Saltar para o conteúdo

Anna Wintour

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Anna Wintour
Anna Wintour
Nascimento 3 de novembro de 1949 (75 anos)
Londres, Inglaterra
Ocupação Jornalista, editora-chefe Vogue America, diretora artística Condé Nast
Cônjuge David Shaffer (1984-1999)
Shelby Bryan (2004-2020)
Filho(s) Charles Shaffer e Katherine "Bee" Shaffer
Trabalhos notáveis Vogue America

Anna Wintour DBE (Londres, 3 de novembro de 1949) é a atual editora-chefe da edição norte-americana da revista Vogue, a mais conceituada e importante publicação de moda do mundo e um dos seus maiores ícones.

Anna Wintour foi condecorada pelo Príncipe Carlos de Inglaterra com a Ordem do Império Britânico, numa cerimónia que teve lugar no Palácio de Buckingham.[1] É, segundo a revista Forbes em 2009, a editora de moda mais influente do mundo.[2]

O começo da fama

[editar | editar código-fonte]

Anna Wintour é filha de pai britânico e mãe norte-americana. Interessou-se por moda desde a adolescência e ajudou seu pai, Charles Wintour, na altura editor do jornal inglês Evening Standard, a tornar o veículo mais popular entre a juventude londrina da década de 1960, quando a efervescência artística, cultural e de costumes na Inglaterra da época tinha transformado a austera cidade na Swinging London, a meca dos jovens modernos de então, do rock, do cinema, das artes teatrais, moda, literatura e pinturas revolucionárias, onde tudo acontecia na euforia da Europa em pleno desenvolvimento pós-II Guerra Mundial.

Após deixar o colégio, aos 16 anos e ter travado seu primeiro contato com a moda, trabalhando na butique londrina Biba, a mais famosa e influente do mundo na época, começou uma carreira de jornalista de moda dos dois lados do Atlântico, primeiro como editora-assistente da revista Harper's Bazaar, em Nova Iorque e depois como editora de moda na revista Viva, publicação feminina do grupo Penthouse, de Bob Guccione, por dois anos, onde pela primeira vez pôde ter uma assistente pessoal e começou a sua fama de profissional exigente e temperamental, apesar de raramente admitir seus laços com a revista por ela fazer parte da editora que publicava Penthouse, revista masculina muito mais ousada em texto e imagens que sua concorrente direta, a Playboy.

Pouco tempo depois, Wintour chegou ao ponto de virada em sua carreira, tornando-se editora na prestigiada revista New York, onde sua criatividade na produção e concepção das matérias de moda chamaram a atenção da indústria e do meio profissional. Seu estilo transformou-a na estrela da revista, onde ela aprendeu como capas feitas com celebridades do cinema ou da sociedade aumentavam as vendas da publicação. Sendo protegida do editor-geral, tinha direito a certas regalias que provocavam a ira dos companheiros de trabalho. Sua ambição veio mais claramente à tona quando, entrevistada pela então editora-chefe da Vogue, Grace Mirabella, para uma posição importante na revista, deixou claro à jornalista que na verdade o que desejava mesmo era o lugar dela.

Após entrar para a revista em 1983, no cargo até então inexistente de editora-criativa e criado para ela pelos diretores da Condé Nast, entusiasmados com seu trabalho na New York, Wintour passou mais de dois anos trabalhando a seu próprio modo na revista, sem dar satisfações a Mirabella, até ser transferida para o cargo de editora da Vogue britânica, em Londres, de volta à sua cidade natal.

"Nuclear Wintour"

[editar | editar código-fonte]

Anna Wintour mudou radicalmente a edição inglesa da revista, demitindo a maioria dos profissionais que lá trabalhavam e contratando novas estrelas do jornalismo fashion, mudando o enfoque editorial vestuto para uma maior praticidade, à americana. Assumindo um controle total da revista, com seu estilo gélido e autoritário, receberia o apelido que a perseguiria por anos, de "Nuclear Wintour", uma corruptela com a expressão "Nuclear Winter" (Inverno Nuclear), então em voga nos tempos da Guerra Fria, sobre um possível futuro do planeta após um holocausto atômico.

Em 1988, conseguiu finalmente o cargo que perseguia desde criança: ser a editora da maior revista de moda do mundo, a Vogue Americana, após a saída de sua "desafeta" Grace Mirabella. Preocupados com a ascensão da concorrente francesa Elle, lançada há três anos em edição norte-americana, os diretores da Condé-Nast depositaram suas esperanças em Wintour para recolocar a revista novamente no topo, longe da concorrência.

Wintour apertou o foco da revista, sofisticando ainda mais o material editorial, rejuvenesceu as capas, trocando as fotos em close de estúdio de Mirabella, por fotos em plano americano ou corpo inteiro em luz natural – atualizando o estilo começado por uma de suas antecessoras dos primórdios da revista e um dos maiores ícones do mundo da moda, Diana Vreeland - lançando modelos adolescentes quase desconhecidas (entre elas, na década de 1990, a brasileira Gisele Bundchen), apresentando modelos de corpo e cabelos molhados na capa à luz do dia, até sem maquiagem, investindo na geração saúde dos anos 1990, valorizando o trabalho de maquiadores, cabeleireiros, produtores e fotógrafos, ao mesmo tempo em que colocava em suas capas personalidades como estrelas de cinema e socialites americanas e europeias e até uma primeira-dama. Seu conhecido método de controle total foi implantado em tudo, texto e fotografia, que passaram a ter sua aprovação pessoal com mão de ferro.

Sua obsessão por peles, como adereços de luxo e sua recusa em aceitar na revista anúncios pagos de associações de defesa dos animais, a colocou como alvo principal de entidades como a PETA. Num desfile da Victoria's Secret, em 2002, um grupo de manifestantes com cartazes invadiu a passarela para protestar contra o desfile de Gisele Bundchen, uma de suas protegidas coberta de peles, na presença de Wintour sentada na primeira fila.

Wintour descobriu, divulgou e ajudou a tornarem-se consagrados estilistas desconhecidos, como Marc Jacobs e John Galliano, passando a determinar o parâmetro "fashion" mundial até para as revistas concorrentes. Em pouco tempo sob seu comando, a Vogue recuperou da influência de suas concorrentes diretas Elle, Harper’s Bazaar, Mirabella e Women’s Wear Daily aumentando seu faturamento e tiragem. Em setembro de 2007, a revista saiu nas bancas com 840 páginas, três quartos delas de publicidade, tornando-se a revista mensal com o maior volume de páginas e anúncios da história editorial mundial, reverenciada como "a bíblia da moda".

Apesar de temida por colegas de profissão, concorrentes, estilistas, subalternos em geral e até por amigos, devido a seu temperamento autoritário e gélido, Anna Wintour é venerada por seu extremo bom gosto, criatividade, disposição de trabalho e olhar clínico para os novos talentos da moda. Seu estilo inconfundível – e copiado - de cabelo pajem e enormes óculos escuros, até em ambientes internos, provocaram a piada mais conhecida sobre a papisa do mundo fashion: a de que ela usa óculos escuros aonde vai simplesmente para que jamais vejam seus olhos, pois ela seria na verdade o próprio Satã encarnado e seus olhos seriam vermelhos; um verdadeiro diabo amante das roupas Prada. (na verdade ela tem traços de fotofobia, herdados de seu pai).

Jada Pinkett Smith fotografada por Jerry Avenaim para a Vogue em 2001

Em 2003, Lauren Weisberger, uma ex-assistente pessoal de Wintour na vida real, escreveu o best-seller O Diabo Veste Prada, em estilo ficcional, sobre a história de uma autoritária, rude e temida editora de moda de uma revista influente e seu relacionamento com suas secretárias, produtoras, assistentes e demais personagens do mundo da moda. O livro conta como Andrea Sachs, a jovem estagiária recém-formada e personagem principal, vive o inferno nas mãos de sua chefe, a poderosa editora "Miranda Priestly", e é considerado com uma biografia de Lauren durante seu período como assistente de Wintour na Vogue, apesar de negado pela autora que insiste ser apenas uma obra de ficção.

O livro, que vendeu milhões de exemplares em todo mundo e esteve por diversas semanas encabeçando a lista dos mais vendidos do jornal The New York Times, foi levado às telas de cinema em 2006, com uma Meryl Streep brilhante e hilariante encarnando a odiada e odiosa "Miranda Priestly", que assim como a Wintour da vida real, tem duas filhas e faz parte do conselho do Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, além de ter seu escritório decorado exatamente igual ao de Anna Wintour na Vogue.

Na pré-estreia de gala do filme, a que Anna Wintour compareceu - vestindo Prada -, ela disse em entrevista que acreditava que ele seria lançado apenas direto em DVD. Com o estrondoso sucesso, que rendeu mais de US$350 milhões de dólares de bilheteria em todo o mundo e deu a Meryl Streep o Globo de Ouro de "Melhor Atriz de Comédia" e sua décima-quarta indicação ao Oscar, ela mudou o discurso dizendo ter achado a obra um total entretenimento e mostrado o mundo em que vive como é divertido e interessante. Afinal, de qualquer maneira, verdade ou ficção, o filme a transformou numa grande celebridade pelo mundo fora, em todas as classes sociais.

Além de ter trazido de volta a revista Vogue à posição em que foi colocada no passado por outro ícone como ela, a lendária Diana Vreeland, Anna Wintour também lançou em 2004 produtos afiliados ao título principal, como "Teen-Vogue", "Men’s Vogue" e "Vogue Living". O primeiro, dedicado ao público jovem, já ultrapassou em páginas e anúncios suas concorrentes mais diretas junto ao segmento de alta renda, a "Elle Girl" e a "CosmoGirl", e a "Vogue’s Men" fez do seu primeiro número, com 164 páginas, o maior lançamento da história da Condé-Nast, a secular empresa editora da Vogue. Por seu trabalho neste sentido, Anna Wintour recebeu da indústria de revistas o prémio de "Editora do Ano".

Referências

  1. «Anna Wintour, distinguée à Buckingham» (em francês). Vogue.fr. Arquivado do original em 19 de março de 2009 
  2. Sherman, Lauren (9 de julho de 2009). «2009's Most Powerful Fashion Magazine Editors» (em inglês). Forbes.com. Consultado em 12 de setembro de 2009 


O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Anna Wintour