Displasia
Displasia é qualquer anomalia relacionada ao desenvolvimento de uma célula (escala microscópica) ou um órgão (escala macroscópica), intimamente relacionadas alterações genéticas e agressão continuada. É um tipo de lesão que pode evoluir rapidamente para se tornar um tumor maligno. Muitas vezes é precedida por metaplasia que é uma transformação de um tipo de epitélio para outro de modo a adaptar-se a condições adversas. Ocorre em todos animais, inclusive em humanos.[1]
Características
[editar | editar código-fonte]A displasia é essencialmente uma desespecialização do tecido, ele fica mais imaturo e afasta-se do aspeto normal. É frequente que no microscópio seja possível observar em uma displasia:
- Pleomorfismo celular (células com tamanhos e formas diferentes entre si)
- Atipia nuclear (células com núcleo irregular) com hipercromatasia (núcleo mais escuro que indica que o tecido está com alta atividade proliferativa)
- Perda da arquitetura normal do tecido (p. ex.: glandulas irregulares e dismórficas)
- Pseudoestratificação ou estratificação completa de epitélios simples (em monocamada)
- usualmente com perda de polaridade celular, na qual os núcleos podem estar tanto orientados perto do pólo basal como do apical ou ao centro)
- Aumento da relação núcleo/citoplasma (núcleo maior e ou citoplasma mais pequeno)
- Presença de nucléolo quando não é normal naquele tecido tê-lo visível (é um sinal forte de indiferenciação celular também)
- Células binucleadas (é mais raro acontecer, mas deve-se a mitoses muito frequentes aumentando a hipótese de haverem erros na replicação celular)
A displasia pode ter outras caraterísticas específicas para um tecido ou para outro, mas estas são as caraterísticas principais mais comuns à maioria dos tecidos.
Causas
[editar | editar código-fonte]São as mesmas causas de tumores/cancros pois antes de serem tumores a esmagadora maioria passa por uma fase de displasia. No entanto as causas mais comuns são:
- Tabaco
- Álcool
- Helicobacter Pylori
- Produtos químicos cancerígenos
- Genéticas/hereditárias (muitas vezes congénitas)
- HPV e outros vírus cancerígenos
- Cirurgias de recessão parcial do estômago (iatrogenia)
Níveis de displasia
[editar | editar código-fonte]Lesão celular reversível desencadeada por fatores irritantes crónicos. Sua alteração pode acontecer na forma, tamanho ou organização de um determinado tecido ou epitélio, podendo variar em três níveis:
- Displasia de baixo grau
- Displasia de alto grau
Quando atinge o nível de alto grau chama-se também carcinoma in situ, que é uma forma precoce de cancro, essencialmente já tem capacidade de invasão mas está ainda em estádio precoce, reduzido à mucosa (no estadiamento TNM, esta lesão é tis).
Os níveis diferem-se com base no quão diferente o tecido está diferente do original, havendo fatores dos supradescritos que são mais preponderantes que outros (como perda de arquitetura tecidular, p. ex.). Há técnicas de imuno-histoquímica (IHQ) que permitem calcular o índice proliferativo com o Ki-67 ou então verificar se genes tumorais estão mutados ou ausentes. Estas técnicas de IHQ, o tipo tumoral, e o estadiamento tumoral, permitem calcular o prognóstico desta lesão.
Tipos
[editar | editar código-fonte]A displasia pode estar em praticamente todos os epitélios depois de uma certa carga de agressão tecidular. Mas dentro das displasias de etiologia genética mais conhecidas estão:
- Displasia da bacia
- Displasia coxofemoral
- Displasia mamária
- Displasia do colo do útero
- Displasia fibromuscular
- Displasia tanatofórica
- Displasia dentinária
- Displasia óculo-aurículo-vertebral
- Displasia condroectodérmica
- Displasia faciogenital
- Displasia cromossómica parcial
- Displasia esquética
- Displasia cervical
- Displasia ectodérmica
- Displasia cortical focal
- Displasia fibrosa
- Displasia diastrófica
Geralmente seus tratamentos são medicamentosos, cirúrgicos e fisioterapêuticos ou então por suspensão do fator etiológico. [2]
Rastreio e Diagnóstico
[editar | editar código-fonte]O rastreio mais importante para displasias é o teste de Papanicolau, que se faz em Portugal a todas as mulheres de anos a anos, e que avalia a displasia e a presença de coilócitos indicativos de infeção por HPV.
O diagnóstico é feito essencialmente depois de haverem suspeitas de neoplasia ou displasia e de se fazerem biópsias ou citologias.