Icterídeos
Icterídeos | |||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||
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Géneros | |||||||||||||
Os icterídeos (Icteridae) são uma família de aves passeriformes restrita ao Novo Mundo, que inclui os corrupiões, chupins, graúnas, iraúnas, iratauás, japus e pássaros-pretos. A maioria das espécies tem o preto como cor de plumagem predominante, muitas vezes ressaltado por um amarelo, laranja ou vermelho. As espécies dessa família variam amplamente em tamanho, forma e comportamento. O nome vem do grego antigo ikteros que significa "icterícia", por causa das proeminentes penas amarelas de muitas espécies.
Este grupo é semelhante aos oriolídeos do Velho Mundo, porém as duas famílias não estão relacionadas entre si, sendo um claro exemplo de convergência evolutiva.
Os icterídeos (Icteridae) não devem ser confundidos com os icteriídeos (Icteriidae), uma família criada em 2017 e composta por uma única espécie – o mariquitão (Icteria virens).
Características
[editar | editar código-fonte]Distribuição e habitat
[editar | editar código-fonte]São restritos às Américas, ocorrendo desde o Canadá até a Argentina. A maioria das espécies vivem nos trópicos, embora muitas espécies também ocorram em regiões temperadas, como a graúna-de-asas-vermelhas (Agelaius phoenicus) e o peito-vermelho-rabilongo (Leistes loyca). A maior concentração de espécies é encontrada na Colômbia e no sul do México.[1] Habitam uma gama de habitats, incluindo pastagens, pântanos, florestas e cerrados. Espécies de áreas temperadas são migratórias.[2]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Os icterídeos são de tamanho variável e muitas vezes exibem dimorfismo sexual considerável, com os machos geralmente exibindo coloração mais brilhante e tamanho maior. Embora tal dimorfismo seja amplamente conhecido em passeriformes, o dimorfismo sexual por tamanho é excepcionalmente extremo nessa família. Por exemplo, a iraúna-mexicana (Quiscalus mexicanus) macho é 60% mais pesado que a fêmea. A menor espécie de icterídeo é o corrupião-castanho (Icterus spurius), em que a fêmea mede em média 15 cm de comprimento e pesa 18 g, enquanto a maior é o japuguaçu (Psarocolius bifasciatus), cujo macho mede 52 cm e pesa cerca de 550 g. Esta variação de tamanho é uma das maiores entre as aves passeriformes (ficando atrás apenas do tietê-de-coroa, Calyptura cristata).[3] Uma adaptação morfológica incomum compartilhada pelos icterídeos é a abertura da mandíbula, onde o crânio é configurado para permitir que eles abram seus bicos fortemente.
Alimentação
[editar | editar código-fonte]Se adaptaram a uma ampla variedade de alimentos. Japus e iraúnas usam suas grandes mandíbulas para quebrar cascas das frutas e obter o interior, e têm bicos compridos adaptados ao processo. Outros, como os chupins e o triste-pia (Dolichonyx oryzivorus), têm bicos mais curtos e grossos para esmagar sementes. A graúna-jamaicana (Nesopsar nigerrimus) usa seu bico para forragear entre cascas de árvores e epífitas, e adotou o nicho evolutivo preenchido em outros lugares da região Neotropical por arapaçus. Os corrupiões bebem néctar de frutos e flores.
Reprodução
[editar | editar código-fonte]Os hábitos de nidificação dessas aves também são variáveis. Muitos icterídeos possuem comportamentos de colônia. Muitos japus constroem ninhos de tecido pendular. Algumas espécies de chupins praticam nidoparasitismo; as fêmeas colocam seus ovos nos ninhos de outras espécies, de forma semelhante a alguns cuculídeos.[2]
Relacionamento com humanos
[editar | editar código-fonte]Algumas espécies de icterídeos tornaram-se pragas agrícolas; por exemplo, as graúnas-de-asa-vermelha (Agelaius phoenicus) nos Estados Unidos são consideradas as piores pragas vertebradas de plantações de arroz.[4] O custo do controle de graúnas na Califórnia era de 30 US$ por acre em 1994. Nem todas as espécies foram tão bem-sucedidas, e várias espécies estão ameaçadas de extinção. Estes incluem formas insulares como a graúna-jamaicana (Nesopsar nigerrimus), a graúna-de-ombros-amarelos (Agelaius xanthomus), o corrupião-de-santa-lúcia (Icterus laudabilis) e a graúna-tricolor (Agelaius tricolor), todos ameaçados pela perda de habitat e destruição de ninhos.
Sistemática
[editar | editar código-fonte]Taxonomia
[editar | editar código-fonte]A família Icteridae foi reduzida a tribo (Icterini) da família Fringillidae sensu lato na taxonomia de Sibley-Ahlquist.[5][6] Entretanto, esse arranjo não foi seguido por outros autores.[7][8]
O gênero Scaphidura foi incluído como sinônimo de Molothrus.[9] Os gêneros Gymnostinops e Zarhynchus foram incluídos em Psarocolius.[10][9][11]
Espécies
[editar | editar código-fonte]Possui aproximadamente vinte e nove gêneros reconhecidos:[12]
Imagem | Gênero | Espécies |
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Dolichonyx Swainson, 1827 |
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Agelaius Vieillot, 1816 |
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Xanthopsar Ridgway, 1901 |
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Agelasticus Cabanis, 1851 |
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Chrysomus Swainson, 1837 |
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Nesopsar P.L. Sclater, 1859 |
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Sturnella Vieillot, 1816 |
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Leistes Vigors, 1825 |
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Xanthocephalus Bonaparte, 1850 |
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Dives Cassin, 1867 |
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Euphagus Cassin, 1867 |
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Quiscalus Vieillot, 1816 |
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Agelaioides Cassin, 1866 |
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Molothrus Swainson, 1832 |
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Icterus Brisson, 1760 | ||
Amblycercus Cabanis, 1851 |
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Cassiculus Swainson, 1827 |
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Cacicus Lacepede, 1799 |
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Psarocolius Wagler, 1827 |
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Gymnomystax L. Reichenbach, 1850 |
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Pseudoleistes P.L. Sclater, 1862 |
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Amblyramphus Leach, 1814 |
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Hypopyrrhus Bonaparte, 1850 |
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Curaeus (PL Sclater, 1862) |
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Anumara Powell et al., 2014 |
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Gnorimopsar Richmond, 1908 |
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Oreopsar WL Sclater, 1939 |
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Lampropsar Cabanis, 1847 |
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Macroagelaius Cassin, 1866 |
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Referências
- ↑ Lowther P (1975) "Geographic and Ecological Variation in the Family Icteridae" Wilson Bulletin 87 (4): 481-495
- ↑ a b Parkes, Kenneth C. (1991), Forshaw, Joseph, ed., Encyclopaedia of Animals: Birds, ISBN 1-85391-186-0, London: Merehurst Press, pp. 214–215
- ↑ Prum, Richard O.; Snow, David W. (2003), «Cotingas», in: Christopher Perrins, Firefly Encyclopedia of Birds, ISBN 1-55297-777-3, Firefly Books, pp. 432–433
- ↑ Dolbeer, R & S Ickes (1994) "Red-winged Blackbird feeding preferences and response to wild rice treated with Portland cement or plaster" Vertebrate Pest Conference Proceedings collection Proceedings of the Sixteenth Vertebrate Pest Conference (1994) (W.S. Halverson& A.C. Crabb, Eds.) Univ. of Calif.:Davis.
- ↑ SIBLEY, C.G.; AHLQUIST, J.E. (1990). Phylogeny and classification of birds. New Haven: Yale University Press
- ↑ Sibley, C.G.; Monroe; E, B.L .Jr. (1990). Distribution and Taxonomy of Birds of the World. New Haven: Yale University Press
- ↑ Dickinson, E. (ed.) (2003). The Howard and Moore Complete Checklist of the Birds of the World 3 ed. Princeton: Princeton University Press
- ↑ Clements, J.F. (2007). The Clements Checklist of Birds of the World 6 ed. Ithaca: Cornell University Press
- ↑ a b Johnson, K.P.; Lanyon, S.M. (1999). «Molecular systematics of the grackles and allies, and the effect of additional sequence (cyt b and ND2)». Auk. 116: 759-768
- ↑ Price, J.J.; Lanyon, S.M. (2002). «Reconstructing the Evolution of Complex Bird Song in the Oropendolas». Evolution. 56: 1514-1529
- ↑ Lowther P.E. (2001). «New name for the Bolivian Blackbird». Bulletin of the British Ornithologists’ Club. 121 (4): 280-281
- ↑ GILL, F.; DONSKER, D. (Eds). (2011). «Order Passeriformes (family Icteridae)». IOC World Bird List version 2.9. Consultado em 27 de julho de 2011
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Vídeos de Icterídeos, Internet Bird Collection (em inglês)
- Icteridae, Árvore da Vida Web Project (em inglês)