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Língua cabardiana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cabardiano

ādəγabzə

Falado(a) em: Rússia Rússia
Região: Cáucaso
Total de falantes: Cerca de 400,000[1]
Família: Abcázio-adigué
Escrita: Alfabeto cirílico
Estatuto oficial
Língua oficial de: Rússia Rússia
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: kbd
ISO 639-3: kbd
Mapa das distribuição da línguas caucasianas (cabardiano em roxo)

O cabardiano (ādəγabzə) é uma língua do noroeste do Cáucaso, pertencente a família abcázio-adigué das línguas caucasianas. Possui uma relação de proximidade com a língua adigué e são mutualmente inteligíveis, e juntas formam o braço circassiano dessa família.[1]

Falado historicamente na região da Grande Cabárdia, que hoje corresponde ao território da República de Cabárdia-Balcária, uma região autônoma da Federação Russa, vivem 400 mil falantes do cabardiano, onde é considerado uma de suas línguas oficiais. O número de falantes mundo afora é desconhecido, mas é estimado que quantidade considerável deles ainda vivam na Turquia, Síria e Jordânia, descendentes daqueles que emigraram após a conquista russa do Cáucaso em 1864.[2]

Como outras línguas do noroeste do Cáucaso, o cabardiano apresenta um sistema complexo de consoantes, um sistema extremamente simples de vogais, um sistema de prefixações e a ordem sujeito-objeto-verbo para os constituintes sintáticos.[3]

Os povos adigués e cabardianos são frequentemente chamados de circassianos e referem-se a si mesmos como ādəγa, e a sua língua de ādəγabzə. A maioria dos circassianos e adigués consideram-se membros de uma só nação, com história, costumes e instituições sociais em comum.[1]

O termo "circassiano" tem duas etimologias: alguns o relacionam com a palavra grega Kerkétai para um dos povos antigos da costa leste do mar Negro, e outros dizem que deriva do osseto cärgäs, originado da palavra cita čarkas, que significa nobre.[1]

O termo ādəγa, de acordo com um ponto de vista, deriva de 'atığə, que significa "alto (em altitude)" para designar um montanhista, já que o povo circassiano vive nas montanhas e perto delas há milhares de anos.[4]

Distribuição

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Com população composta por 55,3% de cabardianos étnicos, e mais de 400,000 falantes da língua cabardiana, a República da Cabárdia-Balcária concentra a maioria dos falantes do idioma no mundo. Mais de 90% dos cabardianos étnicos usam o cabardiano como língua nativa, e quase todos são bilíngues e também falam russo.[2]

A quantidade de falantes do cabardiano mundo afora é desconhecida, mas existem comunidades falantes da língua com uma quantidade significativa de pessoas na Jordânia, Turquia e Síria, formadas por exilados do Genocídio Circassiano após a conquista russa do Cáucaso. É estimado que 400.000 cabardianos e adigués foram exilados, enquanto seus descendentes sofreram assimilação linguística parcial em seus novos países. Hoje há cerca de 200.000 cabardianos étnicos na Turquia e 30.000 na Síria, mas não se sabem quantos deles falam a língua cabardiana.[2]

Todos são mutualmente inteligíveis, mas o Besleney difere dos demais por transicionar entre o cabardiano e a língua adigué.[5]

O cabardiano tem um dos sistemas fonológicos mais complexos dentre todas as línguas do mundo. Nas palavras nativas há apenas duas vogais, e cerca de 50 consoantes, dependendo do dialeto. A vogal a pode ser curta ou longa.[6]

Curta ə a
Longa
Quadro consonantal da língua cabardiana[7]
Labial Alveolar Pós-
alveolar
Alveolo-
palatal
Velar Uvular Faríngea Glotal
Central Lateral plana lab. pal. plana lab. plana lab.
Nasal m n
Plosiva ejetiva kʷʼ kʲʼ
desvozeada p t k q ʔ ʔʷ
vozeada b d ɡ ɡʷ ɡʲ
Africada ejetiva t͡sʼ t͡ʃʼ
desvozeada t͡s t͡ʃ q͡χ q͡χʷ
vozeada d͡z d͡ʒ
Fricativa ejetiva ɬʼ ɕʼ
desvozeada f s ɬ ʃ ɕ x χ χʷ ħ
vozeada v z ɮ ʒ ʑ ɣ ʁ ʁʷ
Aproximante l j w
Vibrante múltipla r

Fenômenos fonéticos

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As plosivas desvozeadas são assimiladas às plosivas e fricativas que as seguem com respeito às características da voz e glotalização:[8]

  • wa b-łaġwāś > wa płaġwāś (Você viu)
  • da d-śāś > da t'ś'āś (Nós conseguimos)

Duas vogais não podem ocorrer uma próxima da outra; quando o primeiro morfema termina, e o segundo começa com uma vogal, as duas vogais se fundem, onde a vogal baixa é mais forte (ə-a se torna a, a-ā vira ā):[8]

  • sə-k'wa-ā > sək'wāś
  • sə-hə-ā > shāś

Como as línguas semitas, cartevélicas e línguas indo-europeias mais antigas, as línguas da família abcázio-adigué possuem alterações morfológicas de vogais, a apofonia. Alternações de vogais no cabardiano são frequentemente usadas com verbos, especialmente para expressar a categoria de transitividade/intransitividade. As alternações de vogais mais comuns são:[9]

  1. (a - ə): esse padrão de apofonia é usada para distinguir verbos transitivos e intransitivos, bem como números cardinais e adverbiais; dan (ver, intransitivo) / dən (ver, transitivo) - śə (três) / śa (três vezes).[10]
  2. (ə - 0): esse padrão é usado para distinguir os prefixos pessoais de verbos intransitivos (ə) dos prefixos de verbos transitivos (0); səbdawva (Eu aro junto com você, 1a p. sing. para o verbo intransitivo) - bdəzawva (Eu aro isso com você,1a p. sing. para o verbo transitivo).[10]
  3. (a - 0): esse padrão é meramente um tipo especial de alternância entre (a) e (ə), para distinguir verbos elativos e ilativos; yəš (tire!) - yəša (traga!).[10]
Círilico Pronúncia (IPA) Transliteração (TITUS)[11][12]
А а [aː] Ā ā
Ә ә [a] A a
Б б [b] B b
В в [v] V v
Г г [ɣ] G g
Гу гу [ɡʷ] Gw gw
Гъ гъ [ʁ] ‌Ġ ġ
Гъу гъу [ʁʷ] ‌Ġw ġw
Д д [d] D d
Дж дж [d͡ʒ] ou [ɡʲ] Dž dž
Дз дз [d͡z] Dz dz
E e [ja/aj] ‌Ay/Ya ay/ya
Ж ж [ʒ] ‌‌Ž ž
Жь жь [ʑ] Ź ź
З з [z] Z z
И и [jə/əj] Yə yə
Й й [j] Y y
К к [k] K k
Ку ку [kʷ] Kw kw
Кӏ кӏ [t͡ʃʼ] ou [kʲʼ] ‌Č̣ʼ č̣ʼ
Кӏу кӏу [kʷʼ] K'w k'w
Къ къ [q] Q' q'
Къу къу [qʷ] Q'w q'w
Кхъ кхъ [q͡χ] Q q
Кхъу кхъу [q͡χʷ] Qw qw
Л л [ɮ] ou [l] L l
Лъ лъ [ɬ] ‌Ł ł
Лӏ лӏ [ɬʼ] ‌Ł' ł'
М м [m] M m
Н н [n] N n
О о [ɜw][wa] Aw/Wa aw/wa
П п [p] P p
Пӏ пӏ [pʼ] P' p'
Р р [r] R r
С с [s] S s
Т т [t] T t
Тӏ тӏ [tʼ] T' t'
У у [w/əw] W w
Ф ф [f] F f
Фӏ фӏ [fʼ] F' f'
Х х [x] X x
Ху ху [xʷ] Xw xw
Хь хь [ħ] H h
Хъ хъ [χ] ‌Ꭓ ꭓ
Хъу хъу [χʷ] ‌Ꭓww
Ц ц [t͡s] C c
Цӏ цӏ [t͡sʼ] C' c'
Ч ч [t͡ʃ] ‌Č č
Ш ш [ʃ] Š š
Щ щ [ɕ] Ś ś
Щӏ щӏ [ɕʼ] Ś' ś'
Ы ы [ə] ‌Ə ə
Ю ю [ju] Ywə ywə
Я я [jaː] Yā yā
Ӏ ӏ [ʔ] ʔ
Ӏу ӏу [ʔʷ] ʔʷ

História da escrita

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O cabardiano era uma língua sem escrita até o começo do século XX, embora tenha havido tentativas de escrevê-lo usando uma escrita árabe adaptada. Até o século XX, o árabe clássico era a língua de alfabetização em todo o Cáucaso. Alfabetos especiais para o cabardiano, baseado no árabe e no cirílico russo, foram desenvolvidos pelo acadêmico Shora Nogma (1801-1841), que também é o autor do primeiro dicionário russo-cabardiano. Entretanto, esses alfabetos não persistiram, nem os alfabetos árabe e latinos desenvolvido pelo médico Muhamed Pčegatluxov. A escrita latina foi adaptada para o cabardiano em 1923 por M. Xuranov na Rússia Soviética, sendo usada até a sua substituição, em 1936, por um cirílico russo adaptado, que até hoje é usado como o alfabeto cabardiano. Existem hoje algumas tentativas para reintroduzir a escrita latina, especialmente com a diáspora cabardiana na Turquia, onde o alfabeto latino é usado. Entretanto essas tentativas não se concretizaram na Cabárdia.[3]

O cabardiano é uma língua polissintética, na qual há um número muito maior de morfemas comparado ao número de palavras em uma frase. Substantivos podem assumir uma quantidade relativamente pequena de formas, mas o complexo verbal normalmente contém um grande número de afixos para uma série de classes gramaticais. Os morfemas combinam-se dentro de uma palavra de acordo com o princípio aglutinativo: cada morfema representa somente uma categoria gramatical. A exceção é a categoria de pessoa que sempre é fundida com a categoria de número no caso de verbos e pronomes.[13]

Os substantivos em cabardiano podem ser flexionados em definição, número e caso. De todas as línguas da família abcázio-adigué, somente o abecásio e o abaza têm a categoria de gênero; a língua cabardiana não apresenta traços dessa categoria.[13]

Existem dois números na língua cabardiana: singular (não marcados) e plural (geralmente marcados); o sufixo do plural é (-xa), e é opcional para vários substantivos, usado somente quando quem fala quer enfatizar que o substantivo é plural.[13][14]

  • ś'āla (homem jovem) / ś'ālaxar (homens jovens)
  • wəna (casa) / wənaxar (casas)

Todos os plurais marcados são definidos (o X), ou são indefinidos mas específicos (um certo X, conhecido pelo falante, mas não pelo ouvinte), e são marcados no caso absolutivo (-r).[14] Ocasionalmente o sufixo do plural pode ser usado para indicar grupos sociais, como famílias, enquanto a adposição səma é usada para pluralizar nomes pessoais e indicar grupos mais específicos:[14][15]

  • Məwhamadxa yxadayž (Para os Muhammeds)
  • Dəwdahr səma (Dudar e seu coorte, amigos)

Substantivos que denotam substâncias e substantivos coletivos não possuem plural:[15]

  • ś'ālaġwāla (a juventude)
  • ša (leite)

A definição só é claramente diferenciada nos casos principais (nominativo e ergativo): os finais (-r) e (-m) são adicionados somente quando o substantivo é definido; substantivos indefinidos não recebem marcação.[16]

  • pśāśam mər yaś'a (A garota sabe disso)
  • pśāśa mər yaś'a (Uma garota sabe disso)

Em alguns substantivos, cujo significado é inerentemente definido, o sufixo é opcional:[16]

  • dəγa(r) sawłāġw (Eu vi o sol)

Se um substantivo no caso instrumental é definido, a marcação do ergativo (-m) é colocado antes da terminação do instrumental (-č'a):[16]

  • sa mər samč'a sawś (Eu faço isso com a faca)

Diferente das outras línguas da família abcázio-adigué, o cabardiano e o adigué tem os casos marcados por sufixos nos substantivos, adjetivos e pronomes. Os casos são: nominativo (-r), ergativo (-m), instrumental (-č'a) e adverbial (-wa). Os casos principais, que expressam relações sintáticas básicas em uma sentença são o nominativo e o ergativo, e os casos periféricos são o instrumental e o adverbial.[15]

O nominativo é o caso do predicado nominal:[15]

  • mə ś'ālarś čempionər (Aquele homem jovem é o campeão)

O nominativo também é o caso do sujeito intransitivo e do objeto transitivo:[17]

  • ś'ālar yawdža (O garoto estuda)
  • sa txəł'ər q'asśtāś (Eu peguei o livro)

O ergativo é, basicamente, o caso oblíquo geral usado para todas as outras funções gramaticais; como no caso do sujeito transitivo:[17]

  • studentəm txəłər yadžāś (O estudante estudou o livro)

Substantivos e adjetivos no caso adverbial geralmente correspondem aos advérbios nas línguas europeias, indicando as circunstâncias em que a ação foi realizada:[18]

  • žəγxar sātər xasāś (Eles plantaram as árvores em linhas)

O caso instrumental corresponde ao instrumental em línguas eslavas, expressando o instrumento com o qual a ação é executada, entretanto também pode indicar várias circunstâncias de uma ação, assim como o trajeto utilizando verbos de movimento:[19]

  • šəmč'a māk'wa (Ele vai com o cavalo)
  • mazč'a k'wan (Passar pela floresta)

O cabardiano apresenta pronomes pessoais em primeira e segunda pessoa, e uma variedade de pronomes em terceira pessoa que também podem ser usados como pronomes demonstrativos; não há distinção entre "ele", "este","esse" ou "aquele". Além disso, os pronomes são declinados em quatro casos gramaticais.[20][21]

Pessoais e demonstrativos

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Pronomes pessoais do cabardiano [20][22]
Caso gramatical Singular Plural
1a PS 2a PS 3a PS 1a PP 2a PP 3a PP
Nominativo sa wa ār da fa āxar
Ergativo sa wa ābə da fa ābəxam
Instrumental sarč'a warč̣ʼa ābəč'a darč'a farč̣ʼa ābəxamč'a
Adverbial sarwə warwə ārwə darwə farwə āxarwə

O pronome da terceira pessoa é formado com os radicais (ā-), (mə-) e (maw-). Podem aparecer sem a marcação do nominativo (-r), que expressa a definição dos pronomes pessoais.[20]

  • sa ā rāsskazəm syadžāś (Eu li aquela história)

O (ā-) é o pronome básico usado em anáfora (fazer referência ao que já foi mencionado no texto), enquanto (mə-) e (maw-) estão em oposição em relação ao grau de distância do falante: (mə-) refere-se a um objeto mais próximo (ou pessoa), e (maw-) a um mais distante.[20]

A morfologia verbal do cabardiano é extremamente complexa. Prefixos e sufixos são usados para indicar diferentes categorias verbais, e também há a apofonia (alternância das vogais da raiz). Verbos não possuem categoria de voz (não há distinção entre ativa e passiva), mas possui as categorias de transitividade, pessoa, número, tempo, modo, causalidade, dois tipos de construções aplicativas (benéficas/maléficas e conjuntividade/comitativa), reflexividade, reciprocidade, involuntariedade e evidencialidade. Verbos ativos e estáticos são distintos sistematicamente, e muitas das categorias citadas não se aplicam a verbos estáticos.[23]

O complexo verbal consiste em um número de prefixos, a raiz, e um número de sufixos. As posições dos prefixos seguem a seguinte ordem, de acordo com a sua categoria:[23]

  • 1. direcional 2.reflexivo/reciproco 3.versão 4.conjugatividade 5.potencialidade 6.negação 7.causativo/involuntariedade

As posições dos sufixos:[24]

  • 1. intransitividade 2.tempo 3.modo/potencialidade/evidencialidade 4.negação/interrogatividade

Negação verbal

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A negação do verbo é expressa com o sufixo (-q'əm), quando o verbo é flexionado para número e pessoa, e com o prefixo (mə-) quando o verbo não é flexionado; neste caso o prefixo precede imediatamente a raiz do verbo, ou prefixo causativo.[24]

  • sək'w arq'əm (Eu não vou)
  • lāźawə pšxər haramś (É pecado se você comer, e não trabalhar)

As duas negações verbais diferem em escopo: o prefixo (mə-) tem o seu sentido restrito sobre o núcleo verbal, enquanto o sufixo (-q'əm) nega a sentença inteira.[24]

O cabardiano possui um sistema complexo de tempos verbais. Ele distingue as dimensões básicas do presente, futuro e passado, e, junto ao passado, dois graus de distância: o pretérito e o pretérito imperfeito denotam ações que ocorreram em um passado recente, enquanto o pretérito perfeito denota um evento no passado distante. A categoria de tempo é majoritariamente expressa por sufixos:[25]

Tempos verbais do cabardiano[26]
Tempo Afixo Exemplo Tradução
Presente ma-, mā-, -aw- sawk'wa(r) Eu vou
Pretérito sək'wāś Eu fui
Pretérito Imperfeito -(r)t, -m sək'wa(r)t Eu estava indo
Pretérito anterior -ā-t sək'wāt (Então) Eu fui
Pretérito Mais-que-perfeito -ġā sək'waġāś Eu fui a muito tempo atrás
Pretérito Mais-que-perfeito anterior -ġāt sək'waġāt (Então) Eu fui a muito tempo atrás
Futuro categórico -n sək'wanś Eu irei
Futuro factual -nwə sək'wanwəś Eu irei, estou prestes a ir
Futuro II -nwət sək'wanwət Eu já estava prestes a ir / Eu deveria ir

O significado de tempos verbais anteriores não é totalmente claro. De acordo com livros de referência, tempos anteriores indicam ações que duraram algum tempo no passado e suas formas são glossadas com a adição do advérbio "então".[27] A diferença entre o futuro categórico e o futuro factual, também não é exatamente clara. Algumas fontes falam que o futuro categórico expressa a intenção de realizar uma ação, enquanto o futuro factual expressa a certeza que a ação será realizada.[28] Alguns autores referem-se ao futuro II como condicional, sendo formado adicionando o sufixo (-t ) a forma do futuro factual. Parece que as formas com o sufixo (-nt ), que às vezes são consideradas parte de um modo verbal distinto (o subjuntivo), pode ser incluído nessa categoria.[29]

Os modos verbais do cabardiano são: indicativo, imperativo, admirativo, optativo, condicional e permitivo.[30]

Modos verbais em cabardiano[31]
Modo Marcação Contexto Exemplo Tradução
Indicativo sufixo -ś (afirmativo) Declarações tidas como verdadeiras k'wāś Ele foi
Imperativo radical nu (sem sufixos) Comandos, pedidos, conselhos e convites txə! Escreva!
Admirativo sufixo -yə Expressa admiração do locutor ou o inesperado da realização da ação expressa pelo verbo sa nawba zə məśa słaġwāś Ora, eu vi um urso hoje!
Optativo sufixos -śara(t), -rat, -č'at Expressa pedido ou uma ação a ser realizada ār q'asəžāśara(t) Ah, se ele viesse!
Condicional sufixos -m(a) e -am(a) Expressa o fato que a ação é performada sobre uma certa condição dəfłāġwāma Se você nos viu
Permitivo sufixos -m(ə),-myə Expressa que a ação é realizada apesar de algum fato ou circunstancia fač'a ś'alāśamyə gwəč'a ł'əś Embora pela pele ele seja um menino, de coração ele é um homem

Evidencialidade

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O sufixo básico da evidencialidade é o (-ġan), ele é usado para expressar que a ação provavelmente está ocorrendo (ou que aconteceu, ou que acontecerá), mas que isso não foi evidenciado pelo locutor.[32]

  • ār q'ak'w ažāġanś (Ele provavelmente voltou)

Invés da categoria da evidencialidade, a gramática da língua cabardiana menciona sobre um especial "modo verbal hipotético". Entretanto, ela não se encaixa como uma sub categoria de modo verbal; a evidencialidade é usada para informar a fonte de informação com que a afirmação é baseada. Como confirmação de que o "modo hipotético" não pertence à mesma categoria que outros modos verbais, é que podemos usar, ao contrário dos afixos dos modos verbais verdadeiros, o sufixo da evidencialidade combinado com o sufixo indicativo (-ś). [32]

  • k'wāġanś (Ele provavelmente vem) em oposição a k'wāś (Ele vem)

Como na maioria das línguas caucasianas, o cabardiano apresenta a ordem SOV como padrão para os elementos de sua sentença, mas outras ordens também podem aparecer.[33]

Números cardinais

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Números cardinais no cabardiano[34]
Número Cabardiano
1
2 t'wə
3 śə
4 pł'ə
5 txwə
6
7 blə
8
9 wə
10 pś'ə
100 śa

Exemplo de texto

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1o artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos

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ЦIыху псори щхьэхуиту, я щIыхьымрэ я хуэфащэхэмрэкIэ зэхуэдэу къалъхур. Акъылрэ зэхэщIыкI гъуазэрэ яIэщи, зыр зым зэкъуэш зэхащІэ яку дэлъу зэхущытын хуейхэщ.[35]

Transliteração:

C'ykhu psori shhehuitu, ya sh'iikhymyare ya khuefashhekh'emrek'Ie zekhuedeu k'al'khur. Akyalre zekhe sh'iik'I g'uazare ya'eshchi, zyr zym zek'uesh zekhash'e yaku del'u zekhuschytyn khueikhesh.[36]

Tradução:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Referências

  1. a b c d Matosivić 2010, p. 4.
  2. a b c Matosivić 2010, p. 5.
  3. a b Matosivić 2010, p. 6.
  4. Loewe, Louis (1854). A Dictionary of the Circassian Language: in Two Parts: English-Circassian-Turkish, and Circassian-English-Turkish. Londres: [s.n.] p. 5 
  5. Matosivić 2010, pp. 6-7.
  6. Matosivić 2010, p. 8.
  7. Matosivić 2010, pp. 8-9.
  8. a b Matosivić 2010, p. 10.
  9. Matosivić 2010, pp. 10-11.
  10. a b c Matosivić 2010, p. 11.
  11. Gippert, Jost. Caucasian Alphabet Systems Based Upon the Cyrillic Script (PDF). [S.l.]: (TITUS) 
  12. Matosivić 2010, p. 13.
  13. a b c Matosivić 2010, p. 15.
  14. a b c Colarusso 1992, p. 48.
  15. a b c d Matosivić 2010, p. 16.
  16. a b c Matosivić 2010, p. 20.
  17. a b Matosivić 2010, p. 17.
  18. Matosivić 2010, p. 18.
  19. Matosivić 2010, pp. 18-19.
  20. a b c d Matosivić 2010, p. 22.
  21. Colarusso 1992, pp. 65-66.
  22. Colarusso 1992, p. 65.
  23. a b Matosivić 2010, p. 30.
  24. a b c Matosivić 2010, p. 31.
  25. Matosivić 2010, p. 51.
  26. Matosivić 2010, pp. 51-52.
  27. Matosivić 2010, p. 52.
  28. Matosivić 2010, p. 54.
  29. Matosivić 2010, p. 55.
  30. Matosivić 2010, p. 58.
  31. Matosivić 2010, pp. 58-60.
  32. a b Matosivić 2010, p. 61.
  33. Matosivić 2010, p. 90.
  34. Matosivić 2010, p. 26.
  35. «OHCHR» 
  36. https://chatgpt.com/c/af94fd61-4868-4dfc-be1b-2db17722934f.   Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  37. «Problems by Year». International Linguistics Olympiad