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Corzianena

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Corzianena (em grego: Χορζιανηνή; romaniz.: Chorzianené; em latim: Chorzianena) ou Corzana (em grego: Χορζάνε; romaniz.: Chorzáne; em latim: Chorzana), segundo Procópio, foi um distrito do Império Bizantino situado na província da Armênia Magna. Procópio indicou que se estendia por três dias de viagem entre Citarizo e Teodosiópolis, permitindo identificá-lo com os vales fluviais e colinas a leste do moderno monte Bingol (Bingöl). O trecho mais vulnerável da região, devido a sua carência de traços naturais defensáveis ao longo da fronteira, se estendia do vale do Goinuque (Göynük) ao sul das nascentes do Tuzla perto de Çat ao norte.[1]

Procópio ressalta em sua descrição que a fronteira entre o Império Bizantino e o Império Sassânida era fluída nas regiões armênias desses países, sobretudo em Corzianena.[2] Segundo ele, os súditos dos romanos e persas não temiam uns aos outros e não suspeitavam de ataques, tendo casado entre si e compartilhado mercados e fazendas.[3] Sob o imperador Justiniano (r. 527–565) uma série de fortificações foram construídas ao longo da fronteira para protegê-la.[2][4][5] A principal, Artaleso, foi construída ou fortificada sob suas ordens e serviu como sede para um duque e seu exército de campo.[6][7] Artaleso ainda não foi identificada, mas é provável que tratou-se de um pequeno forte afastado.[8]

Durante a Guerra Anastácia (502–506), devido a inexistência de fortes no distrito, Corzianena foi alvo de invasões dos persas do Cavades I que entrou em Astianena através de Corzianena e então atravessou os passos de Safcas e Ilírisis em seu caminho para o sul.[9] Uma série de conflitos na zona de fronteira forçou Anastácio I Dicoro (r. 491–518) a tomar medidas urgentes para melhor a posição estratégica do império no setor oriental da fronteira, do mar Negro a Martirópolis. Corzianena, Astianena e outros territórios estavam expostos a ataques e durante os conflitos muito dano de guerra foi causado.[10]

Em 540, no início da Guerra Lázica, Justiniano ordenou que seus generais estacionados no Oriente reunissem suas forças e atacassem conjuntamente a Armênia o mais rápido possível. Martinho, Ildígero e Teoctisto acamparam em Citarizo, onde uniram-se pouco depois com Pedro e Adólio; Isaque já estava lá e Filemudo e Vero acamparam em Corzianena. A expedição começou desordenadamente e terminou com uma derrota fragorosa dos bizantinos nas mãos de Nabedes na Batalha de Anglo.[11] No século seguinte, os bizantinos perderiam o controle da Corzianena, que ficaria nas mãos dos árabes até 937-942, quando o império foi capaz de reaver a região.[12] Na década de 1040 e em 1054, o distrito esteve sujeito a ataques dos turcos seljúcidas.[13]

Referências

  1. Howard-Johnston 2006, p. 203.
  2. a b Alston 2007, p. 112.
  3. Elton 2013, p. 97.
  4. Greatrex 1998, p. 23.
  5. Isaac 1992, p. 251.
  6. Sinclair 1989, p. 142.
  7. Howard-Johnston 2006, p. 214.
  8. Neumann 1982, p. 23.
  9. Greatrex 1998, p. 81.
  10. Howard-Johnston 2006, p. 216.
  11. Martindale 1992, p. 843.
  12. Howard-Johnston 2006, p. 240.
  13. Beihammer 2017, p. 77; 81.
  • Alston, Richard; Lieu, Samuel N. C. (2007). Aspects of the Roman East. Volume I: Papers in Honour of Professor Fergus Millar. Turnhout, Bélgica: Brepols Publishers 
  • Beihammer, Alexander Daniel (2017). Byzantium and the Emergence of Muslim-Turkish Anatolia, Ca. 1040-1130. Abingdon-on-Thames: Taylor & Francis 
  • Elton, Hugh (2013). Frontiers of the Roman Empire. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 1134724500 
  • Greatrex, Geoffrey (1998). Rome and Persia at war, 502-532. Leeds: Francis Cairns. ISBN 0905205936 
  • Howard-Johnston, James (2006). East Rome, Sasanian Persia And the End of Antiquity: Historiographical And Historical Studies. Farnham: Ashgate Publishing. ISBN 0-86078-992-6 
  • Isaac, Benjamin H. (1992). The limits of empire: the Roman army in the East. Oxford: Clarendon Press 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Martinus 2». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8 
  • Neumann, Günter; Tischler, Johann (1982). Serta Indogermanica. Insbruque: Instituto de Linguística da Universidade de Insbruque 
  • Sinclair, T. A. (1989). Eastern Turkey: An Architectural & Archaeological Survey Vol. III. Londres: Pindar Press