Escépsis
Escépcis (em latim: Scepsis) foi uma cidade da Trôade. Ficou famosa por ali ter sido localizada a biblioteca de Aristóteles, antes da mudança para Pérgamo e Alexandria.[1][Nota 1] Escépcis, em grego, quer dizer uma vista, uma impressão.[2]
Geografia
[editar | editar código-fonte]Estrabão menciona dois lugares associados, Palecépsis e Escépcis, que marcavam a fronteira da região dos dardânios em sua época.[3] Palecépsis ficava localizada acima de Cebren, na parte mais alta do Monte Ida, próxima a Políchna, e era chamada, antigamente,[Nota 2] de Escépcis, porque de lá dava para observar toda a região em volta, um nome bárbaro adaptado à fonologia grega.[4][2]
Mitologia
[editar | editar código-fonte]Os habitantes de Palecépsis foram removidos para a nova Escépcis,[Nota 3] localizada a 60 estádios de distância,[Nota 4] por Escamândrio, filho de Heitor, e por Ascânio, filho de Eneias.[4] As duas famílias retiveram o poder em Escépcis por várias gerações, até que o governo foi transformado em oligarquia; quando os milésios se estabeleceram como cidadãos, a cidade passou a ser uma democracia, porém os membros das duas famílias reais continuaram a ser chamados de reis, mantendo alguns privilégios.[4]
Segundo Demétrio de Escépcis, a cidade era onde ficava a residência real de Eneias, porque ela ficava entre o território controlado por Eneias e Lirnesso, para onde ele fugiu, quando foi perseguido por Aquiles; Estrabão, porém, duvida desta história, com base em que Escépcis havia sido fundada pelos filhos de Heitor e de Eneias.[5]
História
[editar | editar código-fonte]Em 311 a.C., foi concluído um tratado de paz entre Antígono Monoftalmo, de um lado, e Cassandro, Lisímaco e Ptolemeu I Sóter, do outro, ao término da terceira [Nota 5] Guerra dos Diádocos. Os habitantes de Escépcis, agradecidos a Antígono porque uma das cláusulas do tratado, uma vitória diplomática de Antígono, foi que as cidades gregas seriam autônomas, livres e sem guarnições, enviaram uma carta a ele, que foi preservada nos documentos RC 1 (OGIS 5 + II 538) e OGIS 6. Por estes documentos, eles conferiam honras divinas a Antígono, e a seus dois filhos Demétrio e Filipe.[6]
Quando Antígono fundou Alexandria da Trôade,[4] inicialmente com o nome de Antigônia,[7][8] os habitantes de Escépcis foram levados para a nova cidade,[4] junto de seus inimigos, os habitantes da Cebrênia.[7] Lisímaco os libertou, e deixou que eles voltassem à sua antiga cidade;[4][8] foi quando Lisímaco mudou o nome de Antigônia para Alexandria.[7]
A cidade pertenceu aos domínios da dinastia atálida, de Pérgamo; foi neste época que a biblioteca de Neleu de Escépcis, com livros que haviam pertencido a Teofrasto e a Aristóteles, foi enterrada, para que não fosse utilizada para a Biblioteca de Pérgamo.[9] Mais tarde, com os livros danificados pela umidade e por traças, eles foram vendidos pelos descendentes de Neleu, por uma grande soma de dinheiro, para Apellicon de Teos.[9]
Personalidades
[editar | editar código-fonte]Estrabão lista várias personalidades de Escépcis:
- Erasto de Escépcis, Corisco de Escépcis e Neleu, filho de Corisco, filósofos socráticos;[9]
- Demétrio de Escépcis, gramático que escreveu um comentário sobre A organização dos exércitos de Troia;[10]
- Metrodoro de Escépcis, que trocou a filosofia pela política e viveu na corte de Mitrídates Eupátor.[10]
Notas e referências
Notas
- ↑ De acordo com Estrabão, a biblioteca nunca foi nem para Pérgamo, nem para Alexandria; estes livros terminaram em Roma.
- ↑ Ou seja, antes do tempo de Estrabão.
- ↑ Segundo Estrabão, a presente Escépcis.
- ↑ Outra versão do texto escreve 260 estádios. Os dois valores são, respectivamente, cerca de 10 km e 60 km.
- ↑ A fonte citada não numera esta guerra como terceira.
Referências
- ↑ Brockmann, Heike; A. Uler, N. Tavlas, L. Stump, J. Steinhardt, W. Schuster, E. Goltz, T. Kelsey (2000). Turkey. [S.l.]: Hunter Publishing. 82 páginas. ISBN 3-88618-911-2
- ↑ a b H. L. Jones, tradutor de Estrabão para o inglês, nota em Estrabão, Geografia, Livro XIII, 1.15.
- ↑ Estrabão, Geografia, Livro XIII, Capítulo 1, 51 [fr] [en] [en] [en]
- ↑ a b c d e f Estrabão, Geografia, Livro XIII, Capítulo 1, 52 [fr] [en] [en] [en]
- ↑ Estrabão, Geografia, Livro XIII, Capítulo 1, 53 [fr] [en] [en] [en]
- ↑ Roger S. Bagnall, Department of Greek and Latin, Columbia University, Antigonus and Skepsis [em linha]
- ↑ a b c Estrabão, Geografia, Livro XIII, Capítulo 1, 26 [fr] [en] [en] [en]
- ↑ a b Estrabão, Geografia, Livro XIII, Capítulo 1, 33 [fr] [en] [en] [en]
- ↑ a b c Estrabão, Geografia, Livro XIII, Capítulo 1, 54 [fr] [en] [en] [en]
- ↑ a b Estrabão, Geografia, Livro XIII, Capítulo 1, 55 [fr] [en] [en] [en]