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Euryale ferox

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 Nota: Se procura a górgona da mitologia grega, veja Euryale (górgona).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaEuryale
Euryale ferox
Ilustração de Euryale ferox (Curtis's Botanical Magazine, 1812).
Ilustração de Euryale ferox (Curtis's Botanical Magazine, 1812).
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1][2]
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
(sem classif.) grado ANA
Ordem: Nymphaeales
Família: Nymphaeaceae
Género: Euryale
Salisb., 1805
Espécie: E. ferox
Nome binomial
Euryale ferox
Salisb., 1805
Sinónimos[3]
Euryale ferox em floração no Botanischer Garten Berlin-Dahlem.
Folha flutuante de Euryale ferox.
Uma lagoa cultivada com Euryale no norte da Índia.
"Makhana" ligeiramente torrada, pronta a comer.

Euryale é um género monotípico de plantas aquáticas herbáceas da família Nymphaeaceae, cuja única espécie extante é Euryale ferox,[1] conhecida pelos nomes comuns de makhana[a] e nenúfar-espinhoso,[4] uma espécie de nenúfar com distribuição natural no sul e leste da Ásia. As sementes comestíveis, chamadas makhana quando secas,[b] são consumidas na Ásia.

Morfologia e reprodução

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São plantas anuais ou perenes de vida curta, que crescem em massas de água doce pouco profundas, enraízadas no fundo, com rizoma curto, não ramificado e ereto. Acúleos presentes na face superior e inferior da folha, no pecíolo, no pedúnculo e na face externa do cálice.

As folhas são longamente pecioladas, redondas e peltadas, submersas ou flutuantes, peltadas, orbiculares a amplamente elípticas, com 0,3-2,7 m de diâmetro, a mais das vezes com mais de um metro de diâmetro, margem inteira, não elevada, nervuras actinódromas, proeminentes, as juvenis com seio basal, as maduras com um ligeiro entalhe. O pecíolo foliar está inserido no centro da superfície inferior. A parte inferior da folha é arroxeada, enquanto a superfície superior é verde. As folhas têm uma textura acolchoada, embora os caules, flores e folhas que flutuam à superfície estejam cobertos de espinhos afiados. A maioria das folhas está submersas.

A flores tem cerca de 50 mm de diâmetro, pétalas exteriores violeta-púrpura, pétalas interiores esbranquiçadas. As flores são epígeas; sépalass 4, persistentes, esverdeadas; pétalass 20-35; estamess 78-92, mais curtos que as pétalas, inseridos no ápice do ovário, o filamento mudando gradualmente de laminar para linear, conectivo sem apêndice; teca de deiscência introrsa; carpelos (7-)8-16, sincarpados; estilos ausentes, estigmas em cálice estigmático sem apêndices carpelares.

As flores abrem-se geralmente durante o dia, debaixo de água, raramente acima da superfície. Sabe-se que a autopolinização pode ocorrer na Euryale ferox e que o pólen é libertado antes da abertura da flor.[5] A maioria das flores de Euryale ferox são cleistogâmicas, com a ocorrência adicional de flores casmogâmicas.[6]

Ao contrário de outros membros da família Nymphaeaceae, os grãos de pólen de Euryale têm três núcleos celulares.[7]

O fruto é grande, aculeado, com deiscência irregular, roxo escuro, globoso, 50-100 mm de diâmetro quando na maturação. As sementes são pretas, globosas, grandes (com 6-10 mm de diâmetro), lisas e ariladas.

O número cromossómico é 2n = 58. (n = 29). O tamanho do genoma é 870.42 Mb.[8]

Sendo uma espécie cleistogâmica, reproduz-se facilmente, tornando-se por vezes espécie infestante.

Distribuição

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Euryale ferox é uma planta perene nativa do leste da Ásia e da Ásia meridional, ocorrendo do nordeste da Índia[c] até à Coreia e Japão, bem como em partes do Extremo Oriente da Rússia.

Ocorre na Índia, China, Japão, leste da Sibéria, Coreia, Taiwan, Bangladesh e Birmânia. Introduzida nos Estados Unidos. Na Índia, Euryale cresce normalmente em lagoas e zonas húmidas.

Conservação

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Está classificada na Lista Vermelha das plantas ameaçadas de extinção no Japão e recebe a designação de "vulnerável".[6][9] É classificada como espécie de Menor Preocupação (LC) pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN.[2] No entanto, foi registado um declínio da população à escala global.[6]

Euryale ferox foi descrita por Richard Anthony Salisbury e publicada em Annals of Botany 2: 74. 1805.[10]

Euryale ferox é um membro da família das Nymphaeaceae (nenúfares).[3] A família separada Euryalaceae J.Agardh foi proposta em 1858, uma classificação que acabou por ser rejeitada.[11]

A etimologia do nome genérico é o nome da mítica górgona grega, Euryale, irmã de Medusa e de Esteno..[12] O epíteto específico ferox é a palavra latina para "espinhoso", uma alusão aos espinhos que recobrem a planta.[13]

A espécie é de grande interesse em jardinagem como ornamentação de superfícies de água, mas é também utilizada como alimento devido às suas sementes amiláceas e na medicina tradicional do sul da Ásia e da China.

De um modo geral, o nenúfar-espinhoso pode ser considerado uma planta perene, mas nas zonas frias a sua duração de vida não ultrapassa geralmente um ano, pelo que prefere crescer em zonas ensolaradas. É geralmente cultivada como uma planta anual, ou seja, semeada de novo todos os anos.

O fruto, que tem aproximadamente o tamanho de uma laranja pequena, é suave e polpudo por dentro. É muito popular na China como alimento refrescante e estimulante. As sementes, que têm aproximadamente o tamanho de uma ervilha, são oferecidas frescas e secas no Sudeste Asiático. Normalmente, as sementes são consumidas depois de assadas ou fritas, o que faz com que rebentem como pipocas. Pode ser extraído amido da semente. Os caules muito jovens e os rizomas também são consumidos como vegetais.[14]

Em cultura anual é possível obter uma produção de 3,05 t/ha de frutos frescos. O peso fresco de um fruto é ligeiramente inferior a 160 g. O peso fresco de uma semente é ligeiramente inferior a 1 g. As análises bioquímicas das sementes revelaram: 61% hidratos de carbono, 15,6% proteínas, 12,1% de água, 7,6% de fibras, 1,8% de cinzas e 1,35% de gordura. As sementes contêm doze aminoácidos: histidina, leucina, isoleucina, ácido glutâmico, lisina, tirosina, valina, ácido aspártico, treonina, alanina, metionina e arginina.[15][14]

A planta produz sementes comestíveis brancas e farinhentas. A planta é cultivada pelas suas sementes em lagoas das terras baixas da Índia, China e Japão.[16] O povo chinês cultiva a planta há séculos.[17] A planta cresce melhor em locais com verões quentes e secos e invernos frios. As sementes são colhidas no final do verão e no início do outono e podem ser consumidas cruas ou cozinhadas.

Em 1990-1991, mais de 96 000 hectares de Bihar, na Índia, foram reservados para o cultivo de Euryale.[12] O estado indiano de Bihar produz 90% das nozes de makhana do mundo.[16]

Nas regiões setentrional e ocidental da Índia, as sementes de Euryale ferox são frequentemente torradas ou fritas, o que faz com que rebentem como pipocas.[18] São depois consumidos, muitas vezes com um fio de azeite e especiarias. São também utilizadas noutros tipos de cozinha, nomeadamente para fazer uma papa ou pudim chamado kheer.

As evidências da arqueobotânica indicam que Euryale ferox era uma fonte de alimento selvagem frequentemente recolhida durante o período Neolítico na região do Yangtze, com um grande número de achados provenientes dos sítios de Kuahuqiao, Hemudu e Tianluoshan.[19] A utilização mais antiga registada de E. ferox foi encontrada em Gesher Benot Ya'aqov, Israel, entre artefactos da cultura Acheuleana de 750-790 000 anos atrás.[20]

As sementes são utilizadas na cozinha cantonesa e na sopa tradicional cantonesa.[21]

Medicina tradicional

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As sementes de noz makhana são utilizadas em preparações Ayurveda e na medicina tradicional chinesa.[16]

Na China, a planta é conhecida por qian shi (simplificado: 芡实 ; tradicional: 芡实 )[16] e as suas sementes são utilizadas na medicina tradicional chinesa, onde são frequentemente incorporadas em sopas, juntamente com outros ingredientes.[22]

  1. A planta é também designada em inglês por foxnut. Conhecida como thangjing em partes de Manipur, na Índia.
  2. Também conhecidas em inglês por foxnut ou gorgon nut.
  3. Euryale ocorre na região de Mithila, especificamente nos distritos de Bihar (Madhubani, Darbhanga, Katihar, Sitamarhi, Purnea, Kishanganj, Araria, Saharsa e Supaul) e em algumas áreas montanhosas de Manipur.
  1. a b Zhuang, X. (2011). Euryale ferox (em inglês). IUCN 2011. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2011​: e.T168756A6535154. doi:10.2305/IUCN.UK.2011-2.RLTS.T168756A6535154.en Página visitada em 28 de outubro de 2021.
  2. a b Zhuang, X. 2011. Euryale ferox. The IUCN Red List of Threatened Species 2011: e.T168756A6535154. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2011-2.RLTS.T168756A6535154.en. Consultado em 3 agosto de 2023.
  3. a b «Euryale ferox Salisb.». Plants of the World Online (em inglês). Royal Botanic Gardens, Kew. Consultado em 26 Julho 2023 
  4. Lee, Sangtae; Chang, Kae Sun, eds. (2015). English Names for Korean Native Plants (PDF). Pocheon: Korea National Arboretum. p. 466. ISBN 978-89-97450-98-5. Consultado em 7 Março 2019 – via Korea Forest Service 
  5. Povilus, R. A., Losada, J. M., & Friedman, W. E. (2015). "Floral biology and ovule and seed ontogeny of Nymphaea thermarum, a water lily at the brink of extinction with potential as a model system for basal angiosperms." Annals of Botany, 115(2), 211-226.
  6. a b c Imanishi, A., & Imanishi, J. (2014). "Seed dormancy and germination traits of an endangered aquatic plant species, Euryale ferox Salisb.(Nymphaeaceae)." Aquatic botany, 119, 80-83.
  7. Cronquist, Arthur (1981). An Integrated System of Classification of Flowering Plants. New York: Columbia University Press. p. 111. ISBN 978-0-231-03880-5 
  8. Chen, F., Liu, X., Yu, C., Chen, Y., Tang, H., & Zhang, L. (2017). "Water lilies as emerging models for Darwin’s abominable mystery." Horticulture research, 4.
  9. Kumar, N., Rani, S., Kuamr, G., Kumari, S., Singh, I. S., Gautam, S., & Choudhary, B. K. (2019). "Physiological and biochemical responses of Makhana (Euryale ferox) to gamma irradiation." Journal of Biological Physics, 45, 1-12.
  10. «Euryale ferox». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 11 de março de 2014 
  11. Euryalaceae J.Agardh, 1858. (n.d.). GBIF | Global Biodiversity Information Facility. Consultado agosto 6, 2023, de https://www.gbif.org/species/206275338
  12. a b Lariushin, Boriss (2012). Solanaceae family. [S.l.: s.n.] p. 17. ISBN 9781478191834 
  13. En Epítetos Botánicos
  14. a b Euryale ferox bei Plants For A Future.
  15. Almujaddade Alfasane et al.
  16. a b c d Flora of China, "Euryale ferox"
  17. Mabberley, D. J. (1987). The Plant-book. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-34060-1 
  18. «Are popped lotus seeds the next popcorn?». Foodnavigator. Consultado em 18 de março de 2021 
  19. Fuller, D. Q.; Qin, L; Zheng, Y; Zhao, Z; Chen, X; Hosoya, LA; Sun, GP; et al. (2009). «The Domestication Process and Domestication Rate in Rice: Spikelet bases from the Lower Yangtze». Science. 323 (5921): 1607–1610. Bibcode:2009Sci...323.1607F. PMID 19299619. doi:10.1126/science.1166605 
  20. Goren - Inbarand, N.; Melamed, Y.; Zohar, I.; Akhilesh, K.; Pappu, S. (11 de outubro de 2014). «Beneath Still Waters - Multistage Aquatic Exploitation of Euryale ferox (Salisb.) during the Acheulian». Internet Archaeology (37). doi:10.11141/ia.37.1Acessível livremente. Consultado em 16 outubro 2014 
  21. Yujing Liu; et al. (2018). «Plants traditionally used to make Cantonese slow-cooked soup in China». Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine. 14 (1): 4. PMC 5769313Acessível livremente. PMID 29334976. doi:10.1186/s13002-018-0206-y 
  22. Fox nut (qian shi).

Ligações externas

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