinambás[7].
A fundação do povoado é atribuída ao célebre náufrago português Diogo Álvares Correia, o Caramuru.[8] Foi a iniciativa de duas famílias portuguesas, os Dias Adorno e os Rodrigues Martins, que possibilitou sua elevação a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário em 1674. Devido à sua localização estratégica, um entroncamento de importantes rotas que se dirigiam ao sertão, ao Recôncavo, às Minas Gerais ou a Salvador, então capital da colônia, logo passou a se enriquecer e, em 1698, tornou-se a Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira do Paraguaçu - o nome se dá por se situar próxima às quedas d'água presentes na cabeceira do Rio Paraguaçu.
O desenvolvimento do cultivo de cana-de-açúcar, da mineração de ouro no Rio das Contas e a intensificação do tráfico pelas estradas reais e da navegação do Rio Paraguaçu colaboraram para o rápido desenvolvimento econômico da região a partir do século XVIII. Já em inícios de 1800, a sociedade cachoeirana detinha grande influência política e participa ativamente das guerras pela Independência da Bahia, em 1821, constituindo a Junta de Defesa.[9]
A vila foi elevada à categoria de cidade por decreto imperial de 13 de março de 1837 (Lei Provincial nº 44).
Cachoeira é considerada monumento nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Cachoeira também é a segunda capital do estado, de acordo como a Lei Estadual nº 10.695/07. Todos os anos, no dia 25 de junho, o governo estadual é transferido para a cidade, num reconhecimento histórico pelos feitos da cidade em prol do país.[9][10]
Filhos Ilustres
- Ana Néri - enfermeira, chamada de "mãe dos brasileiros", por sua nobre atuação na Guerra do Paraguai.
- André Rebouças - engenheiro e abolicionista.
- Augusto Teixeira de Freitas - maior jurisconsulto das Américas.
- Dona Dalva Damiana de Freitas - operária charuteira, compositora, líder do Grupo de Samba de Roda Suerdieck e integrante da Irmandade da Boa Morte.
- Ernesto Simões Filho - fundador do jornal A Tarde.
- Manoel Tranquilino Bastos - maestro e instrumentista.
- Mateus Aleluia - cantor e compositor antigo membro do conjunto musical Os Tincoãs.
- Edson Gomes - músico e compositor, figura de destaque da música reggae no Brasil.
- Sine Calmon - músico e compositor, indicado ao Troféu Caimmy como revelação do ano da Categoria Instrumentista de cordas em 1988, integrante da banda "Sine Calmon & Morrão Fumegante".
- Edvaldo Brandão Correia - político.
- Lídice da Mata - político.
- Aristides Augusto Milton - político e jurista
Geografia
Clima
Possui clima predominantemente tropical, com estações bem definidas. Está situada numa região geograficamente composta por vales e montanhas, a cidade fica ao nível do mar, sendo banhada pelo Rio Paraguaçu.
Subdivisões
Como outros municípios brasileiros, Cachoeira possui distritos e povoados além do distrito-sede do município. São eles: povoado da Pinguela, Santo Antônio de Tibiri, povoado do Saco, povoado do Tupim, povoado do Alecrim, povoado do Calolé, São Francisco do Paraguaçu, povoado da Formiga, povoado do Ponto Certo, Povoado da Murutuba e distrito de Capoeiruçu ,Muritiba e Santiago do Iguape.
Dentro da sede da cidade destacam-se os bairros do Caquende, Alto da Levada e Cucuí de Caboclo, Tororó, Faceira, Cucuí de São Cosme e São Damião, Virador, Alto do Jenipapeiro, Alto do Cruzeiro, Rosarinho.
Educação
A cidade abriga o Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. A chegada de um dos campos da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e dos seus nove cursos de graduação à Cachoeira foi um importante marco para o crescimento e desenvolvimento da cidade. Atualmente, o CAHL funciona no Quarteirão Leite Alves (local onde existia uma fábrica de charutos no século XIX) e no prédio da Fundação Hansen Bahia.
Além da UFRB, existe um campus da Faculdade Adventista da Bahia, instituição instalada no ano de 1979 na cidade.
Atrações turísticas
Casa de Câmara e Cadeia Pública
Construída entre os anos de 1698 e 1712, a Casa de Câmara e Cadeia Pública situa-se no limite da parte plana de Cachoeira, posição estratégica para proteger o prédio das enchentes do Rio Paraguaçu. Por duas vezes, a construção foi sede do Governo Legal da Província. Foi nela ainda que Dom Pedro I foi aclamado Regente e Defensor do Brasil, em 1822. O sobrado possui elementos característicos do estilo barroco e mantém telas de importante valor histórico, como o "Retrato de D. Pedro II", de José Couto e "O primeiro passo para a independência da Bahia", de Antônio Parreiras. O prédio atualmente abriga a Câmara Municipal de Cachoeira e funciona como galeria e museu na parte interna inferior, onde antes se encontrava a cadeia. Atualmente a Câmara Municipal de Cachoeira é presidida pela Vereadora Adriana dos Santos Silva, que em 2014 passou ser a primeira mulher, e negra, a ocupar tão nobre cargo legislativo.
Convento e Igreja Nossa Senhora do Carmo
O Conjunto do Carmo, formado pelo Convento e pela Igreja da Ordem Terceira do Carmo, possui notável valor histórico e monumental. Encontra-se na Praça da Aclamação, região tombada pelo IPHAN. A Construção é de 1715, em estilo barroco. O interior da igreja é revestido de ouro e painéis de azulejos portugueses, abrigando também imagens de madeira de Macau. O prédio do Convento já acolheu o Paço da Câmara, a Casa da Moeda, quartel, pensão e até hospital. Atualmente, o espaço, que sofreu grande reforma em 1981, é ocupado por uma pousada e centro de convenções.
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário
Construção do Século XVIII localizada entre a Rua Ana Nery e a Praça 13 de Maio, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário leva o nome da santa padroeira do município. A igreja Se destaca pela riqueza de seu interior, que possui imagens, telas, alfaias, sacrário de prata e revestimento de azulejos historiados. Do interior de suas torres piramidais, também revestidas de azulejo, é possível apreciar a vista de quase toda a cidade de Cachoeira e parte de São Félix. O local possui um dos maiores conjunto de azulejos portugueses existente no Brasil, juntamente com o convento de São Francisco no centro histórico de Salvador. Um dos maiores fora de Portugal.[11]
Igreja Nossa Senhora da Ajuda
O edifício que abriga a Igreja Nossa Senhora da Ajuda foi construído em 1687. Trata-se da primeira igreja da cidade de Cachoeira. Construção de relevante importância arquitetônica abriga as imagens de Nossa Senhora da Ajuda, São Francisco de Assis, São Benedito, Santa Luzia, São Caetano e São Pedro. Nesta Igreja encontra-se a Irmandade de Nossa Senhora d´ Ajuda.
Imperial Ponte Dom Pedro II
Inaugurada em 7 de julho de 1885, a Imperial Ponte D. Pedro II foi construída sobre o Rio Paraguaçu, ligando as cidades de Cachoeira e São Felix, que situam-se nas suas margens. Sua estrutura é composta de ferro e lastros de madeira importados da Inglaterra e mede 365 m de comprimento e 9 m de largura. Significativa construção para a economia baiana no século XX e uma das principais obras de engenharia da América do Sul à época, a ponte é hoje também um dos cartões postais de Cachoeira.
Museu Regional da Cachoeira - Sede do IPHAN
Situado na Praça da Aclamação, o Museu Regional da Cachoeira e Sede do IPHAN encontra-se alojado em uma mansão colonial do século XVIII, dividida em dois pavimentos, como é também a característica das demais construções que o cercam. O sobrado foi uma das mais ricas e importantes residências baianas e pertenceu a diversas famílias de Cachoeira até ser doado ao IPHAN, em 1953. Após sofrer reforma e restauração, em 1966 a casa foi aberta ao público como museu. Seu acervo é composto por mobiliário colonial, uma parte trazida do Rio de Janeiro e outra parte doada pelos moradores de Cachoeira, além de registros fotográficos e edições da primeira metade do século XX dos principais jornais do estado da Bahia. Além de Museu, o edifício serve como sede regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que administra o Museu.
Centro Cultural da Irmandade da Boa Morte
Centro cultural com o objetivo de preservação da cultura afro-brasileira na Bahia e valorizar a tradicional festa que é patrimônio imaterial da Bahia, a Festa da Boa Morte. Foi reinaugurada em 2014, após ter sido reformado.[12]
Outras atrações
- Rio Paraguaçu
- Vila de Belém de Cachoeira (distrito municipal, a sete km do Centro de Cachoeira)
- Santuário Arquidiocesano de Santo Antônio de Santana Galvão - Vila de Belém
- Capela Nossa Senhora da Penha
- Convento de Santo Antonio do Paraguaçu
- São Francisco do Paraguaçu
- Aniversário da cidade (13 de março)
- Festa do Divino (maio)
- Festa de São João/Feira do Porto (21 a 25 de junho)
- Data Magna (25 de junho) - Cachoeira como Capital do Estado da Bahia
- Festa de Nossa Senhora da Boa Morte (13 a 15 de agosto)
- Festa de São Cosme e Damião (27 de setembro)
- Festa de Nossa Senhora do Rosário (7 de outubro)
- Flica (outubro data móvel)[13]
- Festa de Nossa Senhora D'Ajuda (1ª quinzena de novembro)
- Festa de Santa Cecília (22 de novembro)
- Festa de Santa Bárbara (4 de dezembro)
- Igreja de Nossa Senhora do Sagrado Coração do Monte Formoso
Cidades-irmãs
Cachoeira possui as seguintes cidades-irmãs:
Galeria
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Detalhe de construção do século XIX
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Igreja da Ordem Terceira do Carmo
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Pousada do Convento do Carmo
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Construções do século XIX
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Vista da ponte que liga Cachoeira a São Félix
Referências
- ↑ a b c Prefeitura Municipal da Cachoeira. «A Cidade > Localização Geográfica». Consultado em 30 de junho de 2008
- ↑ IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010
- ↑ a b «estimativa_dou_2019.xls». ibge.gov.br. Consultado em 11 de janeiro de 2020
- ↑ «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil» (PDF). Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 7 de agosto de 2013
- ↑ a b «Produto Interno Bruto dos Municípios - 2010 à 2017». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 de janeiro de 2020
- ↑ «Sede do governo da Bahia é transferida por uma semana para Cachoeira». G1.globo.com
- ↑ BUENO, E. Brasil: uma história. 2ª edição. São Paulo. Ática. 2003. p. 19.
- ↑ «Caestamosnos.org»
- ↑ a b Aqui Salvador (Correio da Bahia). «Capital por um dia». Correiodabahia.com.br. Consultado em 30 de junho de 2008
- ↑ Agecom. «Sede do Governo da Bahia é transferida para Cachoeira nesta sexta». Prodeb. Consultado em 30 de junho de 2008
- ↑ «Maior acervo de azulejos portugueses do Brasil fica em Cachoeira». iBahia. Consultado em 19 de maio de 2014
- ↑ «Centro Cultural Irmandade da Boa Morte é reinaugurado em Cachoeira» acessado em 15 de agosto de 2014.
- ↑ «Flica» visitado em 14 de outubro de 2015
- ↑ OVERMUNDO. «Guia. Cachoeira e São Félix, Cachoeira, BA». Overmundo.com.br