Buenos Aires, 23 out (EFE).- A cotação do dólar no mercado informal argentino foi o principal foco das discussões entre governo e oposição nesta quarta-feira, às vésperas do fechamento de campanha para as eleições legislativas do próximo domingo.
A moeda americana cotava hoje, pelo segundo dia consecutivo, acima dos 10 pesos por unidade no mercado paralelo, muito acima da cotação oficial: 5,87 pesos para a venda.
O governo apressou-se para tentar minimizar o impacto da escalada do dólar, enquanto internamente se aqueceu o debate com comparações que beiram o absurdo e que obrigaram o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que não oculta suas aspirações presidenciais, a tentar acalmar os ânimos.
O questionado vice-presidente argentino, Amado Boudou, sugeriu que por trás do recorde do dólar no mercado negro há uma intenção contra o Executivo.
"Às vezes, em tempos eleitorais, tentam levar adiante algumas questões para importunar os governos", afirmou.
Boudou, formalmente à frente do governo durante a ausência da presidente Cristina Kirchner, submetida a uma operação no crânio há 15 dias, advertiu que "quando os grupos corporativos querem controlar o país, eles também se prejudicam".
Por sua vez, Scioli especificou que o governo "está fazendo uma avaliação profunda e fixando prioridades às quais vão direcionar os dólares disponíveis enquanto geram mecanismos para que possam ingressar cada vez mais dólares por meio de investimentos privados no setor energético ou em outros setores da economia".
"O governo foi fixando prioridades na alocação de dólares, que têm a ver com manter um crescimento, um abastecimento de energia e uma demanda de dólares aplicada ao aparato produtivo", explicou o governador, que, à revelia de Cristina, ganhou um enorme protagonismo na campanha eleitoral.
Scioli é a máxima autoridade do maior distrito eleitoral do país, além de possível candidato para os pleitos presidenciais de 2015.
Há, segundo Scioli, uma "clara vontade de ir normalizando as situações internacionais" e de conseguir a "reinserção plena da Argentina na economia mundial", embora "não a qualquer custo".
O debate acabou saindo de contexto com as declarações do ex-chefe de gabinete e senador do partido governante, Frente para a Victoria, Aníbal Fernández, que chegou a assegurar hoje que divulgar a cotação diária do dólar informal é como divulgar o valor de drogas ilegais.
"O dólar 'blue' (informal) é como cotar a cocaína", declarou Fernández a "Radio del Plata".
O senador aumentou assim a polêmica aberta por um comentário quase idêntico do presidente da Comissão Nacional de Valores (CNV), o governista Alejandro Vanoli, que, no entanto, teve que admitir hoje que "algumas restrições" para adquirir dólares "talvez tenham que ser revisadas" porque "alguns argentinos têm que necessariamente recorrer ao mercado" paralelo.
Já o prefeito da capital, o conservador Mauricio Macri, entrou de cabeça no debate e tachou de "disparate" os comentários de Aníbal Fernández.
"É triste que estejamos discutindo se podemos comprar dólares, quanto vale um dólar", disse Macri, acrescentando que "no mundo todo sobram os dólares e só faltam aqui e na Venezuela".
Macri aproveitou para denunciar a política de restrições cambiais imposta pelo governo argentino há quase dois anos e, em entrevista à emissora "Radio Mitre", afirmou que "o cerco (cambial) existe porque existe a inflação".
A Argentina introduziu gradualmente desde o final de 2011 restrições no mercado cambial formal, o que provocou o crescimento dos circuitos informais de câmbio.
A compra de dólares nos bancos e nas casas de câmbio está vedada desde então, mas os argentinos ainda podem comprar moeda estrangeira no mercado formal para viajar ao exterior com autorização prévia da Receita Federal. EFE
mar/rsd
A moeda americana cotava hoje, pelo segundo dia consecutivo, acima dos 10 pesos por unidade no mercado paralelo, muito acima da cotação oficial: 5,87 pesos para a venda.
O governo apressou-se para tentar minimizar o impacto da escalada do dólar, enquanto internamente se aqueceu o debate com comparações que beiram o absurdo e que obrigaram o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que não oculta suas aspirações presidenciais, a tentar acalmar os ânimos.
O questionado vice-presidente argentino, Amado Boudou, sugeriu que por trás do recorde do dólar no mercado negro há uma intenção contra o Executivo.
"Às vezes, em tempos eleitorais, tentam levar adiante algumas questões para importunar os governos", afirmou.
Boudou, formalmente à frente do governo durante a ausência da presidente Cristina Kirchner, submetida a uma operação no crânio há 15 dias, advertiu que "quando os grupos corporativos querem controlar o país, eles também se prejudicam".
Por sua vez, Scioli especificou que o governo "está fazendo uma avaliação profunda e fixando prioridades às quais vão direcionar os dólares disponíveis enquanto geram mecanismos para que possam ingressar cada vez mais dólares por meio de investimentos privados no setor energético ou em outros setores da economia".
"O governo foi fixando prioridades na alocação de dólares, que têm a ver com manter um crescimento, um abastecimento de energia e uma demanda de dólares aplicada ao aparato produtivo", explicou o governador, que, à revelia de Cristina, ganhou um enorme protagonismo na campanha eleitoral.
Scioli é a máxima autoridade do maior distrito eleitoral do país, além de possível candidato para os pleitos presidenciais de 2015.
Há, segundo Scioli, uma "clara vontade de ir normalizando as situações internacionais" e de conseguir a "reinserção plena da Argentina na economia mundial", embora "não a qualquer custo".
O debate acabou saindo de contexto com as declarações do ex-chefe de gabinete e senador do partido governante, Frente para a Victoria, Aníbal Fernández, que chegou a assegurar hoje que divulgar a cotação diária do dólar informal é como divulgar o valor de drogas ilegais.
"O dólar 'blue' (informal) é como cotar a cocaína", declarou Fernández a "Radio del Plata".
O senador aumentou assim a polêmica aberta por um comentário quase idêntico do presidente da Comissão Nacional de Valores (CNV), o governista Alejandro Vanoli, que, no entanto, teve que admitir hoje que "algumas restrições" para adquirir dólares "talvez tenham que ser revisadas" porque "alguns argentinos têm que necessariamente recorrer ao mercado" paralelo.
Já o prefeito da capital, o conservador Mauricio Macri, entrou de cabeça no debate e tachou de "disparate" os comentários de Aníbal Fernández.
"É triste que estejamos discutindo se podemos comprar dólares, quanto vale um dólar", disse Macri, acrescentando que "no mundo todo sobram os dólares e só faltam aqui e na Venezuela".
Macri aproveitou para denunciar a política de restrições cambiais imposta pelo governo argentino há quase dois anos e, em entrevista à emissora "Radio Mitre", afirmou que "o cerco (cambial) existe porque existe a inflação".
A Argentina introduziu gradualmente desde o final de 2011 restrições no mercado cambial formal, o que provocou o crescimento dos circuitos informais de câmbio.
A compra de dólares nos bancos e nas casas de câmbio está vedada desde então, mas os argentinos ainda podem comprar moeda estrangeira no mercado formal para viajar ao exterior com autorização prévia da Receita Federal. EFE
mar/rsd