Heinosuke Gosho
Heinosuke Gosho 五所平之助 | |
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Gosho em 1951 | |
Nome completo | Heiemon Gosho[1] |
Nascimento | 24 de janeiro de 1902 Kanda, Tóquio, Império do Japão |
Morte | 1 de maio de 1981 (79 anos) Mishima, Shizuoka, Japão |
Nacionalidade | japonês |
Educação | Universidade Keio |
Ocupação | |
Período de atividade | 1925–1968 |
Heinosuke Gosho (五所平之助 Gosho Heinosuke?, 24 de janeiro de 1902 – 1 de maio de 1981) foi um diretor de cinema e roteirista japonês que dirigiu o primeiro filme sonoro de sucesso do Japão, Madamu to nyōbō, de 1931.[1] Seus filmes são principalmente associados ao gênero shōshimin-eiga (lit. "drama de pessoas comuns"). Suas obras mais notáveis incluem Entotsu no mieru basho, Ōsaka no yado, Takekurabe e Kiiroi Karasu.[2][3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Gosho nasceu em 24 de janeiro de 1902, em Kanda, Tóquio, filho do comerciante Heisuke Gosho e da amante gueixa de seu pai. Aos cinco anos de idade, após a morte do filho mais velho de Heisuke, Gosho deixou sua mãe para ser o sucessor do negócio atacadista de seu pai. Ele estudou administração na Universidade Keio, graduando-se em 1923.[1]
Através da estreita relação de seu pai com o diretor de cinema Yasujirō Shimazu, Gosho conseguiu ingressar nos estúdios Shochiku e trabalhou como assistente de direção de Shimazu.[1] Em 1925, Gosho estreou como diretor[2] com o filme Nantō no haru.[1] Seus filmes da década de 1920 são hoje considerados perdidos.[3]
O primeiro sucesso notável de Gosho, e o primeiro longa-metragem sonoro do Japão, foi a comédia de 1931, Madamu to nyōbō, que gira em torno de um escritor distraído por uma banda de jazz que toca ao lado.[2] Nomeando The Marriage Circle, de Ernst Lubitsch, e A Woman of Paris, de Charles Chaplin, como as maiores influências estrangeiras na na elaboração do longa, a obra de Gosho oscilou entre a comédia e o drama, às vezes misturando os dois, o que rendeu a seus filmes a reputação de fazer o espectador "rir e chorar ao mesmo tempo".[2] Outras marcas registradas de Gosho foram seu estilo de edição rápido e sua repetida dependência de fontes literárias para seus roteiros, prncipalmaente das obras dos escritores japoneses Yūzō Yamamoto e Ichiyō Higuchi.[3][4] Juntamente com Shirō Toyoda, Gosho foi um dos primeiros diretores a adaptar para o cinema as obras do movimento junbungaku ("literatura pura"), que se opunha à literatura "popular" em favor da literatura "séria" e de um manejo mais complexo de seus assuntos. Um exemplo proeminente é Koi no hana saku Izu no odoriko (1933), uma adaptação bem-sucedida da história homônima de Yasunari Kawabata, sobre o amor não realizado entre um estudante e uma jovem camponesa.[5][6] Dos 36 filmes que o diretor realizadou na década de 1930, pouco mais de meia dúzia sobreviveram até os dias de hoje.[5]
Acreditando firmemente no humanismo, Gosho tentou reduzir o conteúdo militarista em seus filmes de guerra e mostrou solidariedade aos colegas de trabalho demitidos durante a greve dos estúdios Toho em 1948.[2] Em 1950 ele fundou a produtora independente Studio Eight junto com Shirō Toyoda e outros ex-funcionários do estúdio.[7] A primeira produção do Studio Eight foi o drama Wakaregumo, de Gosho, de 1951, sobre uma jovem infeliz de Tóquio que sentia felicidade em trabalhar como assistente de um médico rural.[7] Suas obras mais conhecidas desta época são o drama de casamento e realismo social, Entotsu no mieru basho (1953), que foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Berlim,[8] e Kiiroi Karasu (1957), que narra a luta de um pai problemático ao se relacionar com o seu filho, que recebeu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 1958.[9] Embora seus filmes tenham adquirido um tom mais sombrio em meados da década de 1950, como em Ōsaka no yado, onde é retratado um grupo de residentes de Osaka lutando contra um ambiente materialista desenfreado, ele permaneceu fiel aos seus ideais pessoais de "tolerância, compromisso e racionalidade".[3]
Gosho também foi um dos primeiros grandes diretores japoneses a trabalhar extensivamente para a televisão como roteirista.[2] Devido às rápidas mudanças na indústria cinematográfica da época, o trabalho de Gosho na década de 1960 alternava principalmente entre o melodrama e o shomin-geki.[5] Filmes notáveis desta época incluem Ryōju (1961), baseado na novela de Yasushi Inoue sobre um casal adúltero, Osorezan no onna (1965), que narra a vida de uma jovem prostituta vítima de superstições, e Utage (1967), uma história de amor tendo como pano de fundo o Incidente de 26 de fevereiro de 1936 ocorrido no Japão.[5][2][3] Seu último longa-metragem como diretor foi o filme de marionetes Meiji haru aki (1968).[1]
Entre 1964 e 1980, Gosho atuou como presidente da Guilda dos Diretores do Japão.[10][11] Embora tenha trabalhado repetidamente com atrizes e atores internacionalmente conhecidos, como Kinuyo Tanaka, poucos de seus filmes foram comercializados no Ocidente.[5] Entre 1989–1990, uma retrospectiva de seu trabalho foi realizada pela Sociedade Japonesa de Manhattan e pelo Museu de Arte Moderna de Nova York.[5]
Gosho também escreveu poemas haiku e atuou como diretor da Associação Japonesa de Arte Haiku.[12]
Filmografia selecionada
[editar | editar código-fonte]Ano | Título em japonês | Romaji |
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1930 | 愛慾の記 | Aiyoku no ki |
1931 | マダムと女房 | Madamu to nyōbō |
1933 | 恋の花咲く 伊豆の踊子 | Koi no hana saku Izu no odoriko |
1934 | 生きとし生けるもの | Ikitoshi ikeru mono |
1935 | 人生のお荷物 | Jinsei no onimotsu |
花婿の寝言 | Hanamuko no negoto | |
花籠の歌 | Hanakago no uta | |
1936 | 朧夜の女 | Oboroyo no onna |
新道前篇 | Shindō zenhen | |
新道 後篇良太の巻 | Shindō kōhen | |
1940 | 木石 | Bokuseki |
1942 | 新雪 | Shinsetsu |
1947 | 今ひとたびの | Ima hitotabi no |
1951 | わかれ雲 | Wakaregumo |
1953 | 煙突の見える場所 | Entotsu no mieru basho |
1954 | 大阪の宿 | Ōsaka no yado |
愛と死の谷間 | Ai to shi no tanima | |
鶏はふたたび鳴く | Niwatori wa futatabi naku | |
1955 | たけくらべ | Takekurabe |
1956 | ある夜ふたたび | Aru yo futatabi |
1957 | 黄色いからす | Kiiroi karasu |
挽歌 | Banka | |
1958 | 蟻の街のマリア | Ari no machi no Maria |
1961 | 猟銃 | Ryōju |
雲がちぎれる時 | Kumo ga chigireru toki | |
1962 | かあちゃん結婚しろよ | Kaachan kekkon shiroyo |
1965 | 恐山の女 | Osorezan no onna |
1966 | かあちゃんと11人の子ども | Kaachan to jūichinin no kodomo |
1967 | 宴 | Utage |
1968 | 女と味噌汁 | Onna to Misoshiru |
明治春秋 | Meiji haru aki |
Referências
- ↑ a b c d e f «五所平之助 (Heinosuke Gosho)». Kinenote (em japonês). Consultado em 16 de agosto de 2021
- ↑ a b c d e f g Anderson, Joseph L.; Richie, Donald (1959). The Japanese Film – Art & Industry. Rutland, Vermont and Tokyo: Charles E. Tuttle Company
- ↑ a b c d e Jacoby, Alexander (2008). Critical Handbook of Japanese Film Directors: From the Silent Era to the Present Day. Berkeley: Stone Bridge Press. ISBN 978-1-933330-53-2
- ↑ Richie, Donald (2005). A Hundred Years of Japanese Film Revised ed. Tokyo, New York, London: Kodansha International. ISBN 978-4-7700-2995-9
- ↑ a b c d e f Nolletti Jr., Arthur (2008). The Cinema of Gosho Heinosuke: Laughter through Tears. Bloomington: Indiana University Press. pp. 214–225. ISBN 978-0-253-34484-7
- ↑ Cazdyn, Eric (2002). The Flash of Capital: Film and Geopolitics in Japan. Durham: Duke University Press. ISBN 978-0-8223-2939-8
- ↑ a b Hirano, Kyoko (1992). Mr. Smith Goes to Tokyo: Japanese Cinema Under the American Occupation, 1945–1952. Washington and London: Smithsonian Institution Press. ISBN 1-56098-157-1
- ↑ «Programme of the 1953 Berlin International Film Festival» (em inglês). Consultado em 16 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 22 de setembro de 2022
- ↑ «Entry for Yellow Crow at the Golden Globe Awards official site» (em inglês). Consultado em 16 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 15 de junho de 2023
- ↑ «Directors Guild of Japan Official site» (em inglês). Consultado em 16 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 19 de setembro de 2023
- ↑ «Nihon eiga kantoku kyōkai nenpyō» (em japonês). Nihon eiga kantoku kyōkai. Consultado em 17 de agosto de 2010. Arquivado do original em 26 de julho de 2010
- ↑ «Gosho, Heinosuke». Encyclopedia.com. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 6 de dezembro de 2022
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- NOLETTI, Arthur (2005). The Cinema of Gosho Heinosuke: Laughter through Tears. [S.l.]: Indiana University Press. ISBN 0-253-34484-0
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Heinosuke Gosho (em japonês) no Japanese Movie Database
- Heinosuke Gosho. no IMDb.