Artéria femoral
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Artéria femoral | |
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Esquema da artéria femoral (20) e suas principais ramificações - coxa direita, visão anterior. | |
Nome em Latim | arteria femoralis |
Vasculariza | membro inferior |
Ramos | artéria ilíaca externa artéria femoral comum artéria femoral superficial artéria poplítea |
A artéria femoral é a segunda maior artéria do corpo (a primeira é a aorta), localizada ao longo da coxa, sendo o principal vaso sanguíneo a irrigar o membro inferior.
Ela atinge a coxa por trás do ligamento inguinal, chamada neste ponto de artéria femoral comum, uma continuação da artéria ilíaca externa, estando a meio caminho entre a espinha ilíaca ântero-superior e a sínfise púbica. A artéria femoral comum separa-se da artéria femoral profunda e torna-se a artéria femoral superficial ou a artéria subsartorial, descendo ao longo da parte anteromedial da coxa no triângulo femoral.[1] A artéria passa então através do canal adutor subsartorial [en] e torna-se a artéria poplítea, depois de passar por uma abertura no músculo adutor magno, próximo à junção dos terços distal e médio da coxa.[2]
Estrutura
[editar | editar código-fonte]As interações da artéria femoral são:
- porção proximal: nos primeiros três ou quatro centímetros, a artéria segue junto à veia femoral, na bainha femoral [en].
- região anterior: na porção superior do percurso, é superficial e recoberta por pele e fáscia. Na porção inferior do percurso, passa atrás do músculo sartório.
- região posterior: a artéria está junto ao músculo psoas, que a separa da articulação do quadril, do músculo pectíneo e do músculo adutor longo. A veia femoral interpõe-se entre a artéria femoral e o adutor longo.
- porção medial: segue junto à veia femoral na porção superior do percurso.
- porção lateral: situa-se o nervo femoral e suas ramificações.
A artéria femoral ramifica-se na coxa em vários vasos secundários:
- artéria ilíaca circunflexa superficial [en]: pequena ramificação que chega até a região da espinha ilíaca ântero-superior.
- artéria epigástrica superficial [en]: pequena ramificação que transpassa o ligamento inguinal e chega à região do umbigo.
- artéria pudenda superficial externa [en]: pequena ramificação medial que irriga a pele do escroto (ou dos lábios maiores).
- artéria pudenda profunda externa [en]: ramificação medial que também irriga a pele do escroto (ou dos lábios maiores).
- artéria femoral profunda: grande e importante ramificação que origina-se na lateral da artéria femoral cerca de quatro centímetros abaixo do ligamento inguinal. Percorre medialmente atrás dos vasos femorais [en] e entra no compartimento fascial medial da coxa. Na sua porção distal, torna-se uma das quatro artérias perfurantes [en]. Da sua porção inicial, originam-se a artéria circunflexa femoral medial [en] e a artéria circunflexa femoral lateral [en]; ao longo de seu percurso, dá origem a três artérias perfurantes.
- artéria genicular descendente [en]: pequena ramificação que tem origem na artéria femoral, próximo à sua terminação dentro do canal adutor subsartorial [en]. Auxilia na irrigação das articulações do joelho.
Na linguagem clínica, a porção da artéria femoral proximal à origem da artéria femoral profunda é frequentemente denominada artéria femoral comum, enquanto que a porção distal à origem da artéria femoral profunda, é denominada artéria femoral superficial.[3]
Importância clínica
[editar | editar código-fonte]Pulsação e acessibilidade
[editar | editar código-fonte]Como a artéria femoral pode muitas vezes ser facilmente palpada através da pele, ela é frequentemente utilizada como acesso em procedimentos como angioplastia para a introdução de cateteres. A partir desta artéria, os fios e os cateteres podem ser direcionados para qualquer parte do sistema arterial na intervenção ou diagnóstico do coração, cérebro, rins, braços e pernas. A direção do movimento do cateter na artéria femoral pode ser contra o fluxo sanguíneo, por exemplo nas intervenções e diagnósticos no coração e perna oposta, ou no mesmo sentido do fluxo, por exemplo nas intervenções e diagnósticos na mesma perna.
A medição da pulsação femoral deve indicar, em condições normais, uma pressão arterial sistólica de cerca de 109 mmHg (14 500 Pa).[4]
Doença arterial periférica
[editar | editar código-fonte]A artéria femoral é suscetível à doença arterial periférica (DAP).[5] Quando ocorre uma obstrução em decorrência da aterosclerose, pode ser necessária uma intervenção percutânea com acesso a partir da artéria femoral oposta. A endarteriectomia, uma incisão cirúrgica com remoção do ateroma da artéria femoral também são comuns. Se for necessário realizar uma ligadura cirúrgica na artéria femoral para tratar um aneurisma poplíteo, o sangue pode chegar à artéria poplítea distal através de uma ligação com as artérias geniculares [en]. No entanto, se o fluxo na artéria femoral de uma perna normal for interrompido repentinamente, é muito raro que o fluxo sanguíneo distal seja suficiente. Isto porque as artérias geniculares só estão desenvolvidas em uma minoria de indivíduos sãos, não se desenvolvendo na ausência da DAP na artéria femoral.[6]
História das ilustrações
[editar | editar código-fonte]As ilustrações encontradas em muitos livros e outras publicações, parecem ser derivadas das imagens publicadas pela primeira vez na obra Gray's Anatomy,[7] publicada na segunda metade do século XIX pelo anatomista e cirurgião inglês Henry Gray, com ilustrações de seu colega, o também anatomista e cirurgião inglês Henry Vandyke Carter [en]. Em 2015, a obra estava na 41.ª edição. As ilustrações das artérias geniculares foram publicadas pela primeira vez na edição de 1910, e não foram originadas de dissecações de cadáveres, nem nas edições subsequentes, mas reproduzidas dos escritos do cirurgião escocês John Hunter e do cirurgião e anatomista inglês Astley Cooper, anos depois da descoberta da correlação da artéria femoral com o aneurisma da artéria poplítea [en]. As artérias geniculares nunca foram demonstradas, mesmo com os modernos recursos de imagem, como a angiotomografia.[6] Com estas técnicas, é possível obter imagens com nitidez,[8] [9] [10] auxiliando, juntamente com o cateterismo, na investigação e no tratamento de doenças.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b Amarnath C and Hemant Patel (2023). Comprehensive Textbook of Clinical Radiology - Volume III: Chest and Cardiovascular system. [S.l.]: Elsevier Health Sciences. ISBN 9788131263617 Page 1072
- ↑ Erik Schulte; Udo Schumacher (2006). «Arterial Supply to the Thigh». Thieme Atlas of Anatomy: General Anatomy and Musculoskeletal System (em inglês). [S.l.]: Thieme. p. 490. ISBN 9783131420817
- ↑ Richard S. Snell (2008). Clinical Anatomy By Regions (em inglês) 8 ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins. pp. 581–582
- ↑ D. Arnal; I. Garutti; et al. (24 de junho de 2005). «Radial to femoral arterial blood pressure differences during liver transplantation» (em inglês). Wiley Online Library
- ↑ Bartelink MEL, Elsman BHP (fevereiro de 2014). «Doença arterial periférica» (PDF). SBMFC. Arquivado do original (PDF) em 17 de abril de 2018
- ↑ a b Sabalbal M, Johnson M, McAlister V (setembro de 2013). «Absence of the genicular arterial anastomosis as generally depicted in textbooks» (em inglês). 95. Annals of the Royal College of Surgeons of England. pp. 405–409. PMID 24025288. Arquivado do original em 23 de dezembro de 2017
- ↑ Henry Gray (1858). Gray’s Anatomy (em inglês) 1.ª ed. [S.l.]: eKitap Projesi&Cheapest Books. ISBN 9781537434438
- ↑ Computed tomography angiogram
- ↑ Imaging of the femoral arteries
- ↑ Computed tomography-angiography
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Media relacionados com o sistema arterial dos membros inferiores no Wikimedia Commons