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Xiva

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(Redirecionado de Shiva)
 Nota: Para o município espanhol, veja Chiva. Para a cidade do Uzbequistão, veja Quiva.
Xiva
Nome nativo शिव
Morada Monte Kailash
Clã Xivaísmo
Mantra Om Namah Shivaya
Genealogia
Cônjuge(s) Parvati
Dakshayani
Filho(s) Ganexa
Kartiqueia
Ayyappan

Xiva,[1][2][3][4] Siva[5] ou Civa[6] (em sânscrito: शिव Śiva, lit. "O Auspicioso"), grafado Shiva em várias línguas europeias e americanas, também conhecido como Mahadeva (em sânscrito: महादेव, lit. "Grande Deus"),[7] é um dos principais deuses do hinduísmo, que juntamente com Brama e Vixnu forma a trimúrti, a trindade divina hindu. É chamado de "o Destruidor"' (ou "o Transformador")[8] e é conhecido como o auspicioso, o propício, amável, o benigno e o benevolente.[9] O nome deriva da raiz verbal śi, que significaria "aquele em tudo jaz" ou ainda śvi, que implicaria "auspicioso".[10]

Uma das duas principais linhas gerais do hinduísmo é chamada de xivaísmo, em referência ao deus.

Na tradição Sanãtana Dharma, Xiva é o destruidor, que destrói para construir algo novo, motivo pelo qual muitos o chamam de "renovador" ou "transformador". As primeiras representações surgiram no período Neolítico (em torno de 4 000 a.C.) na forma de Pashupati, o "Senhor dos Animais". A criação do ioga, prática que produz transformação física, espiritual, mental e emocional, portanto intimamente ligada à transformação, é atribuída a ele.

Xiva é o deus supremo (Mahadeva), o meditante (Shankara) e o benevolente (Shiva), onde reside toda a alegria (Shambo ou Shambhu).

As tradições śaiva, especialmente as da Caxemira, tomam Xiva como um conceito para o princípio gerador do universo, sendo também o supremo objetivo da vida de um devoto obter liberação da transmigração ou samsara por meio da união mística com Xiva. Este Xiva não é a mesma deidade retratada nos Puranas como um asceta.[11]

Xiva segurando o trishula

O tridente que aparece nas ilustrações de Xiva é o trishula. É com essa arma que ele destrói a ignorância nos seres humanos. Suas três pontas representam as três qualidades dos fenômenos: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva (o equilíbrio).

A naja é a mais mortal das serpentes. Usar uma serpente em volta da cintura e do pescoço simboliza que Xiva dominou a morte e tornou-se imortal. Na tradição do ioga, ela também representa kundalini, a energia de fogo que reside adormecida na base da coluna. Quando despertamos essa energia, ela sobe pela coluna, ativando os centros de energia (chakras) e produzindo um estado de hiperconsciência (samádhi), um estado de consciência expandida.

No topo da cabeça de Xiva, se vê um jorro d'água. Na verdade, é o rio Ganges (Ganga) que é amortecido pelos cabelos emaranhados (Jata) de Xiva. Há uma lenda que diz que o Ganges era um rio muito violento e que não podia descer à Terra, pois, senão, a destruiria com a força do impacto. Então, os homens pediram a Xiva que ajudasse e ele permitiu que o rio, tão logo saísse do Mundo Espiritual, caísse primeiro sobre sua cabeça, amortecendo o impacto. Depois, mais tranquilo, o rio correria sobre a Terra.

Lingam ("emblema", "distintivo", "signo"), também chamado de linga, é o símbolo fálico de Xiva. Ele representa o pênis, instrumento da criação e da força vital, a energia masculina que está presente na origem do universo. Está associado ao poder criador de Xiva. Na Índia, reverenciar o lingam é o mesmo que reverenciar Xiva.[carece de fontes?]

Ver artigo principal: Damaru
Xiva, como Nataraja

O tambor em forma de ampulheta representa o som da criação do universo. No hinduísmo, o universo brota da sílaba /ôm/.[carece de fontes?]

Xiva está intimamente associado ao fogo, pois esse elemento representa a transmutação. Nada que tenha passado pelo fogo, permanecerá o mesmo: o alimento vai ao fogo e se transforma, a água evapora-se, os corpos cremados transformam-se em cinzas. Assim, Xiva convida-nos a transmutar-nos através do fogo do ioga. O calor físico e psíquico que essa prática produz auxilia-nos a transcender os nossos próprios limites.

Nandi ("aquele que dá a alegria") é o touro branco que acompanha Xiva, sua montaria e seu mais fiel servo. O touro está associado às forças telúricas e à virilidade. Também representa a força física e a violência. Montar o touro branco significa dominar a violência e controlar sua própria força. Sua devoção por seu senhor é tão grande que sua figura sempre é encontrada diante dos templos dedicados a Xiva. Ele está deitado, guardando o portão principal.

A lua crescente

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A lua, que muda de fase constantemente, representa a ciclicidade da natureza e a renovação contínua a qual todos estamos sujeitos. Ela também representa as emoções e nossos humores que são regidos por esse astro. Usar uma lua crescente nos cabelos simboliza que Xiva está além das emoções.

Neste aspecto, Xiva aparece como o rei (raja) da dança (nata). Ele dança dentro de um círculo de fogo, símbolo da renovação e, através de sua dança, cria, conserva e destrói o universo. Nataraja representa o eterno movimento do universo que foi impulsionado pelo ritmo do tambor e da dança.

Em uma das mãos, ele segura o Damaru, o tambor em forma de ampulheta com o qual marca o ritmo cósmico e o passar do tempo. Na outra, traz uma chama, símbolo da transformação e da destruição de tudo que é ilusório. As outras duas mãos, encontram-se em gestos específicos. A direita, cuja palma está a mostra, representa um gesto de proteção e bênçãos (abhaya mudrá). A esquerda representa a tromba de um elefante, aquele que destrói os obstáculos.

Nataraja pisa com seu pé direito sobre as costas de um anão, o demônio da ignorância interior, a ignorância que nos impede de perceber nosso verdadeiro eu. O pedestal da estátua é uma flor de lótus, símbolo do mundo manifestado. A imagem toda nos diz: "Vá além do mundo das aparências, vença a ignorância interior e seja como o Sr. Xiva, o meditador, aquele que enxerga a verdade através do olho que tudo vê" (terceiro olho, Ájña Chakra).

Pashupati ("senhor dos animais", de pashu, "animais", "feras", "bestas", e pati, "senhor", "mestre") é uma das primeiras representações de Xiva e surgiu no neolítico, por volta de 4000 a.C. É representado com três faces, a observar o passar do tempo (passado-presente-futuro). A coroa em forma de cornos de búfalo evidencia a proximidade entre Xiva e o búfalo, que representa as forças da terra e da virilidade. Pashupati está sentado em posição de meditação. Os quatro animais ao seu redor são o tigre, o elefante, o rinoceronte e o búfalo.

Ardhanaríshvara

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Ver artigo principal: Ardanaríxvara

O lado direito da estátua é claramente masculino, apresentando os atributos de Xiva: a serpente, o tridente etc. Do lado esquerdo, vemos uma figura feminina, com os trajes típicos, o brinco feminino etc. Esse aspecto de Xiva representa a união cósmica entre o princípio masculino (Xiva) e o feminino (Parvati), entre a consciência (Xiva) e a matéria (Parvati).

As cobras que Xiva usa como colares e braceletes simbolizam o seu triunfo sobre a morte, a sua imortalidade.

O filete de água que se vê jorrar de seus cabelos é o rio Ganges. Conta a lenda que o Ganges era um rio muito revolto que corria na morada dos deuses. Os homens pediram para que o rio corresse também na terra. Porém, devido à violência do rio, seu impacto com a terra seria muito violento, terminando por aniquilá-la. Para resolver o problema, Xiva permitiu que o rio primeiro passasse por sua cabeça para amenizar o impacto com a terra, em seguida escorresse suavemente pelos seus longos cabelos.

Referências

  1. «Significado de xivaísmo». Dicionário Caldas Aulete da Língua Portuguesa. Lexikon Editora Digital 
  2. «xivaísmo». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  3. Correia, Paulo (Primavera de 2019). «Duxambé, Chechénia e os estados Xã e Chim» (PDF). Sítio web da Direcção-Geral da Tradução da Comissão Europeia no portal da União Europeia. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (n.º 59): 5-14. ISSN 1830-7809. Consultado em 8 de julho de 2019 
  4. Gonçalves, Rebelo (1947). Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa. Coimbra: Atlântida - Livraria Editora. p. 24 
  5. Leonel Oliveira, ed. (1997). «Xiva». Nova Enciclopédia Larousse. Xiva ou Siva. Lisboa: Círculo de Leitores. 22 páginas. ISBN 972-42-1476-1 
  6. Samuel, A. As religiões hoje. Tradução de Benôni Lemos. São Paulo. Paulus. 1997. p. 107.
  7. Arvind Sharma 2000, p. 65.
  8. Samuel 1997, p. 69.
  9. http://www.sanskrit-lexicon.uni-koeln.de/cgi-bin/monier/serveimg.pl?file=/scans/MWScan/MWScanjpg/mw1074-zilpasarvasvasaMgraha.jpg
  10. «MW Cologne Scan». www.sanskrit-lexicon.uni-koeln.de. Consultado em 18 de junho de 2021 
  11. «Trika 1 (português) - Sanskrit & Trika Shaivism». www.sanskrit-trikashaivism.com. Consultado em 18 de junho de 2021 

Ligações externas

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