Satélite natural
Satélite natural é um corpo celeste que orbita em torno de um planeta ou outro corpo maior. Dessa forma, o termo satélite natural poderia se referir a planetas anões orbitando a uma estrela, ou até uma galáxia anã orbitando uma galáxia maior. Porém, é normalmente um sinônimo de lua, usado para identificar satélites não artificiais de planetas, planetas anões ou corpos menores. Por exemplo, a Lua é o satélite natural da Terra.
Em setembro de 2011, havia 375 objetos no Sistema Solar classificados como luas. Dentre esses, 169 orbitam planetas e 206 orbitam planetas anões e corpos menores.[1][2]
Porém, alguns são maiores que alguns planetas principais, como Ganímedes e Titã, satélites de Júpiter e Saturno, respectivamente, que são maiores que Mercúrio. Assim sendo estes satélites, se não orbitassem planetas, seriam eles mesmos planetas. Apesar disso, existem outros satélites que são muito menores e têm menos de 5 km de diâmetro, como vários satélites do planeta Júpiter.
Caronte, o satélite natural de Plutão tem mais ou menos metade do diâmetro deste último, e visto que o primeiro não gira exatamente em torno do segundo (visto que o baricentro do sistema plutoniano localiza-se acima da superfície plutoniana), o que leva certos astrônomos a pensarem no conjunto como um planeta duplo. De facto, o próprio sistema Terra-Lua (embora o baricentro do sistema esteja dentro da Terra, e a Lua tenha menos de um quarto o diâmetro terrestre) é, também considerado por alguns astrônomos como um planeta duplo.[3]
História de descoberta
[editar | editar código-fonte]Os primeiros satélites (excetuando a Lua) só foram descobertos no início do século XVII por Galileu Galilei.[4] Esta descoberta foi contestada pelo astrônomo alemão Simon Marius, que travou uma longa disputa com Galileu chamando a primazia da descoberta.[5] Os nomes das luas, Io, Europa, Ganímedes e Calisto, foram dados por Marius, usando personagens mitológicos amantes de Júpiter (Io e Calisto eram ninfas, Europa uma princesa mortal e Ganímedes um príncipe troiano). A maioria dos autores hoje considera que Galileu observou as quatro luas antes de Marius; uma exceção notável é Asimov, que atribui a Marius a descoberta de Calisto.[6]
Em 1655 é descoberta uma grande lua em Saturno a que se chamou de Titã.[7]
Não obstante e até ao final do século XVII, só mais quatro satélites foram descobertos em Saturno. No século XVIII são descobertas mais duas luas em Saturno e duas em Urano.
Até o desembarque do Homem na Lua, eram conhecidas duas em Marte, cinco em Júpiter, nove em Saturno, cinco em Urano e duas em Netuno.
Nos dias de hoje com as sondas espaciais que exploraram todo o Sistema Solar, passou-se a conhecer um grande número de satélites a orbitar os planetas exteriores e conheceu-se de perto as grandes luas do sistema solar. De fato, Mercúrio e Vênus não têm satélites naturais. Um total de 158 satélites em todo o sistema solar.
De notar, que grandes partes destes satélites são apenas pedaços de rocha ou gelo em forma de batata a girar em torno de um planeta e não planetas secundários perfeitamente formados com uma forma razoavelmente esférica tal como a Lua da Terra ou as colossais luas de Júpiter. Ao todo no sistema solar, existem 20 dessas grandes luas, a maior é Ganímedes com mais de 5 000 km de diâmetro e a menor é Mimas com cerca de 400 km.
Recentemente descobriu-se que alguns asteroides como o Ida (que tem o satélite Dactyl, descoberto pela sonda Galileu), possuem satélites naturais. Mas, como não orbita um planeta, não pode exatamente ser considerado um satélite.
Formação ou aparecimento dos satélites naturais
[editar | editar código-fonte]Existem, basicamente, três formas de criação dos sistemas Planeta/Satélite: formação simultânea; captura; e processos catastróficos.
No caso da formação simultânea, o satélite tem a sua gênese simultaneamente à do planeta principal. Durante a fase da sua formação chamada de acreção o protossatélite já está em órbita do planeta principal. Este tipo de processo de formação de satélites parece ser o mais importante no caso dos satélites de maiores dimensões.
No caso dos satélites menores e com órbitas menos regulares, o processo de formação parece estar relacionado com a captura. Neste caso, os satélites são desviados das suas órbitas iniciais pela ação dos campos gravitacionais dos planetas e são colocados em órbitas mais ou menos estáveis em torno desses mesmos planetas.
Nos processos catastróficos, como por exemplo (possivelmente) no caso da Lua, a formação é efetuada através da força de um impacto entre corpos planetários.
Satélites naturais do sistema solar
[editar | editar código-fonte]A maioria das luas do Sistema Solar são tão pequenas que não possuem um formato definido, sendo comparáveis a asteroides; Júpiter possui mais de 70 satélites em sua orbita. Caso orbitassem o Sol, elas poderiam ser consideradas planetas que possuem seus tamanhos variados. As maiores são Ganímedes de Júpiter, Titã de Saturno, Calisto e Io de Júpiter, a Lua da Terra, Europa de Júpiter, Tritão de Netuno e Titânia de Urano. No total o nosso sistema solar possui mais de 200 satélites naturais.
As mais interessantes são as que conseguiram tomar um formato esférico sobre influência de sua própria força gravitacional, como a lua da Terra (1), e as de Júpiter (4), Saturno (7), Urano (5), Netuno (1) e Plutão (1).
Planeta | N.º ordem | Nome | Diâmetro (km) | Massa (kg) | Densidade (g/cm3) | Período orbital (dias) | Magnitude | Data de descoberta | Descobridor |
Mercúrio | Não possui satélites naturais. | ||||||||
Vénus | Não possui satélites naturais. | ||||||||
Terra | I | Lua | 3 476,2 | 7,35×1022 | 3,35 | 27,32 | -12,7 | —- | —- |
Marte | I | Fobos | 22,2 | 10,08×1016 | 0,32 | 1,90 | 11,3 | 1877 | Asaph Hall |
Marte | II | Deimos | 12,6 | 2,24×1015 | 1,26 | 2,20 | 12,4 | 1877 | Asaph Hall |
Júpiter | I | Io | 3 642,6 | 8,93×1022 | 3,53 | 1,77 | 5,0 | 1610 | Galileu Galilei |
Júpiter | II | Europa | 3 121,6 | 4,80×1022 | 3,01 | 3,55 | 5,0 | 1610 | Galileu Galilei |
Júpiter | III | Ganímedes | 5 262,4 | 1,48×1023 | 1,94 | 7,16 | 4,6 | 1610 | Galileu Galilei |
Júpiter | IV | Calisto | 4 820,6 | 1,08×1023 | 1,83 | 16,69 | 5,6 | 1610 | Galileu Galilei |
E mais 75 pequenos satélites naturais. | |||||||||
Saturno | I | Mimas | 397,2 | 3,84×1019 | 1,17 | 0,94 | 12,9 | 1789 | William Herschel |
Saturno | II | Encélado | 498,8 | 1,08×1020 | 1,61 | 1,37 | 11,7 | 1789 | William Herschel |
Saturno | III | Tétis | 1 059,8 | 6,18×1020 | 0,99 | 1,89 | 10,2 | 1684 | Giovanni Cassini |
Saturno | IV | Dione | 1 118,0 | 1,10×1021 | 1,50 | 2,73 | 10,2 | 1684 | Giovanni Cassini |
Saturno | V | Reia | 1 528,0 | 2,32×1021 | 1,24 | 4,52 | 9,7 | 1672 | Giovanni Cassini |
Saturno | VI | Titã | 5 150,0 | 1,345×1023 | 1,88 | 15,95 | 8,3 | 1655 | Christiaan Huygens |
Saturno | VIII | Jápeto | 1 436,0 | 1,97×1021 | 1,27 | 79,32 | 10,2-11,9 | 1671 | Giovanni Cassini |
E mais 55 pequenos satélites naturais. | |||||||||
Urano | V | Miranda | 471,6 | 6,59×1019 | 1,20 | 1,41 | 16,5 | 1948 | Gerard Kuiper |
Urano | I | Ariel | 1 157,8 | 1,35×1021 | 1,67 | 2,52 | 14,4 | 1851 | William Lassell |
Urano | II | Umbriel | 1 169,4 | 1,20×1021 | 1,40 | 4,14 | 15,3 | 1851 | William Lassell |
Urano | III | Titânia | 1 577,8 | 3,53×1021 | 1,72 | 8,71 | 14,0 | 1787 | William Herschel |
Urano | IV | Oberon | 1 522,8 | 3,01×1021 | 1,63 | 13,46 | 14,1 | 1787 | William Herschel |
E mais 22 pequenos satélites naturais. | |||||||||
Neptuno | VIII | Proteu | 418,0 | 5,00×1019 | 1,30 | 1,12 | 20,0 | 1989 | Sonda Voyager 2 |
Netuno | I | Tritão | 2 706,8 | 2,147×1022 | 2,05 | 5,88 | 13,6 | 1846 | William Lassell |
E mais 12 pequenos satélites naturais. | |||||||||
Plutão[8] | I | Caronte | 1 205,0 | 1,58×1021 | 1,73 | 6,39 | 16,8 | 1978 | James Christy |
E mais 4 pequenos satélites naturais. |
Satélites extrassolares
[editar | editar código-fonte]Estima-se que planetas com massa superiores à de Júpiter possam ter 10 vezes a massa da Terra em satélites naturais.[carece de fontes] Já foram descobertos mais de 300 planetas extrassolares, com exceção de uns 10, todos são gigantes gasosos como Júpiter cuja única superfície sólida é o seu núcleo abaixo de milhares de quilómetros de camadas de gás.[carece de fontes] Assim sendo, dos 50 planetas descobertos na zona habitável das suas estrelas, a esperança de se encontrar vida nesses sistemas sustenta-se nos seus possíveis satélites.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de satélites naturais do Sistema Solar
- Redefinição do termo planeta em 2006
- Satélites de Saturno
- Satélites de Urano
- Sistema Solar
- Satélite regular
Referências
- ↑ Sheppard, Scott S. «The Giant Planet Satellite and Moon Page». Departament of Terrestrial Magnetism at Carniege Institution for science. Consultado em 24 de setembro de 2011
- ↑ Wm. Robert Johnston. «Asteroids with Satellites». Johnston's Archive. Consultado em 24 de setembro de 2011
- ↑ «Moon: Welcome to the double planet». ESA (em inglês). 5 de outubro de 2003. Consultado em 4 de maio de 2023
- ↑ Galilei, G (1987). A Mensagem das Estrelas. Rio de Janeiro: Museu de Astronomia e Ciências Afins. pp. 56–72
- ↑ Site da NASA falando da disputa Galileu x Marius
- ↑ Asimov's Biographical Encyclopedia of Science and Technology
- ↑ Christiaan Huygens: Discoverer of Titan, site da Agência Espacial Europeia (em inglês)
- ↑ A 24 de agosto de 2006 Plutão deixou de ser planeta