Saltar para o conteúdo

Museu Nacional de Machado de Castro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Museu Nacional de Machado de Castro
Museu Nacional de Machado de Castro
Entrada principal
Tipo museu nacional, palácio episcopal, palácio, património cultural
Inauguração 1913 (111 anos)
Visitantes 36 918
Administração
Diretor(a) Maria de Lurdes Craveiro (1 de abril de 2021 - presente)
[Site oficial Página oficial] (Website)
Geografia
Coordenadas 40° 12' 31.65" N 8° 25' 31.78" O
Mapa
Localidade Paço Episcopal, Largo Dr. José Rodrigues, Coimbra
Localização Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu) - Portugal
Patrimônio Monumento Nacional
Universidade de Coimbra - Alta e Sofia 

Critérios (ii).(iv). (vi)
Referência 1387 en fr es
Região Coimbra
País Portugal
Histórico de inscrição
Inscrição 2013

Nome usado na lista do Património Mundial

  Região segundo a classificação pela UNESCO

O Museu Nacional de Machado de Castro é um dos mais importantes museus de Belas-Artes de Portugal. Foi assim denominado em homenagem ao destacado escultor conimbricense Machado de Castro. O seu espólio inclui importantes núcleos de escultura, pintura e Artes decorativas.

Ocupa o antigo Paço Episcopal de Coimbra e um amplo edifício novo, inaugurado em 2012, localizando-se no Largo Dr. José Rodrigues, freguesia de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu), Coimbra. O antigo Paço Episcopal de Coimbra está classificado como Monumento Nacional desde 1910.[1][2]

O Museu está integrado desde 2013 na área classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade da Universidade de Coimbra - Alta e Sofia.[3]

Mestre Pero, Cavaleiro medieval, séc. XIV

O decreto que determinou a criação do Museu Nacional de Machado de Castro data de 1911. A abertura ao público aconteceu a 11 de Outubro de 1913, tendo António Augusto Gonçalves como primeiro diretor (1913–1928). Os objetivos iniciais do museu eram diversos dos atuais, destinando-se, nas palavras do diretor, a "oferecer ao estudo público coleções e exemplares da evolução da história do trabalho nacional", devendo ser ampliado com uma "secção de artefactos modernos destinada à educação do gosto público e à aprendizagem das classes operárias". Prescrevia-se ainda que o Museu da Sé, o primeiro museu de arte sacra aberto em Portugal (1884) e que a Lei de Separação do Estado das Igrejas nacionalizara um mês antes, passaria a constituir uma secção do Museu Machado de Castro.[4]

O segundo diretor, Virgílio Correia, acolheria o conceito de museu regional pelo que diz respeito à origem predominantemente regional das coleções, assumindo o seu pendor «estruturalmente artístico», embora sem deixar de contemplar as restantes valências. Em 1935 foi nomeada uma comissão a fim de estudar o plano de conjunto das obras a realizar no Museu, sendo delineado um plano global de intervenção nos edifícios que haveria prolongar-se por dois decénios, alcançando ainda o começo da atuação do terceiro diretor, Luís Reis Santos (1951–1967), que prosseguiu a ideia de privilegiar as coleções de arte. Em 1965 o Estado incluiu o Museu Nacional de Machado de Castro na lista dos museus nacionais, reconhecendo-se a sua excecional qualidade; sem deixar de ser primordialmente um museu de arte sacra com proveniência regional, a dupla valência de acervo museológico e edifício histórico fazem dele um museu raro.[4]

Em 2006 o museu encerrou para uma ampla renovação que incluiu a construção de um novo edifício, tendo reaberto no final de 2012. As atuais instalações integram três unidades interligadas:

  • Criptopórtico romano – datado de meados do séc. I, foi edificado pela administração romana para suporte do fórum, que então passou a constituir a sede da vida política, administrativa e religiosa de Emínio, a Coimbra romana. Com a sua vasta rede de galerias e espaços comunicantes, o criptopórtico faz hoje parte do percurso de visita ao museu, constituindo um dos seus mais importantes atrativos.[5]
  • Antigo paço episcopal – conjunto cujas primeiras edificações poderão datar dos séculos XI ou XII (tempo do qual subsiste a porta da antiga cerca, de arco ultrapassado, coroada de ameias), sofreu sucessivas adaptações ao longo dos séculos de que apenas há registos a partir do séc. XVI[6]. Encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910. Hoje amplamente renovado e articulado com os novos espaços, o antigo Paço Episcopal acolhe parte significativa do acervo, salas multimédia e de exposições temporárias, uma loja/livraria, etc.
  • Edifício novo – projetado por Gonçalo Byrne, este amplo edifício articula-se com o criptopórtico e com os espaços do antigo Paço Episcopal. Acolhe grande parte da coleção do museu (escultura, pintura, ourivesaria, etc.), incluindo ainda novas zonas de entrada e uma cafetaria/restaurante com esplanada exterior. Devido à sua qualidade arquitetónica, esta reconversão do Museu Nacional de Machado de Castro mereceu a atribuição do prémio Piranesi/Prix de Rome 2014.[7]

O acervo do museu procede maioritariamente da região de Coimbra, dos conventos, mosteiros e igrejas extintos politicamente em 1834, mas também dos colégios universitários e bispados, tendo sido enriquecido ao longo dos anos com algumas aquisições pontuais e doações diversas, totalizando vários milhares de peças de arqueologia, escultura, ourivesaria, joalharia, pintura, desenho, cerâmica, têxteis, mobiliário, etc.. As limitações do espaço de exposição não permitem a apresentação da totalidade do acervo, permanecendo muitas obras em depósito nas reservas do museu.[8]

A coleção arqueológica do museu não é muito vasta, provindo na sua maioria de pontos importantes da época romana na parte alta da cidade de Coimbra: muralha e necrópole, centro forense, quarteirão habitacional localizado no topo da colina (atual pátio da Universidade) e outro a oeste do Forum, escavações do criptopórtico, etc. A coleção foi constituída a partir de 1873 e inclui objetos em pedra, bronze, ferro e cerâmica.[8]

A nível da escultura o Museu Nacional de Machado de Castro possui uma coleção de referência que abrange um longo período de tempo: do século XI ao século XVIII. "O núcleo português é o mais importante e vasto, integrando, além de escultura de pedra – em maior número –, muitas obras de terracota e madeira. Abarca vários séculos e tendências artísticas, testemunhando a existência de uma tradição escultórica que converteu a região num dos maiores centros de produção do país". Maioritariamente constituída por esculturas de temática religiosa, a coleção do MNMC inclui o núcleo mais representativo da produção escultórica de Coimbra dos séculos XIV a XVI, frequentemente em pedra de Ançã, destacando-se algumas das obras primas da escultura portuguesa da época, entre as quais Cristo Morto no Túmulo (proveniente do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha) e o Cristo Negro (proveniente do Mosteiro de Santa Cruz), ambas de autor desconhecido.[8]

Entre os autores representados assinalem-se: Mestre Pero (o escultor do túmulo da Rainha Sta. Isabel, Convento de Santa Clara-a-Nova); Gil Eanes; João Afonso; Diogo Pires-o-Velho; Diogo Pires-o-Moço; João de Ruão; Nicolau de Chanterene / Mestre dos Túmulos Reais ("persiste alguma confusão entre a obra de Chanterenne e a do hipotético Mestre dos Túmulos Reais"[9]); Hodart (Última Ceia, em terracota). A coleção inclui também alguns exemplares de escultura flamenga importada (como o Retábulo da natividade, séc. XVI) e de mestres radicados em Coimbra como Olivier de Gand. A produção do século XVII é representada por obras em madeira, incluindo o Retábulo de Nossa Senhora da Conceição, obra do escultor portuense Manuel da Rocha e um grupo de esculturas de Frei Cipriano da Cruz (destaque-se a sua Pietá, 1685–1690), entre outras obras de artistas ainda não identificados. A escultura do século XVIII está representada por esculturas em pedra que Claude Laprade realizou para a Universidade de Coimbra, figuras de presépio em terracota e esculturas em madeira atribuíveis à escola de Machado de Castro.[8]

Coleção maioritariamente de pintura portuguesa entre o século XV e o século XX, incluindo também um interessante núcleo de pinturas flamengas do século XVI onde se destaca o Tríptico da Paixão de Cristo, c. 1514–17, de Quentin Metsys.[8]

As pinturas portuguesas abarcam um importante arco cronológico. Do século XV datam a Senhora da Rosa, de autor anónimo, e o políptico de Santa Clara, obra de uma oficina de mestre identicamente anónimo que laborou para Coimbra e Aveiro. A produção da primeira metade do século XVI é representada por obras dos chamados Mestres de Ferreirim, nomeadamente pinturas do retábulo da capela-mor do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra de Cristóvão de Figueiredo e o Tríptico da aparição de Cristo à Virgem, de Garcia Fernandes; entre outras peças, pinturas como Assunção da Virgem, da oficina dos Mestres do Sardoal (atualmente identificada com a oficina, sediada em Coimbra, de Vicente Gil, continuada pelo seu filho Manuel Vicente e pelo neto Bernardo Manuel). A segunda metade do século XVI é representada, entre outras, por obras maneiristas realizadas para Conventos e Igrejas de Coimbra pela dupla Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão. A pintura do século XVII encontra-se representada por importantes pinturas de Josefa de Óbidos, Bento Coelho da Silveira e Manuel Henriques. A colecção de pintura do século XVIII inclui obras de relevo de André Gonçalves e Pedro Alexandrino de Carvalho.[8]

Artes Decorativas

[editar | editar código-fonte]

O acervo do museu é composto por um importante conjunto de peças de ourivesaria, joalharia, têxteis, mobiliário e cerâmica. Integra ainda um núcleo de artes decorativas do extremo oriente (China e Japão).

  • Ourivesaria / Joalharia – O acervo inclui uma importante coleção de ourivesaria sacra dos séculos XII a XVIII, incluindo algumas das obras-primas da ourivesaria portuguesa, como o cálice de D. Gueda Mendes do século XII, o tesouro da Rainha Santa Isabel, a Custódia manuelina da Sé de Coimbra (1527) e a Custódia do Sacramento (século XVIII). No que respeita à joalharia, o acervo é essencialmente constituído por peças dos séculos XVI a XVIII provenientes de casas religiosas onde deram entrada enquanto dote de noviça, oferenda, doação régia ou legado.[8]
  • Têxteis / Mobiliário / Cerâmica – o MNMC possui importantes núcleos de têxteis de função religiosa (paramentaria litúrgica dos séculos XVI-XIX), mas também um extenso núcleo de amostras de tecidos que inclui fragmentos raros datados dos séculos XIV e XV. Tapetes orientais e de Arraiolos, uma tapeçaria flamenga (Vénus e Marte surpreendidos por Vulcano) e diversas colchas completam o acervo. A coleção de mobiliário situa-se entre os século XVI e XIX; abrange os períodos manuelino, renascentista, filipino, barroco, rocaille, e neoclássico, ilustrando a evolução do mobiliário português ao longo desse extenso período. De proveniência diversificada, o núcleo de cerâmica integra produtos de uso doméstico, de revestimento parietal e pavimentar, ilustrando diversos fabricos do século XV ao XX.[8]

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Museu Nacional de Machado de Castro

Referências

  1. Ficha na base de dados da DGPC
  2. Ficha na base de dados SIPA
  3. Lusa, Agência; Lusa, Agência. «Museu Machado de Castro integrado na área de Património Mundial da UNESCO de Coimbra». Observador. Consultado em 7 de julho de 2019 
  4. a b «Definição de uma Identidade». Museu Nacional de Machado de Castro. Consultado em 7 de novembro de 2014 
  5. Alcoforado, Ana – Museu Nacional Machado de Castro. Aveleda, Vila do Conde: QuidNovi, 2011. ISBN 978-989-554-859-0
  6. «O Edificio e as Marcas do Tempo». Museu Nacional de Machado de Castro. Consultado em 17 de novembro de 2014 
  7. «Projecto do Museu Machado de Castro em Coimbra recebe prémio internacional». Jornal Público. Consultado em 6 de novembro de 2014 
  8. a b c d e f g h A.A.V.V. (coordenação Adília Alarcão) – Museu Nacional Machado de Castro. Roteiro. Lisboa: Instituto Português de Museus, 2005. ISBN 972-776-269-7
  9. «Escultura». Museu Nacional de Machado de Castro. Consultado em 8 de novembro de 2014