Bico-chato-da-copa
Bico-chato-da-copa | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Estado de conservação | |||||||||||||||
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Nome binomial | |||||||||||||||
Tolmomyias assimilis (Pelzeln, 1868) | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
Distribuição do bico-chato-da-copa na América do Sul
| |||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||
Rhynchocyclus assimilis (Pelzeln, 1868) (basinômio) |
Bico-chato-da-copa[2] (nome científico: Tolmomyias assimilis) é uma espécie amazônica de ave passeriforme da família dos tiranídeos (Tyrannidae).
Sistemática
[editar | editar código-fonte]A espécie Tolmomyias assimilis foi descrita pela primeira vez pelo ornitólogo austríaco August von Pelzeln em 1868 sob o nome científico Rhynchocyclus assimilis, cuja localidade tipo é Borba, Brasil.[3] O nome genérico masculino Tolmomyias é composto das palavras gregas tolma, tolmēs, que significa "coragem" e/ou "ousadia", e muia, muias, que significa "voar", e o nome específico assimilis vem do latim e significa 'semelhante'.[4]
Taxonomia
[editar | editar código-fonte]As relações dentro do gênero são incertas, dependendo de estudos genéticos mais completos. A espécie bico-chato-ocidental (Tolmomyias flavotectus), anteriormente tratada como subespécie da atual, já era considerada por alguns autores como espécie separada, entre eles Hilty (2003)[5] e Ridgely & Tudor (2009),[6] com base na distribuição disjunta, diferenças vocais significativas e pequenas diferenças de plumagem, que acabaram sendo seguidas noutras classificações.[7][8][9] O Comitê de Classificação Sul-Americano (SACC) aguarda a proposta para discutir o reconhecimento.[10]
As outras subespécies exibem variações sutis na cor da coroa, peito e barriga (peito tornando-se ligeiramente mais escuro no sentido horário das Guianas e nordeste do Brasil até o leste do Brasil ao sul do Amazonas, a cor da coroa mostra-se semelhante, mas com padrão ligeiramente discordante); mais estudos são necessários sobre os limites taxonômicos dessas subespécies.[11] Tolmomyias sucunduri é uma espécie nova recentemente descrita (Whitney et al., 2013).[12] No entanto, o SACC rejeitou a Proposta N.º 646 para reconhecimento e todas as classificações consideram-na como a subespécie T. assimilis sucunduri.[13]
Subespécie
[editar | editar código-fonte]De acordo com as classificações do Congresso Ornitológico International (IOC)[8] e Clements Checklist/eBird,[7] oito subespécies são reconhecida, com sua distribuição geográfica correspondente:[11]
- Grupo politípico assimilis:
- Tolmomyias assimilis negligenciaus (J.T. Zimmer, 1939) - leste da Colômbia, sudoeste Venezuela e noroeste Brasil (região do rio Negro no norte da Amazônia).
- Tolmomyias assimilis examinatus (Chubb, 1920) - sudeste da Venezuela, as Guianas e nordeste do Brasil (margem norte do baixo rio Amazonas no norte do Pará e Amapá).
- Tolmomyias assimilis obscuriceps (J.T. Zimmer, 1939) - sudeste da Colômbia (oeste de Meta) sul a nordeste do Equador e nordeste Peru (leste de Loreto ao norte da Amazônia).
- Tolmomyias assimilis clarus (J.T. Zimmer, 1939) - Peru (Amazonas, apenas do norte do rio Maranhão, sul ao norte do Puno).
- Tolmomyias assimilis assimilis (Pelzeln, 1868) - Brasil central ao sul do meio do Amazonas (de Tefé, no leste da Amazônia, a leste do rio Tapajós, no oeste do Pará).
- Tolmomyias assimilis paraensis (J.T. Zimmer, 1939) (vernáculo: bico-chato-da-copa-paraense[14][15]) - nordeste do Brasil (leste do Pará e noroeste Maranhão).
- Tolmomyias assimilis calamae (J.T. Zimmer, 1939) - sudoeste do Brasil (sudeste do Amazonas) e norte da Bolívia.
- Grupo monotípico sucunduri:
Distribuição e habitat
[editar | editar código-fonte]O bico-chato-da-copa distribui-se a leste dos Andes, através da bacia Amazônica e no escudo das Guianas, desde o sudeste da Colômbia, a leste através do sul e sudeste da Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e norte do Brasil, e ao sul através do leste do Equador, leste do Peru, Brasil Amazônia, até o centro da Bolívia.[11] Esta espécie é considerada bastante comum em seu habitat natural, no subdossel e no estrato médio das florestas úmidas, até mil metros de altitude.[6]
Descrição
[editar | editar código-fonte]O bico-chato-da-copa mede entre 13 e 13,5 centímetros e pesa entre 12 e 17,5 gramas. A coroa, a nuca e os lados da cabeça são cinza, tingidos de oliva; tem fino anel ocular, aberto na testa; o resto das partes superiores são verde-oliva; asas escuras, com margens amarelas conspícuas para remiges e coberturas de asas maiores, que aparecem como painel pálido na base das primárias externas 3-4 e uma barra alar fraca; a garganta é cinza claro, tornando-se oliva claro no peito e flancos, o ventre é amarelo claro. A íris é verde-oliva a marrom-escura, o bico tem mandíbula superior preta e mandíbula inferior marrom-clara, acinzentada ou esbranquiçada, com ponta mais escura, pernas cinza. Os sexos são semelhantes.[11] Distingue-se de seus congêneres pelo tom acinzentado claro da cabeça e especificamente do bico-chato-de-orelha-preta (Tolmomyias sulphurescens) por ter as auriculares imaculadas.[16]
Reprodução
[editar | editar código-fonte]Constrói o ninho em meados de janeiro, sendo este pênsil e em formato de bolsa, com um túnel vertical de acesso (assim como outros bico-chatos). A espécie utiliza materiais vegetais e fúngicos, como pequenos galhos e folhas secas unidos com teia de aranha. Indivíduos já foram observados carregando materiais para ninho em março e agosto.[17]
Conservação
[editar | editar código-fonte]Em 2016, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) avaliou a situação da espécie em sua Lista Vermelha e a considerou como pouco preocupante, pois ocorre numa área extremamente grande. Além disso, embora suas populações estejam com tendência declinante, o declínio não é suficientemente rápido para se aproximar dos limiares para classificá-la como vulnerável. Não é conhecido o tamanho total das populações, mas se acreditem que igualmente não se aproxime dos limites para classificá-la como vulnerável.[1] Em 2007, a subespécie T. a. paraensis foi classificado como em perigo na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[14][15][18] e em 2018, a espécie foi classificada como pouco preocupante no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[19][20]
Referências
- ↑ a b BirdLife International (2016). «Tolmomyias assimilis». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T103680514A93739604. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T103680514A93739604.en. Consultado em 16 de novembro de 2021
- ↑ Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 208. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022
- ↑ «Zimmer's or Yellow-margined or Sucunduri Flycatcher Tolmomyias [assimilis, flavotectus or sucunduri] (= Tolmomyias assimilis) (Pelzeln, A 1868)». AviBase. Consultado em 14 de maio de 2023. Cópia arquivada em 14 de maio de 2023
- ↑ Jobling, James A. (2010). The Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Christopher Helm. pp. 57, 387. ISBN 978-1-4081-2501-4. Consultado em 14 de maio de 2023
- ↑ Hilty, Steven L. (2003). Birds of Venezuela. Londres: Christopher Helm. ISBN 0-7136-6418-5. Consultado em 14 de maio de 2023
- ↑ a b Ridgely, Robert; Tudor (2009). «Tolmomyias assimilis p. 441, lámina 50(2)». Field guide to the songbirds of South America: the passerines. Col: Mildred Wyatt-World series in ornithology 1.ª ed. Austin: Imprensa da Universidade do Texas. ISBN 978-0-292-71748-0. Consultado em 14 de maio de 2023
- ↑ a b Clements, J. F.; Schulenberg, T. S.; Iliff, M. J.; Roberson, D.; Fredericks, T. A.; Sullivan, B. L.; Wood, C. L. (2022). The eBird/Clements checklist of birds of the world. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. Consultado em 14 de maio de 2023
- ↑ a b Gill; Donsker, David, eds. (2018). «Antbirds». World Bird List Version 8.1. International Ornithologists' Union. Consultado em 21 de março de 2018
- ↑ del Hoyo, J.; Caballero, I.; Kirwan, G. M.; Collar, N.; Boesman, P. F. D. (2022). «Yellow-winged Flycatcher (Tolmomyias flavotectus)». In: Keeney, B. K. Birds of the World. Col: 1.0. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. doi:10.2173/bow.yemfly2.01. Consultado em 14 de maio de 2023. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2022
- ↑ «A Classification of the Bird Species of South America». Comitê de Classificação Sul-Americano - União Americana dos Ornitólogos. Consultado em 14 de maio de 2023. Cópia arquivada em 11 de dezembro de 2022
|capítulo=
ignorado (ajuda) - ↑ a b c d del Hoyo, J.; Caballero, I.; Kirwan, G. M.; Collar, N. (2020). «Yellow-margined Flycatcher (Tolmomyias assimilis)». In: Keeney, B. K.; Billerman, S. M.; Rodewald, P. G.; Schulenberg, T. S. Schulenberg. Birds of the World. Col: 1.0. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. doi:10.2173/bow.yemfly2.01. Consultado em 14 de maio de 2023. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2022
- ↑ a b Whitney, B. M.; Schunck, F.; Rêgo, M. A.; Silveira, L. F. (2013). «A new species of flycatcher in the Tolmomyias assimilis radiation from the lower Sucunduri-Tapajós interfluvium in central Amazonian Brazil heralds a new chapter in Amazonian biogeography». In: del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J; Christie, D. A. Handbook of the Birds of the World. Special Volume: New Species and Global Index (em inglês). Barcelona: Lynx Editions. pp. 297–300. ISBN 978-84-96553-88-0. Consultado em 14 de maio de 2023
- ↑ Remsen, J. V. (setembro de 2014). «Reconocer la nueva especie descrita Tolmomyias sucunduri. Propuesta (646)». Comitê de Classificação Sul-Americano. Consultado em 14 de maio de 2023. Cópia arquivada em 14 de maio de 2023
- ↑ a b Extinção Zero. Está é a nossa meta (PDF). Belém: Conservação Internacional - Brasil; Museu Paraense Emílio Goeldi; Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Governo do Estado do Pará. 2007. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022
- ↑ a b Aleixo, Alexandre (2006). Oficina de Trabalho "Discussão e Elaboração da Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do Estado do Pará (PDF). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi; Conservação Internacional; Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM). Consultado em 5 de maio de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 19 de junho de 2022
- ↑ Freire, Cristina (2 de maio de 2019). Terra Brasilis: arte brasileira no acervo conceitual do MAC USP. São Paulo: Universidade de São Paulo. Museu de Arte Contemporânea. Cópia arquivada em 22 de abril de 2023
- ↑ Gomes, Arthur Monteiro; Leite, Gabriel Augusto (16 de dezembro de 2019). «A nest of Yellow-margined Flatbill Tolmomyias assimilis». Bulletin of the British Ornithologists’ Club (4). 320 páginas. ISSN 0007-1595. doi:10.25226/bboc.v139i4.2019.a3. Consultado em 14 de maio de 2023. Cópia arquivada em 18 de abril de 2023
- ↑ «Tolmomyias assimilis paraensis Zimmer, 1939». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 13 de maio de 2023
- ↑ «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018
- ↑ «Tolmomyias assimilis (Pelzeln, 1838)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 13 de maio de 2023
- Espécies pouco preocupantes
- Tolmomyias
- Aves descritas em 1868
- Aves do Pará
- Aves do Amazonas
- Aves de Rondônia
- Aves de Roraima
- Aves do Acre
- Aves do Amapá
- Aves do Maranhão
- Aves da Bolívia
- Aves do Peru
- Aves do Equador
- Aves da Colômbia
- Aves da Venezuela
- Aves de Guiana
- Aves da Guiana Francesa
- Aves do Suriname
- Espécies citadas na lista Extinção Zero do Estado do Pará
- Espécies citadas no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção