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Primeira Guerra do Congo

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Primeira Guerra do Congo

Campo de refugiados no Zaire em 1994.
Data 24 de outubro de 1996 - 16 de maio de 1997
Local República Democrática do Congo
Desfecho Vitória do AFDLC
Beligerantes
AFDLC (RDC)
Uganda
Ruanda
Burundi Burundi [1]
Zimbabwe Zimbabué
Angola Angola[1]
Chade Chade
Namíbia Namíbia
Zaire
UNITA[2]
ALiR
Comandantes
Laurent-Désiré Kabila
Paul Kagame
Yoweri Museveni
Burundi Pierre Buyoya
Angola José Eduardo dos Santos
Mobutu Sese Seko
Jonas Savimbi
Paul Rwarakabije
Forças
República Democrática do Congo 20.000[3][4]-40.000[5]
(10.000 criança-soldados)[6]
Ruanda 20.000[5]
Angola 2.000[5]
Zaire FAZ: 50.000-60.000 no total[7][8]
28.000 soldados[5]
30.000 gendarmes[8]
25.000 guardas[8]
  • 15.000 civis[8]
  • 10.000 presidenciais[8]
Ruanda 100.000 ex-FAR e Interahamwe[7]
1.000[7]
+ 250 000 mortos[9]

A Primeira Guerra do Congo (1996-1997) foi uma guerra travada no então Zaire (atual Congo), que tinha o objetivo de derrubar o ditador nacionalista Mobutu Sese Seko. As forças de oposição a Mobutu eram lideradas pelo líder guerrilheiro Laurent-Désiré Kabila, com o apoio dos países vizinhos (especialmente Ruanda e Uganda). Tomando Quinxassa, Kabila declarou-se presidente e alterou o nome do país para República Democrática do Congo.

Após anos de conflitos internos, ditadura e declínio econômico, o Zaire era um Estado moribundo em 1996. As partes orientais do país foram desestabilizadas devido ao genocídio em Ruanda que atravessou suas fronteiras, bem como conflitos regionais duradouros e ressentimentos deixados sem solução desde a Crise do Congo. Em muitas áreas, a autoridade do Estado havia entrado em colapso, com milícias, senhores da guerra e grupos rebeldes travando uma luta interna (alguns simpatizantes do governo, outros abertamente hostis) exercendo poder efetivo.[10][11] A população do Zaire tornou-se inquieta e ressentida com o regime inepto e corrupto, enquanto as Forças Armadas Zairenses estavam em uma condição catastrófica.[12][13] Mobutu, que estava com uma doença terminal, não conseguia mais manter as diferentes facções do governo sob controle, tornando sua lealdade questionável. Além disso, o fim da Guerra Fria fez com que a forte postura anticomunista de Mobutu não fosse mais suficiente para justificar o apoio político e financeiro que recebera de potências estrangeiras - seu regime, portanto, estava essencialmente falido, política e financeiramente.[14][15]

A situação finalmente piorou quando Ruanda invadiu o Zaire em 1996 para derrotar vários grupos rebeldes que haviam encontrado refúgio no país. O governo ruandês decidiu lançar essa ofensiva no leste do Zaire após Mobutu abertamente dar abrigo a vários hútus que haviam perpetrado o genocídio em Ruanda.[16] Essa invasão aumentou rapidamente de intensidade à medida que mais países (incluindo Uganda, Burundi, Angola e Eritreia) se juntaram à invasão, enquanto uma aliança congolesa de rebeldes anti-Mobutu foi montada.[10] Embora o governo zairense tenha tentado oferecer uma resistência efetiva e tenha sido apoiado por milícias aliadas, bem como pelo Sudão, o regime de Mobutu entrou em colapso em questão de meses.[17] Apesar da curta duração da guerra, ela foi marcada por destruição generalizada e extensa violência étnica, com centenas de milhares de mortos nos combates e pogroms que os acompanharam.[18]

Um novo governo foi instalado e o Zaire foi renomeado República Democrática do Congo, mas o fim do regime de Mobutu trouxe poucas mudanças políticas, e Kabila se sentiu desconfortável na posição de procurador de seus antigos benfeitores. Para evitar um golpe, Kabila expulsou todas as unidades militares ruandesas, ugandenses e burundesas do Congo, e moveu-se para construir uma coalizão incluindo forças da Namíbia, Angola, Zimbábue e Zâmbia, logo abrangendo uma série de nações africanas como Líbia e África do Sul, embora seu apoio variasse.[19] A coalizão tripartite respondeu com uma segunda invasão do leste, em grande parte por meio de grupos de procuração. Essas ações constituíram o catalisador da Segunda Guerra do Congo no ano seguinte, embora alguns especialistas prefiram ver os dois conflitos como uma guerra contínua cujos efeitos posteriores continuam até a atualidade.[20][21]

Referências

  1. a b "Passive Protest Stops Zaire's Capital Cold" by Lynne Duke, Washington Post Foreign Service, Tuesday, April 15, 1997; Page A14 ("Kabila's forces -- which are indeed backed by Rwanda, Angola, Uganda and Burundi, diplomats say -- are slowly advancing toward the capital from the eastern half of the country, where they have captured all the regions that produce Zaire's diamonds, gold, copper and cobalt.")
  2. "Congo Begins Process of Rebuilding Nation" by Lynne Duke, Washington Post Foreign Service, Tuesday, May 20, 1997; Page A10 ("Guerrillas of Angola's former rebel movement UNITA, long supported by Mobutu in an unsuccessful war against Angola's government, also fought for Mobutu against Kabila's forces.")
  3. Guia Del Mundo 2008/ Guide to the World 2008, por el Instituto Del Tercer Mundo (COR), pp. 189, IEPALA Editorial, 2008.
  4. Guia del Mundo 2009, editado por Instituto del Tercer Mundo, pág. 189, IEPALA Editorial, 2008.
  5. a b c d Uppsala conflict data expansion. Non-state actor information. Codebook Arquivado em 21 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. pp. 132-133.
  6. The Use of Children as Soldiers in Africa report
  7. a b c William G. Thom: 1996-97 Civil War in the Context of Evolving Patterns of Military Conflict in Africa in the Era of Independence, Journal of Conflict Studies, Vol. XIX Nr. 2, Fall 1999
  8. a b c d e Country report and updates: Congo, Democratic Republic of | War Resisters' International. 8 de julho de 1998.
  9. De re Militari: muertos en Guerras, Dictaduras y Genocidios
  10. a b Abbott (2014), pp. 33–35.
  11. Prunier (2009), pp. 77, 83.
  12. Abbott (2014), pp. 23–24, 33.
  13. Prunier (2009), p. 128.
  14. Abbott (2014), pp. 23–24, 33–35.
  15. Prunier (2009), pp. 118, 126–127.
  16. Imma Vitelli (16 de maio de 2010). «YO, CANÍBAL 'Nos ordenaron comernos a nuestros enemigos y lo hice'» (em espanhol). xlsemanal. Consultado em 25 de maio de 2010 
  17. Abbott (2014), pp. 34–35.
  18. Prunier (2009), pp. 143–148.
  19. Abbott (2014), pp. 36–39.
  20. Reyntjens, Filip. The Great African War: Congo and Regional Geopolitics, 1996–2006. Cambridge: Cambridge UP, 2009. p. 194
  21. «DISARMAMENT: SADC Moves into Unknown Territory». 19 de agosto de 1998 
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