Joias da Coroa Portuguesa
As Joias da Coroa Portuguesa são peças de joalharia, insígnias e paramentos usados pelos reis de Portugal durante a monarquia portuguesa. Ao longo dos nove séculos de história, as joias da coroa portuguesa perderam e ganharam património. A maior parte do atual conjunto é dos reinados de D. João VI e D. Luís I.[1]
História
[editar | editar código-fonte]No final do século XV Portugal reunia um rico tesouro de joias resultado do reinado de D. Manuel I (1495-1521), um dos homens mais poderosos do mundo na época, conhecido pelo seu prazer na ostentação. Grande parte destas joias perder-se-ia durante a tomada da coroa portuguesa pelos Habsburgos.[2]
No início de 1581, resistindo à união ibérica, António de Portugal, Prior do Crato, neto de D. Manuel, que fora aclamado rei por parte da população recolheu as joias da Coroa Portuguesa antes de Filipe I ser feito o Rei de Portugal. Procurando apoio para a sua causa, fugiu para a França levando consigo as joias, incluindo muitos diamantes valiosos. Bem recebido pela rainha consorte Catarina de Médici, vendeu-lhe algumas das peças em troca de apoio da França nos planos para recuperar o trono e depor Filipe I. Quando as forças luso-francesas foram vencidas nos Açores, em 1583, D. António partiu para o exílio e nuredicou a vida tentar recuperar o trono. Em Inglaterra pediu o auxílio da rainha Isabel I a quem terá entregue joias como penhor, entre as quais o famoso "espelho de Portugal", descrito como um diamante quadrangular de cerca de 30 quilates,[3] por várias tentativas de tomar Lisboa, como a da Contra armada inglesa de Julho de 1589. Após várias tentativas falhadas, a pobreza levou-o a vender muitos dos diamantes restantes como o diamante Sancy.[4][5] O último e melhor diamante, conhecido como diamante Sancy seria adquirido por Nicolas de Harlay, passando para Maximilien de Béthune vindo a ser incluído nas joias da coroa francesa.
Durante a Guerra da Restauração, João II de Bragança vendeu muitas das joias da Coroa portuguesa para financiar a guerra com Espanha. Quando se tornou rei de Portugal em 1640 e deposta a Casa de Habsburgo, colocou a sua coroa aos pés de uma estátua de Nossa Senhora da Imaculada Conceição declarando-a a "verdadeira Rainha de Portugal". Desde então, os monarcas portugueses não têm uma coroação, mas sim uma aclamação.
Em 1755 o grande terremoto de Lisboa destruiu o Paço da Ribeira, residência real portuguesa. Com a destruição do palácio, inúmeras joias da coroa portuguesa da época foram destruídas, perdidas ou roubadas.
Quando a sua corte esteve no Rio de Janeiro, D. João VI mandou fazer um novo conjunto de joias da Coroa. Criadas pelo joalheiro real na oficina de António Gomes da Silva, o conjunto incluiu uma nova coroa e cetro, entre uma infinidade de peças. As peças desta época são a maioria do atual conjunto de joias da coroa portuguesa.
A Rainha, D. Maria I, em 1808, inclusive tem o cuidado de louvar a função de guarda-joias ao serviço da Casa Real por um despacho público e edital[6].
Quando Maria Pia de Saboia se tornou rainha consorte de Portugal, o rei Luís I mandou fazer muitas novas joias. Paralelamente, foi confeccionado um novo manto real. Quando a Família Real portuguesa partiu para o exílio, muitas das joias seguiram com a rainha Amélia de Orléans e a rainha mãe Maria Pia de Saboia.
Em 2002 em Haia, durante uma exposição sobre joias da coroa europeias para o qual tinham sido emprestadas, seis peças[7] das joias da coroa portuguesa foram roubadas.[7][8] Incluindo um diamante de 135 quilates, o castão de bengala do rei D. José I de ouro com 387 brilhantes, um anel com um brilhante de 37 quilates, uma gargantilha com 32 brilhantes e um par de alfinetes na forma de trevo. Na sequência da investigação do museu e das autoridades holandesas, o governo holandês pagou o montante de seis milhões de euros ao governo português[9] para reparação. As joias não foram recuperadas.
Atualmente estão expostas no Museu do Tesouro Real, no Palácio Nacional da Ajuda.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Coroa de Portugal de D. João VI
Referências
- ↑ «Joias da Coroa Portuguesa». Monarquicos.com. Arquivado do original em 6 de dezembro de 2012
- ↑ «Entre as joias subtraídas encontravam-se os "arreios ricos" de D. Sebastião, feitos em Goa econhecidos pelos 34 diamantes, 28 esmeraldas, 23 rubis, e 5 safiras engastadas em ouro». Books.google.pt
- ↑ Mirror of Portugal
- ↑ «The Sanci- An Historical Account». Consultado em 30 de junho de 2012. Arquivado do original em 27 de dezembro de 2010
- ↑ diamante Sancy,história do diamante Sancy
- ↑ «Eu o Principe Regente faco saber aos que o presente alvará virem: : que tendo consideracão a que os empregos de porteiro da minha Real Camare, e de Guarda-Joias forão sempre reputados de muito distincão, e honra.», Rainha D. Maria I, Impressão Regia Lisboa, Portugal, 1808
- ↑ a b «Portugal's crown jewels stolen in Holland». ThePortugalnews.com
- ↑ «Joias da coroa furtadas frente à janela de seguranças». Diário de Notícias (Portugal). Arquivado do original em 5 de dezembro de 2014
- ↑ «Seguro de joias roubadas paga compra de 'Tiepolo'». Diário de Notícias (Portugal). Arquivado do original em 17 de outubro de 2012
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Joias da Coroa Portuguesa». www.monarquicos.com
- «Portugal's crown jewels stolen in Holland». www.thePortugalnews.com
- «The Portuguese Diamond»