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Condicionamento clássico

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O condicionamento clássico (ou condicionamento pavloviano respondente) é um processo que descreve a gênese e a modificação de alguns comportamentos com base nos efeitos do binômio estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central dos seres vivos. O termo condicionamento clássico encontra-se historicamente vinculado a Ivan Pavlov (1849-1936), a "psicologia da aprendizagem" de John B. Watson (1878-1958), e Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), também conhecido como sistema de punição e recompensa ou ao "comportamentalismo" (Behaviorismo).

Em termos de suas bases neurais, o condicionamento clássico corresponde a um tipo de memória implícita chamada "associativa" (em oposição à memória implícita do tipo "não associativa", na qual se encaixam os aprendizados de habituação e sensibilização). Lesões no vermis cerebelar e no núcleo interpósito cerebelar foram associadas a perda da reação ao estímulo não-condicionado em resposta ao estímulo condicionado (mesmo que ainda seja possível a reação exclusiva ao estímulo não-condicionado, que não é e nunca foi dependente do condicionamento clássico). Esses achados levam a crer que tais estruturas cerebelares profundas estão relacionadas a tal aprendizado.[1]

A origem do condicionamento clássico

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Um reflexo é uma sequência estímulo-resposta e tem a função de manter o bom funcionamento biológico, garantindo sobrevivência e reprodução. Encontramos reações equivalente a reflexos em todos os sistemas orgânicos: nervoso, endócrino, muscular, respiratório, digestivo, reprodutivo e até mesmo respostas emocionais. Os reflexos condicionados formam novas conexões sinápticas inicialmente temporárias e a seguir duradouras, pois são reflexos "aprendidos" e podem ser excitadores ou inibidores. Sua função é preditiva, ou seja, serve para antecipar a resposta de prazer (recompensa) ou mesmo advertir sobre um possível perigo (punição).

Para obter-se um condicionamento efetivo é preciso que o estímulo condicionado (SC) preceda o estímulo incondicionado (SI), que não coexistam estímulos externos inibidores e que haja repetição periódica do condicionamento. Extinções ocorrem quando SC é apresentado sem o SI até que este desfaça a associação. O condicionamento pode ser recuperado se os emparelhamentos entre SC e SI forem refeitos - processo conhecido como recuperação espontânea.

Estímulos condicionados podem também ser associados a outros estímulos neutros de modo a torná-los igualmente condicionados sem o emparelhamento simultâneo com o SI. Os primeiros seriam os condicionamentos chamados primários e os seguintes, secundários. Esta seria então uma associação de segunda ordem. Tais associações podem chegar até a terceira ordem e se mostrarem efetivas.

Contra-condicionamentos ocorrem quando um diferente SC ou SI é associado, alterando portanto o reflexo incondicionado (RI). Esta ação promoveria o processo de extinção juntamente com um novo condicionamento.

Cachorro usado nos experimentos de Pavlov. Museu de Pavlov, Rússia

Na psicologia, a terminologia acima utilizada é comumente encontrada no Behaviorismo. Todavia, junto à psicologia social, propôs-se a abolição do conceito de "comportamento". Em seu lugar, Alexei Leontiev propõe o conceito de "atividade".

Reflexo condicionado

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Reflexo condicionado', concatenado, resposta condicionada ou comportamento respondente corresponde ao que Lev Vygotsky (1896 - 1934), em sua definição de reflexologia[2] definiu como a transformação das reações de resposta do organismo (reflexos incondicionados) a estímulos externos em situação experimental segundo os postulados de Vladimir Bekhterev (1857 - 1927) e Ivan Pavlov (1849 - 1936).

Observe-se que o reflexo é a relação entre o estímulo e a resposta, nem o estímulo, nem a resposta separadamente definem um reflexo. O reflexo incondicionado é uma conexão nervosa permanente entre um excitante preciso imutável e uma ação bem determinada do organismo. Representam um estado de equilíbrio com um elemento fixo do meio, se constituindo em cada indivíduo como a herança da espécie e simultaneamente um elemento de adaptação constante do organismo ao meio que o rodeia exigindo uma modificação do comportamento organismo (interna ou externa) a cada modificação do meio ambiente.[3]

I.P. Pavlov com três colegas operando um cão no Departamento de Fisiologia, Instituto Imperial de Medicina Experimental, St Petersburg. Da esquerda para a direita: A. P. Sokolov, I.V. Shuvalov, I.P. Pavlov, J.A. Buchschtab

A experiência de Pavlov

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O experimento que elucidou a existência do condicionamento clássico envolveu a salivação condicionada dos cães (Canis lupus familiaris) do fisiólogo russo Ivan Pavlov. Estudando a ação de enzimas no estômago dos animais (que lhe dera um Prêmio Nobel), interessou-se pela salivação que surgia nos cães sem a presença da comida. Pavlov queria elucidar como os reflexos condicionados eram adquiridos. Cachorros naturalmente salivam por comida; assim, Pavlov chamou a correlação entre o estímulo não-condicionado (comida) e a resposta não-condicionada (salivação) de reflexo não-condicionado.

Todavia, ele previu que se um estímulo particular sonoro estivesse presente para os cães quando estes fossem apresentados à comida, então esse estímulo pode se tornar associado com a comida, causando a salivação; anteriormente o estímulo sonoro era um estímulo neutro, visto que não estava associado com a apresentação da comida. A partir do momento em que há o pareamento de estimulações (entre som e comida), o estímulo deixa de ser neutro e passa a ser condicionado. Pavlov se referiu a essa relação de aprendizagem como reflexo condicionado do sistema de punição-recompensa (ou Behaviorismo de Pavlov) e que levou ao desenvolvimento e aplicação em diversas áreas, como comportamento, educação, psicologia, psiquiatria, direito, relações humanas, gestão empresarial, treinamento, policiamento, urbanismo e várias outras.

História do experimento

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Os animais do experimento estavam imobilizados a única resposta possível e observável era a salivação. No decorrer de uma experiência sobre os reflexos digestivos, Pavlov descobriu que para além dos reflexos inatos, se podem desenvolver nos animais e nos seres humanos reflexos aprendidos: verifica que o cão salivava não só quando via o alimento (reflexo inato), mas também perante outros sinais a ele associados, como os passos do tratador ou o som de uma campainha (reflexos aprendidos ou Condicionados, como no exemplo do cão, toda vez que tocasse a campainha, o cão receberia um pedaço de carne, daí a associação). Posteriormente os Estudos de Gantt sobre os "efeitos pessoa" revelaram outras respostas (adquiridas ou inatas), tipo frequência cardíaca aumentada ou diminuída, durante os experimentos de condicionamento.[4]

Em linhas gerais o experimento consistia:

  • Carne: estímulo não condicionado (ENC)
  • Salivação: resposta não condicionada (RNC) = reflexo simples, absoluto, inato
  • Campainha: estímulo condicionado (EC)
ENC + EC = RNC

Repetição: associação de dois estímulos diferentes → o cão aprende a associar os dois estímulos:

EC (campainha) → RC (salivação)

RC só dura enquanto durar o condicionamento, ou seja a repetição do experimento é diretamente proporcional a intensidade da respostas constituindo-se o que foi denominado como força do hábito

Reflexo Patelar. Os fenômenos da atividade psíquica podem ser considerados como factos fisiológicos[5]

Para Pavlov, a Psicologia, que deveria tomar a designação de Reflexologia, circunscrever-se-ia ao estudo dos reflexos.[carece de fontes?] Os reflexos – inatos ou condicionados – seriam o fundamento das respostas dos indivíduos a estímulos provenientes do meio. Seus trabalhos representaram um grande passo na constituição da psicologia experimental objectiva. É também com Pavlov que a Psicologia se direciona decisivamente para o estudo do comportamento humano e animal. Todo o nosso comportamento dependia destes reflexos:[carece de fontes?]

  • o comportamento humano resume-se às respostas a uma série progressiva de estímulos ou situações que se vão substituindo e complexificando, funcionando como sinais uns dos outros;[carece de fontes?]
  • não há distinção significativa entre comportamento animal e humano [carece de fontes?]

Referências

  1. Kandel, Eric R. (2014). Princípios de Neurociências. [S.l.]: Mc Graw Hill Education. pp. 1268 e 1269. ISBN 9788580554052 
  2. VIGOTSKY, Leiv S. Os métodos de investigação reflexológicos e psicológicos, 1924 in: VIGOTSKY, Leiv S. Teoria e método em psicologia. SP, Martins Fontes, 2004
  3. KLOTZ, H.P. La nocion de reflejo, los reflejos condicionados e incondicionados. in: KLOTZ, H.P. et al El aporte de Pávlov al desarrolo de la medicina. Buenos Aires, Editorial Psique, 1957
  4. GANTT W.H. Cardiovascular component of the conditional reflex to pain, food and other stimuli. Physiol. Rev., 40:266-291, 1960. in:ASTRUP, Christian. Psquiatria pavloviana, a reflexologia atual na prática psiquiátrica. . RJ/SP, Livraria Arheneu, 1979
  5. PAVLOV, I.P. Resposta de um fisiologista aos psicólogos. 1932 in: ALVAREZ, Antonio C. (org.) Textos de Ivan Pavlov, fisiologia e psicologia. Lisboa, Estudios Cor, 1976

Ligações externas

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