Sistema de suporte à decisão
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Sistemas de apoio à decisão (em inglês, Decision Support Systems) é uma classe de Sistemas de Informação ou Sistemas baseados em Conhecimento. Refere-se simplesmente a um modelo genérico de tomada de decisão que analisa um grande número de variáveis para que seja possível o posicionamento a uma determinada questão [1].
Decisão é uma escolha entre as alternativas existentes através de estimativas dos pesos destas alternativas. Apoio à decisão significa auxiliar nesta escolha gerando estas estimativas, a evolução ou comparação e escolha. O termo sistema de apoio à decisão tem sido utilizado de diferentes formas (após a década de 80) e tem recebido diferentes definições de acordo com o ponto de vista de cada autor. Finlay (1994) e outros autores definem o SAD de um modo geral como “um sistema computacional que auxilia o processo de tomada de decisão”. Turban (1995) define mais especificamente como “um interativo, flexível e adaptável sistema de informação, especialmente desenvolvido para apoiar a solução de um problema gerencial não estruturado para aperfeiçoar a tomada de decisão. Utiliza dados, provê uma interface amigável e permite ao tomador de decisão ter sua própria percepção”.
Existe uma outra definição que se encontra entre estes dois extremos. Para Keen e Scott Morton (1978), um SAD concilia os recursos intelectuais individuais com a capacidade do computador em melhorar a qualidade da decisão (“SAD são sistemas computacionais que apóiam os gerentes tomadores de decisão que são direcionados com problemas semi-estruturados”). Para Sprague e Carlson (1982), SAD são “sistemas computacionais interativos que auxiliam os tomadores de decisão utilizarem dados e modelos solucionados de problemas não-estruturados”.
Em contraste, Keen (1980) diz que é impossível dar uma definição precisa incluindo todas as facetas do SAD (“Não há definição de sistemas de apoio à decisão, somente de apoio à decisão”). No entanto, de acordo com Power (1997), o termo sistema de apoio à decisão é muito desgastado devido à sua utilização para definir muitos tipos de sistemas que dão apoio à tomada de decisão. Ele ironicamente diz que muitas vezes nem sempre um sistema computadorizado é um sistema transacional on-line (OLTP), algumas vezes você será tentado em chamá-lo de um SAD. Como podemos ver, não há uma definição universal aceita de SAD.
Um breve Histórico do SAD
[editar | editar código-fonte]Com a ausência de uma definição de total abrangência pode-se ter um maior entendimento sobre SAD através do seu histórico. De acordo com Keen e Scott Morton (1978), os conceitos de apoio à tomada de decisão envolvem duas grandes áreas de pesquisa: o estudo teórico da tomada de decisões nas organizações, realizado no Instituto de Tecnologia de Carnegie no fim dos anos 50 e início dos anos 60, e os trabalhos técnicos em sistemas computacionais interativos, realizados pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) nos anos 60.
É considerado que o conceito de SAD tornou-se uma área de pesquisa em meados dos anos 70, sendo estudado intensamente antes do início dos anos 80. Em meados e final dos anos 80, iniciou o estudo dos sistemas de informação executiva (EIS), sistemas de apoio à decisão em grupo (GDSS) e sistemas de apoio à decisão organizacionais (ODSS) envolvendo um único usuário e o SAD orientado à modelagem.
No início dos anos 90, começaram a surgir a partir do SAD os conceitos de data warehouse e processamento analítico on-line (OLAP). Com a virada do milênio aproximando, novas aplicações analíticas baseadas na web foram introduzidas. É claro que SAD pertence a um ambiente com fundamentos multidisciplinares, incluindo (mas não exclusivamente) pesquisas de banco de dados, inteligência artificial, interação homem-máquina, métodos de simulação, engenharia de software e telecomunicações.
SAD também tem uma conexão com o paradigma de interface do hipertexto. Ambos os sistemas PROMIS (para tomada de decisões médicas) da Universidade de Vermont e ZOG/KMS de Carnegie (para tomada de decisões militares e comerciais) eram sistemas de apoio à decisão com o maior aprofundamento de pesquisa em interface com o usuário. Além disso, apesar das pesquisas com hipertextos ter geralmente sido concentradas com a sobrecarga da informação, certas pesquisas, como a de Douglas Engelbart, tem tido o foco de auxiliar tomadores de decisão em particular.
Taxonomia
[editar | editar código-fonte]Como com a definição, não há uma taxonomia totalmente aceita de SAD. Diferentes autores possuem propostas de classificação. Usando o relacionamento com o usuário como um critério, Hättenschwiller (1999) diferencia como SAD passivo, ativo, e cooperativo. Um SAD passivo é um sistema que auxilia o processo de tomada de decisão, mas não traz explicitamente sugestões ou soluções. Um SAD ativo pode trazer sugestões ou soluções para o problema apresentado. Um SAD cooperativo apresenta para o tomador de decisão (que atua como um conselheiro) as opções de modificar, completar, ou refinar as sugestões apresentadas por outros colaboradores, para que estas sugestões sejam validadas. O sistema realizará a validação das sugestões até que uma solução consolidada seja gerada. Usando o modo de assistência com critério, Power (2002) classifica em communication-driven DSS, data-driven DSS, document-driven DSS, knowledge-driven DSS, e model-driven DSS.
1.Um SAD model-driven enfatiza o acesso e manipulação estatístico, financeiro, otimizado, ou modelo de simulação. Utiliza-se dados e parâmetros providos pelos usuários para assistir a tomada de decisão analisando uma situação; não há necessidade um grande volume de dados.
2.Um SAD communication-driven auxilia mais de uma pessoa trabalhando em tarefas compartilhadas;
3.Um SAD data-driven gerencia, recupera e manipula informações não-estruturadas em uma variedade de formatos de armazenamento.
4.Um SAD knowledge-driven provê especialização na solução do problema através de conhecimentos armazenados como fatos, regras, procedimentos ou estruturas similares;
5.Um SAD tradeoff-driven é um sistema de apoio à decisão (possivelmente colaborativo) que provê a tomada de decisão envolvendo trade-offs entre diferentes vantagens e desvantagens, usando o conhecimento armazenado. Usando o escopo como critério, Power (1997) classifica como SAD Empresarial e SAD Desktop. Um SAD Empresarial é ligado a um grande data warehouse e servidores de muitos gerentes em uma companhia. Um SAD Desktop é um sistema pequeno que roda para um gerente em um PC.
Arquiteturas
[editar | editar código-fonte]Mais uma vez, diferentes autores identificam diferentes componentes em um SAD. Sprage e Carlson (1982) identificam três componentes fundamentais de um SAD:
- Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD);
- Sistema Gerenciador de Modelagem Básica (MBMS);
- Sistema de Geração de Diálogo e Gerenciamento (DGMS);
Haag at al. (2000) descreve estes três componentes em maior detalhe: o Gerenciador de Dados armazena a informação (que pode ser um repositório organizacional tradicional; remoto, com a utilização da internet para acesso, ou personalizado para cada usuário); o Gerenciador de Modelagem que faz a representação de eventos, fatos ou situações (usando vários tipos de modelos, dois exemplos são modelos de otimização e modelos goal-seeking); e o Gerenciador de Interface com o Usuário que é claro que melhora a interatividade do usuário com o sistema.
Conforme Power (2002), tem se estudado a construção de um SAD com quatro componentes:
- Interface com o usuário;
- Banco de Dados;
- Modelagem e ferramentas analíticas;
- Arquitetura e rede de trabalho de SAD;
Hättenschwiler (1999) identifica cinco componentes de um SAD:
- Usuários com diferentes regras de negócio e funções no processo de tomada de decisão;
- Um específico e definido contexto de decisão;
- Um sistema objetivo descrevendo as preferências principais;
- Uma base de conhecimento que é composta de informações, base de conhecimento, programas administrativos e sistemas geradores de relatórios;
- Um trabalho de preparação do ambiente, análise e documentação das alternativas de decisão.
Marakas (1999) propõe uma arquitetura generalizada que será composta por cinco distintas partes:
- Um sistema gerenciador de banco de dados;
- Um sistema gerenciador de modelagem;
- Uma engenharia de conhecimento;
- Uma interface com o usuário;
- O usuário.
Existem vários meios de se classificar aplicações SAD. Nem sempre um SAD se adequa dentro de uma destas categorias, mas em misto de uma ou mais categorias.
Holsapple e Whinston (1996) classificam os SAD dentro de seis frameworks:
- SAD orientado ao contexto;
- SAD orientado ao banco de dados;
- SAD orientado à Spreadsheet;
- SAD orientado à solução;
- SAD orientado às regras de negócio;
- SAD complexos;
Um SAD complexo é a classificação mais comum para um SAD, pois é um sistema híbrido e pode incluir duas ou mais das cinco estruturas básicas descritas por Holsapple e Whinston (1996).
O suporte dado pelo SAD é também classificado dentro de algumas características:
- Entradas: usadas para atribuir ao SAD fatos, números e características para serem analisadas;
Conhecimento do usuário e conhecimento prévio: aprimora o sistema para decidir qual melhor solução, quais entradas devem ser analisadas com ou sem o usuário;
- Saídas: usada pelo usuário do sistema afim deste poder analisar as decisões que devem ser feitas e quais são as em potencial;
- Tomada de decisão: quando a tomada de decisão é realizada pelo SAD, de qualquer maneira, o usuário deve realizar a tomada de decisão a partir de uma classificação ordenando os resultados com um critério próprio do usuário. SAD’s com a capacidade de classificação cognitiva nas funções de tomada de decisão e baseados em inteligência artificial ou tecnologias agentes de inteligência são chamados de Sistemas Inteligentes de apoio à Decisão (SIAD).
Aplicações
[editar | editar código-fonte]Como mencionado acima, há várias possibilidades de teoricamente construir um sistema em qualquer área do conhecimento. Um dos exemplos é Sistema de Apoio à Decisão para Diagnósticos Médicos. Outros exemplos incluem uma financiadora que verifica o crédito de um solicitador de crédito ou de uma firma de engenharia que tem um grande projeto e quer saber se podem ser competitivos com os atuais custos.
Uma aplicação, princípios e técnicas em ascensão na área de SAD são na produção agrícola, comercialização e sustentabilidade do desenvolvimento agrícola. Por exemplo, o pacote DSSAT4 desenvolveu e financiou o USAID durante os anos 80 e 90, e tem aumentado a qualidade em sistemas de produção agrícola em todo o mundo e facilitando a tomada de decisão em fazendas. Um outro exemplo específico concentra-se no sistema nacional de ferrovias do Canadá, com testes nos equipamentos utilizando o SAD. Um problema encontrado em qualquer ferrovia está no desencaixe ou defeitos nos trilhos, que podem causar centenas de descarrilamentos por ano. Com um SAD, a CN verificou a redução dos incidentes de descarrilamentos no mesmo período em que outras companhias tiveram um expressivo aumento.
SAD tem muitas aplicações que podem ser ainda descobertas, portanto, pode ser utilizado em qualquer campo em uma organização, como para auxiliar a tomada de decisão em estoques, ou decidir qual fatia de mercado uma linha de produtos deve seguir
Um exemplo de aplicação é o programa Risco Cirúrgico MED, avalia tanto o risco cardiológico e risco pulmonar como outros, facilitando a elaboração do laudo pré-operatório para o clínico ou cardiologista. O Risco Cirúrgico MED é um software que permite a padronização deste procedimento médico. Utilizando as tabelas de EMAPO, ACP (American College Physicians), Goldman, ASA, Detsky, Larsen e Lee, possibilita uma rápida emissão do laudo de risco cirúrgico sendo este completamente personalizado.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Sistemas de apoio a decisão: https://web.archive.org/web/20130806143724/http://www.mereoconsulting.com.br/tecnologias-para-suporte-a-decisao/
Grupo de pesquisa sobre sistemas de apoio a decisão para doenças associadas ao envelhecimento: Projeto SIADE da Universidade Federal Fluminense[ligação inativa]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ O´Brien, James A.; Marakas, George M. (2013). Administração de Sistemas de Informação. Porto Alegre: AMGH. p. 9. ISBN 9788580551112