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Nuno de Mendonça

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Nuno de Mendonça
1.º Conde de Vale de Reis
Capitão-mor de Macau
Período 1598
a 15??
Nascimento
Lisboa
Morte
Lisboa
Progenitores Mãe: Joana de Aragão
Pai: João de Mendonça Furtado

D. Nuno de Mendonça (Lisboa, c. 1560Lisboa, 12 de Maio de 1633??), 1.º conde de Vale de Reis, foi um aristocrata e político português, apoiante da dinastia filipina, que foi membro do Conselho de Regência do Reino de Portugal, uma junta governativa estabelecida pelo monarca quando não havia vice-rei nomeado e, depois, como vice-rei de Portugal, governando em nome de Filipe IV de Espanha.

Era filho de João de Mendonça, vice-rei da Índia, e de Joana de Aragão, filha de Nuno Rodrigues Barreto, alcaide-mor de Faro, e de sua mulher Leonor de Aragão.

Nuno teve as comendas de Santa Maria de Vila-Cova, e de Santo André de Ossela no Bispado de Miranda, e de São Miguel de Armamar no Bispado de Lamego, todas na Ordem de Cristo[1]

Capitão de Macau

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Em 1598 Nuno de Mendonça foi designado capitão de Macau, e como tal fazia uma viagem anual ao Japão (Nagasaki) para vender a fazenda. Isso aconteceu em 16 de Julho de 1598, em que a viagem fez-se em dois juncos, chegando ao Japão a 5 de Agosto. O mais pequeno junco voltou em Outubro, certamente com o capitão, porque em 1599 «O junco de Nuno de Mendonça que partiu de Nagasaki em 26 de Fevereiro afundou com toda a sua tripulação[2]».

Capitão de Tânger

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Nuno de Mendonça sucedeu a António Pereira Lopes de Berredo como capitão de Tânger e tomou posse do governo em 22 de setembro de 1605. Fernando de Meneses, 2.º Conde da Ericeira, na sua História de Tânger, afirma que antes de chegar a Tânger tinha adquirido «ciencias politicas, e militares, (...) na lição dos livros, e exercicio da guerra de Flandres, em que assistio alguns annos[3]». Deu logo «mostras de valeroso e prudente», vencendo «oito centos de cavalo» mouros que o atacaram, «fazendo o General juntar a gente na rechá da Abobada,(...) favorecido com a mosquetaria dos valos, e artilharia da Cidade».

Depois de outro ataque em que os mouros saíram de novo vencidos, «juntarão mayor poder, e com a gente de Mulei Zidão, filho delrey de Féz o vierão buscar, e posto que era tão desigual o partido, esperou o General os Mouros na tranqueira nova com a melhor ordem que foy possivel : travouse entre huns, e outros grande peleja (...), e depois de largo espaço que durou a peleja se retirarão os Mouros sem nos fazerem mais damno, que deixarem hum Cavalleiro com dezoito lançadas, e outro com huma pelourada, de que ambos livrarão. E tornando depois de alguns dias a pelejar os Mouros com os nossos varias vezes, sempre se retirarão com perda[4]».

Durante o seu governo, Mulei Xeque Almamune, filho de Amade Almançor, tentou entregar Larache ao rei D. Filipe, «tratando o General este negocio, a que seu antecessor tinha dado principio, e parecendo-lhe que estava este negocio ajustado, avisou ElRey, que mandou o Marquez de San German (Juan de Mendoza y Velasco, 1.° marqués de La Hinojosa) com as galés, e alguns terços de Infanteria a esta Cidade para tomar posse da Praça; mas ainda que não faltou Mulei Xeque com as ordens necessárias, e por temor dos seus se passou a Hespanha, aonde esteve algum tempo, com tudo o Governador de Larache a não quiz entregar até que depois teve effeito» (em 20 de Novembro de 1610, durante o governo de Afonso de Noronha)[5].

Governou a cidade até Março de 1610, em que partiu para Portugal, deixando o governo da praça a Afonso de Noronha.

Descendência

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Casou no Porto com D. Guiomar de Noronha filha de Luís da Silva e de sua mulher Isabel de Miranda, filha de Francisco Pereira de Miranda[6]. Teve, segundo a Pedature Lusitana :

Teve ainda os seguintes filhos bastardos:

  • Frei Francisco de Mendonça, frade graciano;
  • Joana s. estado.

Notas

  1. Pedatura Lusitana, p. 448.
  2. João Paulo Oliveira e Costa, "A route under pressure. Communication between Nagasaki and Macao (1597-1617)", p. 85. In Bulletin of Portuguese-Japanese studies. Universidade Nova de Lisboa (cham@fcsh.unl.pt).
  3. Fernando de Menezes, História de Tânger, p. 118.
  4. História de Tânger, p. 119
  5. História de Tânger, pp. 122-123
  6. Pedatura Lusitana, p. 448. Gaio - p. 49 do tomo vigésimo - diz que casou com D. Guiomar da Silva, filha de Luiz da Silva, Senhor de Lamaroza, e sua mulher Isabel Pereira de Miranda de Berredo, filha de Fernão Pereira de Miranda, capitão de Chaul (http://www.vasconcelos.com/geno/FilgGai_Copy/hg-40111-v_0021_40-53_t01-B-R0300.pdf[ligação inativa])
  • Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana (Nobiliário de famílias de Portugal), tomo IV, volume I. Livraria Fernando Machado, Porto.
  • História de Tangere, que comprehende as noticias desde a sua primeira conquista até a sua ruina. Escrita por D. Fernando de Menezes, conde da Ericeira, do Conselho de Estado, e Guerra delRey D. Pedro II. Regedor das Justiças, e Capitão General de Tangere. Offerecida a elRey D. João V. nosso senhor. Lisboa Occidental, na officina Ferreiriana. M.DCC.XXXII.

Precedido por
...
Capitão-Mor de Macau
15981599
Sucedido por
Paulo de Portugal
Precedido por
António Pereira Lopes de Berredo
Capitão de Tânger
22/09/1605 - 3/1610
Sucedido por
D. Afonso de Noronha
Precedido por
Novo título

1.º Conde de Vale de Reis

1628 - 1632
Sucedido por
Nuno de Mendonça, 2.º conde de Vale de Reis
Precedido por
Diogo de Castro, conde de Basto (presidente); D. Afonso Furtado de Mendonça, bispo de Coimbra e conde de Arganil; e Diogo da Silva, conde de Portalegre
Armorial das Espanhas
Membro do Conselho de Regência do Reino de Portugal
(em conjunto com António de Ataíde, 2.º conde de Castro Daire, que presidia)

1631 - 2 de Março de 1632
Sucedido por
Nuno de Mendonça, 1.º conde de Vale de Reis
Precedido por
António de Ataíde, 2.º conde de Castro Daire, que presidia; e Nuno de Mendonça, 1.º conde de Vale de Reis
Armorial das Espanhas
14.º Vice-Rei de Portugal

Março de 1632 - 12 de Maio de 1633
Sucedido por
D. João Manuel de Ataíde, arcebispo de Lisboa