Fathiya Fuad do Egito
Fathiya do Egito | |
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Princesa do Egito | |
Período | 17 de dezembro de 1930 - 25 de abril de 1950 |
Nascimento | 17 de dezembro de 1930 |
Palácio Koubbeh, Cairo, Egito | |
Morte | 6 de dezembro de 1976 (45 anos) |
Los Angeles, Estados Unidos | |
Cônjuge | Riad Ghali |
Descendência | Rafik Rayed Ranya |
Pai | Fuade I do Egito |
Mãe | Nazli Sabri |
Fathiya bint Fuad (em árabe: فتحية بنت فؤاد الأول ) (Cairo, 17 de dezembro de 1930 - Los Angeles, 6 de dezembro de 1976), foi princesa do Egito desde seu nascimento até agosto de 1950, quando foi despojada de seus títulos, distinções e direitos por seu irmão mais velho, o rei Faruque I, em virtude de seu casamento com um plebeu sem o consentimento real.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Família
[editar | editar código-fonte]Sua Alteza Sultanica, a Princesa Fathiya bint Fuad, nasceu no Palácio Koubbeh, no Cairo. Era a filha mais nova (e a favorita, segundo cronistas da época [1]) do sultão Fuade I do Egito e do Sudão (mais tarde, rei Fuade I), e de sua segunda esposa, Nazli Sabri. Um de seus antepassados foi Suleiman Paşa,[2] um oficial do exército francês que serviu sob as ordens de Napoleão e supervisionou a reestruturação do exército egípcio. Além de suas irmãs, Fawzia, Faiza e Faika, e de seu irmão, Faruque, tinha dois meio-irmãos do casamento anterior de seu pai com a princesa Shivakiar Khanum Effendi.
Mudança para os Estados Unidos
[editar | editar código-fonte]Um ano após a morte de Fuade I, em 1936, a rainha Nazli casou-se secretamente com Ahmed Hassanein.[3] A união morganática não contou com a aprovação real e o episódio abalou definitivamente as relações entre a Rainha-mãe e Faruque I.[3][4] Após um racha prolongado com o filho, a rainha Nazli deixou o Egito para um tratamento médico, levando consigo a princesa Fathiya, então com 15 anos de idade.
Em sua passagem por Marselha, a rainha-mãe conheceu Riad Ghali, funcionário do consulado egípcio naquela cidade. Apontado como oportunista e viciado em jogos de azar,[1] Riad ganhou a confiança de Nazli - que o contratou como seu secretário particular - e a acompanhou em sua viagem pela França, Suíça e Inglaterra.[1] Em 1948, viajou aos Estados Unidos a pretexto de fazer uma cirurgia, mas permaneceu no país mesmo após sua convelescença, contrariando os pedidos de seu filho para retornar ao Egito.[5] Nessa época teve início um relacionamento amoroso entre Riad e a princesa Fathiya.[1][5]
Casamento
[editar | editar código-fonte]A aproximação entre Riad e Fathiya foi apoiada por sua mãe, embora o rei fosse totalmente contrário ao relacionamento dos dois. Ignorando a proibição de Faruque e a determinação do Conselho Privado para retornar ao Egito e casar-se com o pretendente escolhido pelo rei, Fathiya casou-se com o plebeu Riad em 25 de abril de 1950, numa cerimônia civil no Hotel Fairmont, em São Francisco.[1][6] O casal teve três filhos:
- Rafik (1952)
- Rayed (1954-2007)
- Ranya (1956)
Ao tomar conhecimento do matrimônio, Faruque I declarou-o inválido e determinou o retorno de Nazli e Fathiya ao Egito no prazo máximo de 60 dias.[1][7] A resposta da rainha-mãe ganhou as manchetes dos jornais americanos.[7] Declarações, como: "Só sairei de São Francisco quando estiver pronta!" e "Ninguém tem influência sobre mim ou minha vida. Se penso que devo fazer algo, eu faço!",[7] enfureceram Faruque e foram bastante comentadas pela população egípcia. Num decreto publicado em 8 de agosto de 1950, Faruque I priva Nazli e Fathiya de todos e quaisquer títulos, distinções e direitos reais, além de despojá-las de seus bens móveis e imóveis.[8][9][10]
Últimos anos
[editar | editar código-fonte]Falência
[editar | editar código-fonte]Às dificuldades financeiras resultantes do decreto real de 1950, somaram-se as perdas provenientes da incompetência de Riad em administrar o dinheiro (produto da venda de propriedades e jóias) da ex-rainha Nazli e de sua esposa.[1] O casal separou-se formalmente em 1965 e Fathiya passou a dividir um apartamento com sua mãe, em Los Angeles.
Riad deixou de pagar pensão alimentícia à ex-mulher em 1972, o que forçou a ex-princesa egípcia a trabalhar como empregada doméstica.[11] O montante das dívidas de Fathiya e Nazli levou-as a declarar falência em 1974.[1][5] Em 1976, as jóias da ex-rainha foram leiloadas pela Sotheby's (incluindo seu diadema de 720 diamantes e 274 quilates), mas os lances não foram suficientes para saldar seus débitos.[12]
Morte
[editar | editar código-fonte]Autorizada por Anwar Al Sadat a retornar ao Egito, Fathiya planejava viajar ao seu país natal em janeiro de 1977, onde pretendia contar com o auxílio de simpatizantes para investir numa firma de importação, agência de viagem ou empresa de relações públicas.[11][13]
Em 6 de dezembro de 1976, Riad Ghali foi até o modesto apartamento que Fathiya dividia com sua mãe, em West Los Angeles. A ex-princesa estava sozinha e foi morta com cinco tiros (quatro deles desferidos em seu rosto).[14][15][16] Riad tentou o suicídio logo após o crime, mas sobreviveu aos ferimentos com graves sequelas (cegueira e paralisia).
Riad Ghali foi condenado a 15 anos de prisão e morreu no cárcere três anos depois.[1]
Fathiya Fuad foi sepultada no Holy Cross Cemetery, um cemitério católico em Culver City, Califórnia.[17]
Títulos e distinções
[editar | editar código-fonte]- Sua Alteza Sultânica, a Princesa Fathiya do Egito e Sudão
- Sua Alteza Real, a Princesa Fathiya do Egito e Sudão [18]
- A Sra. Riad Ghali
Ancestrais
[editar | editar código-fonte]Fathiya também tinha ascendência albanesa, circassiana e francesa. A Casa de Maomé Ali, da qual ela fazia parte, era de origem albanesa.[19] Seus ascendentes foram [20]:
16. Maomé Ali Paxá, Uáli do Egito | ||||||||||||||||
8. Ibraim Paxá, Uáli do Egito | ||||||||||||||||
17. Amine | ||||||||||||||||
4. Isma'il Paşa, Quediva do Egito | ||||||||||||||||
9. Hoshyar | ||||||||||||||||
2. Fuade I, Rei do Egito | ||||||||||||||||
5. Ferial Hanem | ||||||||||||||||
1. Princesa Fathiya do Egito (até 1950) Srª Fathiya Ghali (após 1950) | ||||||||||||||||
6. Abdel Rahim Sabri Paşa | ||||||||||||||||
3. Nazli Sabri | ||||||||||||||||
28. Maomé Saíde, cádi de Meca | ||||||||||||||||
14. Maomé Xarife Paxá, Primeiro-Ministro do Egito | ||||||||||||||||
7. Tewfika Hanim | ||||||||||||||||
30. Joseph Anthelme Sève (Suleiman Paşa) | ||||||||||||||||
15. Nazli Hanim | ||||||||||||||||
31. Mariam Hanim | ||||||||||||||||
Referências
- ↑ a b c d e f g h i الاميرة فتحية (Princesa Fathie) (em árabe)
- ↑ Nascido em Lyon como Joseph Anthelme Sève e, posteriormente, convertido ao Islamismo.
- ↑ a b «Raafat, Samir Egypt's First Ladies, 2005» (PDF). Consultado em 19 de março de 2011. Arquivado do original (PDF) em 7 de setembro de 2013
- ↑ Montgomery-Massingberd, Hugh "The Royal House of Egypt" in Burke's Royal Families of the World. Volume II: Africa & the Middle East, ed (1980), London: Burke's Peerage. p. 20–37. ISBN 9780850110296
- ↑ a b c صلاح منتصر يكتب مأساة نازلي وبناتها (Victor Salah escreve sobre a tragédia da Rainha Nazli e suas filhas) (em árabe)
- ↑ "Egyptian Queen Mother Promotes Family Romances" The Evening Independent, 11 May 1950
- ↑ a b c "Queen Mother, Princess Defy New Edict by Farouk" Miami Sunday News, 30 July 1950
- ↑ "King Farouk Strips Queen Nazli of Title" Ellensburg Daily, 8 August 1950
- ↑ "Farouk Takes Royal Rights from Mother" The Southeast Missourian, 9 August 1950
- ↑ [1] Fac-simile do Decreto Real publicado na imprensa egípcia
- ↑ a b "Ex-princess loses last of fortune" The Free Lance Star, 21 September 1976
- ↑ "Former Queen Selling Jewels" Spokane Daily Chronicle, 28 October 1975
- ↑ "Bids not enough to get ex-princess out of hock" Beaver County Times, 22 September 1976
- ↑ "Former Egyptian princess killed" Lawrence Journal World, 13 December 1976
- ↑ "Ex-Egyptian princess slain" Tri City Herald, 13 December 1976
- ↑ "Former Egyptian Princess Slain, Husband Accused". Star-Banner (Ocala, FL) Vol. 33: p. 21. 13 December 1976
- ↑ «The Muhammad'Ali Dynasty - GENEALOGY». Consultado em 22 de março de 2011. Arquivado do original em 25 de janeiro de 2011
- ↑ Fathiya Fuad foi privada de seus títulos e distinções reais em 1950, após seu casamento com Riad Ghali. A partir de então, passou a ser chamada de Mrs. Riad Ghali.
- ↑ In the house of Muhammad Ali: a family album, 1805-1952, Hassan Hassan
- ↑ Montgomery-Massingberd, Hugh, ed. (1980). «The French Ancestry of King Farouk of Egypt». Burke's Royal Families of the World. Volume II: Africa & the Middle East. London: Burke's Peerage. p. 287. ISBN 9780850110296. OCLC 18496936
Nota
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em árabe cujo título é «فتحية_بنت_فؤاد_الأول».
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Egyptian Wedding in San Francisco Vídeo com imagens da festa de casamento de Fathiya e Riad
- EGY.COM - HISTORICA: Former Princess of Egypt Murdered Fac-simile das edições de 13 de dezembro de 1976 dos jornais "Lawrence Journal World" e "Tri City Herald", noticiando o assassinato de Fathiya Fuad do Egito (em inglês)