Bodies (canção de Sex Pistols)
"Bodies" é uma canção da banda britânica Sex Pistols, do álbum Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols, de 1977. A canção aborda o aborto com letras descritas como "algumas das mais intransigentes e emocionantes que se possa imaginar".[1]
Letra
[editar | editar código-fonte]A canção é principalmente sobre uma fã chamado Pauline, que era (como a música afirma) de Birmingham.[2] Ela estava em uma instituição mental, onde aparentemente morava em uma casa na árvore em seu jardim.[3][4][2] Foi daí que surgiu a frase "O nome dela era Pauline, ela morava em uma árvore" ("Her name was Pauline, she lived in a tree"). A instituição também foi onde ela parece ter sido estuprada por um dos enfermeiros.[5] Quando foi libertada, viajou para Londres, onde se tornou fã de punk rock. Ela sofreu vários abortos. Segundo a lenda, certa vez ela apareceu na casa de John Lydon segurando um feto abortado em uma sacola plástica transparente.[6] Em uma entrevista de 1977, quando questionado sobre os bastidores da canção, Lydon também afirmou que ela foi presa após entrar em uma discoteca com o feto abortado.[7]
De acordo com a autobiografia de Lydon, ela contou a ele sobre engravidar e depois fazer abortos e descreveu-os em detalhes. Isso afetou Lydon o suficiente para escrever a canção. A maioria da banda também teve experiências com Pauline, mas falaram menos sobre isso.[3]
Gravação
[editar | editar código-fonte]"Bodies" é uma das duas canções de Never Mind the Bollocks que o baixista original dos Pistols, Glen Matlock, não coescreveu.[carece de fontes] É também a única canção do álbum em que Sid Vicious realmente toca baixo, embora sua parte tenha sido mais tarde regravada por Steve Jones, depois que Matlock se recusou a fazê-lo.[8][9] Como todas as outras canções dos Sex Pistols, foi creditada a toda a banda, embora Vicious estivesse no hospital com hepatite quando ela foi composta.[9][10]
Recepção
[editar | editar código-fonte]Com suas repetidas menções de "eu não sou um animal", "mamãe" e um bebê morrendo, a canção foi interpretada como sendo anti-aborto,[4] com o crítico de música contemporânea Robert Christgau chamando-a de "efetivamente anti-aborto, anti-mulher e anti-sexo."[11][6] Em 2006, a revista National Review colocou a canção na 8ª posição da lista das "50 melhores músicas do rock conservador", devido à sua descrição negativa e inflexível do aborto.[12] O próprio Lydon, em uma entrevista de 2007 à Revista Spin, disse: "Não acho que haja uma música mais clara sobre a dor do aborto. A justaposição de todas essas coisas psíquicas diferentes em sua cabeça e toda a confusão, raiva, frustração que você precisa capturar com essas palavras."[8] Na série de documentários Classic Albums (2007) sobre o álbum Never Mind The Bollocks, Lydon disse ainda: "Essa canção foi odiada e abominada. Não é anti-aborto, não é pró-aborto. É: 'Pense nisso. Não seja insensível com relação a um ser humano, mas também não se limite a algo "moral". Porque é imoral trazer uma criança para este mundo e não dar a mínima para isso.'"[13]
Juntamente com "Belsen Was a Gas", é provavelmente a canção mais gráfica e controversa dos Sex Pistols, tanto em seu assunto quanto em seu estilo. Um artigo de 2017 do The Independent a descreveu como "uma representação sangrenta e borbulhante de um aborto repleto de uma saraivada de palavrões de Rotten".[14] Musicalmente, é também a canção mais rápida e pesada[15] dos Pistols — caracterizada por bateria barulhenta, distorções de guitarra e vocais gritados.[6]
Referências
- ↑ Ross, Graeme (10 de janeiro de 2018). «Sex Pistols playlist: 10 broadsides that shook the world». The Independent. Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ a b Simpson, Dave (15 de fevereiro de 2018). «John Lydon: 'I didn't want to be a comfortable, Mick Jagger-type naughty pop star'». The Guardian. Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ a b «Never Mind the Bollocks - Track by Track (Bodies)». www.sexpistolsofficial.com. Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ a b Grow, Kory (27 de outubro de 2017). «Sex Pistols Break Down 'Never Mind the Bollocks' Track by Track». Rolling Stone. Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ Perone, James E. (17 de outubro de 2012). The Album: A Guide to Pop Music's Most Provocative, Influential, and Important Creations. [S.l.]: Praeger Publishing. ASIN B00Y2VMZKQ
- ↑ a b c Faraci, Devin (29 de março de 2013). «Smash Your Head On The Punk Rock: The Sex Pistols - Bodies». BirthMoviesDeath.com. Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ Tobler, John (12 de novembro de 1977), «Sex Pistols - Tobler Interview - 11/11/77», BBC Radio 1, consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ a b Rabid, Jack (Outubro de 2007). «Tell us what you think, Johnny Rotten». Spin. p. 64. Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ a b Dyer, Jonathan (27 de outubro de 2017). «After 40 years, 'Never Mind the Bollocks'». Public Radio International. Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ Heylin, Clinton (1998). Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols. [S.l.]: Schirmer Books. pp. 92, 131. ISBN 978-0028647265
- ↑ Christgau, Robert (1977). «Consumer Guide Review, Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols». Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ Miller, John (26 de maio de 2006). «Rockin' the Right - The 50 greatest conservative rock songs». Nation Review. Consultado em 17 de novembro de 2019. Cópia arquivada em 25 de agosto de 2010
- ↑ Cox, Alex (Maio de 1986). Sid and Nancy (Filme) (em inglês). ASIN B00004ZBVO
- ↑ Worley, Matthew (25 de outubro de 2017). «No future: 40 years since Sex Pistols stuck two fingers up at the British establishment». The Independent. Consultado em 17 de novembro de 2019
- ↑ Total Guitar Magazine (24 de outubro de 2017). «The guitar stories behind Never Mind The Bollocks, by Steve Jones». Louder Sound. Consultado em 17 de novembro de 2019