Saltar para o conteúdo

Presidências Abertas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Presidência Aberta é a priorização política de um tema, como, por exemplo, o ambiente,[1] por opção do Presidente da República Portuguesa, durante um curto espaço de tempo. Tem intuito de avaliar este tema em contacto directo com as partes interessadas. Normalmente, o presidente desloca-se aos locais mais afins à temática onde, durante esse período, reside.

Esta prática começou na presidência de Mário Soares, com o intuito de percorrer o país para ouvir as populações. Apesar da enorme popularidade desta iniciativa, a mesma foi criticada por exceder o papel constitucional atribuído ao Presidente da República Portuguesa e de fazer lembrar as Cortes medievais.[2] Numa dessas presidências abertas, a 17 de março de 1989, em Castelo de Vide, Mário Soares pediu perdão, oficialmente, pela perseguição aos judeus, 500 anos antes.[3]

Durante o mandato de Jorge Sampaio, o modelo foi reformulado e a designação alterada, mantendo-lhe, contudo, as características principais. Com efeito, as suas "Presidências temáticas" ou "Semanas temáticas", foram, de certo modo, o prolongamento da última Presidência Aberta de Soares sobre o Ambiente. Apesar de Sampaio não usar, publicamente, a expressão "Presidência Aberta" para se referir às suas, os jornalistas nunca deixaram de as designar assim.[2] Com Aníbal Cavaco Silva, a designação foi alterada para "Roteiros" e com Marcelo Rebelo de Sousa "Portugal Próximo".[4]

Em Junho de 2021, Marcelo Rebelo de Sousa cumprirá a sua Presidência Aberta na região do Alentejo devido à crise laboral de emigrantes na vila de Odemira.[5]

O impacto que esta iniciativa teve na sociedade e na política portuguesa foram tão fortes, que o modelo foi replicado a nível autárquico, como em Almada[6] e Funchal.[7]

Presidências Abertas de Mário Soares

[editar | editar código-fonte]

Soares realizou no total 11 Presidências Abertas, oito no seu primeiro mandato e três no segundo[2][8]:

Datas Locais Temas
16 a 25 de setembro de 1986 Guimarães
15 a 26 de fevereiro de 1987 Bragança
27 de outubro a 7 de novembro de 1987 Beja e Évora
25 a 31 de março de 1988 Guarda
19 a 24 de julho de 1988 Descida do Douro
12 a 19 de março de 1989 Portalegre
29 de maio a 9 de junho de 1989 Açores
29 de junho a 8 de julho de 1989 Coimbra
19 a 28 de setembro de 1992 Viana do Castelo
30 de janeiro a 14 de fevereiro de 1993 Área Metropolitana de Lisboa
4 a 21 de abril de 1994 Portugal Continental Ambiente

Referências

  1. RTP Arquivos. «Presidência Aberta de Mário Soares». Consultado em 1 de novembro de 2019 
  2. a b c Estrela Serrano. «As Presidências Abertas de Mário Soares - as estratégias e o aparelho de comunicação do Presidente da República» (PDF). Consultado em 1 de novembro de 2019 
  3. «Memória de Mário Soares em Castelo de Vide». 8 de novembro de 2024. Consultado em 9 de novembro de 2024 
  4. Expresso (28 de março de 2016). «Marcelo reinventa presidências abertas: "Portugal Próximo"». Consultado em 1 de novembro de 2019 
  5. Marques, Bianca (4 de maio de 2021). «Odemira. Marcelo aguarda por "relatórios" sobre imigrantes e prepara Presidência Aberta no Alentejo». O Jornal Económico. Consultado em 4 de maio de 2021 
  6. olharesdelisboa (8 de fevereiro de 2019). «Inês de Medeiros inaugurou Presidências Abertas em Almada». Consultado em 1 de novembro de 2019 
  7. Jornal da Madeira (24 de maio de 2017). «Presidências abertas chegaram à Escola Bartolomeu Perestrelo». Consultado em 1 de novembro de 2019 
  8. Fundação Mário Soares. «Presidências Abertas de Mário Soares». Consultado em 1 de novembro de 2019 
Ícone de esboço Este artigo sobre política ou um(a) cientista político(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.