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Quadrângulo de Casius

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Quadrângulo de Casius
Mapa do quadrângulo de Casius com as principais formações indicadas.

O quadrângulo de Casius é um de uma série de 30 quadrângulos em Marte estabelecidos pelo Programa de Pesquisa de Astrogeologia do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS em inglês). O quadrângulo se localiza na porção noroeste do hemisfério ocidental de Marte e cobre uma área que vai de 60º a 120º longitude leste (240º a 300º longitude oeste) e de 30º a 65º latitude norte. O quadrângulo utiliza uma Projeção conforme de Lambert a uma escala nominal de 1:5,000,000 (1:5M). Também se pode referir ao quadrângulo de Casius como MC-6 (Mars Chart-6).[1]

As delimitações sul e norte do quadrângulo de Casius medem aproximadamente 3,065 km e 1,500 km de largura, respectivamente. A distância norte-sul é de aproximadamente 2,050 km (pouco menos que a distância da Groenlândia).[2] O quadrângulo cobre uma área aproximada de 4,9 milhões de km², ou pouco mais de 3% da área superficial de Marte.[3]

Origem do nome

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Casius é o nome de uma formação de albedo telescópica localizada a 40° N e 100° E em Marte. A formação recebeu o nome de um epíteto para Zeus dos seus santuários no Egito e na Síria. O nome foi aprovado pela União Astronômica Internacional (UAI) em 1958.[4]

Fisiografia e geologia

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Em áreas de alta latitude existem formações as quais se acredita indicar a presença de gelo no solo. Solo poligonal é uma dessas formações. Geralmente, formas poligonais são encontrados a latitude 55º em direção ao pólo.[5] Outra formação associada ao gelo no solo é a topografia fatiada, tal como se pode observar nas imagens das formações periglaciais em Utopia.[6]

Nilosyrtis corre de aproximadamente 280 a 304º latitude oeste, e assim, como várias outras formações, se localiza em mais de um quadrângulo. Parte de Nilosyrtis se encontra no quadrângulo de Ismenius Lacus, e o resto no quadrângulo de Casius.

Crateras fôrma circular

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Crateras fôrma circular (ring mold craters) se assemelham a fômas arredondadas com um furo no meio utilizadas na preparação de bolos. Acredita-se que estas se originam a partir de um impacto sobre o gelo. O gelo é coberto por uma camada de pedregulhos. Elas são encontradas em partes de Marte que contém gelo soterrado. Experimentos de laboratório confirmam que impacto sobre o gelo resulta em um "formato de fôrma arredondada."[7][8][9] Elas podem ser uma fonte de água facilmente acessível para possíveis colonizadores futuros de Marte.

Preenchimento de cratera concêntrico

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O preenchimento de cratera concêntrico se caracteriza por um leito de uma cratera coberto em sua maior parte por um grande número de tergos paralelos.[10] Acredita-se que esta formação seja resultado de algum tipo de movimentação glacial.[11][12] Às vezes penedos são encontrados em preenchimentos de cratera concêntricos; acredita-se que eles se desprenderam e caíram da parede da cratera, tendo sido então transportados para longe da parede com o movimento da geleira.[13][14]Blocos erráticos na Terra são transportados de maneira similar. Baseado em medições topográficas acuradas da altura em diferentes pontos nessas crateras e cálculos da profundidade estimada de uma cratera baseada em seu diâmetro, especula-se que essas crateras sejam preenchidas em 80% majoritariamente por gelo. Isto é, essas crateras comportam centenas de metros de material que consiste provavelmente em gelo com poucas dezenas de metros de cascalho superficial.[15] O gelo que se acumulou na cratera é originário da precipitação de neve em climas passados.[16]

Imagens de alta resolução obtidas pela HiRISE revelam que algumas das superfícies do preenchimento concêntrico de cratera são cobertas por estranhos padrões chamados terreno cerebral em célula fechada e célula aberta. O terreno lembra um cérebro humano. Acredita-se que essa forma seja causada por rachaduras na superfície acumulando poeira e outros sedimentos, junto ao gelo sublimando de algumas partes da superfície.[17]

Mars Science Laboratory

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Nilosyrtis é um dos locais propostos como local de aterrissagem para a Mars Science Laboratory. No entanto, a região não foi selecionada entre as finalistas. Nilosyrtis chegou ao top 7, mas não ao top 4. O propósito da Mars Science Laboratory é procurar por antigos sinais de vida. Espera-se que uma missão posterior possa então retornar com amostras dos sítios identificados como prováveis locais contendo vestígios de vida. Para que a sonda possa vir ao solo com segurança um é necessário um disco achatado na superfície medindo 19,3 km. Geólogos esperam examinar lugares onde a água formara lagoas.[18] A intenção é examinar camadas sedimentares.

Referências

  1. Davies, M.E.; Batson, R.M.; Wu, S.S.C. “Geodesy and Cartography” in Kieffer, H.H.; Jakosky, B.M.; Snyder, C.W.; Matthews, M.S., Eds. Mars. University of Arizona Press: Tucson, 1992.
  2. Distances calculated using NASA World Wind measuring tool. http://worldwind.arc.nasa.gov/.
  3. Approximated by integrating latitudinal strips with area of R^2 (L1-L2)(cos(A)dA) from 30° to 65° latitude; where R = 3889 km, A is latitude, and angles expressed in radians. See: http://stackoverflow.com/questions/1340223/calculating-area-enclosed-by-arbitrary-polygon-on-earths-surface.
  4. USGS Gazetteer of Planetary Nomenclature. Mars. http://planetarynames.wr.usgs.gov/.
  5. Mangold, N. 2005. High latitude paterned grounds on Mars: Classification, distribution and climatic control. Icarus. 174-336-359.
  6. http://hiroc.lpl.arizona.edu/images/PSP/diafotizo.php?ID=PSP_002296_1215
  7. Kress, A., J. Head. 2008. Ring-mold craters in lineated valley fill and lobate debris aprons on Mars: Evidence for subsurface glacial ice. Geophys.Res. Lett: 35. L23206-8
  8. Baker, D. et all. 2010. Flow patterns of lobate debris aprons and lineated valley fill north of Ismeniae Fossae, Mars: Evidence for extensive mid-latitude glaciation in the Late Amazonian. Icarus: 207. 186-209
  9. Kress., A. and J. Head. 2009. Ring-mold craters on lineated valley fill, lobate debris aprons, and concentric crater fill on Mars: Implications for near-surface structure, composition, and age. Lunar Planet. Sci: 40. abstract 1379
  10. http://hiroc.lpl.arizona.edu/images/PSP/diafotizo.php?ID=PSP_111926_2185
  11. Head, J. et al. 2006. Extensive valley glacier deposits in the northern mid-latitudes of Mars: Evidence for late Amazonian obliquity-driven climate change. Earth Planet. Sci Lett: 241. 663-671.
  12. Levy, J. et al. 2007. Lineated valley fill and lobate debris apron stratigraphy in Nilosyrtis Mensae, Mars: Evidence for phases of glacial modification of the dichotomy boundary. J. Geophys. Res: 112.
  13. Marchant, D. et al. 2002. Formation of patterned ground and sublimation till over Miocene glacier ice in Beacon valley, southern Victorialand, Antarctica. Geol. Soc. Am. Bull:114. 718-730.
  14. Head, J. and D. Marchant. 2006. Modification of the walls of a Noachian crater in northern Arabia Terra (24E, 39N) during mid-latitude Amazonian glacial epochs on Mars: Nature and evolution of lobate debris aprons and their relationships to lineated valley fill and glacial systems. Lunar Planet. Sci: 37. Abstract # 1126.
  15. Garvin, J. et al. 2002. Global geometric properties of martian impact craters. Lunar Planet. Sci: 33. Abstract # 1255.
  16. Kreslavsky, M. and J. Head. 2006. Modification of impact craters in the northern planes of Mars: Implications for the Amazonian climate history. Meteorit. Planet. Sci.: 41. 1633-1646
  17. Ley, J. et al. 2009. Concentric crater fill in Utopia Planitia: History and interaction between glacial "brain terrain" and periglacial processes. Icarus: 202. 462-476.
  18. http://themis.asu.edu/features/ianichaos
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