Jorge de Alarcão
Jorge de Alarcão | |
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Nome completo | Jorge Nogueira Lobo de Alarcão e Silva |
Nascimento | 3 de Novembro de 1934 Coimbra |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Arqueólogo, professor e historiador |
Prémios | Ordem das Palmas Académicas |
Jorge Nogueira Lobo de Alarcão e Silva, mais conhecido como Jorge de Alarcão (n. Coimbra, 3 de Novembro de 1934) é um historiador, professor e arqueólogo português.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e formação
[editar | editar código-fonte]Nasceu na cidade de Coimbra, em 3 de Novembro de 1934.[1] Também foi aqui que fez a sua formação, tendo em 1958 terminado uma licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas, com distinção.[1] Também estudou no Instituto de Arqueologia da Universidade de Londres entre 1960 e 1962, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo recebido os Academic Postgraduate Diploma in European Archaeology e Diploma in Archaeological Conservation.[1] Também foi distinguido com o prémio Gordon Childe, que é dado anualmente ao melhor aluno naquele instituto.[1]
Em 1963, começou a trabalhar como assistente na Faculdade de Letras de Coimbra, e em 1974 concluiu o doutoramento em Pré-História e Arqueologia, com a tese Cerâmica Comum Local e Regional de Conimbriga.[1]
Carreira profissional
[editar | editar código-fonte]Trabalhou como historiador e arqueólogo, tendo-se destacado como um dos principais investigadores do período romano em Portugal.[2] Posteriormente, também se debruçou sobre a teoria da arqueologia.[1] Escreveu um grande número de livros e artigos sobre o tema da história, tendo uma das das suas principais obras sido Roman Portugal, que foi publicada no Reino Unido pela editora Warminster, em 1988.[1] Também investigou outros períodos históricos, tendo por exemplo escrito o ensaio Ourique – O Lugar Controverso, sobre a lendária Batalha de Ourique, no Século XII.[3]
Esteve à frente de várias sondagens arqueológicas, incluindo na Villa romana de São Cucufate, no Alentejo, junto com o professor Robert Etienne e Françoise Mayet.[1] Fez parte de uma equipa luso-francesa que investigou as Ruínas de Conímbriga,[4] e estudou a antiga cidade romana de Balsa, no Algarve, que descreveu em várias obras.[5] Em 1969, foi responsável pela organização do Catálogo do Gabinete de Numismática e Antiguidades da Biblioteca Nacional, em conjunto com Manuela Delgado.[6] Em 1977, foi o coordenador dos primeiros trabalhos arqueológicos sistemáticos nas ruínas de Bracara Augusta.[2] Também trabalhou em conjunto com o historiador Eduardo Pires de Oliveira.[7]
Em Junho de 2013, foi um dos investigadores convidados para uma conferência no Museu de Água de Coimbra, sobre o processo de desassoriamento do Rio Mondego.[8]
Em 1978 começou a trabalhar como professor extraordinário na Faculdade de Letras de Coimbra, sendo promovido a professor catedrático em 1980.[1] Tem ensinado em vários temas ligados à história, como arqueologia clássica, história antiga, pré-história e proto-história.[1] Foi presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras de Coimbra de 1974 a 1976 e de 1981 a 1983, e do Conselho Científico entre 1994 e 1998.[1] Entre 1967 e 2000, liderou o Instituto de Arqueologia da Faculdade.[1]
Também ocupou a posição de director no Museu Machado de Castro, em Coimbra, de 1967 a 1974, e presidiu à Comissão Directiva do Teatro Académico de Gil Vicente entre 1985 e 1992.[1] Passou igualmente pela Câmara Municipal de Coimbra, onde foi vereador para a cultura entre 1980 e 1982,[9] e fez parte da Assembleia Municipal entre 1983 e 1985.[1]
Em Maio de 2002,[1] aposentou-se da carreira docente.[9]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Em 1985, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Bordéus, e em 1996 pela Universidade de Santiago de Compostela.[1] Também foi homenageado com o prémio Raoul Duseigneur da Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, em Paris, pela sua obra Les villas romaines de São Cucufate, Portugal, escrita em colaboração com Robert Etienne e Françoise Mayet.[1] É sócio de várias organizações nacionais e internacionais, como a Associação dos Arqueólogos Portugueses, a Academia das Ciências de Lisboa, o Instituto de Coimbra, a Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, a Associação Portuguesa de Estudos Clássicos, a Associação Profissional dos Arqueólogos, o Instituto Arqueológico Alemão, a Hispanic Society of America, e a Society for the Promotion of Roman Studies.[1]
Em 1991, foi condecorado com o oficialato da ordem francesa das Palmas Académicas.[1] Também recebeu o Prémio Gulbenkian de Arqueologia 1999-2000 pela sua obra Conimbriga: o chão escutado,[9] e em 2003 foi galardoado com o prémio internacional Genio Protector da Colonia Augusta Emerita, organizado pela Fundação de Estudos Romanos e pelo Grupo de Amigos do Museo Nacional de Arte Romano de Mérida, em Espanha.[10] Em 2008, foi homenageado com a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Coimbra.[9]. Em 2016 foi homenageado pela Liga dos Amigos do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco.
Em Dezembro de 2019, a sua obra A Lusitânia e a Galécia. Do séc. II a.C. ao séc. VI d.C. recebeu o Prémio Joaquim de Carvalho, atribuído pela Universidade de Coimbra.[11]
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]- ALARCÃO, Jorge de; MADEIRA, José Luís Madeira; CARVALHO, Pedro C. (2019). A torre de Centum Celas (Belmonte). [S.l.]: ArqueoHoje. 30 páginas. ISBN 978-989-54407-0-2
- ALARCÃO, Jorge de; MADEIRA, José Luís (2018). A Lusitânia e a Galécia: do séc. II a.C. ao séc. VI d.C. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. 396 páginas. ISBN 978-989-26-1478-6
- ALARCÃO, Jorge de (2015). Ourique: o lugar controverso 1.ª ed. Porto: Livraria Figueirinhas. 79 páginas
- ALARCÃO, Jorge de; PEDRO, Francisco (2015). Casas e famílias antigas do Espinhal. Espinhal: Junta de Freguesia do Espinhal. 50 páginas. ISBN 978-989-99371-0-9
- ALARCÃO, Jorge de (2013). A Beira Baixa: terra tomada sem guerra. Coimbra: Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto. 95 páginas. ISBN 978-989-95954-5-3
- ALARCÃO, Jorge de; MADEIRA, José Luís (2013). A judiaria velha de Coimbra e as torres sineiras de Santa Cruz. Coimbra: Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto. 114 páginas. ISBN 978-989-95954-6-0
- ALARCÃO, Jorge de; MADEIRA, José Luís (2012). As pontes de Coimbra que se afogaram no rio. Coimbra: Ordem dos Engenheiros. 111 páginas. ISBN 978-989-8152-08-4
- ALARCÃO, Jorge de; BARROCA, Mário; CARDOSO, José Luís et al (2012). Dicionário de arqueologia portuguesa. Porto: Figueirinhas. 417 páginas. ISBN 978-972-661-219-3
- SERRÃO, Joel (dir); MARQUES, A. H. de Oliveira; ALARCÃO, Jorge de (coordenador) (2011). Dicionário de arqueologia portuguesa 2.ª ed. Lisboa: Presença. 558 páginas. ISBN 978-972-23-1313-1
- OLIVEIRA, Ana; CANTANHEDE, Francisco; GAGO, Marília; ALARCÃO, Jorge de; DIAS, João Alves; COELHO, Maria Helena Cruz (revisores científicos) (2011). HGP: história e geografia de Portugal, 5.º ano. 2 volumes 1.ª ed. Lisboa: Texto. pp. 93 (Volume I); 112 (Volume II). ISBN 978-972-47-4223-6-1
- ALARCÃO, Jorge de; MADEIRA, José Luís (2010). As casas da zona B de Conimbriga. Coimbra: Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto. 64 páginas. ISBN 978-989-95954-1-5
- ALARCÃO, Jorge de; et al. (2009). O Fórum de Aeminium: a busca do desenho original. The Forum of Aeminium: the search for the original design. Traduzido por BURROWS, Jean. Lisboa, Coimbra e Amadora: Instituto dos Museus e da Conservação, Museu Nacional Machado de Castro e EDIFER. 107 páginas. ISBN 978-972-776-394-8
- ALARCÃO, Jorge de; MADEIRA, José Luís; CARVALHO, Mariana M.; JORGE, Filipe; BOAVIDA, João (2008). Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da Universidade. 308 páginas. ISBN 978-989-8074-30-0
- ALARCÃO, Jorge de; MADEIRA, José Luís (2004). Introdução ao estudo da tecnologia romana. Col: Cadernos de arqueologia e arte. 7. Coimbra: Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. 195 páginas. ISBN 972-9004-18-8
- ALARCÃO, Jorge de (2002). O domínio romano em Portugal. Col: Forum da história. Volume 1 4.ª ed. Mem Martins: Europa-América. 244 páginas. ISBN 972-1-02627-1
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s «Prof. Doutor Jorge de Alarcão». Instituto de Arqueologia. Universidade de Coimbra. Consultado em 14 de Abril de 2020. Arquivado do original em 23 de Março de 2017
- ↑ a b SILVA, Samuel (13 de Agosto de 2017). «Uma obsessão com 40 anos fez de Eduardo Pires de Oliveira historiador». Público. Consultado em 13 de Abril de 2020
- ↑ DIAS, Carlos (16 de Agosto de 2018). «O mistério persiste: onde é que a história de Portugal virou a esquina e se deu a batalha de Ourique?». Público. Consultado em 13 de Abril de 2020
- ↑ «Conímbriga quer mais visitantes 50 anos após descoberta do Fórum Romano». Notícias ao Minuto. 7 de Dezembro de 2015. Consultado em 13 de Abril de 2020
- ↑ FABIÃO, 2003:16-17
- ↑ QUEIRÓS, Luís Miguel (6 de Junho de 2014). «Arqueólogos identificam gaita-de-foles em candeia bracarense da época romana». Público. Consultado em 13 de Abril de 2020
- ↑ MOREIRA, Luís (25 de Novembro de 2019). «Braga celebra 300 anos de André Soares, o mestre do rococó em Portugal». O Minho. Consultado em 13 de Abril de 2020
- ↑ LOUREIRO, Dora (5 de Junho de 2013). «Desassoreamento do rio Mondego em conferência no Museu da Água de Coimbra». As Beiras. Consultado em 13 de Abril de 2020
- ↑ a b c d «Coimbra: Câmara atribui a medalha de ouro a arqueólogo Jorge Alarcão». Jornal de Notícias. 31 de Março de 2008. Consultado em 14 de Abril de 2020
- ↑ «Museu Nacional de Arqueologia distinguido com o prémio internacional». Observador. 5 de Agosto de 2015. Consultado em 13 de Abril de 2020
- ↑ «Prémio Joaquim de Carvalho atribuído a obra de Jorge de Alarcão». Notícias de Coimbra. 9 de Dezembro de 2019. Consultado em 13 de Abril de 2020
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- FABIÃO, Carlos; et al. (2003). Tavira: Território e Poder. Lisboa e Tavira: Museu Nacional de Arqueologia e Câmara Municipal de Tavira. 359 páginas. ISBN 9727761801