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Neville Chamberlain

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Neville Chamberlain
Neville Chamberlain
Chamberlain em 1936
Primeiro-Ministro do Reino Unido
Período 28 de maio de 1937
a 10 de maio de 1940
Monarca Jorge VI
Antecessor(a) Stanley Baldwin
Sucessor(a) Winston Churchill
Chanceler do Tesouro
Período 5 de novembro de 1931
a 28 de maio de 1937
Monarcas Jorge V (1931–1936)
Eduardo VIII (1936)
Jorge VI (1936–1937)
Antecessor(a) Philip Snowden
Sucessor(a) Sir John Simon
Período 27 de agosto de 1923
a 22 de janeiro de 1924
Monarca Jorge V
Antecessor(a) Stanley Baldwin
Sucessor(a) Philip Snowden
Ministro da Saúde
Período 25 de agosto de 1931
a 5 de novembro de 1931
Monarca Jorge V
Antecessor(a) Arthur Greenwood
Sucessor(a) Hilton Young
Período 6 de novembro de 1924
a 4 de junho de 1929
Monarca Jorge V
Antecessor(a) John Wheatley
Sucessor(a) Arthur Greenwood
Período 7 de março de 1923
a 27 de agosto de 1923
Monarca Jorge V
Antecessor(a) Sir Arthur Griffith-Boscawen
Sucessor(a) William Joynson-Hicks,
Dados pessoais
Nome completo Arthur Neville Chamberlain
Nascimento 18 de março de 1869
Birmingham, Warwickshire,
Reino Unido
Morte 9 de novembro de 1940 (71 anos)
Heckfield, Hampshire,
Reino Unido
Progenitores Mãe: Florence Kenrick
Pai: Joseph Chamberlain
Alma mater Mason Science College
Esposa Anne de Vere Cole (1911–1940)
Filhos(as) 2
Partido Conservador
Religião Unitarismo
Profissão Empresário
Assinatura Assinatura de Neville Chamberlain

Arthur Neville Chamberlain (/ˈmbərln/; 18 de março de 18699 de novembro de 1940) foi um político britânico que serviu como Primeiro-ministro do Reino Unido de maio de 1937 a maio de 1940 e líder do Partido Conservador de maio de 1937 a outubro de 1940. Ele ficou conhecido por sua política de apaziguamento e seu papel na assinatura do Acordo de Munique em 30 de setembro de 1938, cedendo a região dos Sudetos, de maioria étnica alemã, da Tchecoslováquia à Alemanha Nazista liderada por Adolf Hitler. Após a invasão alemã da Polônia em 1 de setembro de 1939, que marcou o início da Segunda Guerra Mundial, Chamberlain anunciou a declaração de guerra à Alemanha dois dias depois e liderou o Reino Unido durante os primeiros oito meses de conflito até à sua renúncia como primeiro-ministro em 10 de maio de 1940.[1]

Nascido numa família politicamente proeminente, ele trabalhou no setor de negócios e depois no governo local na região de Birmingham. Após um breve período trabalhando como Diretor do Serviço Nacional, de 1916 a 1917, resolveu seguir os passos do seu irmão Joseph Chamberlain e seu meio-irmão mais velho, Austen Chamberlain, ao se eleger em 1918 para o Parlamento pela localidade de Birmingham Ladywood, aos 49 anos de idade, pelo Partido Conservador. Ele recusou uma posição ministerial júnior, permanecendo como backbencher até 1922. Ele foi promovido em 1923 para Ministro da Saúde e depois Chanceler do Tesouro. Após um breve governo liderado pelo Partido Trabalhista, regressou como Ministro da Saúde, introduzindo uma série de medidas de reforma de 1924 a 1929. Foi nomeado Chanceler do Tesouro do Governo Nacional em 1931.[2]

Chamberlain sucedeu Stanley Baldwin como primeiro-ministro em 28 de maio de 1937. O seu mandato foi dominado pela questão da política em relação a uma Alemanha cada vez mais agressiva e as suas ações em Munique foram amplamente populares entre os britânicos da época. Em resposta à contínua agressão de Hitler, Chamberlain prometeu que o Reino Unido iria defender a independência da Polônia se esta fosse atacada, uma aliança que levou o seu país à guerra após a invasão alemã daquele país em setembro de 1939. Com o fracasso das forças aliadas em evitar a invasão alemã da Noruega fez com que a Câmara dos Comuns realizasse o histórico "Debate da Noruega" em maio de 1940. A condução da guerra por Chamberlain foi fortemente criticada por membros de todos os partidos e, num voto de confiança, a respeito do seu governo, ele viu sua maioria ser bastante reduzida no Parlamento. Aceitando que um governo nacional apoiado por todos os principais partidos era essencial, Chamberlain renunciou como primeiro-ministro porque os Trabalhistas e os Liberais não desejavam servir em seu governo. Embora ainda liderasse o Partido Conservador, foi sucedido como primeiro-ministro por seu colega Winston Churchill. Até que problemas de saúde o forçaram a renunciar completamente da vida pública em 22 de setembro de 1940, Chamberlain foi um membro importante do gabinete de guerra como Lorde presidente do Conselho, chefiando o governo na ausência de Churchill. De fato, seu apoio a Churchill revelou-se vital durante a crise do gabinete de guerra de maio de 1940, quando derrotistas dentro do governo queriam estabelecer a paz com os alemães. Chamberlain morreu aos 71 anos, em 9 de novembro de 1940, de câncer, seis meses depois de deixar o cargo de primeiro-ministro.[2]

A reputação de Chamberlain permanece controversa entre os historiadores. Sua reputação foi inicialmente muito boa, mas começou a ser corroída por livros como Guilty Men, publico em julho de 1940, que culpou ele e aos seus associados pelo Acordo de Munique e por alegadamente não terem preparado o país para a guerra. A maioria dos historiadores da geração seguinte à morte de Chamberlain tinham opiniões semelhantes. Alguns historiadores posteriores adotaram uma perspectiva mais favorável de Chamberlain e de suas políticas, citando documentos governamentais divulgados sob a "regra dos trinta anos" e argumentando que ir à guerra com a Alemanha em 1938 teria sido desastroso, uma vez que o Reino Unido não estava preparado. No entanto, Chamberlain ainda é classificado de forma desfavorável entre os primeiros-ministros britânicos por historiadores e analistas. Sua reputação com o povo britânico também é muito ruim.[3]

Depois de ter trabalhado em negócios e no governo local, e após uma curta passagem como Diretor do Serviço Nacional em 1916 e 1917, Chamberlain seguiu os passos do seu pai, Joseph Chamberlain, e de um meio-irmão mais velho, Austen Chamberlain, ao tornar-se Membro do Parlamento nas eleições gerais de 1918 aos 49 anos de idade. Recusou um cargo ministerial secundário, mantendo-se um simples deputado, até 1922. Rapidamente foi promovido a Secretário-de-Estado da Saúde, em 1923, e, a seguir, Chanceler do Tesouro. Depois de um governo trabalhista, regressou como Ministro da Saúde, introduzindo uma série de medidas reformistas, entre 1924 e 1929. Em 1931, foi nomeado Chanceler do Tesouro no Governo Nacional em 1931.[2]

Quando Stanley Baldwin se retirou em maio de 1937, Chamberlain ocupou o seu lugar como Primeiro-ministro. O seu governo foi dominado pela atitude política tomar em relação ao aumento de agressividade por parte da Alemanha, e a sua ação em Munique foi bem vista entre os britânicos, naquela época. Quando Hitler continuou a sua agressão, Chamberlain comprometeu-se em defender a independência da Polónia, se esta fosse atacada, uma promessa que levou o Reino Unido a entrar em guerra quando a Alemanha atacou a Polónia em 1939.[2]

Negociações com Hitler

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Neville Chamberlain, em sua chegada ao aeroporto de Heston (Londres) em 30 de setembro de 1938, após seu encontro com Hitler em Munique. Em sua mão ele tem o tratado de paz feito entre Reino Unido e Alemanha.

Chamberlain acreditava que fazendo concessões a Hitler seria possível evitar uma nova guerra entre a Alemanha e o Reino Unido. Em Londres, logo após chegar da Alemanha, declarou sobre o recém-assinado Acordo de Munique:[4][5]

"I believe it is peace in our time"
— 30 de setembro de 1938.

 (em inglês)

Menos de um ano após a assinatura do acordo, em 1 de setembro de 1939, a Wehrmacht invadiu a Polônia não restando à Chamberlain outra alternativa senão declarar guerra ao Reich, dando início assim à Segunda Guerra Mundial na Europa.

Em 10 de maio de 1940, Chamberlain renunciou ao cargo de primeiro-ministro, sendo substituído por Winston Churchill.[2]

Saída do Governo

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Chamberlain demitiu-se de Primeiro-Ministro no dia 10 de Maio de 1940, depois de os Aliados terem sido forçados a retirar da Noruega, pois acreditava ser essencial um governo constituído por todos, e os partidos Trabalhista e Liberal não se juntariam a um governo por ele liderado. Sucedeu-lhe Winston Churchill, e manteve-se bem visto no Parlamento, em particular entre os Conservadores. Antes de a sua saúde o forçar a abandonar o governo, foi um membro importante do gabinete de guerra de Churchill, chefiando-o na ausência deste. Chamberlain morreu de câncer no intestino seis meses depois de deixar a liderança do governo, em 9 de novembro de 1940.[6] Seu funeral ocorreu na Abadia de Westminster (devido a preocupações de segurança em tempo de guerra, a data e a hora não foram amplamente divulgadas), e suas cinzas foram enterradas no mesmo local, junto de Andrew Bonar Law.[7]

A reputação de Chamberlain mantém-se controversa entre historiadores. A sua boa imagem foi deitada abaixo por alguns trabalhos como Guilty Men, publicado em Julho de 1940, o qual culpava Chamberlain e os seus associados pelo acordo de Munique, e por alegadamente não ter preparado convenientemente o país para a guerra que se aproximava. Muitos historiadores da geração posterior de Chamberlain também têm a mesma opinião, incluindo-se o próprio Churchill em The Gathering Storm. Alguns historiadores mais recentes têm uma perspectiva mais favorável de Chamberlain e das suas políticas, citando documentos publicados sob a Regra dos Trinta Anos.[8]

Referências

  1. «Neville Chamberlain (1869 - 1940)» (em inglês). BBC. Consultado em 30 de dezembro de 2023 
  2. a b c d e «Neville Chamberlain: A Biography» (em inglês). Reviews in History. Consultado em 30 de dezembro de 2023 
  3. Strangio, Paul; et al. (2013). Understanding Prime-Ministerial Performance: Comparative Perspectives. Oxford: Oxford University Press. pp. 224, 226. ISBN 978-0-19-966642-3. Consultado em 14 de agosto de 2015. Cópia arquivada em 17 de junho de 2016 
  4. «Neville Chamberlain's "Peace For Our Time" speech». eudocs.lib.byu.edu. 30 de setembro de 1938. Consultado em 9 de março de 2020 
  5. Faber, David (2008). Munich, 1938: Appeasement and World War II (em inglês). New York, NY: Simon and Schuster. pp. 4–5. ISBN 978-1-4391-4992-8 
  6. «Neville Chamberlain». Biography (em inglês). Consultado em 10 de maio de 2021 
  7. SELF, Robert. Neville Chamberlain: A Biography. Ashgate, 2006. Pág. 447-448.
  8. «Was Neville Chamberlain really a weak and terrible leader?» (em inglês). BBC. 30 de setembro de 2013. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  • Courcy, John de (1940). Searchlight on Europe. [S.l.]: Eyre and Spottiswoode 
  • Craig, F.W.S. (1977). British Parliamentary Election Results 1918–1949 revised ed. [S.l.]: The Macmillan Press Ltd 
  • Daniell, Raymond (13 de novembro de 1940). «Commons tribute paid Chamberlain». The New York Times. Consultado em 6 de Novembro de 2009 
  • Dilks, David (1984). Neville Chamberlain, Volume 1: Pioneering and Reform, 1869–1929. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-89401-2 
  • Dutton, David (2001). Neville Chamberlain. [S.l.]: Hodder Arnold. ISBN 978-0-340-70627-5 
  • Englefield, Dermot (1995). Facts About the British Prime Ministers. [S.l.]: H. W. Wilson Co. ISBN 978-0-8242-0863-9 
  • Faber, David (2008). Munich: The 1938 Appeasement Crisis. [S.l.]: Simon & Schuster. ISBN 978-1-84739-006-6 
  • Feiling, Keith (1970). The Life of Neville Chamberlain Second ed. [S.l.]: Archon Books 
  • Halsall, Paul, ed. (agosto de 1997). «Modern History Sourcebook: The Molotov-Ribbentrop Pact, 1939.». Internet Modern History Sourcebook. [S.l.]: Fordham University. Consultado em 22 de outubro de 2009 
  • Keane, Michael (2005). Dictionary of Modern Strategy and Tactics. [S.l.]: Naval Institute Press. ISBN 978-1-59114-429-8 
  • Keyes, Ralph (2006). The Quote Verifier: Who Said What, Where, and When. [S.l.]: Macmillan. ISBN 978-0-312-34004-9 
  • Macklin, Graham (2006). Chamberlain. [S.l.]: Haus Books. ISBN 978-1-904950-62-2 
  • Meynell, Wilfrid (1903). Benjamin Disraeli: an unconventional biography. 1. [S.l.]: Hutchinson & Co 
  • Self, Robert (2006). Neville Chamberlain: A Biography. [S.l.]: Ashgate. ISBN 978-0-7546-5615-9 
  • Smart, Nick (1999). The National Government. [S.l.]: St Martin's Press. ISBN 978-0-312-22329-8 
  • Smart, Nick (2010). Neville Chamberlain. [S.l.]: Routledge. ISBN 978-0-415-45865-8 
  • Taylor, A. J. P. (1965). English History, 1914–1945. [S.l.]: Oxford University Press 

Fontes online

Leitura adicional

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  • Aster, Sidney (1997). «Guilty Man: the Case of Neville Chamberlain». In: Finney, Patrick. The Origins of the Second World War. [S.l.]: Edward Arnold. pp. 62–77. ISBN 978-0-340-67640-0 
  • Aster, Sidney (setembro de 2002). «Viorel Virgil Tilea and the Origins of the Second World War: An Essay in Closure». Diplomacy and Statecraft. 13: 153–74 
  • Bond, Brian (1983). «The Continental Commitment In British Strategy in the 1930s». In: Mommsen, Wolfgang; Kettenacker, Lothar. The Fascist Challenge and the Policy of Appeasement. [S.l.]: George Allen & Unwin. pp. 197–207. ISBN 978-0-04-940068-9 
  • Crozier, Andrew (1988). Appeasement and Germany's Last Bid for Colonies. [S.l.]: Macmillan Press. ISBN 978-0-312-01546-6 
  • Gilbert, Martin (1966). The Roots of Appeasement. [S.l.]: New American Library 
  • Goldstein, Erik (1999). «Neville Chamberlain, The British Official Mind and the Munich Crisis». In: Mommsen, Wolfgang; Kettenacker, Lothar. The Munich Crisis 1938: Prelude to World War II. [S.l.]: Frank Cass. pp. 276–92. ISBN 978-0-7146-8056-9 
  • Greenwood, Sean (1999). «The Phantom Crisis: Danzig, 1939». In: Martel, Gordon. The Origins of the Second World War Reconsidered: A.J.P. Taylor and the Historians. [S.l.]: Routledge. pp. 225–46. ISBN 978-0-415-16325-5 
  • Kennedy, Paul; Imlay, Talbot (1999). «Appeasement». In: Martel, Gordon. The Origins of the Second World War Reconsidered: A.J.P. Taylor and the Historians. [S.l.]: Routledge. pp. 116–34. ISBN 978-0-415-16325-5 
  • McDonough, Frank (1998). Neville Chamberlain, Appeasement and the British Road to War. [S.l.]: Manchester University Press. ISBN 978-0-7190-4832-6 
  • McDonough, Frank (2001). Hitler, Chamberlain and Appeasement. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-00048-2 
  • Stewart, Graham (2000). Burying Caesar: Churchill, Chamberlain, and the Battle for the Tory Party revised ed. [S.l.]: Phoenix. ISBN 978-0-7538-1060-6 
  • Strang, Bruce (1996). «Once More unto the Breach: Britain's Guarantee to Poland, March 1939». Journal of Contemporary History. 31: 721–52 
  • Watt, D.C. (1989). How War Came: The Immediate Origins of the Second World War, 1938–1939. [S.l.]: Heinemann. ISBN 978-0-394-57916-0 
  • Weinberg, Gerhard (2010). Hitler's Foreign Policy, 1933–1939: The Road to World War II. [S.l.]: Enigma Books. ISBN 978-1-929631-91-9 
  • Wheeler-Bennett, John (1948). Munich: Prologue to Tragedy. [S.l.]: Duell, Sloan and Pearce 


Precedido por
Stanley Baldwin
Primeiro-ministro do Reino Unido
19371940
Sucedido por
Winston Churchill

Ligações externas

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