Sá de Miranda
Sá de Miranda | |
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Francisco Sá de Miranda | |
Nome completo | Francisco de Sá de Miranda |
Nascimento | 28 de agosto de 1481 Coimbra, Portugal |
Morte | 17 de maio de 1558 (76 anos) Amares, Portugal |
Nacionalidade | português |
Ocupação | Comendador da Ordem de Cristo |
Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, 28 de agosto de 1481 — Amares, 15 de março de 1558) foi um poeta português.
Com o seu imenso talento, introduz na cultura portuguesa e na sua língua as novidades da escola italiana, o Dolce Stil Nuovo, que descobriu por ocasião da sua estadia em Itália entre 1521 a 1526, nomeadamente o soneto, ode, elegia e até comédia em prosa e tragédia[1].
Biografia
[editar | editar código-fonte]Estudou Gramática, Retórica e Humanidades na Escola de Santa Cruz, onde possivelmente terá estudado Luís de Camões. Frequentou depois a Universidade, ao tempo estabelecida em Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em Direito, passando de aluno aplicado a professor considerado e frequentando a Corte até 1521, datando-se de então a sua amizade com Bernardim Ribeiro, para o Paço, compôs cantigas, vilancetes e esparsas, ao gosto dos poetas do século XV. O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, impresso em 1516, publica treze poesias do Doutor Francisco de Sá. Os seus versos, à maneira dos trovadores da época, já revelam o carácter do homem e a vivacidade e cultura do seu espírito. Sá de Miranda começou imitando os poetas do Cancioneiro General de Hernan Castillo, impresso em 1511, glosando, em castelhano, os motes ou cantigas de Jorge Manrique e de Garcia Sanchez. Nunca abandonou as formas tradicionais da redondilha, antes e depois de conhecer e aceitar a escola italiana, e de introduzir em Portugal o verso decassílabo.
A poesia
[editar | editar código-fonte]Para Sá de Miranda, a poesia não é uma ocupação para ócios de intelectual ou de salões, como para os poetas que o antecederam, mas uma missão sagrada. O poeta é como um profeta, deve denunciar os vícios da sociedade, sobretudo da Corte, o abandono dos campos e a preocupação exagerada do luxo, que tudo corrompe, deve propor a vida sadia em contacto com a «madre» natureza, a simplicidade e a felicidade dos lavradores.
A ele se aplicam perfeitamente os seus versos da Carta a D. João III: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que torcer / outra cousa pode ser, mas da corte homem não é.»
A sua linguagem é elíptica, sóbria, densa, forte, trabalhada, hermética, difícil de entender e às vezes demasiado dura. Mesmo assim, Sá de Miranda é o escritor do século XVI mais lido depois de Camões. A sua verticalidade e a sua coerência impuseram-se.
Sá de Miranda concebeu as primeiras comédias clássicas portuguesas (Estrangeiros e Vilhalpandos), cuja recepção pelo público, habituado aos autos (de Gil Vicente sobretudo), não foi das melhores. Se os aspectos criticados por Sá de Miranda e a sua intenção moralizadora o aproximam muito de Gil Vicente, o escritor afasta-se deste último pelas formas e o tom em que vaza as suas críticas.
Sá de Miranda deixou uma importante obra epistolográfica e uma série de éclogas, entre outros textos. A sua obra foi publicada postumamente, em 1595.
Influenciou decisivamente escritores seus contemporâneos e posteriores, como António Ferreira, Diogo Bernardes, Pero Andrade de Caminha, Luís de Camões, D. Francisco Manuel de Melo ou ainda, mais recentemente, Jorge de Sena, Gastão Cruz e Ruy Belo, entre outros, manifestando alguns textos destes autores nítida intertextualidade com textos mirandinos, sobretudo com o tão conhecido soneto «O Sol é grande, caem co'a calma as aves».
Antecipa temáticas como a dos conflitos do eu, de maneira um pouco semelhante ao que faria Fernando Pessoa, como nos versos: Comigo me desavim,/Sou posto em todo perigo;/Não posso viver comigo/Nem posso fugir de mim.
Dados genealógicos
[editar | editar código-fonte]Francisco de Sá de Miranda nasceu em Coimbra: possivelmente em 28 de Agosto de 1481 (data em que D. João II subiu ao trono, dizem os biógrafos). Outros autores apontam para a data de "27 de Outubro de 1495".[2][3] Meio-irmão de Mem de Sá, era filho de Gonçalo Mendes de Sá, cónego da Sé de Coimbra e de Inês de Melo, solteira, nobre de Barcelos. Neto paterno de João Gonçalves de Crescente, cavaleiro fidalgo da Casa Real, e de sua mulher Filipa de Sá que viveram em São Salvador do Campo em (Barcelos) e em Coimbra, no episcopado de D. João Galvão.
Casou em 1529 / 1530 com D. Briolanja de Azevedo, filha de Francisco Machado, senhor da Casa da Torre e 2º senhor donatário de Entre Homem e Cávado[4]. Sá de Miranda e sua esposa, aparecem na aquisição de uma propriedade, cuja escritura de venda foi assinada na Casa de Castro (freguesia de Carrazedo) aos 03 de Maio de 1530, pelo tabelião e escudeiro da Casa Real Diogo de Arantes.[5] Viveram na Casa da Tapada, de que Francisco Sá de Miranda foi 1º Senhor até à sua morte, sita na freguesia de Fiscal em Amares.
Encontra-se sepultado na Capela de Nossa Senhora da Apresentação dentro da Igreja de São Martinho de Carrazedo em Amares, mandada fazer por seu filho, Jerónimo de Sá de Miranda ( - 1583), 2º senhor da Casa da Tapada e da Honra de Avessadas[6].
Referências
- ↑ Igreja Paroquial de Carrazedo / Igreja de São Martinho, PT010301070007, por Isabel Sereno e João Santos, SIPA, 1994
- ↑ Innocencio Francisco da Silva, Diccionario Bibliographico Portuguez (na Imprensa Nacional, 1859), p. 53.
- ↑ José Maria da Costa e Silva, Ensaio Biographico-Critico sobre os Melhores Poetas Portuguezes, Volume 2 (na Imprensa Silviana, 1851), Capítulo II, p. 8.
- ↑ Igreja Paroquial de Carrazedo / Igreja de São Martinho, PT010301070007, por Isabel Sereno e João Santos, SIPA, 1994
- ↑ Machado, José Sousa (1929). O Poeta do Neiva. [S.l.]: Livraria Cruz, Braga
- ↑ Capela essa pegada à de Santa Margarida, que pertencia ao primo do Jerónimo - Francisco Machado - onde deveria mandar colocar duas sepulturas, uma para o seu pai e sua mulher e outra para a família. - Igreja Paroquial de Carrazedo / Igreja de São Martinho, PT010301070007, por Isabel Sereno e João Santos, SIPA, 1994
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Nascidos em 1481
- Mortos em 1558
- Poetas renascentistas
- Sonetistas
- Poetas do Dolce Stil Nuovo
- Poetas de Portugal do século XV
- Poetas de Portugal do século XVI
- Nobres de Portugal do século XV
- Nobres de Portugal do século XVI
- Alumni da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
- Professores da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
- Naturais de Coimbra