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Povoamento do Brasil

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A ocupação do território brasileiro se iniciou com pequenos arraiais espalhados em diversas localidades. Tais ocupações aconteceram devido à necessidade européia de ampliar suas atividades comerciais, o que fez com que procurassem novos produtos e novas áreas a serem exploradas.[1]

O povoamento brasileiro, no século XVI, limitou-se a territórios litorâneos próximos ao oceano Atlântico, onde desenvolveram inúmeras lavouras de cana-de-açúcar na Capitania de Pernambuco e no Recôncavo Baiano, o que resultou na transferência da pecuária, que antes se desenvolvia na Zona da Mata nordestina, para o sertão nordestino.[1]

Nesse período, começa o extermínio indígena[parcial?], que foi tanto biológico (encontro entre populações isoladas entre si), físico (genocídio) quanto cultural (etnocídio), no entanto um novo povo foi formado (etnogênese), o brasileiro, como é de praxe no encontro entre civilizações de diferentes graus de tecnologia e como é comum povos serem formados pela assimilação e predomínio de uns aos outros[2][3][4], e pelo prestígio dos conquistadores, vide processos de germanização; e com graus variáveis de sua contribuição dêmica, mesmo que pequena, vide o caso da Turquia[5], Hungria[6][7]. No século XVII, aconteceram as primeiras expedições denominadas bandeiras, que povoaram em grande escala o território brasileiro, principalmente nas extremidades do rio Amazonas, do rio São Francisco e do sertão nordestino. Os portugueses, em maior número que os nativos, dominaram a região e começaram a capturá-los para, juntos, buscarem ouro e pedras preciosas. Em 1616, fundaram Belém do Pará, hoje capital do estado do Pará.

No século XVIII, houve um grande aumento na população, interna e externamente — pela maciça imigração desde Portugal[8], quase esvaziando a esse[9], fato causado pela descoberta de ouro e pedras preciosas em regiões hoje denominadas Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Essa população se alojou em povoamentos dispersos no interior, mas estes logo foram se esvaziando. À medida que as preciosidades foram se esgotando, o povo foi se dispersando. O povoamento ocorrido no interior teve intenção de explorar e extrair riquezas de lá, mas este também trouxe alguns benefícios, como a abertura de estradas que davam acesso a regiões litorâneas e o fortalecimento das ligações entre os criadores de gado.

Vale lembrar que o vale do Rio São Francisco foi a nossa versão do Vale do Mississipi, local de intensa radiação de populações por todo o Brasil. [10]

No século XIX, houve a grande expansão territorial na qual os territórios ao sul tornaram-se inteiramente povoados. Os governantes brasileiros, a querer atender os padrões europeus, por vergonha de sua população mulata, incentiva migrações vindas da Europa, com objetivo de branqueamento da população brasileira[11] e povoação de territórios fronteiriços, salvaguardando seu domínio, mas antes precedido por migração de luso-brasileiros ao Sul.[12] As procuras por algodão e café se intensificaram, mas a prosperidade originada pelo algodão se finda juntamente com a guerra civil americana. Em contrapartida, a do café se intensifica com sua valorização na Europa, demandando uma alternativa ao fim da mão-de-obra escrava. O cultivo do café incentivou o trabalho assalariado e a acumulação de capitais, o que impulsionou o desenvolvimento industrial. Esse período ainda marca o início da mecanização com a instalação das ferrovias, dos telégrafos e das companhias de navegação.

No início do século XX, ocorreram movimentos de desbravamento e povoamento de novas localidades dentro do território, o que ficou conhecido com as frentes pioneiras se iniciando em São Paulo. Esse processo foi baseado na economia que girava em torno do café, que necessitava de mais lugares para sua lavoura. O aumento das exportações, o esgotamento dos solos e a facilidade de empréstimos bancários foram as causas desse grande movimento que se iniciou no Vale do Paraíba, passou pelas regiões de Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e terminou no estado do Paraná. Esse desbravamento é conhecido como a Marcha do Café.

Outros motivos importantes para o pioneirismo foram a expansão ferroviária, a colonização por imigrantes no Sul, a Marcha para o Oeste (que foi um movimento de ocupação do Centro-Oeste) e o aproveitamento agrícola das áreas do cerrado para o cultivo da soja e para a criação de gado.

Referências

  1. a b «Povoamento do interior no Período Colonial (Séc. XVII) – História do Brasil». Blog do Enem. Consultado em 5 de fevereiro de 2020 
  2. Orschiedt, Jörg (2020). Fagan, Garrett G.; Fibiger, Linda; Hudson, Mark; Trundle, Matthew, eds. «Violence in Palaeolithic and Mesolithic Hunter-Gatherer Communities». Cambridge: Cambridge University Press. The Cambridge World History of Violence: 58–78. ISBN 978-1-316-34124-7. Consultado em 31 de outubro de 2024 
  3. Schroeder, Hannes; Margaryan, Ashot; Szmyt, Marzena; Theulot, Bertrand; Włodarczak, Piotr; Rasmussen, Simon; Gopalakrishnan, Shyam; Szczepanek, Anita; Konopka, Tomasz (28 de maio de 2019). «Unraveling ancestry, kinship, and violence in a Late Neolithic mass grave». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês) (22): 10705–10710. ISSN 0027-8424. PMC PMC6561172Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 31061125. doi:10.1073/pnas.1820210116. Consultado em 31 de outubro de 2024 
  4. Sweet, James H. (2011). «The Quiet Violence of Ethnogenesis». The William and Mary Quarterly (2): 209–214. ISSN 0043-5597. doi:10.5309/willmaryquar.68.2.0209. Consultado em 31 de outubro de 2024 
  5. https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8433500/
  6. Maróti, Zoltán; Neparáczki, Endre; Schütz, Oszkár; Maár, Kitti; Varga, Gergely I. B.; Kovács, Bence; Kalmár, Tibor; Nyerki, Emil; Nagy, István (11 de julho de 2022). «The genetic origin of Huns, Avars, and conquering Hungarians». Current Biology (13): 2858–2870.e7. ISSN 0960-9822. doi:10.1016/j.cub.2022.04.093. Consultado em 31 de outubro de 2024 
  7. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9042794/
  8. Rodríguez Ozán, María Elena (28 de junho de 2011). «Patricia Galeana [coord.], Historia comparada de las Américas, México, CIALC-CISAN-UNAM/IPGH, 2008, 593 pp.». Latinoamérica. Revista de Estudios Latinoamericanos (50). 146 páginas. ISSN 2448-6914. doi:10.22201/cialc.24486914e.2010.50.25988. Consultado em 31 de outubro de 2024 
  9. BERTRAN, Paulo. História da terra e do homem no Planalto Central : eco-história do Distrito Federal : do indígena ao colonizador. Brasília: 1995. Ed. rev. e atu. p. 20 https://archivos.juridicas.unam.mx/www/bjv/libros/8/3828/6.pdf ouhttps://biblioteca.cl.df.gov.br/dspace/bitstream/123456789/1718/1/Texto%20integral%20%28PDF%29
  10. «Untitled Document». www.unicap.br. Consultado em 31 de outubro de 2024 
  11. Santos, Ricardo Augusto dos (março de 2008). «'Branqueamento' do Brasil». História, Ciências, Saúde-Manguinhos: 221–224. ISSN 0104-5970. doi:10.1590/S0104-59702008000100014. Consultado em 31 de outubro de 2024 
  12. SOUZA, FIORESE, SILVA. A CONSTRUÇÃO DO TERRITÓRIO DO RIO GRANDE DO SUL UMA VISÃO DA REVISTA DO IHGRGS http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Geografiasocioeconomica/Ordenamientoterritorial/56.pdf
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