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Herói do 1º título da Copa Libertadores do Grêmio já foi dado como morto por engano

César Martins de Oliveira entrou para a história do Grêmio ao sair do banco e marcar de ‘peixinho’, no dia 28 de julho de 1983, o gol da vitória sobre o Peñarol por 2 a 1 e também do primeiro título da Copa Libertadores do time gaúcho.

“Foi uma jogada espetacular do Renato Gaúcho que cruzou a bola, que passou por toda área pela defesa deles. Eu era o último homem e não daria tempo de ir com os pés na jogada. Por isso, eu pulei para dar a cabeçada e deu certo”, recordou, ao ESPN.com.br.

O lance também ficou marcado porque a esposa do meia Tita tinha sonhado que César faria o gol do título.

“Foi uma coisa divina e uma explosão de alegria. O Tita chegou para mim na hora e lembrou o que a esposa dele tinha dito. Foi maravilhoso. O gol do titulo da Libertadores é o mais importante que fiz em toda a minha carreira”, recordou.

Dado como morto

O ex-jogador, que mora em São João da Barra, no Rio de Janeiro, já chegou a receber a homenagem de um minuto de silêncio em uma partida vencida pelo Grêmio por 7 a 0 contra o Grêmio de Santana do Livramento, no Olímpico, pelo Gauchão de 1995.

Até mesmo o jornal Zero Hora chegou a colocar na manchete do jogo o luto em Porto Alegre e falou sobre o sepultamento do ex-jogador em Caxias do Sul. Enquanto isso, César estava vivo – e surpreso com a notícia - no Rio de Janeiro.

No dia seguinte o Zero Hora corrigiu a informação com a manchete "César vive".

Em 2010, ele recordou à ESPN sobre o fato inusitado que enganou a diretoria gremista.

“Esse fato (o minuto de silêncio) aconteceu mesmo. Um menino muito parecido comigo, como mesmo cabelo e que usava o codinome César morreu e recebi a ‘homenagem’. O telefone não parou de tocar naquele dia. Mas não quero nenhuma homenagem póstuma. Prefiro ser reconhecido ainda em vida”, afirmou o ex-jogador.

Ano perfeito

Revelado no América, César tinha sido o artilheiro do Brasileiro de 1979 e vendido para o Benfica, onde permaneceu quatro temporadas. Em 1983, porém, ele foi contratado pelo Grêmio no meio da temporada na Europa.

“O ponto primordial da minha volta foi o presidente Fábio Koff, que desejava fazer um grupo que pudesse ser campeão da Libertadores. Eu vi que tínhamos condições porque tínhamos um grupo muito forte e percebi que seria uma chance única na minha vida”.

Depois de uma campanha difícil, o Grêmio enfrentou na final o tradicional Peñarol, campeão do ano anterior.

“Eu vinha de contusão e ainda estava com tornozelo inchado. Era tudo ou nada. Só o Tita tinha sido campeão da Libertadores pelo Flamengo. Foi tudo gratificante porque lutamos contra tudo e contra todos. Naquele tempo era muito difícil porque algumas partidas eram uma guerra".

Depois do empate em 1 a 1 no Uruguai, o Grêmio começou o jogo ganhando em Porto Alegre, mas no segundo tempo levou o empate. O gol de César aconteceu aos 31 minutos do segundo tempo e deu o título para os gaúchos.

“Naquela época não tinha nem controle antidoping. No segundo tempo eles voltaram diferentes, voando. Eles empataram o jogo e quase ganharam. O jogo foi muito pegado. Eu pude participar e ficar na história”, disse.

O título colocou vários jogadores no panteão de ídolos da equipe tricolor. “O Renato já estava muito bem como jogador, mas ele explodiu naquele ano. Não somente o Rento apareceu para o mundo, mas como o Grêmio. Depois da Libertadores e do Mundial o clube passou a ser reconhecido”, garantiu.

César ainda esteve no grupo que venceu o Hamburgo na decisão do Mundial interclubes, que foi realizado no Japão.

“Foi um ano perfeito, até hoje está na minha lembrança porque foi o ano azul. Fomos depois até Tóquio e fomos campeões mundiais. Nunca vou esquecer”.