Francisco de Ataíde Machado de Faria e Maia
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Francisco de Ataíde Machado de Faria e Maia | |
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Nascimento | 22 de setembro de 1876 Ponta Delgada |
Morte | 29 de abril de 1959 Ponta Delgada |
Cidadania | Portugal, Reino de Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | jornalista, historiador |
Francisco de Ataíde Machado de Faria e Maia (Ponta Delgada, 22 de Setembro de 1876 — Ponta Delgada, 29 de Abril de 1959), frequentemente grafado F. d'Athayde M. de Faria e Maya, foi um intelectual e historiador açoriano. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi inspector escolar, professor liceal e político. Entre outras funções, presidiu à Câmara Municipal de Ponta Delgada e foi senador eleito para o Congresso da República. Deixou publicada uma extensa obra historiográfica.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Concluiu os seus estudos secundários no Liceu de Ponta Delgada, matriculando-se no ano de 1896 no curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, formando-se em 1901. Nos seus tempos de estudante conviveu com alguns dos futuros vultos da cultura portuguesa, entre os quais Teixeira de Pascoaes e Afonso Lopes Vieira.
Regressou a Ponta Delgada onde foi nomeado inspector escolar distrital[1] e depois professor de Liceu Nacional de Ponta Delgada.
Viajou com a família por diversos países europeus, com destaque para a Suíça, publicando um interessante relato de viagem que o coloca entre os melhores autores açorianos de literatura de viagens.[2]
Republicano e democrata convicto, na sequência da proclamação da República Portuguesa, em 1910, foi nomeado presidente da comissão administrativa encarregue de governar a Câmara Municipal de Ponta Delgada, iniciando uma carreira política ligada ao campo republicano mais conservador.
Faria e Maia esteve ligado ao 2º movimento de autonomia, de tendência conservadora e sobretudo oposto à hegemonia do Partido Republicano Português, iniciado em 1918, onde era um dos poucos republicanos, ao lado dos monárquicos Aristides Moreira da Mota e José Bruno Carreiro. Na Legislatura de 1921 foi eleito senador independente no Congresso da República, do qual fez parte em representação do Círculo Eleitoral do distrito de Ponta Delgada,[3] revelando-se um acérrimo defensor da autonomia açoriana. Apresentou um arrojado projecto de lei para a Autonomia Administrativa dos Distritos Açorianos o mais marcante nessa matéria em todo o período da Primeira República Portuguesa.
Apoiou o Golpe de 28 de Maio de 1926, considerando-o uma solução ordeira transitória para a instabilidade da Primeira República, mas rejeitou a institucionalização da ditadura e o Estado Novo. No período imediato ao golpe, quando ainda acreditava no rápido retorno da democracia, publicou diversos escritos retomando as temáticas autonomistas.
Com a consolidação do Estado Novo, passou a aceitar o novo regime, por entender não ser contrário, na sua essência aos princípios e valores democráticos que defendia, procurando justificar a sua posição na palestra radiofónica, depois publicada em opúsculo, Estado Novo - Como o Devemos Compreender, proferida em 23 de Janeiro de 1937. Nesta sua palestra sustenta, de forma comparativa, a compatibilidade dos princípios democráticos, consignados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, expoente da Revolução Francesa de 1789, com a Constituição de 1933. A sua argumentação desagradou aos adeptos mais anti-democráticos do regime, tendo motivado a um destes, precisamente Armando Cândido, uma demagógica e violenta palestra de resposta, Teatro Anatómico - Dissertando Uma Palestra, também publicada em opúsculo, em que este sustenta a proscrição dos valores da democracia liberal como estando na essência do Estado Novo. Faria e Maria responderia com outra palestra, também publicada em opúsculo, Contenda... em Boa Paz, onde mantém os pressupostos anteriores, citando o próprio Salazar. O exemplar conservado na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada assinala os cortes da censura, manuscritos pelo próprio Faria e Maia.[4]
Foi um dos participantes mais activos no Primeiro Congresso Açoriano, realizado em Lisboa no ano de 1938. Esteve ligado à Sociedade «Terra Nostra», sendo também autor de um relatório da Comissão para o Aproveitamento Turístico da Ilha de São Miguel, que depois de aprovado pelo Ministro do Interior deu origem aos diplomas que enquadraram as primeiras iniciativas no campo do turismo nos Açores.
A 19 de novembro de 1941, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo.[5]
Em 1943 foi escolhido para o cargo de presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Foi um escritor incansável e jornalista, deixando uma vasta obra publicada, com destaque para o campo da História, embora de forma humilde e conscienciosa. Também deixou importante contribuição dispersa por numerosos periódicos açorianos.
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]- 1909 - Em Prol da Instrução. Ponta Delgada, Typ. A. Medeiros.
- 1912 - Kodaks (Impressões de viagem). Lisboa, Ferin.
- 1927 - Pela Suíça e pelo reino. Paisagens, escolas e aspectos. Ponta Delgada, Tip. de Artes Gráficas.
- 1931 - Um deportado da Amazonas (Época liberal nos Açores) (1810-1834). Ponta Delgada, Tip. Casa F. D’Alcântara.
- 1932 - Em Prol da Descentralização. Livre administração dos Açores pelos açoreanos. Colectânea de artigos de propaganda da descentralização administrativa de S. Miguel. Ponta Delgada, Tip. da Casa F. D’Alcântara.
- 1937 - Estado Novo - Como o Devemos Compreender. Ponta Delgada, Tipografia do Diário dos Açores.
- 1937 - Contenda... em Boa Paz. Ponta Delgada, Tipografia do Diário dos Açores.
- 1937 - A minha velha pasta. Tempos de Coimbra gente do meu tempo (1896-1901). Ponta Delgada, Tip. Diário dos Açores.
- 1942 - Capitães dos Donatários. Subsídios para a história de S. Miguel (1439-1766). Ponta Delgada, Of. Diário dos Açores.
- 1943 - Capitães Generais (1766-1831). Subsídios para a História de S. Miguel e Terceira. Ponta Delgada, Typografia Regional. [2.ª ed., Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1988].
- 1947 - Novas Páginas Micaelenses (Subsídios para a História de S. Miguel) (1832-1895). Ponta Delgada, Tip. Insular.
Notas
- ↑ Compilou um relatório da sua acção como inspector escolar numa das suas primeiras publicações, que intitulou Em Prol da Instrução (Ponta Delgada, 1909).
- ↑ Kodaks (Impressões de viagem) e Pela Suíça e pelo reino. Paisagens, escolas e aspectos.
- ↑ António Henrique Rodrigo de Oliveira Marques (2000). Parlamentares e ministros da Primeira República (1910-1926). Lisboa: Assembleia da República e Edições Afrontamento. 283
- ↑ Benjamim, Pedro, "A Oposição Democrática nos Açores Durante o Estado Novo (1933-1974) - Contribuição Para o Seu Estudo", in Atlântida, revista do Instituto Açoriano de Cultura, Angra do Heroísmo, 2011
- ↑ «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Francisco de Atayde Machado Faria e Maia". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 8 de setembro de 2020
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- A. F. Maia, "Nota Biográfica" in Capitães dos Donatários. 2.ª edição. Ponta Delgada, 1972.
- "Necrologia". In Insulana, XV (1): 234, 1959.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Nota biográfica». na Enciclopédia Açoriana
- Nascidos em 1876
- Mortos em 1959
- Homens
- Portugueses de ascendência austríaca
- Naturais de Ponta Delgada
- Professores do ensino secundário de Portugal
- Historiadores de Portugal
- Jornalistas de Portugal
- Presidentes da Câmara Municipal de Ponta Delgada
- Senadores da República Portuguesa
- Alumni da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
- Comendadores da Ordem Militar de Cristo