Salvador César Obino
Salvador César Obino | |
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Nascimento | 12 de fevereiro de 1886 Bagé, Rio Grande do Sul |
Morte | 1 de setembro de 1979 (93 anos) Porto Alegre, Rio Grande do Sul |
Serviço militar | |
País | brasileiro |
Serviço | Exército Brasileiro |
Patente | Marechal |
Comando |
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Salvador César Obino (Bagé, 12 de fevereiro de 1886 – Porto Alegre, 1 de setembro de 1979) foi um marechal brasileiro, que foi chefe do Estado-Maior do Exército e Ministro-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
Carreira militar
[editar | editar código-fonte]Filho de Salvador Obino e de Georgina Obino, foi casado com Noêmia Maurell Obino.
Ingressou no Exército Brasileiro em abril de 1901, na Escola Tática e de Tiro de Rio Pardo, transferindo-se em 1905 para a Escola Militar do Brasil, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. No ano seguinte continuou o curso na Escola de Guerra de Porto Alegre, sendo declarado aspirante-a-oficial da arma de infantaria em fevereiro de 1908. Alcançou o posto de segundo-tenente em janeiro de 1909.[1]
Servia no 5º Regimento de Infantaria quando, em março de 1910, foi designado para o 18º Grupo de Artilharia Montada, em Cruz Alta. Em maio de 1911 passou para a arma de artilharia e foi designado para o 1º Regimento de Artilharia Montada, no Rio de Janeiro. Voltou a Bagé em janeiro de 1912, ocupando em julho seguinte os cargos de comandante da 2ª Bateria do 18º Grupo de Artilharia Montada e de professor da Escola Regimental. Foi promovido a primeiro-tenente em novembro de 1914 e a capitão em julho de 1919, mês em que foi transferido para o 2º Grupo de Artilharia da 3ª Região Militar, sediada em Porto Alegre. Em março de 1921 matriculou-se na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e em março do ano seguinte, no curso da Escola de Estado-Maior do Exército.[1]
Em março de 1923, foi designado para o 2º Grupo de Artilharia a Cavalo, em Uruguaiana. Em agosto de 1925, foi transferido para o 5º Grupo de Artilharia a Cavalo, em Santana do Livramento. Em abril de 1928, foi nomeado diretor provisório do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva da 3ª RM e em fevereiro de 1929 foi promovido a major. Em dezembro de 1930, pouco depois da vitória do movimento revolucionário que conduziu Getúlio Vargas ao poder, foi designado para o estado-maior da 3ª RM. Promovido a tenente-coronel em abril de 1931 e a coronel em abril de 1934, em agosto desse último ano assumiu a chefia da subseção do estado-maior da mesma Região Militar. Tornou-se comandante da Escola de Armas em novembro de 1936 e em fevereiro do ano seguinte foi designado membro da Comissão de Revisão do Regulamento da Escola de Estado-Maior.[1]
Nomeado presidente da Comissão sobre Aperfeiçoamento de Oficiais no Estrangeiro em março de 1938, assumiu a chefia da 3ª Seção do Estado-Maior do Exército em fevereiro de 1939. Em maio de 1940, foi promovido a general-de-brigada e, em junho, nomeado comandante da Infantaria Divisionária da 4ª RM, em Belo Horizonte. Comandou a Artilharia Divisionária da 1.ª Divisão de Exército entre 21 de julho de 1941 e 24 de março de 1943.[2] Nomeado diretor de Ensino do Exército em novembro de 1943, exerceu o comando da 3ª Região Militar de 1943 a 1945, sendo promovido a general-de-divisão em agosto deste último ano.[1]
Em 22 de fevereiro de 1946, logo em seguida à posse do general Eurico Gaspar Dutra na presidência da República, assumiu a chefia do EME, em substituição ao general Cristóvão de Castro Barcelos. Ocupou esse cargo até 18 de outubro desse mesmo ano, quando foi substituído pelo general Milton de Freitas Almeida.[3] Promovido a general-de-exército, foi designado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, permanecendo nessa função de 8 de novembro de 1946 a 29 de janeiro de 1951. Em outubro de 1947 foi nomeado para integrar a comissão do anteprojeto da lei reguladora das concessões de refinarias de petróleo. Participou ainda da delegação brasileira à IX Conferência Interamericana, realizada em Bogotá, na Colômbia, em março de 1948, ano em que se tornou membro do Conselho de Segurança Nacional (CSN).[1]
De 1948 a 1950 foi presidente do Clube Militar — entidade que teve participação ativa na chamada Campanha do Petróleo, iniciada em 1947. A preocupação dos militares em relação à exploração do petróleo tornara-se evidente já na década de 1930, tendo eles participado diretamente da criação, em 1938, durante o Estado Novo (1937-1945), do Conselho Nacional do Petróleo (CNP). A partir de 1947, num cenário político mais aberto, outros canais fora dos centros de poder passaram a ser utilizados para tratar da orientação a ser conferida à política do petróleo, numa tentativa de se levar o debate a setores mais amplos da população. O Clube Militar desempenhou importante papel nesse sentido, promovendo uma série de conferências sobre a extração das riquezas minerais do país, especialmente do petróleo, e ajudando a desencadear um movimento de opinião pública em defesa de uma orientação nacionalista da política do petróleo.[1]
Na época, formaram-se duas correntes em torno da questão: uma, liderada pelo general Juarez Távora, alinhado politicamente ao governo Dutra, que defendia a participação do capital privado, nacional ou estrangeiro, na exploração do petróleo; outra, orientada pelo general Júlio Caetano Horta Barbosa, que defendia a exploração em regime de monopólio estatal e que contava com total apoio da diretoria do Clube Militar. Pregava ainda a defesa da legislação vigente sobre o petróleo, elaborada em 1938, e então ameaçada de revogação por um novo projeto sobre o tema que estava sendo redigido por uma comissão especial do governo, integrada por César Obino, além dos ministros das Relações Exteriores, Raul Fernandes, da Viação, Clóvis Pestana, e do Trabalho, Morvan Dias de Figueiredo. O texto final do anteprojeto — aproveitando as brechas abertas pela Constituição de 1947, bem menos rigorosa do que a de 1937 no tocante à interdição do capital estrangeiro no aproveitamento das riquezas minerais do país lançou as bases para o ingresso do capital privado, nacional e estrangeiro, na produção do petróleo, provocando reações contrárias no Congresso e na opinião pública. Voto vencido na comissão, César Obino continuou promovendo conferências e debates sobre o tema no Clube Militar nos anos de 1948 e 1949, em defesa de uma orientação nacionalista.[1]
Em março de 1950, o clube tachou de lesivo aos interesses nacionais o anteprojeto sobre os investimentos estrangeiros no Brasil, elaborado pelo Conselho Federal de Comércio Exterior e encaminhado ao presidente Dutra. No mês seguinte, voltou a condenar o desenvolvimento nacional baseado em investimentos estrangeiros e a política de exportação de minérios, considerada desordenada, divulgando o parecer da comissão do Instituto Brasileiro de Geopolítica, que fora contrário à criação do Instituto Internacional da Hiléia Amazônica.[1]
A questão do petróleo teve grande importância na eleição da nova diretoria do Clube Militar, realizada em 17 de maio de 1950. A chapa nacionalista, liderada pelos generais Newton Estillac Leal e Horta Barbosa, derrotou a chapa formada pelos generais Osvaldo Cordeiro de Farias e Emílio Ribas Júnior, contrários ao monopólio estatal do petróleo. César Obino e seu vice-presidente, general Estevão Leitão de Carvalho, deram posse à nova diretoria no dia 26 de julho, em cerimônia à qual compareceram, entre outros, o ministro da Guerra, general Canrobert Pereira da Costa, e o chefe do EME, general Álvaro Fiúza de Castro. O movimento nacionalista do petróleo culminaria com a aprovação da tese do monopólio estatal, através da criação da Petrobras, em outubro de 1953, já no segundo governo do presidente Getúlio Vargas.[1]
Em janeiro de 1951, César Obino foi nomeado chefe da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos e deixou a chefia do Estado-Maior Geral, que transmitiu ao general-de-exército Pedro Aurélio de Góis Monteiro. Em 20 de novembro do mesmo ano, tornou-se comandante da Zona Militar Sul, sediada em Porto Alegre, substituindo o general Newton Estillac Leal. Permaneceu no cargo até 10 de junho de 1952, quando empossou seu substituto, o general Odylio Denys.[4]
Foi reformado como marechal e permaneceu morando em Porto Alegre, onde morreu no dia 1 de setembro de 1979.[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j «Salvador César Obino». Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 26 de janeiro de 2021
- ↑ [http://www.ad1de.eb.mil.br/g-a-c Galeria de Antigos Comandantes na página da AD/1
- ↑ «Ex-Chefes do EME». Consultado em 26 de janeiro de 2021
- ↑ «Ex-Comandantes do CMS». Consultado em 26 de janeiro de 2021
Precedido por J. B. Lobato Filho |
10º Comandante da AD/1 1941 — 1943 |
Sucedido por Álcio Souto |
Precedido por Cristóvão de Castro Barcelos |
24º Chefe do Estado-Maior do Exército 1946 |
Sucedido por Milton de Freitas Almeida |
Precedido por --- |
1º Ministro-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas 1946 - 1951 |
Sucedido por Pedro Aurélio de Góis Monteiro |
Precedido por Newton de Andrade Cavalcanti |
7º Comandante da Zona Militar Sul 1951 - 1952 |
Sucedido por Odylio Denys |