O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro
O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro | |
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Brasil 1969 • cor • 95 min | |
Gênero | drama, faroeste |
Direção | Glauber Rocha |
Produção | Luiz Carlos Barreto Tácito Val Quintans Claude-Antoine Glauber Rocha |
Produção executiva | Zelito Viana |
Roteiro | Glauber Rocha |
Elenco | Maurício do Valle Jofre Soares Odete Lara Othon Bastos Hugo Carvana |
Música | Marlos Nobre Walter Queiroz Sérgio Ricardo |
Cinematografia | Affonso Beato |
Direção de arte | Glauber Rocha Paulo Lima Paulo Gil Soares |
Figurino | Hélio Eichbauer Paulo Lima Glauber Rocha Paulo Gil Soares |
Edição | Eduardo Escorel |
Companhia(s) produtora(s) | Mapa Filmes |
Distribuição | Mapa Filmes |
Lançamento | 6 de setembro, 1969 |
Idioma | português |
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, é um filme brasileiro de 1969, do gênero aventura e western, dirigido por Glauber Rocha. O título faz referência à lenda da luta de São Jorge contra um dragão que assolava um vilarejo que visitou.
O filme é conhecido internacionalmente como Antonio das Mortes, nome do protagonista, e que apareceu em outro filme do diretor, Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964).[1]
Apesar da história simples, o diretor Gláuber Rocha a conta de uma forma alegórica, misturando cordel e ópera, priorizando a música e os ritos folclóricos próprios da população nordestina.Glauber envolve a narrativa dentro do olhar metalinguistico comum ao cinema novo. A camera arrastada e a música vibrante Nordestina dão quase uma impressão de continuação a Deus e o Diabo. Por muitos é considerado a obra prima do Mestre Glauber, que mistura o ritual antropofagico Nordestino, sua "seita" e seu folclore ao encontro apoteótico com uma forma diferente de se fazer cinema, seguindo os parâmetros do cinema novo, já passado a fase experimental da primeira leva de filmes.
Em novembro de 2015, o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.[2]
Sinopse
[editar | editar código-fonte]Antônio das Mortes (Maurício do Valle) atravessa a caatinga atirando. Coirana (Lorival Pariz), com seu bando de cangaceiros, ocupa a vila Jardim de Piranhas com bandeiras e estandartes e reúne-se no centro da praça com os influentes locais: o coronel Horácio (Jofre Soares), mandante absoluto, Mattos (Hugo Carvana), delegado da cidade, idealista, servil e puxa-saco do coronel, e Laura (Odete Lara), esposa do Coronel. Assistindo estão o Professor (Othon Bastos), espécie de consciência do vilarejo e o cego Antão (Mário Gusmão). Coirana diz que vai voltar para "enfrentar o dragão da maldade".
Num buteco, distante dali, Antônio das Mortes conta como encontrou Lampião que o convidou para entrar no cangaço, sendo que Corisco ficou enciumado. Antônio matou Corisco. Agora, vai a Jardim de Piranhas enfrentar os cangaceiros. Apanha o chapéu e o rifle papo amarelo e parte.
Na vila, o Coronel não gosta de jagunços mercenários, acha que eles trazem mais problemas, porém Mattos está decidido a acabar com a violência dos cangaceiros. Na verdade, quer a "paz" para instalar uma indústria local, gerar empregos. O Coronel tem medo que venha a reforma agrária, tem medo de perder suas terras e suas vacas.
Coirana, na encosta de uma montanha, diz para a Santa Bábara (Rosa Maria Penna) que é hora de queimar os vivos e destruir as cidades. Na vila, Antônio das Mortes recorda que matou mais de cem cangaceiros e hoje só vive na tristeza e lembrança. Agora, Coirana é um desafio para ele.
Beatos e cangaceiros entram novamente na cidade. Coirana e Antônio se defrontam. O cangaceiro grita que homem vai virar mulher, mulher vai pedir perdão. Prisioneiro vai ficar livre, carcereiro vai para a cadeia. Antônio pergunta se Coirana é verdade ou assombração. Este retruca: "Diga seu nome, fantasiado, quem abre assim a boca fica condenado". No duelo, Coirana cai, vai ser morto, e Santa Bárbara interfere; Antônio concede a vida ao inimigo. Levam Coirana ferido. O Coronel fica possesso e, com mais medo, diz que é um homem bom, distribui farinha e carne seca ao povo, reclamando que o governo não manda dinheiro para nada.
Ferido, deitado num balcão de bar, Coirana delira. É levado para fora, colocado aos pés da Santa Bárbara. Curioso, Antônio quer saber da Santa Bárbara de onde veio Coirana. Antônio diz que pensava ter sido Corisco o último cangaceiro. Ele está cansado, não quer matar mais gente. A Santa Bárbara grita: "Vai embora e cruze os caminhos do fogo do mundo pedindo perdão pelos crimes que cometeu".
Coirana mostra o punhal, aponta para Antônio: "Você é o dragão da maldade. Debaixo dessa capa tem uma camisa de ouro, por isso bala não entra em seu peito".
Antônio volta para o Jardim de Piranhas. Diz a Mattos para pedir ao Coronel que abra o armazém e dê toda comida ao bando de Coirana. E este que possa ficar por ali plantando banana.
Mattos quer que Antônio mate o Coronel. O Coronel recusa abrir o armazém, quer é matar Antônio. Mattos, que trouxe Antônio, agora quer que ele vá embora. Mattos diz que vai ser prefeito, vai resolver o problema de todo mundo.
O Coronel traz um caminhão de jagunços chefiados por Mata-Vaca (Vinícius Salvatori). Descobre-se que Mattos é amante de Laura. Este obriga Mattos a beijar Laura diante de toda a vila. Há um entrevero, Mattos, Laura e o Professor entram no bar, fecham a porta. Laura grita que Mattos prometeu levá-la embora da vila. O Professor discute com Mattos. Laura sai do bar, apanha o punhal de Mata-Vaca, crava no peito de Mattos.
Na encosta da montanha, Coirana morre. Antônio, Santa Bárbara e outros se aproximam. Ele quer enterrar Coirana no fundo do sertão. Na vila, o Professor arrasta o corpo de Mattos, seguido por Laura num vestido roxo. O padre avisa o Professor que Mata-Vaca vai matar os beatos, quer que procurem Antônio. Mas este, com o corpo de Coirana às costas, atravessa o sertão.
Na encosta da montanha, os jagunços dançam diante dos beatos que depois são mortos. Só a Santa Bárbara permanece viva. Quando Antônio chega à encosta, todos estão caídos e a Santa Bárbara cobre os olhos de Antônio com um espadim. Antônio se vai, seguido pelo Professor, que quer apanhar uma carona nos caminhões. O Professor tira o revólver e o punhal de Coirana.
Na vila, o Coronel e Laura, sentados numa marquesa, sobre os ombros dos jagunços, desafiam Antônio. O Professor diz que sua hora vai chegar. Antônio e Mata-Vaca se enfrentam com facões. Há um tiroteio. Laura é ferida. Surge o cego Antão vestido com as roupas de Oxóssi e enfia a lança no coração do Coronel - representando as reais figuras do "Dragão da Maldade" e do "Santo Guerreiro". No final, o Professor, com o corpo de Laura entre os braços, beija sua boca. Antônio das Mortes afasta-se pela estrada asfaltada, os caminhões passam. São mostradas imagens de São Jorge matando o dragão.[3]
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Maurício do Valle.... Antônio das Mortes
- Odete Lara.... Laura
- Othon Bastos.... Professor
- Hugo Carvana.... Mattos
- Jofre Soares.... Coronel Horácio
- Lorival Pariz.... Coirana
- Rosa Maria Penna.... Santa Bárbara
- Emmanuel Cavalcanti.... Padre
- Vinícius Salvatori.... Mata Vaca
- Santi Scaldaferri....Batista
- Mário Gusmão....Antão
- Conceição Senna....Madalena
Principais prêmios e indicações
[editar | editar código-fonte]Por esse trabalho, recebeu o Prêmio de Melhor Diretor do Festival de Cannes.
Trilha Sonora
[editar | editar código-fonte]- "Volta Por Cima", canção de Paulo Vanzolini.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Folha Online - Ilustrada - Scorsese diz que filmes de Glauber Rocha o influenciam; leia entrevista - 17/08/2006». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 1 de julho de 2021
- ↑ André Dib (27 de novembro de 2015). «Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros». Abraccine. abraccine.org. Consultado em 26 de outubro de 2016
- ↑ ALZUGARAY, Cátia; ALZUGARAY, Domingo. (Editores). ISTOÉ: Cinema brasileiro., anexo da ed. 1466, p. 3-5.