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Bragança (Pará)

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Bragança
  Município do Brasil  
Centro Histórico de Bragança visto da Orla do Rio Caeté.
Centro Histórico de Bragança visto da Orla do Rio Caeté.
Centro Histórico de Bragança visto da Orla do Rio Caeté.
Símbolos
Bandeira de Bragança
Bandeira
Brasão de armas de Bragança
Brasão de armas
Hino
Gentílico bragantino(a)
Localização
Localização de Bragança no Pará
Localização de Bragança no Pará
Localização de Bragança no Pará
Bragança está localizado em: Brasil
Bragança
Localização de Bragança no Brasil
Mapa
Mapa de Bragança
Coordenadas 1° 03′ 46″ S, 46° 46′ 22″ O
País Brasil
Unidade federativa Pará
Municípios limítrofes Tracuateua, Augusto Corrêa, Viseu e Santa Luzia do Pará
Distância até a capital 220 km
História
Fundação 8 de julho de 1613 (411 anos)[1]
Administração
Prefeito(a) Raimundo Nonato de Oliveira[2] (MDB, 2017–2024)
Vereadores 19
Características geográficas
Área total [3] 2 090,234 km²
População total (IBGE/2021[4]) 130,122 hab.
Densidade 0,1 hab./km²
Clima Quente-úmido
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
CEP 68600-000
Indicadores
IDH (PNUD/2010[5]) 0,6 médio
PIB (IBGE/2021[6]) R$ 914 882,44 mil
PIB per capita (IBGE/2020[6]) R$ 10 682,63
Sítio Site Oficial (Prefeitura)

Bragança é um município brasileiro do estado do Pará, localizado na latitude 01° 03' 13" sul e longitude 46° 45' 56" oeste, na Região norte do Brasil, situado na Região Geográfica Bragantina Sua população estimada em 2021 era de 130.122 habitantes no IBGE.

Segundo memórias construídas, as origens de Bragança remontam ao episódio de 1613, com a visita da expedição francesa vinda de São Luís (MA), liderada por Daniel de La Touche. A expedição possivelmente passou pela bacia do rio Caeté (ou Cayté), região habitada por índios Tupinambá. Porém, existem controvérsias sobre essas memórias.[7]

Outra versão fundadora dá conta da doação da capitania particular do rei de Portugal à família Souza, do então governador geral do Brasil, em 9 fevereiro de 1622. Essas memórias constituintes das cidades foram acessadas ao longo do tempo[8].

Em 1627, no contexto da Capitania do Grão-Pará (1621–1820) foi inicialmente fundada como a povoação de Vera Cruz, em Viseu. Em 1634, foi fundada a Vila Souza do Caeté à margem esquerda do rio Caeté por Álvaro de Souza. Em 1753, Francisco Xavier de Mendonça Furtado fundou a vila de Bragança,[9] instalada em 1754. Só um século depois, em 1854, um decreto imperial criou o município de Bragança (Lei Provincial 252, de 02/10/1854).[9]

Arqueologia amazônica

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Por muito tempo acreditou-se que a Amazônia não possuía história até seu contato com o europeu e, que a história da região começasse a partir do momento em que os ocidentais iniciaram os processos de colonização (visão eurocêntrica ou eurocentrismo). Essa visão de uma Amazônia que carece de história, onde reina apenas a natureza, ainda é muito pertinente, no entanto de forma gradativa, esse pensamento tem sido transformado. Muitos pesquisadores têm voltado seus estudos para a Amazônia antiga (pré-cabralino ou pré-colombiana) desconstruindo a ideia de que a Amazônia não possui história que antecede a chegada dos colonizadores.[10]

O conceito de "cultura de floresta tropical", definido pelo antropólogo Julian Steward e Robert Lowie, virtualmente influenciou toda a arqueologia realizada na Amazônia desde a década de 1940, atribuindo um lugar periférico à região na história pré-colonial da América do Sul.[11]

Dentre os meios de estudo, a arqueologia tem sido muito importante para comprovar que o território amazônico já era habitado por povos indígenas muito antes de sua colisão com os europeus, o que nos permite afirmar que a Amazônia é dona de uma antiguidade.[12][13] Dados arqueológicos comprovam que a ocupação humana do território amazônico data de mais de 11 mil anos, pois na Amazônia brasileira foram encontrados vestígios arqueológicos de populações paleoamericanos[10] (última glaciação no período Pleistoceno tardio)[14] conforme evidências arqueológicas encontradas em exploração na Caverna da Pedra Pintada (município brasileiro de Monte Alegre).[15]

A presença humana na região de Santarém e no Marajó é conhecida desde 3000 a.C.[12] Onde os povos agricultores habitavam cabanas ou casas subterrâneas,[13] plantavam mandioca, conheciam a cerâmica, medicina natural e, praticavam a coivara (queimadas para limpeza da terra).[16][13] As dinâmicas de povoamento do território amazônico foram diversificadas, segundo os arqueólogos os grupos indígenas da região precisaram desenvolver uma série de estratégias de manejo de plantas e animais ao longo dos milênios.[17] O aumento demográfico das antigas populações indígenas amazônicas, suscitou grandes transformações nessas sociedades,[18] passaram a se organizar de forma cada vez mais elaborada entre 1 000 a.C. e 1000 d.C.[19] Os arqueólogos definem estas sociedades como Cacicados Complexos;[20]

Atualmente, crônicas estrangeiros do início do período colonial europeu são empregadas na reconstrução das antigas civilizações brasileiras, onde cronistas descreveram elementos indígenas do período dos cacicados complexos.[21] A dissolução dessas organizações sociais normalmente é relacionada à conquista e a submissão europeia, que teria abalado a estrutura demográfica.[21]

Na atual cidade de Bragança, localizada na região Nordeste do estado do Pará, não foi diferente. Antes da chegada dos europeus, a região que hoje corresponde à cidade já era habitada pelos Tupinambás, que povoaram densamente a região do vale dos rios amazônicos, depois de terem sido expulsos dos litorais da Bahia e de Pernambuco.[1]

Bragança. Arquivo Nacional.

O contato dos europeus com a região do Caeté (do tupi caa+y+eté: "mato bom, verdadeiro, que tem água")[1] remontam ao ano de 1613, período que era habitada pelos Tupinambás, provavelmente ocorrido em 08 de julho deste ano (há controvérsias em relação a exatidão da data), após a fundação do Maranhão, os franceses da viagem marítima de Daniel de La Touche (primeiros europeus a contatarem a região) partiram para a conquista francesa do território amazônico.[1]

Posteriormente, iniciam-se os processos de ocupação europeia do território, o início da construção da capitania não foi fácil. Os indígenas foram consideravelmente aniquilados por diversos fatores como os conflitos ente franceses e holandeses, bem como pelas enfermidades trazidas pelos europeus. Os indígenas também foram levados para um lugar específico para exercerem trabalhos obrigatórios junto aos primeiros colonizadores. Em razão da redução significativa de operários indígenas, Gaspar de Souza renunciou o processo de povoamento da capitania.[1]

Algum tempo depois, Álvaro de Souza (sucessor de Gaspar) construiu a vila de Souza do Caeté. Posteriormente, ocorreu a fundação da aldeia de São João Batista, pelos missionários jesuítas que estavam à frente dos tupinambás do lado esquerdo do Caeté, na região onde se localiza hoje o bairro da Aldeia, especificamente o Cruzeiro da Aldeia.[1]

Daí em diante, os processos históricos da formação da cidade de Bragança foram se desenvolvendo. Em 1753, a vila de Souza do Caeté foi reorganizada em Vila de Bragança, juntando a chamada Vila-que-Era e a Aldeia de São João Batista[22]. A carta do Governador e Capitão-general do Estado do Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado ao rei Dom José I, enviada em 11 de outubro de 1753, é considerada um dos principais documentos nesse processo de elevação da vila.[1]

Em 02 de outubro de 1854, a vila é elevada à categoria de cidade pelo então presidente da Província do Grão Pará (1821–1889) o tenente-coronel Sebastião do Rego Barros (resolução 252 de 02/10/1854) com a denominação de Bragança, uma homenagem à Família Real Orleans e Bragança.[1]

Ao longo dos séculos, Bragança passou e continua passando por diversos processos de desenvolvimento, no entanto, sua história pode ser percebida em sua paisagem. Aqui, é importante destacar que a paisagem também pode ser considerada uma fonte de dados de outros tempos. No caso de Bragança, dentre diversos elementos, sejam eles urbanos ou naturais, os casarões históricos, muitos deles tombados como patrimônios históricos e culturais, remontam seu passado colonial e nos permitem conhecer diversos outros aspectos da história da cidade.[23]

As cidades sofreram consideráveis transformações ao longo do tempo, sobretudo com a chegada dos europeus. Alguns municípios do estado do Pará carregam essas memórias (como Viseu, Cametá e Bragança) em seus casarões e edifícios centenários de características europeias (por exemplo, grandes janelas e revestimento em azulejos), que remontam ao século da colonização.[23]

Casarão em Bragança

Bragança possui uma vasta historiografia dentre tantas temporalidades, desde o período colonial ao tempo presente. As cidades de colonização portuguesa remetem a uma preferência pela construção de cidades próximas de rios, vegetações e ilhotas. Nesse caso, a localidade em que hoje se encontra a cidade de Bragança era um cenário ideal para aproximar as transformações do ambiente português. Há também pontos específicos dessa colonização, como a Igreja de São Benedito, construída a partir de 1720 por indígenas, uma relíquia e importante exemplar do patrimônio histórico cultural material do município. A igreja remete a aspectos barrocos bastante presentes na estrutura e organização de templos católicos.[23][24]

Além da Igreja de São Benedito, é válido ressaltar o Palácio Episcopal que foi residência de diversos bispos da igreja católica. O edifício foi construído por jesuítas e traz uma herança colonial significativa. O Instituto Santa Teresinha é outro exemplo de construção fundada por Dom Eliseu, que remonta às características lusitanas já mencionadas.[23][24]

Bragança está localizado à uma latitude de 01° 03' 13" sul e à uma longitude de 46° 45' 56" oeste, sendo a cidade sede da Região Geográfica Imediata de Bragança (situada na Região Geográfica Intermediária de Castanhal),[25] estando à altitude de 19 metros. Possuindo uma população estimada em 2022 de 123 082 habitantes (conforme IBGE).[26]

A cidade é uma das mais procuradas do Estado no período de julho (férias escolares), devido a grande quantidade de balneários, igarapés e as sua famosa Praia de Ajuruteua conhecida por ser uma das mais extensas do Estado e também por possuir em maré baixa uma extensa faixa de areia. Outras atrações procuradas são a Vila dos Pescadores, praia do Pilão, Praia Chavascal e Ilha do Canela.[27][28]

Região de Integração Caeté

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A Região de Integração do rio Caeté é composta por 15 municípios paraenses: Augusto Corrêa, Bonito, Bragança, Cachoeira do Piriá, Capanema, Nova Timboteua, Peixe-Boi, Primavera, Quatipuru, Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém Novo, São João de Pirabas, Tracuateua e Viseu.[29][30] A formação territorial desta RI CAETÉ é consequencia da aglutinação de municípios das antigas microrregiões Bragantina e Salgado e, algumas cidades foram criados antes da construção da Estrada de Ferro Belém Bragança (1883-1906), entretanto foi durante a construção desta ferrovia que teve a intensificação da ocupação territorial dessa região.[29]

Galeria de imagens

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Ligações externas

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  1. a b c d e f g h «Bragança, uma história da terra de caa + y + eté». Câmara Municipal de Bragança. Consultado em 21 de junho de 2023 
  2. «Prefeito e vereadores de Bragança tomam posse; veja lista de eleitos». G1 Pará. 1 de janeiro de 2021. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  3. IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  4. «Estimativas de população» (PDF). Estimativas de população. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 1 de julho de 2017. Consultado em 25 de setembro de 2017 
  5. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  6. a b «PIBMunicipal2020-2021». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 27 de dezembro de 2016 
  7. PEREIRA, Benedito César. Sinopse da História de Bragança. Belém: Imprensa Oficial, 1963.
  8. RODRIGUES, Dário Benedito Rodrigues. Uma caracterização histórica de Bragança. Bragança: 09.fev.2011.
  9. a b Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. «História de Bragança, Pará». Consultado em 19 de outubro de 2022 
  10. a b Schaan, Denise Pahl (2009). «A Amazônia em 1491». Universidade Estadual De Santa Cruz (UESC). Especiaria: Cadernos de Ciências Humanas (20,21). ISSN 2675-5432. Consultado em 21 de junho de 2023. Resumo divulgativo 
  11. Neves 1999, p. 88-89
  12. a b Guías visuales El País - Aguilar: Brasil. Madri. Santillanes Ediciones Generales. 2009. p. 47.
  13. a b c Goulart, Michel (13 agosto de 2012). «3 povos da pré-história brasileira». Portal Historia Digital. Consultado em 16 de março de 2016 
  14. «Paleoamericanos provavelmente caçavam onde hoje estão os Grandes Lagos». 25 de agosto de 2009 
  15. Roosevelt, Anna C.; da Costa, Marcondes Lima; Machado, C. Lopes; Michab, M.; da Costa, M. Lima; Machado, C. Lopes;Michab, M.; Mercier, N.; Valladas, H.; Feathers, J.;Barnett, W.; da Silveira, M. Imazio; Henderson, A.;Sliva, J.; Chernoff, B.; Reese, D. S.; Holman, J. A.;Toth, N.; Schick, K.; (19 de abril de 1996). «Paleoindian Cave Dwellers in the Amazon: The Peopling of the Americas» (PDF). American Association for the Advancement of Science. Science. 272 (5260): 373–384. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.272.5260.373 – via hal-03601984. Resumo divulgativo 
  16. Martin, Gabriela. «A Amazônia na Pré-História». Portal Ambiente Brasil. Consultado em 16 de março de 2016 
  17. Dias, Adriana. (2021). «Arqueologia guarani: territorialidade e cultura material.». In: Morales, W; Moi, F. Tempos ancestrais. São Paulo: Annablume, pp. 119-158.
  18. John Roach. «Ancient Amazon Cities Found; Were Vast Urban Network» 
  19. Manuela Carneiro da Cunha (2008). «História dos Índios no Brasil» 
  20. Anna Roosevelt (1997). «Amazonian Indians from Prehistory to the Present» 
  21. a b «História da América Latina: América Latina Colonial» 
  22. RODRIGUES, Dário Benedito. Bragança, 11 de outubro de 1753. Blog. Bragança: 11.out.2010.
  23. a b c d «PIMENTEL, Maria Irene. Bragança – 400 anos: patrimônio e memória. Banco da Amazônia. 2013 (Série "Patrimônio e Memória" – Municípios do Pará).». Bing. Consultado em 21 de junho de 2023 
  24. a b «[PDF] Cidades e vilas da Amazônia colonial * - Free Download PDF». silo.tips (em inglês). Consultado em 21 de junho de 2023 
  25. «Divisão Regional do Brasil». IBGE. 2017. Consultado em 1 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 1 de setembro de 2017 
  26. «Bragança (PA)». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sobre cidades e estados. Consultado em 10 de julho de 2023 
  27. «Bragança é opção no verão com praias tranquilas e a agitação de Bell Marques e Claudia Leitte». G1. 19 de julho de 2018. Consultado em 19 de setembro de 2023 
  28. «Obidos.Net.Br - Praia de Ajuruteua, Bragança». www.obidos.net.br. Consultado em 19 de setembro de 2023 
  29. a b Plano Plurianual 2016-2019 (PPA), Região de Integração do Rio Caeté (PDF). [S.l.]: Imprensa Oficial do Estado (IOEPA) 
  30. «Plano Plurianual 2024-2027 (PPA), Região de Integração do Rio Caeté, Perfil Socioeconômico e Ambiental». Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). Consultado em 19 de setembro de 2023. Resumo divulgativo